O Cuidado e suas Dimensões: Subsídios para o Cuidar de Si de Docentes de Enfermagem

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Soares, Raquel Juliana de Oliveira
Data de Publicação: 2012
Outros Autores: Zeitoune, Regina Célia Gollner
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online
Texto Completo: https://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/1667
Resumo: IntroduçãoO cuidado, sendo a essência da profissão Enfermagem, a base do ensino e da prática profissional, vem sendo estudado com o intuito de fortalecer a construção do saber da profissão enquanto ciência em plena evolução e resgatar a história da profissão ao trazer à tona os elementos constituintes de uma prática cujas raízes estão fincadas na evolução da humanidade, na sobrevivência e nas relações entre indivíduo e natureza. Segundo as mesmas autoras, a Enfermagem nasceu das necessidades humanas em relação aos cuidados de saúde. O cuidado possui uma dimensão ontológica que entra na constituição do ser humano1. Desde o nascimento até a morte, não há ser humano sem cuidado. O cuidado pode ser visto sobre várias vertentes. Cuidado com os animais, natureza, ambiente, objeto, lugar ou com pessoas. Todo cuidado representa envolvimento. O aspecto fundamental do cuidado é tentar compreender a realidade do outro; envolve sair da própria estrutura referencial e entrar na do outro – é um sentir-se com o outro. A enfermagem na sua evolução passou por diferentes períodos que vão desde a época primitiva até os dias atuais. Durante o processo histórico da humanidade, o cuidado de enfermagem já foi associado à habilidade de manipular as forças da natureza e das divindades; conhecimentos de culinária, de preparo dos remédios; além de ter sido reconhecido como um trabalho divino, como um exercício de penitência para alcançar a purificação e expiação dos pecados de quem cuidava e de quem era cuidado3. Com o avanço da ciência e profissionalização da enfermagem com Florence Nightingale, surge a Enfermagem Moderna, instituindo, assim, um marco no conhecimento científico da enfermagem, sendo o cuidado o norteador desse processo de trabalho. Atualmente, o cuidado, eixo principal do processo de trabalho da enfermagem, comporta, em sua estrutura, o conhecimento técnico/operacional bem como a competência interpessoal, a fim de atender às necessidades humanas. Enquanto movimento dinâmico e processual, o cuidado vem sendo estudado e tem influenciado a teoria, a pesquisa, a prática e a educação em enfermagem, nas suas mais variadas formas e expressões definidas como assistir, ajudar e servir. Grande parte do avanço teórico do conceito de cuidado na enfermagem mostra as influências dos saberes de filósofos, teólogos, psicólogos, estudiosos de enfermagem e de outras áreas do conhecimento. Na perspectiva da teoria transcultural de enfermagem de Madeleine Leininger, o cuidado é entendido como um fenômeno universal e essencial para a sobrevivência humana, e por isso não pode ser suprimido e nem descartado. Neste sentido, se faz necessário que o professor de enfermagem seja estimulado  à prática do cuidar de si não só para proporcionar ao outro um cuidado mais consciente e seguro, mas também para proporcionar a si um nível satisfatório de bem–estar ao que tange a sua saúde enquanto trabalhador. ObjetivosDescrever concepção dos docentes de enfermagem sobre o cuidado e suas dimensões e analisar esta concepção para o cuidar de si perspectiva da saúde do trabalhador. MétodosO estudo foi exploratório, de natureza qualitativa. Os sujeitos foram 33 professores das Escolas de Enfermagem das Universidades Federais do Estado do Rio de Janeiro em pleno exercício da profissão. Os dados foram obtidos através de uma entrevista semi-estruturada, sendo submetidos à análise temática e analisados à luz da concepção de autores que discutem a promoção da saúde e a saúde do trabalhador. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa3 da Escola de Enfermagem Anna Nery/Hospital Escola São Francisco de Assis/Universidade Federal do Rio de Janeiro. ResultadosOs resultados obtidos no estudo e estão estruturados de acordo com as categorias temáticas emergentes das falas dos sujeitos do estudo. São elas: concepção de cuidado e suas dimensões e implicações do cuidado para o cuidar si dos docentes de enfermagem. Sobre Cuidado, os entrevistados demonstraram terem o conhecimento de uma forma geral do conceito, quando descrevem o cuidado em suas dimensões. Quanto à dimensão subjetiva, foram colocados os sentimentos e comportamentos que, segundo os entrevistados, não podem faltar para que haja cuidado, corroborando com autores que mencionam o cuidar pessoal/empírico/popular e o cuidar profissional4. Ainda nesse prisma, percebe-se uma preocupação dos depoentes em diferenciar o cuidado em um cuidado específico da profissão, do cuidado prestado por outras pessoas que não os (as) enfermeiros (as). Destaca-se também o cuidado na dimensão relacional. O cuidado é visto como uma forma de se relacionar, pois pode ser considerado um sentimento e, também uma forma de ser e estar no mundo2. De certa forma, o cuidado também foi relacionado a um produto final do processo de cuidar, tendo como base a promoção da saúde. O cuidado está vinculado ao cuidar também como ação de prevenção5. A preocupação do profissional de enfermagem necessita abranger não apenas o biológico, mas a totalidade que permeia o cuidado biopsicossocial. O profissional de enfermagem não pode limitar a sua atenção ao atendimento daquilo que é visível no corpo6. Ampliar a sua visão para o todo é uma necessidade. É uma necessidade também que o ser humano possa se perceber, direcionando o cuidado a ele mesmo.  