Estabilidade, ordem e atividade de inteligência: um estudo sobre a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNESP |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/11449/214086 |
Resumo: | Com o fim da Guerra Fria, o mundo voltou sua atenção para os conflitos intraestatais que ocorriam especialmente no sul global. Alguns desses conflitos foram entendidos como marcados por motivações criminosas e pela violência indiscriminada contra a população, o que exigia a mobilização da comunidade internacional em prol da proteção de civis e de novas formas de gestão da segurança e da paz internacionais. Nesse sentido, as operações de estabilização foram apresentadas como uma forma de intervenção que, combinando força coercitiva e atividades civis-militares, seriam adequadas para lidar com esse tipo de conflito e estabelecer as bases para a construção de uma paz duradoura no longo-prazo. No entanto, esse tipo de operação não é novo e pode ser relacionado à contrainsurgência. Além disso, prioriza a ordem pública e práticas de pacificação que colocam a população como um terreno a ser disputado e controlado. No âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU), a proteção de civis tornou-se o principal objetivo das operações de paz e abriu caminho para que elas intensificassem o uso da força. Nas operações de estabilização resultaram em maior permissividade em relação ao uso da força, na tendência à parcialidade, na ampliação do caráter policial das missões e no uso mais frequente de formas controversas de apoio, como a contrainsurgência. A Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH) foi a primeira operação deste tipo estabelecida pela ONU e proporcionou um terreno fértil para novas experiências, dentre elas, a atividade de inteligência, que embora registrada em missões anteriores ganhou destaque ao ser empregada contra ‘ameaças assimétricas’ naquele país, servindo de modelo para operações futuras. Dessa forma, este estudo procurou explorar como a atividade de inteligência foi conduzida pela MINUSTAH de modo a servir aos objetivos de estabilização e como a priorização da ordem se traduziu nessa condução. Para isso, apresentamos as transformações impulsionadas pela agenda de proteção de civis e pelas operações de estabilização, as particularidades do contexto haitiano e da MINUSTAH e de que forma elas foram racionalizadas a partir da noção de estabilização, para, por fim, analisar a condução da atividade de inteligência da Missão, especialmente, no que se refere ao uso da força contra as ‘gangues’, à pacificação e ao monitoramento de protestos no Haiti. A análise foi conduzida a partir de documentos da ONU e fontes bibliográficas, e permitiu concluir que os conhecimentos que envolvem as práticas da atividade de inteligência foram mobilizados principalmente para preconizar a ordem e o controle na tomada de decisões exatamente porque, ao longo de toda a Missão, essa era a principal demanda. |
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Estabilidade, ordem e atividade de inteligência: um estudo sobre a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do HaitiStability, order and intelligence activity: a study on the United Nations Stabilization Mission in HaitiEstabilidad, orden y actividad de inteligencia: un estudio sobre la Misión de Estabilización de las Naciones Unidas en HaitíEstabilizaçãoMINUSTAHAtividade de inteligênciaOperações de pazStabilizationIntelligence activityPeace operationsEstabilizaciónActividad de inteligenciaOperaciones de pazCom o fim da Guerra Fria, o mundo voltou sua atenção para os conflitos intraestatais que ocorriam especialmente no sul global. Alguns desses conflitos foram entendidos como marcados por motivações criminosas e pela violência indiscriminada contra a população, o que exigia a mobilização da comunidade internacional em prol da proteção de civis e de novas formas de gestão da segurança e da paz internacionais. Nesse sentido, as operações de estabilização foram apresentadas como uma forma de intervenção que, combinando força coercitiva e atividades civis-militares, seriam adequadas para lidar com esse tipo de conflito e estabelecer as bases para a construção de uma paz duradoura no longo-prazo. No entanto, esse tipo de operação não é novo e pode ser relacionado à contrainsurgência. Além disso, prioriza a ordem pública e práticas de pacificação que colocam a população como um terreno a ser disputado e controlado. No âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU), a proteção de civis tornou-se o principal objetivo das operações de paz e abriu caminho para que elas intensificassem o uso da força. Nas operações de estabilização resultaram em maior permissividade em relação ao uso da força, na tendência à parcialidade, na ampliação do caráter policial das missões e no uso mais frequente de formas controversas de apoio, como a contrainsurgência. A Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH) foi a primeira operação deste tipo estabelecida pela ONU e proporcionou um terreno fértil para novas experiências, dentre