“ELE É O REMÉDIO QUE EU PRECISO”: RELATO DE CASO DE ANNE EM SUA PRIMEIRA INTERNAÇÃO PSIQUIÁTRICA POR ALCOOLISMO
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2010 |
Outros Autores: | , , , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online |
Texto Completo: | https://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/1139 |
Resumo: | INTRODUÇÃO O alcoolismo figura entre os dez principais problemas de saúde pública no mundo, sendo a quarta doença mais incapacitante, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS,1993). O álcool em comparação com as outras substâncias psicoativas, apresenta algumas particularidades que contribuem para o desenvolvimento da dependência, como o fato de culturalmente ser aceita, que desencadeia uma excessiva tolerância com o uso do álcool, inversamente à intolerância observada com qualquer outro uso de drogas (CARLINE et al, 2006). Justificamos nosso interesse na temática em questão no II Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, que envolveu em 2005 as 108 maiores cidades do país, realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), com indivíduos entre 12 e 65 anos, constando que 12,3% da população brasileira é dependente do álcool (BUNNING; GORGULHO, 2004). O álcool é uma substância cujo uso crônico, além de alterações de comportamento, geralmente traz diversos comprometimentos clínicos (CARLINE et al, 2006). O profissional de saúde deve estar apto, não apenas a diagnosticar a “Síndrome de dependência”, mas também diferenciar os diferentes padrões de uso (uso, abuso ou dependência) e a existência de problemas associados a estes. Por exemplo, é de conhecimento geral a freqüente associação entre o uso de álcool e acidentes de trânsito. No entanto, os dados estatísticos demonstram que, na maioria dos casos, tal problema se relaciona com pessoas que fazem uso abusivo de álcool, como ingerir várias doses de cerveja num curto período de tempo, e não com dependentes (MINAYO, 2004). Segundo o II Levantamento Domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil, 74,6% das pessoas fazem uso de álcool na vida O mais instigante é que cerca de 74% dos adolescentes já haviam feito uso de álcool na vida , sendo destes, 14% usuários freqüentes(BUNNING; GORGULHO, 2004). Conforme se pode perceber, a identificação dos problemas relacionados ao uso do álcool foi gradativamente ganhando importância na área médica e, aos poucos conquistando seu espaço como entidade nosológica e critérios que facilitassem a sua definição. Atualmente, a décima edição da Classificação Internacional de Doenças (CID – 10) define os seguintes critérios para dependência de álcool (OMS,1993): Um forte desejo ou compulsão para consumir a substancia; dificuldade em controlar o comportamento de consumir a substância; persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara das conseqüências nocivas(CARLINE et al, 2006). O enfoque de risco assume que, quanto maior conhecimento sobre os eventos negativos, maior possibilidade de agir sobre eles com antecipação para evitá-los, mudando as condições que facilitem que um indivíduo ou grupo adquira uma doença ou um dano (JURGERMAN; LARANJEIRA, 1999). A partir, das primeiras leituras que fizemos, consideramos que entender a temática é crucial para o agir devido, pois a dependência, sobretudo precocemente, nos conduz a prejuízos de ordem mental, física e social. OBJETIVOS Identificar e descrever os fatores que levaram o paciente à dependência etílica. METODOLOGIA Relato de Caso, descritivo, explicativo e exploratório, com uma abordagem qualitativa realizada através de pesquisa de campo, na Clínica da Gávea, instituição psiquiátrica privada onde entrevistamos um paciente em sua primeira internação psiquiátrica. A entrevista foi gravada em aparelho próprio (mp4) a fim de lograr os fatores que levaram à primeira internação, decorrente do abuso de álcool, do paciente em questão. Para analisar os dados obtidos, adotamos os seguintes procedimentos: após as entrevistas, transcrevemos o áudio e realizamos uma primeira leitura do material, organizando os relatos, revendo os objetivos e questões teóricas discutidas no estudo. Terminada esta etapa, mapeamos os discursos, segundo os temas emergentes (sempre guiados pelo objetivo da pesquisa). Esses agrupamentos nos permitiram a apreensão dos significados, a associação de idéias, e a captação da variedade de pensamentos. Na análise final, utilizamos os passos de Minayo (2004): ordenamento dos dados, classificação dos dados e análise final. RESULTADOS A superproteção caracterizada na infância, intercalando com a ausência paterna e materna até a adolescência facilitaram a não construção da subjetividade do paciente. Este em busca de uma sociabilidade, vez não efetivada, desenvolveu o diagnóstico de fobia social. Nada obstante, a busca pela inserção na sociedade e a cobrança pelos amigos o fez buscar no álcool o meio que o possibilitasse a interagir socialmente. Sendo assim, a procura tornou-se constante fazendo do uso do álcool, antes corriqueiro, permanente para sua interação na sociedade. A dependência instalou-se e com isso as conseqüências físicas, mentais e os demais conflitos familiares tomaram proporções expressivas. CONCLUSÕES Evidenciamos quanto o meio, aqui personificado nos amigos e família, cobra comportamentos do ser humano, e este uma vez não adepto a critica adere às pressões, neste caso desenvolvendo o vício alcoólico, consequentemente a dependência. O presente relato deixa claro que a construção da subjetividade de Anne, uma vez não fundamentada na crítica rumou ao não desenvolvimento, da sociabilidade e posteriormente à dependência etílica. Sendo assim, nosso desafio como educadores na saúde reside em desenvolver atividades educativas, instruindo a todos ao convívio familiar de forma saudável, principalmente no que refere-se a fase conturbada da adolescência. |
