Redescrição da morfologia externa e fatores que afetam a forma dos girinos de Limnomedusa macroglossa Duméril & Bibron, 1841 no Pampa, RS

• Autor(a) principal: Gonçalves, Brena da Silva
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNIPAMPA
• Texto Completo: http://dspace.unipampa.edu.br:8080/jspui/handle/riu/4336
• topic: CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS; Larva; Alsodidae; Morfometria geométrica; Alometria; Profundidade dos riachos; Larvae; Geometric morphometry; Allometry; Streamlet depth

Limnomedusa macroglossa é única espécie pertencente ao gênero Limnomedusa (Alsodidae), e é distribuida pelo sul do Brasil, Uruguai e partes da Argentina e Paraguai. L. macroglossa é um anuro associado a riachos pedregosos em áreas florestais e campestres, com girinos que ocorrem em diferentes microhabitats no leito dos riachos com morfologia externa brevemente descrita na década de oitenta. Muitas Informações sobre a morfologia externa, bem como variação individual devido a fatores intrínsecos e extrínsecos permanecem ainda inexplorados. Assim, este trabalho tem como objetivos: (1) redescrever a morfologia externa do girino de Limnomedusa macroglossa; (2) analisar a variação na forma dos indivíduos (em vista dorsal e lateral); (3) verificar se o tamanho dos indivíduos (alometria) e a profundidade dos riachos interferem na forma. Os girinos foram coletados em 13 riachos distribuídos na Área de Proteção Ambiental do Ibirapuitã e áreas adjacentes, na divisa entre Rio Grande do Sul e Uruguai. A redescrição foi baseada em 20 girinos entre os estágios 31 e 37, analisando 57 e 19 caracteres qualitativos e quantitativos, respectivamente. Para as análises morfométricas foram fotografados 150 girinos entre os estágios 30 e 37. Com base nas fotos, foram digitalizados 17 marcos anatômicos na vista lateral e 15 na vista dorsal. A caracterização morfológica apresentada no presente estudo diferiu daquela previamente reportada, principalmente quanto aos seguintes aspectos: coloração, forma do corpo, narinas, tubo anal, cauda, formato e posição das narinas e focinho. Foram adicionados caracteres inéditos referentes ao espiráculo, tubo anal, nadadeiras e disco oral. Apesar da variação morfológica ser resultado de forças evolutivas e ser utilizada para reconstruir relações filogenéticas, girinos de L. macroglossa não apresentaram marcada semelhança com girinos dos outros dois gêneros da família Alsodidae (Eupsophus e Alsodes), o que possivelmente está relacionado com as relações filogenéticas mal resolvidas para esse grupo até o momento. Dentre os demais aspectos discutidos, sugerimos a reclassificação do modo reprodutivo de L. macroglossa, como forma de melhor refletir a associação dos girinos com ecossistemas lóticos e as respectivas adaptações morfológicas relacionadas a hábitos reofílicos facultativos. A alometria foi um fator que afetou a forma do girino em vista lateral, influenciando principalmente a forma do corpo, bem como a posição dos olhos e narinas, estruturas que reconhecidamente sofrem mudanças ao longo do desenvolvimento larval em direção à metamorfose. O gradiente ambiental de profundidade dos riachos também foi responsável por uma pequena parte da variação encontrada na forma dos girinos de L. macroglossa. Em ambientes de menor profundidade os girinos apresentam uma diminuição na altura geral do corpo, das nadadeiras e da musculatura da cauda em vista lateral enquanto um aumento da largura do corpo foi verificado em vista dorsal. Estas variações na forma sugerem possíveis adaptações para viabilizar o deslocamento do animal de maneira eficiente em ambientes de alta energia (i.e. com fluxo d’água mais intenso).