A Educação do Campo como enfrentamento à colonialidade no Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pacheco, Júlio César de Almeida
Data de Publicação: 2022
Outros Autores: Ribeiro, Luiz Paulo, Almada, Emmanuel Duarte
Tipo de documento: Artigo
Idioma: eng
por
Título da fonte: Revista Cerrados (Montes Claros. Online)
Texto Completo: https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/cerrados/article/view/4791
Resumo: O campo brasileiro constituiu-se por meio de tensionamentos históricos que repercutiram em toda nossa organização social como país. O Brasil foi estruturado sob a égide da colonialidade que configurou o lugar social em que os territórios e povos camponeses foram posicionados. O objetivo deste ensaio teórico é discutir a relação da Educação do Campo com o enfrentamento da colonialidade historicamente imposta na América Latina, com foco no Brasil. Neste país, as lutas pelo direito à educação trouxeram a afirmação do campo como território de sujeitos de direitos, ao contrário da colonialidade, que marginalizou em sua racionalidade moderna os grupos humanos não-brancos e os territórios rurais. Quando, já no século XX, também os países latino-americanos fizeram sua inserção nos novos arranjos capitalistas, os territórios rurais e suas populações permaneceram associados ao atraso e à ignorância, já que o pretendido desenvolvimento e modernização estiveram concentrados na industrialização urbana pela via dependente e subordinada aos interesses dos países centrais. E é aqui o ponto central de disputas assumidos pela Educação do Campo. Ela luta pelo direito à educação, mas associada ao conjunto dos demais direitos que exigem um novo lugar social, político, cultural e econômico dos sujeitos e territórios camponeses. Assim, ela reposiciona o projeto de país e de sociedade brasileira considerando a relevância camponesa em sua constituição e, dessa forma, se faz resistência à colonialidade historicamente estruturante da sociedade brasileira e, consequentemente, latino-americana.
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Quando, já no século XX, também os países latino-americanos fizeram sua inserção nos novos arranjos capitalistas, os territórios rurais e suas populações permaneceram associados ao atraso e à ignorância, já que o pretendido desenvolvimento e modernização estiveram concentrados na industrialização urbana pela via dependente e subordinada aos interesses dos países centrais. E é aqui o ponto central de disputas assumidos pela Educação do Campo. Ela luta pelo direito à educação, mas associada ao conjunto dos demais direitos que exigem um novo lugar social, político, cultural e econômico dos sujeitos e territórios camponeses. Assim, ela reposiciona o projeto de país e de sociedade brasileira considerando a relevância camponesa em sua constituição e, dessa forma, se faz resistência à colonialidade historicamente estruturante da sociedade brasileira e, consequentemente, latino-americana.La construcción del campo agrario brasileño estuvo atravesada por tensiones que repercutieron la organización social del país en su totalidad. El mismo, se estructuró en un contexto colonial en el cual se configuró el lugar social en el que se posicionaron los territorios y pueblos campesinos. El objetivo de este ensayo es, por lo tanto, discutir la relación entre la Educación Rural y la colonialidad. Las luchas por la educación propiciaron la consolidación del campo agrario como territorio de sujetos de derechos, en oposición a la colonialidad que desde su racionalidad moderna, marginaba a los grupos humanos no blancos y territorios rurales. Durante el siglo XX se produce el proceso de inserción de los países latinoamericanos en los nuevos arreglos capitalistas. En este contexto los territorios rurales y sus poblaciones quedaron asociados al atraso e ignorancia, ya que el desarrollo y la modernización pretendidos se concentraron en la industrialización urbana a través de intereses dependientes y subordinados de los países centrales, constituyendo éste, el punto central de las disputas que asume la Educación Rural. La misma se define a través de la lucha por el derecho a la educación, pero asociado asimismo con un conjunto de otros derechos que demandan un nuevo lugar social, político, cultural y económico a los sujetos y territorios campesinos. Así, la Educación Rural reposiciona el proyecto de país y sociedad brasileña considerando la relevancia campesina en su constitución y realizando de esta manera, la resistencia a la colonialidad históricamente estructurante de las sociedades latinoamericanas.The Brazilian rural landscape has been constituted through historical tensions that had repercussions on our entire social organization as a country. This landscape was structured following coloniality-based approach, which set the social place where Latin American peasants and territories were positioned. The objective of this essay is, thus, to discuss the relationship between Rural Education and the confrontation of coloniality. Methodologically, we start from a critical reading of the theoretical production on coloniality and Rural Education in Latin America, focusing on the intersections and crossings between these two theoretical-political fields in the Brazilian historical and territorial context. The struggle for the right to education brought the affirmation of rural landscapes as the territory of people’s rights, opposing the coloniality that marginalized, through its modern rationality, the non-white peoples and the rural territories. This is the main aspect of disputes brought by Rural Education. It struggles for access to education, however, associated with other civil rights that demand a new social, political, cultural, and economic placement of rural peoples and their territories. Rural Education reshapes the Brazilian project of country and society project, taking into account the relevance of rural peoples in its constitution and, therefore, becomes the resistance to coloniality that has historically structured Latin American societies.Editora Unimontes2022-09-14info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionArtigoapplication/pdfapplication/pdfhttps://www.periodicos.unimontes.br/index.php/cerrados/article/view/479110.46551/rc24482692202222Revista Cerrados; v. 20 n. 02 (2022): Revista Cerrados ; 132-1632448-26921678-834610.46551/rc2448269220222002reponame:Revista Cerrados (Montes Claros. 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