OS ANTIRETROVIRAIS NO COTIDIANO DE IDOSOS SOROPOSITIVOS: UM ESTUDO A PARTIR DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2011 |
Outros Autores: | , , , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online |
Texto Completo: | https://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/1194 |
Resumo: | Descritores: HIV na Terceira Idade; Antiretrovirais; HIV/AIDS; INTRODUÇÃO Este estudo é integrante do projeto de pesquisa “As transformações do cuidado de saúde e de enfermagem em tempos de aids: representações sociais e memórias de enfermeiros e profissionais de saúde no Brasil”. A aids se trata de um fenômeno biológico e psicossocial impactante nos princípios morais, religiosos e éticos; na formulação de políticas públicas de saúde, nas relações interpessoais, nas questões relativas à sexualidade e na moralidade conjugal (SEFFNER, 2005). O estudo intitulado: “Atitudes sociais sobre aids e velhice” reflete a prevalência de concepções divergentes acerca do comportamento de idosos frente à sua soropositividade. Entre as crenças sociais destacam-se aquelas que correlacionam, automaticamente, a senilidade ao decréscimo da libido e atribuem heterossexualidade e monogamia a todo e qualquer tipo de relação sexual entre idosos, bem como desacreditam em qualquer em possibilidade de uso de drogas neste grupo populacional. OBJETIVO Analisar a apreensão do diagnóstico de soropositividade para o HIV em idosos e sua interface com as representações sociais da Aids, mediante o convívio com o vírus e as dificuldades em potencial para a adesão ao tratamento com antiretrovirais. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa descritiva do tipo qualitativo, realizada sob o arcabouço teórico e metodológico das Representações Sociais. Participaram da pesquisa 20 idosos atendidos no ambulatório de Imunologia e de Doenças Infecto-parasitárias de um hospital universitário do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados através de entrevistas semi-estruturadas e foi realizada Análise de Conteúdo proposta por Bardin sistematizada por Oliveira (2008). Esta pesquisa foi submetida à avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEPq) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), atendendo a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. RESULTADOS A aids e a condição de soropositivo para o HIV foram incorporados à vida dos sujeitos do estudo de formas distintas e, contudo, afetando-os profundamente. Para alguns deles, parece não ter havido mudanças drásticas no estilo de vida. A condição de estar com HIV/Aids é incorporada como mais um aspecto a ser vivenciado, não se modificando em comparação ao modo de vida anterior ao diagnóstico. Apesar dos medos e das dificuldades de convivência com alguns elementos estressores do dia-a-dia e da própria doença, o desejo de viver e de aproveitar a vida ainda são preservados, originando sentimentos de esperança. Estes idosos parecem aproveitar o tempo com ocupações e distrações, além de construir uma forma particular de conviver com o HIV/Aids. Já para outros indivíduos pesquisados também pertencentes à terceira idade, o cotidiano com a doença se mostra elaborado a partir das mudanças impostas pela necessidade de voltar à condição de “normalidade” existente antes do diagnóstico. As mudanças neste cotidiano, concebidas como obrigatórias, giram em torno do tratamento e do enfrentamento da situação. Por isso, estes idosos encaram a doença como um ritual, afirmando ser necessário se tratar muito bem para evitar a progressão da doença. O tratamento médico, neste caso, passa a ser visto como um recurso indispensável à sobrevivência e, somado aos medicamentos, inserem mudanças nos hábitos de vida no dia-a-dia destes indivíduos, cujo objetivo é a melhoria na qualidade de vida (PROVINCIALI, 2005). O número e apresentação de comprimidos a ingerir, a diminuição do metabolismo orgânico, bem como outros fatores, representam algumas das dificuldades de adesão ao tratamento com antiretrovirais entre os sujeitos da pesquisa. Logo, verificou-se a necessidade de criação de equipes interdisciplinares, treinadas para proporcionar cuidados especializados dirigidos à terceira idade, de forma a se evitar a assistência baseada em modelos de saúde exclusivamente medicalizantes. O atendimento psicossocial também se mostrou imprescindível, uma vez que o atendimento médico e a prescrição dos medicamentos parecem não serem suficientes para promover a adesão ao tratamento, já que