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Justificamos nosso interesse na temática em questão no II Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, que envolveu em 2005 as 108 maiores cidades do país, realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), com indivíduos entre 12 e 65 anos, constando que 12,3% da população brasileira é dependente do álcool (BUNNING; GORGULHO, 2004). O álcool é uma substância cujo uso crônico, além de alterações de comportamento, geralmente traz diversos comprometimentos clínicos (CARLINE et al, 2006). O profissional de saúde deve estar apto, não apenas a diagnosticar a “Síndrome de dependência”, mas também diferenciar os diferentes padrões de uso (uso, abuso ou dependência) e a existência de problemas associados a estes. Por exemplo, é de conhecimento geral a freqüente associação entre o uso de álcool e acidentes de trânsito. No entanto, os dados estatísticos demonstram que, na maioria dos casos, tal problema se relaciona com pessoas que fazem uso abusivo de álcool, como ingerir várias doses de cerveja num curto período de tempo, e não com dependentes (MINAYO, 2004). Segundo o II Levantamento Domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil, 74,6% das pessoas fazem uso de álcool na vida O mais instigante é que cerca de 74% dos adolescentes já haviam feito uso de álcool na vida , sendo destes, 14% usuários freqüentes(BUNNING; GORGULHO, 2004). Conforme se pode perceber, a identificação dos problemas relacionados ao uso do álcool foi gradativamente ganhando importância na área médica e, aos poucos conquistando seu espaço como entidade nosológica e critérios que facilitassem a sua definição. Atualmente, a décima edição da Classificação Internacional de Doenças (CID – 10) define os seguintes critérios para dependência de álcool (OMS,1993): Um forte desejo ou compulsão para consumir a substancia; dificuldade em controlar o comportamento de consumir a substância; persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara das conseqüências nocivas(CARLINE et al, 2006). O enfoque de risco assume que, quanto maior conhecimento sobre os eventos negativos, maior possibilidade de agir sobre eles com antecipação para evitá-los, mudando as condições que facilitem que um indivíduo ou grupo adquira uma doença ou um dano (JURGERMAN; LARANJEIRA, 1999). A partir, das primeiras leituras que fizemos, consideramos que entender a temática é crucial para o agir devido, pois a dependência, sobretudo precocemente, nos conduz a prejuízos de ordem mental, física e social. OBJETIVOS Identificar e descrever os fatores que levaram o paciente à dependência etílica. 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Na análise final, utilizamos os passos de Minayo (2004): ordenamento dos dados, classificação dos dados e análise final. RESULTADOS A superproteção caracterizada na infância, intercalando com a ausência paterna e materna até a adolescência facilitaram a não construção da subjetividade do paciente. Este em busca de uma sociabilidade, vez não efetivada, desenvolveu o diagnóstico de fobia social. Nada obstante, a busca pela inserção na sociedade e a cobrança pelos amigos o fez buscar no álcool o meio que o possibilitasse a interagir socialmente. Sendo assim, a procura tornou-se constante fazendo do uso do álcool, antes corriqueiro, permanente para sua interação na sociedade. A dependência instalou-se e com isso as conseqüências físicas, mentais e os demais conflitos familiares tomaram proporções expressivas. CONCLUSÕES Evidenciamos quanto o meio, aqui personificado nos amigos e família, cobra comportamentos do ser humano, e este uma vez não adepto a critica adere às pressões, neste caso desenvolvendo o vício alcoólico, consequentemente a dependência. O presente relato deixa claro que a construção da subjetividade de Anne, uma vez não fundamentada na crítica rumou ao não desenvolvimento, da sociabilidade e posteriormente à dependência etílica. Sendo assim, nosso desafio como educadores na saúde reside em desenvolver atividades educativas, instruindo a todos ao convívio familiar de forma saudável, principalmente no que refere-se a fase conturbada da adolescência. 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A entrevista foi gravada em aparelho próprio (mp4) a fim de lograr os fatores que levaram à primeira internação, decorrente do abuso de álcool, do paciente em questão. Para analisar os dados obtidos, adotamos os seguintes procedimentos: após as entrevistas, transcrevemos o áudio e realizamos uma primeira leitura do material, organizando os relatos, revendo os objetivos e questões teóricas discutidas no estudo. Terminada esta etapa, mapeamos os discursos, segundo os temas emergentes (sempre guiados pelo objetivo da pesquisa). Esses agrupamentos nos permitiram a apreensão dos significados, a associação de idéias, e a captação da variedade de pensamentos. Na análise final, utilizamos os passos de Minayo (2004): ordenamento dos dados, classificação dos dados e análise final. RESULTADOS A superproteção caracterizada na infância, intercalando com a ausência paterna e materna até a adolescência facilitaram a não construção da subjetividade do paciente. Este em busca de uma sociabilidade, vez não efetivada, desenvolveu o diagnóstico de fobia social. Nada obstante, a busca pela inserção na sociedade e a cobrança pelos amigos o fez buscar no álcool o meio que o possibilitasse a interagir socialmente. Sendo assim, a procura tornou-se constante fazendo do uso do álcool, antes corriqueiro, permanente para sua interação na sociedade. A dependência instalou-se e com isso as conseqüências físicas, mentais e os demais conflitos familiares tomaram proporções expressivas. CONCLUSÕES Evidenciamos quanto o meio, aqui personificado nos amigos e família, cobra comportamentos do ser humano, e este uma vez não adepto a critica adere às pressões, neste caso desenvolvendo o vício alcoólico, consequentemente a dependência. O presente relato deixa claro que a construção da subjetividade de Anne, uma vez não fundamentada na crítica rumou ao não desenvolvimento, da sociabilidade e posteriormente à dependência etílica. 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