Ictiofauna silvestre como bioindicadora de influências de uma piscicultura em tanques-rede: ecologia trófica e histofisiologia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Kliemann, Bruna Caroline Kotz
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/153732
Resumo: O crescimento populacional e a procura por uma alimentação mais saudável tem impulsionado a produção do pescado em escala mundial. Nesse cenário, a aquicultura, em especial os sistemas de pisciculturas em tanques-rede, tem se destacado mundialmente, sendo o principal modelo empregado em reservatórios brasileiros. Esse modelo de cultivo é intensivo, com peixes estocados em alta densidade em estruturas flutuantes, alimentados com intenso aporte de ração. Considerando que os tanques são estruturas imersas nos corpos de água, esse modelo de cultivo é responsável pela entrada de matéria orgânica (ração, fezes e escamas) no ambiente, a qual fica disponível como alimento para a biota aquática. Diante disso, o objetivo do presente estudo foi avaliar se a entrada de matéria orgânica promove alterações na dieta da ictiofauna silvestre nos arredores dos tanques de cultivo, influenciando assim a estrutura trófica da mesma. Ainda, avaliar a influência desses empreendimentos a nível individual e se essas alterações são capazes de promover alterações histofisiológicas, utilizando uma espécie omnívora como modelo. Foram realizadas análises do conteúdo estomacal de dez espécies da ictiofauna silvestre (Geophagus cf. proximus, Plagioscion squamosissimus, Pimelodus cf. platicirris, Serrasalmus maculatus, Raphiodon vulpinus, Triportheus nematurus, Metynnis maculatus, Satanoperca pappaterra, Schizodon nasutus e Roeboides paranensis) amostrada em área sob influência da piscicultura (área tanque) e área livre de influência (área controle), no reservatório de Ilha Solteira, alto rio Paraná, rio Grande, SP. Observaram-se diferenças na alimentação entre os locais de amostragem, sendo o item ração, um dos principais responsáveis por essa diferença. Além disso, verificou-se que dentre as guildas tróficas que compõem a comunidade silvestre, as espécies omnívoras e oportunistas foram as mais influenciadas pela piscicultura em tanques-rede, visto que apresentam plasticidade trófica, consumindo os itens mais disponíveis no ambiente. Ainda, foi aplicada uma abordagem alternativa para o estudo do uso e partilha dos recursos alimentares em nível individual para a população de Geophagus cf. proximus, sob influência de uma piscicultura em tanques-rede. Este estudo demonstrou que populações conhecidas como generalistas podem na verdade ser compostas por indivíduos especialistas e que a variação interindividual e a especialização são influenciadas pelas variações no ambiente, bem como pela disponibilidade de recursos alimentares. Adicionalmente, foram realizadas análises histofisiológicas do tecido hepático (concentração de proteínas totais, do fígado, gônadas e músculo), de Geophagus cf. proximus, espécie omnívora, amostrada nas duas áreas. Verificou-se que a ração, contendo altas concentrações lipídicas e proteicas, promoveu histopatologias severas no fígado, bem como hiperplasia pancreática e esteatose hepática. Assim, conclui-se que a piscicultura em tanques-rede influenciou a ecologia trófica da ictiofauna silvestre, principalmente espécies omnívoras-oportunistas, as quais se alimentaram da ração, um item alimentar altamente disponível e de fácil captura. Esse modelo de cultivo considerado promotor de alterações ambientais, influenciando na disponibilidade de alimento, interferiu também nos padrões de uso de recursos pelos indivíduos. Além disso, o consumo de ração provocou alterações histofisiológicas no tecido hepático e gonadal de uma espécie silvestre. Diante disso, reforça-se a importância do estudo acerca das influências de desses empreendimentos sobre a fauna aquática.