percepções negativas por parte dos indivíduos estudados parecem ser responsáveis por suspensões voluntárias do tratamento ou ingestões indevidamente controladas das doses dos antiretrovirais. Segundo Strombeck e Levy (1998), em comparação com os jovens, eles experimentam um sentimento maior de isolamento, vergonha e culpa e ainda convivem com doenças e problemas que já são característicos dessa fase da vida. CONCLUSÕES Concluiu-se que apesar do enfrentamento da condição de soropositividade entre idosos apresentar certas divergências, o diagnóstico do HIV e a representação social da síndrome para eles apresentam-se como fatores que causam uma série de alterações relacionadas às perdas físicas, psicológicas e sociais diferenciadas que são características desse grupo, visto que os idosos possuem necessidades médicas e psicossociais peculiares à sua faixa etária. Os resultados encontrados expressam que as representações do conviver com HIV na terceira idade estruturam-se na interface da pluralidade e complexidade do funcionamento de elementos comportamentais em busca de viver com qualidade mesmo diante da cronicidade do diagnóstico. Os idosos se mostram afetados profundamente com a descoberta da doença através do diagnóstico médico, uma vez que o processo de envelhecimento associado a uma patologia associada implica na necessidade de manejo do medicamento e seus efeitos colaterais, o que causa, frequentemente, resistência ou desistência do tratamento. A compreensão do modo de enfrentamento dessa doença, assim como da identificação das mudanças causadas nos hábitos de vida dos membros desse grupo populacional, contribui para que ações possam ser elaboradas e executadas para uma adaptação mais efetiva dos idosos à nova realidade vivida após o diagnóstico da doença, o que pode auxiliar o processo de redução da mortalidade por aids na terceira idade. REFERÊNCIAS OLIVEIRA, D.C. Análise de conteúdo temático-categorial: uma proposta de operacionalização. R. Enferm. UERJ [online] v. 16, n. 4, p.569-76, out./dez. 2008. Disponível em: . Acesso em: 01 ago. 2010. PROVINCIALI, R.M. O convívio com HIV/Aids em pessoas da terceira idade e suas representações: vulnerabilidade e enfrentamento. Dissertação (Mestrado em Psicologia), Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, 2005 126p. SEFFNER, F. O conceito de vulnerabilidade: uma ferramenta útil em seu consultório. Site do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. [online] Disponível em: . Acesso em: 03 set. 2010. STROMBECK, R.; LEVY, J. A. Educational strategies and interventions targeting adults age 50 and older for HIV/Aids prevention. Research on agin. [online] v.20, n.6, p.912-936, 1998. Disponível em: . Acesso em: 03 set. 2010. |
id |
UNIRIO-2_2d2ec524c31ab24c29470710ee354f48 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:ojs.seer.unirio.br:article/1194 |
network_acronym_str |
UNIRIO-2 |
network_name_str |
Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online |
repository_id_str |
|
spelling |
OS ANTIRETROVIRAIS NO COTIDIANO DE IDOSOS SOROPOSITIVOS: UM ESTUDO A PARTIR DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAISHIV na Terceira IdadeAntiretroviraisHIV/AIDSSaúde do IdosoDescritores: HIV na Terceira Idade; Antiretrovirais; HIV/AIDS; INTRODUÇÃO Este estudo é integrante do projeto de pesquisa “As transformações do cuidado de saúde e de enfermagem em tempos de aids: representações sociais e memórias de enfermeiros e profissionais de saúde no Brasil”. A aids se trata de um fenômeno biológico e psicossocial impactante nos princípios morais, religiosos e éticos; na formulação de políticas públicas de saúde, nas relações interpessoais, nas questões relativas à sexualidade e na moralidade conjugal (SEFFNER, 2005). O estudo intitulado: “Atitudes sociais sobre aids e velhice” reflete a prevalência de concepções divergentes acerca do comportamento de idosos frente à sua soropositividade. Entre as crenças sociais destacam-se aquelas que correlacionam, automaticamente, a senilidade ao decréscimo da libido e atribuem heterossexualidade e monogamia a todo e qualquer tipo de relação sexual entre idosos, bem como desacreditam em qualquer em possibilidade de uso de drogas neste grupo populacional. OBJETIVO Analisar a apreensão do diagnóstico de soropositividade para o HIV em idosos e sua interface com as representações sociais da Aids, mediante o convívio com o vírus e as dificuldades em potencial para a adesão ao tratamento com antiretrovirais. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa descritiva do tipo qualitativo, realizada sob o arcabouço teórico e metodológico das Representações Sociais. Participaram da pesquisa 20 idosos atendidos no ambulatório de Imunologia e de Doenças Infecto-parasitárias de um hospital universitário do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados através de entrevistas semi-estruturadas e foi realizada Análise de Conteúdo proposta por Bardin sistematizada por Oliveira (2008). Esta pesquisa foi submetida à avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEPq) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), atendendo a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. RESULTADOS A aids e a condição de soropositivo para o HIV foram incorporados à vida dos sujeitos do estudo de formas distintas e, contudo, afetando-os profundamente. Para alguns deles, parece não ter havido mudanças drásticas no estilo de vida. A condição de estar com HIV/Aids é incorporada como mais um aspecto a ser vivenciado, não se modificando em comparação ao modo de vida anterior ao diagnóstico. Apesar dos medos e das dificuldades de convivência com alguns elementos estressores do dia-a-dia e da própria doença, o desejo de viver e de aproveitar a vida ainda são preservados, originando sentimentos de esperança. Estes idosos parecem aproveitar o tempo com ocupações e distrações, além de construir uma forma particular de conviver com o HIV/Aids. Já para outros indivíduos pesquisados também pertencentes à terceira idade, o cotidiano com a doença se mostra elaborado a partir das mudanças impostas pela necessidade de voltar à condição de “normalidade” existente antes do diagnóstico. As mudanças neste cotidiano, concebidas como obrigatórias, giram em torno do tratamento e do enfrentamento da situação. Por isso, estes idosos encaram a doença como um ritual, afirmando ser necessário se tratar muito bem para evitar a progressão da doença. O tratamento médico, neste caso, passa a ser visto como um recurso indispensável à sobrevivência e, somado aos medicamentos, inserem mudanças nos hábitos de vida no dia-a-dia destes indivíduos, cujo objetivo é a melhoria na qualidade de vida (PROVINCIALI, 2005). O número e apresentação de comprimidos a ingerir, a diminuição do metabolismo orgânico, bem como outros fatores, representam algumas das dificuldades de adesão ao tratamento com antiretrovirais entre os sujeitos da pesquisa. Logo, verificou-se a necessidade de criação de equipes interdisciplinares, treinadas para proporcionar cuidados especializados dirigidos à terceira idade, de forma a se evitar a assistência baseada em modelos de saúde exclusivamente medicalizantes. O atendimento psicossocial também se mostrou imprescindível, uma vez que o atendimento médico e a prescrição dos medicamentos parecem não serem suficientes para promover a adesão ao tratamento, já que percepções negativas por parte dos indivíduos estudados parecem ser responsáveis por suspensões voluntárias do tratamento ou ingestões indevidamente controladas das doses dos antiretrovirais. Segundo Strombeck e Levy (1998), em comparação com os jovens, eles experimentam um sentimento maior de isolamento, vergonha e culpa e ainda convivem com doenças e problemas que já são característicos dessa fase da vida. CONCLUSÕES Concluiu-se que apesar do enfrentamento da condição de soropositividade entre idosos apresentar certas divergências, o diagnóstico do HIV e a representação social da síndrome para eles apresentam-se como fatores que causam uma série de alterações relacionadas às perdas físicas, psicológicas e sociais diferenciadas que são características desse grupo, visto que os idosos possuem necessidades médicas e psicossociais peculiares à sua faixa etária. Os resultados encontrados expressam que as representações do conviver com HIV na terceira idade estruturam-se na interface da pluralidade e complexidade do funcionamento de elementos comportamentais em busca de viver com qualidade mesmo diante da cronicidade do diagnóstico. Os idosos se mostram afetados profundamente com a descoberta da doença através do diagnóstico médico, uma vez que o processo de envelhecimento associado a uma patologia associada implica na necessidade de manejo do medicamento e seus efeitos colaterais, o que causa, frequentemente, resistência ou desistência do tratamento. A compreensão do modo de enfrentamento dessa doença, assim como da identificação das mudanças causadas nos hábitos de vida dos membros desse