elas, a atividade de inteligência, que embora registrada em missões anteriores ganhou destaque ao ser empregada contra ‘ameaças assimétricas’ naquele país, servindo de modelo para operações futuras. Dessa forma, este estudo procurou explorar como a atividade de inteligência foi conduzida pela MINUSTAH de modo a servir aos objetivos de estabilização e como a priorização da ordem se traduziu nessa condução. Para isso, apresentamos as transformações impulsionadas pela agenda de proteção de civis e pelas operações de estabilização, as particularidades do contexto haitiano e da MINUSTAH e de que forma elas foram racionalizadas a partir da noção de estabilização, para, por fim, analisar a condução da atividade de inteligência da Missão, especialmente, no que se refere ao uso da força contra as ‘gangues’, à pacificação e ao monitoramento de protestos no Haiti. A análise foi conduzida a partir de documentos da ONU e fontes bibliográficas, e permitiu concluir que os conhecimentos que envolvem as práticas da atividade de inteligência foram mobilizados principalmente para preconizar a ordem e o controle na tomada de decisões exatamente porque, ao longo de toda a Missão, essa era a principal demanda.With the end of the Cold War, the world turned its attention to intrastate conflicts that occurred especially in the global south. Some of these conflicts were understood to be marked by criminal motivations and indiscriminate violence against the population, which required the mobilization of the international community in favor of the protection of civilians and new ways of managing international security and peace. In this sense, stabilization operations were presented as a form of intervention that, combining coercive force and civil-military activities, would be adequate to deal with this type of conflict and lay the foundations for building a lasting peace in the long term. However, this type of operation is not new and could be related to counterinsurgency. Furthermore, it prioritizes public order and pacification practices that place the population as a terrain to be disputed and controlled. Within the framework of the United Nations (UN), the protection of civilians became the main objective of peace operations and paved the way for them to intensify the use of force. In stabilization operations, they resulted in greater permissiveness regarding the use of force, a tendency to partiality, an expansion of the police character of missions, and in a more frequent use of controversial forms of support, such as counterinsurgency. The United Nations Stabilization Mission in Haiti (MINUSTAH) was the first operation of this type established by the UN and provided a fertile ground for new experiences, among them, the intelligence activity, which, although registered in previous missions, gained prominence when used against 'asymmetric threats' in that country, serving as a model for future operations. Thus, this study sought to explore how the intelligence activity was conducted by MINUSTAH in order to serve the stabilization objectives and how the prioritization of order translated into this conduct. For this, we present the transformations driven by the protection of civilian agenda and stabilization operations, the particularities of the Haitian context and MINUSTAH and how they were rationalized from the notion of stabilization, to finally analyze the conduct of the Mission intelligence activity, especially with regard to the use of force against 'gangs', pacification and monitoring of protests in Haiti. The analysis was conducted from UN documents and bibliographic sources, and allowed to conclude that the knowledge involving the practices of intelligence activity was mainly mobilized to advocate order and control in decision-making precisely because throughout the Mission that was the main demand.Con el final de la Guerra Fría, el mundo centró su atención en los conflictos intraestatales que ocurrieron especialmente en el sur global. Se entendió que algunos de estos conflictos estaban marcados por motivos delictivos y violencia indiscriminada contra la población, lo que exigía la movilización de la comunidad internacional a favor de la protección de la población civil y nuevas formas de gestionar la seguridad y la paz internacionales. En este sentido, las operaciones de estabilización se presentaron como una forma de intervención que, combinando fuerza coercitiva y actividades cívico-militares, sería adecuada para enfrentar este tipo de conflictos y sentar las bases para la construcción de una paz duradera en el largo plazo. Sin embargo, este tipo de operación no es nueva y podría estar relacionada con la contrainsurgencia. Además, prioriza el orden público y las prácticas de pacificación que colocan a la población como un terreno de disputa y control. En el marco de las Naciones Unidas (ONU), la protección de los civiles se convirtió en el principal objetivo de las operaciones de paz y les abrió el camino para intensificar el uso de la fuerza. En las operaciones de estabilización, resultaron