id UNSP_08f07ad136c1f27d0cdfca5396759ebb
oai_identifier_str oai:repositorio.unesp.br:11449/153732
network_acronym_str UNSP
network_name_str Repositório Institucional da UNESP
repository_id_str 2946
spelling Ictiofauna silvestre como bioindicadora de influências de uma piscicultura em tanques-rede: ecologia trófica e histofisiologiaWild Ichthyofauna as a bioindicator of influences of a fish culture in cage farm: trophic ecology and histophysiologycultivo intensivo de peixesalimentaçãodieta individualhistologiaproteínas totaisictiofaunaO crescimento populacional e a procura por uma alimentação mais saudável tem impulsionado a produção do pescado em escala mundial. Nesse cenário, a aquicultura, em especial os sistemas de pisciculturas em tanques-rede, tem se destacado mundialmente, sendo o principal modelo empregado em reservatórios brasileiros. Esse modelo de cultivo é intensivo, com peixes estocados em alta densidade em estruturas flutuantes, alimentados com intenso aporte de ração. Considerando que os tanques são estruturas imersas nos corpos de água, esse modelo de cultivo é responsável pela entrada de matéria orgânica (ração, fezes e escamas) no ambiente, a qual fica disponível como alimento para a biota aquática. Diante disso, o objetivo do presente estudo foi avaliar se a entrada de matéria orgânica promove alterações na dieta da ictiofauna silvestre nos arredores dos tanques de cultivo, influenciando assim a estrutura trófica da mesma. Ainda, avaliar a influência desses empreendimentos a nível individual e se essas alterações são capazes de promover alterações histofisiológicas, utilizando uma espécie omnívora como modelo. Foram realizadas análises do conteúdo estomacal de dez espécies da ictiofauna silvestre (Geophagus cf. proximus, Plagioscion squamosissimus, Pimelodus cf. platicirris, Serrasalmus maculatus, Raphiodon vulpinus, Triportheus nematurus, Metynnis maculatus, Satanoperca pappaterra, Schizodon nasutus e Roeboides paranensis) amostrada em área sob influência da piscicultura (área tanque) e área livre de influência (área controle), no reservatório de Ilha Solteira, alto rio Paraná, rio Grande, SP. Observaram-se diferenças na alimentação entre os locais de amostragem, sendo o item ração, um dos principais responsáveis por essa diferença. Além disso, verificou-se que dentre as guildas tróficas que compõem a comunidade silvestre, as espécies omnívoras e oportunistas foram as mais influenciadas pela piscicultura em tanques-rede, visto que apresentam plasticidade trófica, consumindo os itens mais disponíveis no ambiente. Ainda, foi aplicada uma abordagem alternativa para o estudo do uso e partilha dos recursos alimentares em nível individual para a população de Geophagus cf. proximus, sob influência de uma piscicultura em tanques-rede. Este estudo demonstrou que populações conhecidas como generalistas podem na verdade ser compostas por indivíduos especialistas e que a variação interindividual e a especialização são influenciadas pelas variações no ambiente, bem como pela disponibilidade de recursos alimentares. Adicionalmente, foram realizadas análises histofisiológicas do tecido hepático (concentração de proteínas totais, do fígado, gônadas e músculo), de Geophagus cf. proximus, espécie omnívora, amostrada nas duas áreas. Verificou-se que a ração, contendo altas concentrações lipídicas e proteicas, promoveu histopatologias severas no fígado, bem como hiperplasia pancreática e esteatose hepática. Assim, conclui-se que a piscicultura em tanques-rede influenciou a ecologia trófica da ictiofauna silvestre, principalmente espécies omnívoras-oportunistas, as quais se alimentaram da ração, um item alimentar altamente disponível e de fácil captura. Esse modelo de cultivo considerado promotor de alterações ambientais, influenciando na disponibilidade de alimento, interferiu também nos padrões de uso de recursos pelos indivíduos. Além disso, o consumo de ração provocou alterações histofisiológicas no tecido hepático e gonadal de uma espécie silvestre. Diante disso, reforça-se a importância do estudo acerca das influências de desses empreendimentos sobre a fauna aquática.Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)CNPQ: 132454/ 2016-5Universidade Estadual Paulista (Unesp)Delariva, Rosilene LucianaRamos, Igor Paiva [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Kliemann, Bruna Caroline Kotz2018-04-25T18:37:55Z2018-04-25T18:37:55Z2018-02-20info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/15373200090065833004064012P8porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2023-12-26T06:21:26Zoai:repositorio.unesp.br:11449/153732Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T21:22:34.122099Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
