A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM SAÚDE DA FAMÍLIA SOB A ÓPTICA DE ENFERMEIROS DE PETRÓPOLIS – RJ.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Norhan Sumar
Data de Publicação: 2010
Outros Autores: Garcez, Bruna de Souza, Pestana, Carlos Luiz da Silva
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online
Texto Completo: https://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/1082
Resumo: INTRODUÇÃO: A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é a forma de organizar e inter-relacionar as ações, possibilitando o controle e direcionamento do trabalho. Ademais, não consiste apenas em uma ferramenta atribuída ao processo de trabalho assistencial do enfermeiro. Pode-se utilizar estes recursos para uma análise macro-dinâmica da assistência de enfermagem, observando a organização dos serviços de enfermagem, avaliando os resultados das intervenções, impactos e benefícios das ações da enfermagem no sistema como um todo. Objetiva realizar um planejamento propício a transformar o trabalho do profissional enfermeiro em uma resposta eficiente às necessidades do paciente, permitindo que o universo dessas respostas seja baseado em princípios científicos dando uma maior credibilidade e autonomia ao enfermeiro na execução das suas atividades. Face aos benefícios trazidos pela SAE ao usuário, à equipe e ao enfermeiro em todos os níveis da atenção, torna-se necessário refletir sobre a percepção de enfermeiros acerca desta forma de trabalho. OBJETIVO: O objetivo deste estudo é analisar a percepção do enfermeiro de Unidades de Saúde da Família do município de Petrópolis/RJ acerca da SAE em Saúde Pública. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo qualitativo, realizado entre os meses de janeiro e julho de 2010. Estabelecemos como sujeitos da pesquisa dez enfermeiros, sendo cinco de Unidades de Saúde da Família (USF), e cinco enfermeiros de Unidade de Saúde da Família, porém vinculados a uma Instituição de Ensino Superior (IES). Foi utilizado um roteiro de entrevista que abrange o entendimento do sujeito acerca da SAE em Saúde Pública, bem como, suas ferramentas, e a utilização no dia-a-dia na USF, permeando suas dificuldades e opiniões dos profissionais sobre a implantação da SAE em Saúde Pública. As entrevistas foram realizadas individualmente, sendo gravadas e posteriormente transcritas para melhor análise dos discursos. RESULTADOS: Ao perguntarmos o que os entrevistados entendiam por SAE em Saúde Pública, alguns depoimentos corroboram o pensamento de diversos autores no que diz respeito a melhoria da qualidade da assistência prestada através deste método assistencial e vantagens para o próprio profissional através da utilização desta prática. Contudo, notamos o desconhecimento dos profissionais em relação a SAE como método de trabalho, evidenciado pelo fato de apenas três entrevistados terem se aproximado das definições encontradas na literatura. Alguns depoimentos convergem quando citam as fases do Processo de Enfermagem (PE) como sendo uma maneira de sistematizar a assistência de enfermagem. Entretanto, faz-se necessário a orientação desses profissionais, no sentido de tornar a SAE um discurso comum entre os mesmos, bem como suas fases e ferramentas, possibilitando a realização da mesma na prática profissional. Ao serem questionados acerca do conhecimento sobre ferramentas de SAE, apenas quatro entrevistados referem conhecer taxonomias reconhecidas e