ConclusãoAcerca do cuidado, os docentes apontaram duas vertentes, ou seja, o cuidado profissional baseado nas teorias e processos de enfermagem. Este cuidado profissional também foi caracterizado como a essência da profissão, que se constitui de um processo que envolve o cliente, a família, o profissional que cuida e o ambiente onde estão inseridos, apontado aqui pelos professores como um cuidado direcionado ao outro. A outra vertente do cuidado foi o cuidado empírico, voltado para os saberes adquiridos ao longo de suas vivências pessoais. Ainda sobre este cuidado (empírico ou profissional), os professores relataram que para colocá-los em prática há a necessidade da atenção, da empatia, da preocupação, com o objetivo de mudar uma realidade de acordo com as necessidades apresentadas pelas pessoas que necessitam de cuidado.  Porém, tanto na perspectiva do saber científico, quanto na perspectiva do saber empírico, nota-se nos relatos dos entrevistados que o cuidado está direcionado praticamente somente ao outro, todavia não houve relatos sobre o cuidar do outro profissional e raros foram os relatos onde destacaram a importância do cuidado de si.
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Cuidado com os animais, natureza, ambiente, objeto, lugar ou com pessoas. Todo cuidado representa envolvimento. O aspecto fundamental do cuidado é tentar compreender a realidade do outro; envolve sair da própria estrutura referencial e entrar na do outro – é um sentir-se com o outro. A enfermagem na sua evolução passou por diferentes períodos que vão desde a época primitiva até os dias atuais. Durante o processo histórico da humanidade, o cuidado de enfermagem já foi associado à habilidade de manipular as forças da natureza e das divindades; conhecimentos de culinária, de preparo dos remédios; além de ter sido reconhecido como um trabalho divino, como um exercício de penitência para alcançar a purificação e expiação dos pecados de quem cuidava e de quem era cuidado3. Com o avanço da ciência e profissionalização da enfermagem com Florence Nightingale, surge a Enfermagem Moderna, instituindo, assim, um marco no conhecimento científico da enfermagem, sendo o cuidado o norteador desse processo de trabalho. Atualmente, o cuidado, eixo principal do processo de trabalho da enfermagem, comporta, em sua estrutura, o conhecimento técnico/operacional bem como a competência interpessoal, a fim de atender às necessidades humanas. Enquanto movimento dinâmico e processual, o cuidado vem sendo estudado e tem influenciado a teoria, a pesquisa, a prática e a educação em enfermagem, nas suas mais variadas formas e expressões definidas como assistir, ajudar e servir. Grande parte do avanço teórico do conceito de cuidado na enfermagem mostra as influências dos saberes de filósofos, teólogos, psicólogos, estudiosos de enfermagem e de outras áreas do conhecimento. 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Os dados foram obtidos através de uma entrevista semi-estruturada, sendo submetidos à análise temática e analisados à luz da concepção de autores que discutem a promoção da saúde e a saúde do trabalhador. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa3 da Escola de Enfermagem Anna Nery/Hospital Escola São Francisco de Assis/Universidade Federal do Rio de Janeiro. ResultadosOs resultados obtidos no estudo e estão estruturados de acordo com as categorias temáticas emergentes das falas dos sujeitos do estudo. São elas: concepção de cuidado e suas dimensões e implicações do cuidado para o cuidar si dos docentes de enfermagem. Sobre Cuidado, os entrevistados demonstraram terem o conhecimento de uma forma geral do conceito, quando descrevem o cuidado em suas dimensões. 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O profissional de enfermagem não pode limitar a sua atenção ao atendimento daquilo que é visível no corpo6. Ampliar a sua visão para o todo é uma necessidade. É uma necessidade também que o ser humano possa se perceber, direcionando o cuidado a ele mesmo.  ConclusãoAcerca do cuidado, os docentes apontaram duas vertentes, ou seja, o cuidado profissional baseado nas teorias e processos de enfermagem. Este cuidado profissional também foi caracterizado como a essência da profissão, que se constitui de um processo que envolve o cliente, a família, o profissional que cuida e o ambiente onde estão inseridos, apontado aqui pelos professores como um cuidado direcionado ao outro. A outra vertente do cuidado foi o cuidado empírico, voltado para os saberes adquiridos ao longo de suas vivências pessoais. 