en una mayor permisividad en el uso de la fuerza, una tendencia a la parcialidad, una expansión del carácter policial de las misiones y un uso más frecuente de formas de apoyo controvertidas, como la contrainsurgencia. La Misión de Estabilización de las Naciones Unidas en Haití (MINUSTAH) fue la primera operación de este tipo establecida por la ONU y brindó un terreno fértil para nuevas experiencias, entre ellas, la actividad de inteligencia, que, aunque registrada en misiones anteriores, cobró protagonismo cuando se utilizó contra 'amenazas asimétricas' en ese país, sirviendo como modelo para operaciones futuras. Así, este estudio buscó explorar cómo la actividad de inteligencia fue realizada por la MINUSTAH para atender los objetivos de estabilización y cómo la priorización del orden se tradujo en esta conducta. Para ello, presentamos las transformaciones impulsadas por la agenda de protección civil y operaciones de estabilización, las particularidades del contexto haitiano y de la MINUSTAH y cómo se racionalizaron desde la noción de estabilización, para finalmente analizar la conducción de la actividad de inteligencia de la Misión, especialmente en lo que se refiere a al uso de la fuerza contra las 'pandillas', pacificación y seguimiento de las protestas en Haití. El análisis se realizó a partir de documentos de la ONU y fuentes bibliográficas, y permitió concluir que el conocimiento que involucra las prácticas de la actividad de inteligencia se movilizó principalmente para abogar por el orden y el control en la toma de decisiones precisamente porque en toda la Misión esa era la principal demanda.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)CAPES: 001Universidade Estadual Paulista (Unesp)Aguilar, Sérgio Luiz Cruz [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Santos, Jéssica Tauane dos2021-08-19T15:54:13Z2021-08-19T15:54:13Z2021-07-21info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/21408633004110044P0porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2023-10-22T06:10:38Zoai:repositorio.unesp.br:11449/214086Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T15:38:55.417300Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false |
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Com o fim da Guerra Fria, o mundo voltou sua atenção para os conflitos intraestatais que ocorriam especialmente no sul global. Alguns desses conflitos foram entendidos como marcados por motivações criminosas e pela violência indiscriminada contra a população, o que exigia a mobilização da comunidade internacional em prol da proteção de civis e de novas formas de gestão da segurança e da paz internacionais. Nesse sentido, as operações de estabilização foram apresentadas como uma forma de intervenção que, combinando força coercitiva e atividades civis-militares, seriam adequadas para lidar com esse tipo de conflito e estabelecer as bases para a construção de uma paz duradoura no longo-prazo. No entanto, esse tipo de operação não é novo e pode ser relacionado à contrainsurgência. Além disso, prioriza a ordem pública e práticas de pacificação que colocam a população como um terreno a ser disputado e controlado. No âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU), a proteção de civis tornou-se o principal objetivo das operações de paz e abriu caminho para que elas intensificassem o uso da força. Nas operações de estabilização resultaram em maior permissividade em relação ao uso da força, na tendência à parcialidade, na ampliação do caráter policial das missões e no uso mais frequente de formas controversas de apoio, como a contrainsurgência. A Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH) foi a primeira operação deste tipo estabelecida pela ONU e proporcionou um terreno fértil para novas experiências, dentre elas, a atividade de inteligência, que embora registrada em missões anteriores ganhou destaque ao ser empregada contra ‘ameaças assimétricas’ naquele país, servindo de modelo para operações futuras. Dessa forma, este estudo procurou explorar como a atividade de inteligência foi conduzida pela MINUSTAH de modo a servir aos objetivos de estabilização e como a priorização da ordem se traduziu nessa condução. Para isso, apresentamos as transformações impulsionadas pela agenda de proteção de civis e pelas operações de estabilização, as particularidades do contexto haitiano e da MINUSTAH e de que forma elas foram racionalizadas a partir da noção de estabilização, para, por fim, analisar a condução da atividade de inteligência da Missão, especialmente, no que se refere ao uso da força contra as ‘gangues’, à pacificação e ao monitoramento de protestos no Haiti. A análise foi conduzida a partir de documentos da ONU e fontes bibliográficas, e permitiu concluir que os conhecimentos que envolvem as práticas da atividade de inteligência foram mobilizados principalmente para preconizar a ordem e o controle na tomada de decisões exatamente porque, ao longo de toda a Missão, essa era a principal demanda. |
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