publicadas. Três entrevistados, sendo dois relataram conhecer as classificações diagnósticas NANDA e CIPESC, citam o plano de cuidados como ferramenta de sistematização. Os relatos assemelham-se aos resultados encontrados em outros estudos, onde, 21,8% das enfermeiras não tiveram contato com sistemas de classificação durante a graduação e 43,1% não tiveram qualquer aproximação com este assunto nas suas especializações. Neste cenário, faz-se necessário a apresentação aos profissionais de enfermagem do aporte teórico e científico que fundamenta esta sistemática. Ou seja, propor uma assistência sistematizada perpassa pelo conhecimento específico das etapas do PE e estudo de classificações diagnósticas e ferramentas de sistematização, para que então, possamos de fato, pensar na implantação de uma assistência sistematizada de qualidade. Ao analisar as respostas que se referiam às tentativas, realizadas ou não, de implementação da SAE, independente da forma com a qual os entrevistados haviam utilizado para realizar tal sistematização, percebe-se que, mesmo com sete entrevistados afirmando já terem tentado aplicar a SAE, os mesmos não se apropriaram de uma base teórica e/ou científica para tal. Sabe-se que este não é um processo simplista, tampouco isolado na prática profissional. Diante do questionamento sobre como poderíamos implementar a SAE em saúde da família, apenas três entrevistados apontaram a capacitação ou educação continuada como sendo a melhor maneira de iniciar o processo. Analisando as respostas dos demais entrevistados, percebe-se uma divergência significativa em relação à prática individual. Nesse sentido, fica implícita a necessidade de capacitar o enfermeiro para práticas que venham trazer vantagens, não somente para o usuário dos serviços de saúde, mas também ao enfermeiro, pois proporciona mais autonomia, assegura registros que os respaldam diante das mais diversas situações legais e profissionais, otimiza o processo de trabalho, facilita a inserção do cuidado no plano terapêutico de toda a equipe multidisciplinar. CONCLUSÕES: Concluímos então que há um desconhecimento por parte dos profissionais sobre o que realmente significa a SAE, seu processo de implementação, as diversas ferramentas possíveis para aplicação prática da teoria e as melhorias que a mesma pode trazer para a atuação do enfermeiro. Cabe mencionar ainda, diante do fato de terem sido incluídos no estudo cinco unidades cujos enfermeiros são vinculados a uma IES, a dicotomia entre teoria e prática. Visto que em se tratando dos entrevistados que não apresentam vínculo com instituição de ensino, nenhum deles relatou realizar uma assistência sistematizada. Nesse cenário, concluímos que há uma demanda de capacitação de profissionais no que diz respeito a implementação da SAE, tal como preconiza a Resolução 358/2009 do COFEN, que dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem.REFERÊNCIAS:BACKES, D. S. et al. Sistematização da assistência de enfermagem como fenômeno interativo e multidimensional. Rev. Latino-Am. Enfermagem,  Ribeirão Preto,  v. 16,  n. 6, Dec.  2008. BARROS, D. G.; CHIESA, A. M. Autonomia e necessidades de saúde na Sistematização da Assistência de Enfermagem no olhar da Saúde Coletiva. Rev. Esc. Enferm USP 2007;41 (Esp): 793-8. NIETSCHE, E. A.; BACKES, V. M. S. A autonomia como um dos componentes básicos para o processo emancipatório do profissional enfermeiro. Texto Contexto Enferm. 2000; 9(3):153-74. 12.