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Atualmente, o cuidado, eixo principal do processo de trabalho da enfermagem, comporta, em sua estrutura, o conhecimento técnico/operacional bem como a competência interpessoal, a fim de atender às necessidades humanas. Enquanto movimento dinâmico e processual, o cuidado vem sendo estudado e tem influenciado a teoria, a pesquisa, a prática e a educação em enfermagem, nas suas mais variadas formas e expressões definidas como assistir, ajudar e servir. Grande parte do avanço teórico do conceito de cuidado na enfermagem mostra as influências dos saberes de filósofos, teólogos, psicólogos, estudiosos de enfermagem e de outras áreas do conhecimento. Na perspectiva da teoria transcultural de enfermagem de Madeleine Leininger, o cuidado é entendido como um fenômeno universal e essencial para a sobrevivência humana, e por isso não pode ser suprimido e nem descartado. Neste sentido, se faz necessário que o professor de enfermagem seja estimulado  à prática do cuidar de si não só para proporcionar ao outro um cuidado mais consciente e seguro, mas também para proporcionar a si um nível satisfatório de bem–estar ao que tange a sua saúde enquanto trabalhador. ObjetivosDescrever concepção dos docentes de enfermagem sobre o cuidado e suas dimensões e analisar esta concepção para o cuidar de si perspectiva da saúde do trabalhador. MétodosO estudo foi exploratório, de natureza qualitativa. Os sujeitos foram 33 professores das Escolas de Enfermagem das Universidades Federais do Estado do Rio de Janeiro em pleno exercício da profissão. Os dados foram obtidos através de uma entrevista semi-estruturada, sendo submetidos à análise temática e analisados à luz da concepção de autores que discutem a promoção da saúde e a saúde do trabalhador. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa3 da Escola de Enfermagem Anna Nery/Hospital Escola São Francisco de Assis/Universidade Federal do Rio de Janeiro. ResultadosOs resultados obtidos no estudo e estão estruturados de acordo com as categorias temáticas emergentes das falas dos sujeitos do estudo. São elas: concepção de cuidado e suas dimensões e implicações do cuidado para o cuidar si dos docentes de enfermagem. Sobre Cuidado, os entrevistados demonstraram terem o conhecimento de uma forma geral do conceito, quando descrevem o cuidado em suas dimensões. Quanto à dimensão subjetiva, foram colocados os sentimentos e comportamentos que, segundo os entrevistados, não podem faltar para que haja cuidado, corroborando com autores que mencionam o cuidar pessoal/empírico/popular e o cuidar profissional4. Ainda nesse prisma, percebe-se uma preocupação dos depoentes em diferenciar o cuidado em um cuidado específico da profissão, do cuidado prestado por outras pessoas que não os (as) enfermeiros (as). Destaca-se também o cuidado na dimensão relacional. O cuidado é visto como uma forma de se relacionar, pois pode ser considerado um sentimento e, também uma forma de ser e estar no mundo2. De certa forma, o cuidado também foi relacionado a um produto final do processo de cuidar, tendo como base a promoção da saúde. O cuidado está vinculado ao cuidar também como ação de prevenção5. A preocupação do profissional de enfermagem necessita abranger não apenas o biológico, mas a totalidade que permeia o cuidado biopsicossocial. O profissional de enfermagem não pode limitar a sua atenção ao atendimento daquilo que é visível no corpo6. Ampliar a sua visão para o todo é uma necessidade. É uma necessidade também que o ser humano possa se perceber, direcionando o cuidado a ele mesmo.  ConclusãoAcerca do cuidado, os docentes apontaram duas vertentes, ou seja, o cuidado profissional baseado nas teorias e processos de enfermagem. Este cuidado profissional também foi caracterizado como a essência da profissão, que se constitui de um processo que envolve o cliente, a família, o profissional que cuida e o ambiente onde estão inseridos, apontado aqui pelos professores como um cuidado direcionado ao outro. A outra vertente do cuidado foi o cuidado empírico, voltado para os saberes adquiridos ao longo de suas vivências pessoais. Ainda sobre este cuidado (empírico ou profissional), os professores relataram que para colocá-los em prática há a necessidade da atenção, da empatia, da preocupação, com o objetivo de mudar uma realidade de acordo com as necessidades apresentadas pelas pessoas que necessitam de cuidado.  Porém, tanto na perspectiva do saber científico, quanto na perspectiva do saber empírico, nota-se nos relatos dos entrevistados que o cuidado está direcionado praticamente somente ao outro, todavia não houve relatos sobre o cuidar do outro profissional e raros foram os relatos onde destacaram a importância do cuidado de si.
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