Petrologia do Carbonatito Passo Feio, ênfase no comportamento dos ETR, Caçapava do Sul – RS

• Autor(a) principal: Morales, Beatriz Andrea de Almeida
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNIPAMPA
• Texto Completo: http://dspace.unipampa.edu.br:8080/jspui/handle/riu/2166
• topic: CNPQ::CIENCIAS EXATAS E DA TERRA; Carbonatito; Petrologia; Geoquímica; Geochemistry

Carbonatitos são rochas ígneas incomuns, constituídas principalmente por carbonatos primários e que despertam interesse econômico devido à potencialidade de elevados conteúdos de fosfato e elementos terras raras leves. O foco deste estudo está no carbonatito Passo Feio, que constitui um corpo mergulhante 30º para NW, que encontra-se intercalado com as metamórficas da Formação Passo Feio. A área de estudo possui 4,5km² e encontra-se a 17 km a sudoeste da cidade de Caçapava do Sul, podendo ser acessada através de estradas vicinais a partir da BR-153. Este trabalho teve como objetivos principais a realização de um mapeamento geológico da área de estudo, amostragem de rocha e solo, elucidação da paragênese mineral do carbonatito auxiliado por estudos de química mineral em MEV-EDS. Além disso, pretendeu-se caracterizar geoquimicamente o carbonatito e os solos amostrados selecionados, com ênfase nos Elementos Terras Raras (ETR), através de análises por ICP-MS. Análises de isótopos estáveis de 13 C e 18 O também foram realizadas em três amostras de rocha, visando esclarecer os processos atuantes durante e após a instalação deste corpo. O carbonatito Passo Feio varia texturalmente de maciço a foliado, sendo constituido principalmente por calcitas e dolomitas e subordinadamente por apatitas, flogopitas e tremolitas. Os opacos encontrados correspondem a óxidos de ferro, sulfetos de ferro e sulfatos de bário, enquanto que os minerais acessórios identificados foram zircões, monazitas-(Ce) e aeschynitas-(Ce). Através das análises de EDS, não foi constatada a presença de ETR nas apatitas, mas sim nas monazitas-(Ce) e aeschynitas-(Ce), sendo que texturalmente sugere-se que estas últimas provavelmente correspondem a fases mais tardias de cristalização, corroborado pela geoquímica, química mineral e microtexturas encontradas. Considerando os resultados de química mineral e levando-se em conta os critérios texturais, foi possível classificar o carbonatito como um alvikito, sendo que os padrões geoquímicos que não indicam potencialidade econômica para ETR. Entretanto, a geoquímica de solo demonstrou um importante enriquecimento em ETR, refletindo uma provável concentração de monazitas-(Ce) e aeschynitas-(Ce), e a partir disto, foi possível estabelecer uma zona na qual provavelmente o carbonatito Passo Feio se estenderia. A pesar dos resultados de isótopos estáveis não se enquadrarem dentro do campo pressuposto para os carbonatitos ígneos primários, a variação observada pode ser atribuída ao próprio resfriamento do magma, sem sugerir a atuação processos metamórficos ou de alterações posteriores. Portanto, a deformação encontrada neste carbonatito provavelmente desenvolveu-se em condições tardi-magmáticas do magma, guiadas por uma tectônica associada a movimentos horizontais em zonas de cisalhamento. Assim, devido a sua proximidade a grandes estruturas, neste trabalho sugere-se que este carbonatito foi produto da reativação de fontes mantélicas, dentro de um contexto magmático pós-colisional, corroborado principalmente pelas evidências petrográficas e isotópicas.