grupo populacional, contribui para que ações possam ser elaboradas e executadas para uma adaptação mais efetiva dos idosos à nova realidade vivida após o diagnóstico da doença, o que pode auxiliar o processo de redução da mortalidade por aids na terceira idade. REFERÊNCIAS OLIVEIRA, D.C. Análise de conteúdo temático-categorial: uma proposta de operacionalização. R. Enferm. UERJ [online] v. 16, n. 4, p.569-76, out./dez. 2008. Disponível em: . Acesso em: 01 ago. 2010. PROVINCIALI, R.M. O convívio com HIV/Aids em pessoas da terceira idade e suas representações: vulnerabilidade e enfrentamento. Dissertação (Mestrado em Psicologia), Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, 2005 126p. SEFFNER, F. O conceito de vulnerabilidade: uma ferramenta útil em seu consultório. Site do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. [online] Disponível em: . Acesso em: 03 set. 2010. STROMBECK, R.; LEVY, J. A. Educational strategies and interventions targeting adults age 50 and older for HIV/Aids prevention. Research on agin. [online] v.20, n.6, p.912-936, 1998. Disponível em: . Acesso em: 03 set. 2010. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Alfredo Pinto Programa de Pós-Graduação em Enfermagem2011-01-04info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionArtigo avaliado pelos paresPesquisa descritiva com abordagem qualitativa.application/pdfhttps://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/119410.9789/2175-5361.2010.v0i0.%pRevista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online; Número Suplementar dos 120 anos da EEAP/UNIRIORevista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online; Número Suplementar dos 120 anos da EEAP/UNIRIORevista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online; Número Suplementar dos 120 anos da EEAP/UNIRIO2175-53611809-6107reponame:Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Onlineinstname:Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)instacron:UNIRIOporhttps://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/1194/pdf_339Copyright (c) 2011 Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Onlineinfo:eu-repo/semantics/openAccessLima, Renan SantosOliveira, Elias Gomes deOliveira, Denise Cristina deTosoli, Antônio MarcosSantos, Érick Igor dos2024-01-12T14:08:17Zoai:ojs.seer.unirio.br:article/1194Revistahttps://seer.unirio.br/cuidadofundamental/about/contactPUBhttps://seer.unirio.br/cuidadofundamental/oaiprofunirio@gmail.com||rev.fundamental@gmail.com2175-53611809-6107opendoar:2024-01-12T14:08:17Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
OS ANTIRETROVIRAIS NO COTIDIANO DE IDOSOS SOROPOSITIVOS: UM ESTUDO A PARTIR DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS |
title |
OS ANTIRETROVIRAIS NO COTIDIANO DE IDOSOS SOROPOSITIVOS: UM ESTUDO A PARTIR DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS |
spellingShingle |
OS ANTIRETROVIRAIS NO COTIDIANO DE IDOSOS SOROPOSITIVOS: UM ESTUDO A PARTIR DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS Lima, Renan Santos HIV na Terceira Idade Antiretrovirais HIV/AIDS Saúde do Idoso |
title_short |
OS ANTIRETROVIRAIS NO COTIDIANO DE IDOSOS SOROPOSITIVOS: UM ESTUDO A PARTIR DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS |
title_full |
OS ANTIRETROVIRAIS NO COTIDIANO DE IDOSOS SOROPOSITIVOS: UM ESTUDO A PARTIR DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS |
title_fullStr |
OS ANTIRETROVIRAIS NO COTIDIANO DE IDOSOS SOROPOSITIVOS: UM ESTUDO A PARTIR DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS |
title_full_unstemmed |
OS ANTIRETROVIRAIS NO COTIDIANO DE IDOSOS SOROPOSITIVOS: UM ESTUDO A PARTIR DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS |
title_sort |
OS ANTIRETROVIRAIS NO COTIDIANO DE IDOSOS SOROPOSITIVOS: UM ESTUDO A PARTIR DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS |
author |
Lima, Renan Santos |
author_facet |
Lima, Renan Santos Oliveira, Elias Gomes de Oliveira, Denise Cristina de Tosoli, Antônio Marcos Santos, Érick Igor dos |
author_role |
author |
author2 |
Oliveira, Elias Gomes de Oliveira, Denise Cristina de Tosoli, Antônio Marcos Santos, Érick Igor dos |
author2_role |
author author author author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Lima, Renan Santos Oliveira, Elias Gomes de Oliveira, Denise Cristina de Tosoli, Antônio Marcos Santos, Érick Igor dos |
dc.subject.por.fl_str_mv |
HIV na Terceira Idade Antiretrovirais HIV/AIDS Saúde do Idoso |
topic |