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Objetiva realizar um planejamento propício a transformar o trabalho do profissional enfermeiro em uma resposta eficiente às necessidades do paciente, permitindo que o universo dessas respostas seja baseado em princípios científicos dando uma maior credibilidade e autonomia ao enfermeiro na execução das suas atividades. Face aos benefícios trazidos pela SAE ao usuário, à equipe e ao enfermeiro em todos os níveis da atenção, torna-se necessário refletir sobre a percepção de enfermeiros acerca desta forma de trabalho. OBJETIVO: O objetivo deste estudo é analisar a percepção do enfermeiro de Unidades de Saúde da Família do município de Petrópolis/RJ acerca da SAE em Saúde Pública. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo qualitativo, realizado entre os meses de janeiro e julho de 2010. Estabelecemos como sujeitos da pesquisa dez enfermeiros, sendo cinco de Unidades de Saúde da Família (USF), e cinco enfermeiros de Unidade de Saúde da Família, porém vinculados a uma Instituição de Ensino Superior (IES). Foi utilizado um roteiro de entrevista que abrange o entendimento do sujeito acerca da SAE em Saúde Pública, bem como, suas ferramentas, e a utilização no dia-a-dia na USF, permeando suas dificuldades e opiniões dos profissionais sobre a implantação da SAE em Saúde Pública. As entrevistas foram realizadas individualmente, sendo gravadas e posteriormente transcritas para melhor análise dos discursos. RESULTADOS: Ao perguntarmos o que os entrevistados entendiam por SAE em Saúde Pública, alguns depoimentos corroboram o pensamento de diversos autores no que diz respeito a melhoria da qualidade da assistência prestada através deste método assistencial e vantagens para o próprio profissional através da utilização desta prática. 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Os relatos assemelham-se aos resultados encontrados em outros estudos, onde, 21,8% das enfermeiras não tiveram contato com sistemas de classificação durante a graduação e 43,1% não tiveram qualquer aproximação com este assunto nas suas especializações. Neste cenário, faz-se necessário a apresentação aos profissionais de enfermagem do aporte teórico e científico que fundamenta esta sistemática. Ou seja, propor uma assistência sistematizada perpassa pelo conhecimento específico das etapas do PE e estudo de classificações diagnósticas e ferramentas de sistematização, para que então, possamos de fato, pensar na implantação de uma assistência sistematizada de qualidade. 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A autonomia como um dos componentes básicos para o processo emancipatório do profissional enfermeiro. 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Face aos benefícios trazidos pela SAE ao usuário, à equipe e ao enfermeiro em todos os níveis da atenção, torna-se necessário refletir sobre a percepção de enfermeiros acerca desta forma de trabalho. OBJETIVO: O objetivo deste estudo é analisar a percepção do enfermeiro de Unidades de Saúde da Família do município de Petrópolis/RJ acerca da SAE em Saúde Pública. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo qualitativo, realizado entre os meses de janeiro e julho de 2010. Estabelecemos como sujeitos da pesquisa dez enfermeiros, sendo cinco de Unidades de Saúde da Família (USF), e cinco enfermeiros de Unidade de Saúde da Família, porém vinculados a uma Instituição de Ensino Superior (IES). Foi utilizado um roteiro de entrevista que abrange o entendimento do sujeito acerca da SAE em Saúde Pública, bem como, suas ferramentas, e a utilização no dia-a-dia na USF, permeando suas dificuldades e opiniões dos profissionais sobre a implantação da SAE em Saúde Pública. 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Analisando as respostas dos demais entrevistados, percebe-se uma divergência significativa em relação à prática individual. Nesse sentido, fica implícita a necessidade de capacitar o enfermeiro para práticas que venham trazer vantagens, não somente para o usuário dos serviços de saúde, mas também ao enfermeiro, pois proporciona mais autonomia, assegura registros que os respaldam diante das mais diversas situações legais e profissionais, otimiza o processo de trabalho, facilita a inserção do cuidado no plano terapêutico de toda a equipe multidisciplinar. CONCLUSÕES: Concluímos então que há um desconhecimento por parte dos profissionais sobre o que realmente significa a SAE, seu processo de implementação, as diversas ferramentas possíveis para aplicação prática da teoria e as melhorias que a mesma pode trazer para a atuação do enfermeiro. Cabe mencionar ainda, diante do fato de terem sido incluídos no estudo cinco unidades cujos enfermeiros são vinculados a uma IES, a dicotomia entre teoria e prática. Visto que em se tratando dos entrevistados que não apresentam vínculo com instituição de ensino, nenhum deles relatou realizar uma assistência sistematizada. Nesse cenário, concluímos que há uma demanda de capacitação de profissionais no que diz respeito a implementação da SAE, tal como preconiza a Resolução 358/2009 do COFEN, que dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem.REFERÊNCIAS:BACKES, D. S. et al. Sistematização da assistência de enfermagem como fenômeno interativo e multidimensional. Rev. Latino-Am. Enfermagem,  Ribeirão Preto,  v. 16,  n. 6, Dec.  2008. BARROS, D. G.; CHIESA, A. M. 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