HIV na Terceira Idade Antiretrovirais HIV/AIDS Saúde do Idoso |
description |
Descritores: HIV na Terceira Idade; Antiretrovirais; HIV/AIDS; INTRODUÇÃO Este estudo é integrante do projeto de pesquisa “As transformações do cuidado de saúde e de enfermagem em tempos de aids: representações sociais e memórias de enfermeiros e profissionais de saúde no Brasil”. A aids se trata de um fenômeno biológico e psicossocial impactante nos princípios morais, religiosos e éticos; na formulação de políticas públicas de saúde, nas relações interpessoais, nas questões relativas à sexualidade e na moralidade conjugal (SEFFNER, 2005). O estudo intitulado: “Atitudes sociais sobre aids e velhice” reflete a prevalência de concepções divergentes acerca do comportamento de idosos frente à sua soropositividade. Entre as crenças sociais destacam-se aquelas que correlacionam, automaticamente, a senilidade ao decréscimo da libido e atribuem heterossexualidade e monogamia a todo e qualquer tipo de relação sexual entre idosos, bem como desacreditam em qualquer em possibilidade de uso de drogas neste grupo populacional. OBJETIVO Analisar a apreensão do diagnóstico de soropositividade para o HIV em idosos e sua interface com as representações sociais da Aids, mediante o convívio com o vírus e as dificuldades em potencial para a adesão ao tratamento com antiretrovirais. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa descritiva do tipo qualitativo, realizada sob o arcabouço teórico e metodológico das Representações Sociais. Participaram da pesquisa 20 idosos atendidos no ambulatório de Imunologia e de Doenças Infecto-parasitárias de um hospital universitário do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados através de entrevistas semi-estruturadas e foi realizada Análise de Conteúdo proposta por Bardin sistematizada por Oliveira (2008). Esta pesquisa foi submetida à avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEPq) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), atendendo a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. RESULTADOS A aids e a condição de soropositivo para o HIV foram incorporados à vida dos sujeitos do estudo de formas distintas e, contudo, afetando-os profundamente. Para alguns deles, parece não ter havido mudanças drásticas no estilo de vida. A condição de estar com HIV/Aids é incorporada como mais um aspecto a ser vivenciado, não se modificando em comparação ao modo de vida anterior ao diagnóstico. Apesar dos medos e das dificuldades de convivência com alguns elementos estressores do dia-a-dia e da própria doença, o desejo de viver e de aproveitar a vida ainda são preservados, originando sentimentos de esperança. Estes idosos parecem aproveitar o tempo com ocupações e distrações, além de construir uma forma particular de conviver com o HIV/Aids. Já para outros indivíduos pesquisados também pertencentes à terceira idade, o cotidiano com a doença se mostra elaborado a partir das mudanças impostas pela necessidade de voltar à condição de “normalidade” existente antes do diagnóstico. As mudanças neste cotidiano, concebidas como obrigatórias, giram em torno do tratamento e do enfrentamento da situação. Por isso, estes idosos encaram a doença como um ritual, afirmando ser necessário se tratar muito bem para evitar a progressão da doença. O tratamento médico, neste caso, passa a ser visto como um recurso indispensável à sobrevivência e, somado aos medicamentos, inserem mudanças nos hábitos de vida no dia-a-dia destes indivíduos, cujo objetivo é a melhoria na qualidade de vida (PROVINCIALI, 2005). O número e apresentação de comprimidos a ingerir, a diminuição do metabolismo orgânico, bem como outros fatores, representam algumas das dificuldades de adesão ao tratamento com antiretrovirais entre os sujeitos da pesquisa. Logo, verificou-se a necessidade de criação de equipes interdisciplinares, treinadas para proporcionar cuidados especializados dirigidos à terceira idade, de forma a se evitar a assistência baseada em modelos de saúde exclusivamente medicalizantes. O atendimento psicossocial também se mostrou imprescindível, uma vez que o atendimento médico e a prescrição dos medicamentos parecem não serem suficientes para promover a adesão ao tratamento, já que percepções negativas por parte dos indivíduos estudados parecem ser responsáveis por suspensões voluntárias do tratamento ou ingestões indevidamente controladas das doses dos antiretrovirais. Segundo Strombeck e Levy (1998), em comparação com os jovens, eles experimentam um sentimento maior de isolamento, vergonha e culpa e ainda convivem com doenças e problemas que já são característicos dessa fase da vida. CONCLUSÕES Concluiu-se que apesar do enfrentamento da condição de soropositividade entre idosos apresentar certas divergências, o diagnóstico do HIV e a representação social da síndrome para eles apresentam-se como fatores que causam uma série de alterações relacionadas às perdas físicas, psicológicas e sociais diferenciadas que são características desse grupo, visto que os idosos possuem necessidades médicas e psicossociais peculiares à sua faixa etária. Os resultados encontrados expressam que as representações do conviver com HIV na terceira idade estruturam-se na interface da pluralidade e complexidade do funcionamento de elementos comportamentais em busca de viver com qualidade mesmo diante da cronicidade do diagnóstico. Os idosos se mostram afetados profundamente com a descoberta da doença através do diagnóstico médico, uma vez que o processo de envelhecimento associado a uma patologia associada implica na necessidade de manejo do medicamento e seus efeitos colaterais, o que causa, frequentemente, resistência ou desistência do tratamento. A compreensão do modo de enfrentamento dessa doença, assim como da identificação das mudanças causadas nos hábitos de vida dos membros desse grupo populacional, contribui para que ações possam ser elaboradas e executadas para uma adaptação mais efetiva dos idosos à nova realidade vivida após o diagnóstico da doença, o que pode auxiliar o processo de redução da mortalidade por aids na terceira idade. REFERÊNCIAS OLIVEIRA, D.C. Análise de conteúdo temático-categorial: uma proposta de operacionalização. R. Enferm. UERJ [online] v. 16, n. 4, p.569-76, out./dez. 2008. Disponível em: . Acesso em: 01 ago. 2010. PROVINCIALI, R.M. O convívio com HIV/Aids em pessoas da terceira idade e suas representações: vulnerabilidade e enfrentamento. Dissertação (Mestrado em Psicologia), Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, 2005 126p. SEFFNER, F. O conceito de vulnerabilidade: uma ferramenta útil em seu consultório. Site do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. [online] Disponível em: . Acesso em: 03 set. 2010. STROMBECK, R.; LEVY, J. A. Educational strategies and interventions targeting adults age 50 and older for HIV/Aids prevention. Research on agin. [online] v.20, n.6, p.912-936, 1998. Disponível em: . Acesso em: 03 set. 2010. |
publishDate |
2011 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2011-01-04 |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article info:eu-repo/semantics/publishedVersion Artigo avaliado pelos pares Pesquisa descritiva com abordagem qualitativa. |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/1194 10.9789/2175-5361.2010.v0i0.%p |
url |
https://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/1194 |
identifier_str_mv |
10.9789/2175-5361.2010.v0i0.%p |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
https://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/1194/pdf_339 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
Copyright (c) 2011 Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online info:eu-repo/semantics/openAccess |
rights_invalid_str_mv |
Copyright (c) 2011 Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Alfredo Pinto Programa de Pós-Graduação em Enfermagem |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Alfredo Pinto Programa de Pós-Graduação em Enfermagem |
dc.source.none.fl_str_mv |
Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online; Número Suplementar dos 120 anos da EEAP/UNIRIO Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online; Número Suplementar dos 120 anos da EEAP/UNIRIO Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online; Número Suplementar dos 120 anos da EEAP/UNIRIO 2175-5361 1809-6107 reponame:Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online instname:Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) instacron:UNIRIO |
instname_str |
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) |
instacron_str |
UNIRIO |
institution |
UNIRIO |
reponame_str |
Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online |
collection |
Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online |
repository.name.fl_str_mv |
Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) |
repository.mail.fl_str_mv |
profunirio@gmail.com||rev.fundamental@gmail.com |
_version_ |
1800218875467399168 |