dc.title.none.fl_str_mv Ictiofauna silvestre como bioindicadora de influências de uma piscicultura em tanques-rede: ecologia trófica e histofisiologia
Wild Ichthyofauna as a bioindicator of influences of a fish culture in cage farm: trophic ecology and histophysiology
title Ictiofauna silvestre como bioindicadora de influências de uma piscicultura em tanques-rede: ecologia trófica e histofisiologia
spellingShingle Ictiofauna silvestre como bioindicadora de influências de uma piscicultura em tanques-rede: ecologia trófica e histofisiologia
Kliemann, Bruna Caroline Kotz
cultivo intensivo de peixes
alimentação
dieta individual
histologia
proteínas totais
ictiofauna
title_short Ictiofauna silvestre como bioindicadora de influências de uma piscicultura em tanques-rede: ecologia trófica e histofisiologia
title_full Ictiofauna silvestre como bioindicadora de influências de uma piscicultura em tanques-rede: ecologia trófica e histofisiologia
title_fullStr Ictiofauna silvestre como bioindicadora de influências de uma piscicultura em tanques-rede: ecologia trófica e histofisiologia
title_full_unstemmed Ictiofauna silvestre como bioindicadora de influências de uma piscicultura em tanques-rede: ecologia trófica e histofisiologia
title_sort Ictiofauna silvestre como bioindicadora de influências de uma piscicultura em tanques-rede: ecologia trófica e histofisiologia
author Kliemann, Bruna Caroline Kotz
author_facet Kliemann, Bruna Caroline Kotz
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Delariva, Rosilene Luciana
Ramos, Igor Paiva [UNESP]
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
dc.contributor.author.fl_str_mv Kliemann, Bruna Caroline Kotz
dc.subject.por.fl_str_mv cultivo intensivo de peixes
alimentação
dieta individual
histologia
proteínas totais
ictiofauna
topic cultivo intensivo de peixes
alimentação
dieta individual
histologia
proteínas totais
ictiofauna
description O crescimento populacional e a procura por uma alimentação mais saudável tem impulsionado a produção do pescado em escala mundial. Nesse cenário, a aquicultura, em especial os sistemas de pisciculturas em tanques-rede, tem se destacado mundialmente, sendo o principal modelo empregado em reservatórios brasileiros. Esse modelo de cultivo é intensivo, com peixes estocados em alta densidade em estruturas flutuantes, alimentados com intenso aporte de ração. Considerando que os tanques são estruturas imersas nos corpos de água, esse modelo de cultivo é responsável pela entrada de matéria orgânica (ração, fezes e escamas) no ambiente, a qual fica disponível como alimento para a biota aquática. Diante disso, o objetivo do presente estudo foi avaliar se a entrada de matéria orgânica promove alterações na dieta da ictiofauna silvestre nos arredores dos tanques de cultivo, influenciando assim a estrutura trófica da mesma. Ainda, avaliar a influência desses empreendimentos a nível individual e se essas alterações são capazes de promover alterações histofisiológicas, utilizando uma espécie omnívora como modelo. Foram realizadas análises do conteúdo estomacal de dez espécies da ictiofauna silvestre (Geophagus cf. proximus, Plagioscion squamosissimus, Pimelodus cf. platicirris, Serrasalmus maculatus, Raphiodon vulpinus, Triportheus nematurus, Metynnis maculatus, Satanoperca pappaterra, Schizodon nasutus e Roeboides paranensis) amostrada em área sob influência da piscicultura (área tanque) e área livre de influência (área controle), no reservatório de Ilha Solteira, alto rio Paraná, rio Grande, SP. Observaram-se diferenças na alimentação entre os locais de amostragem, sendo o item ração, um dos principais responsáveis por essa diferença. Além disso, verificou-se que dentre as guildas tróficas que compõem a comunidade silvestre, as espécies omnívoras e oportunistas foram as mais influenciadas pela piscicultura em tanques-rede, visto que apresentam plasticidade trófica, consumindo os itens mais disponíveis no ambiente. Ainda, foi aplicada uma abordagem alternativa para o estudo do uso e partilha dos recursos alimentares em nível individual para a população de Geophagus cf. proximus, sob influência de uma piscicultura em tanques-rede. Este estudo demonstrou que populações conhecidas como generalistas podem na verdade ser compostas por indivíduos especialistas e que a variação interindividual e a especialização são influenciadas pelas variações no ambiente, bem como pela disponibilidade de recursos alimentares. Adicionalmente, foram realizadas análises histofisiológicas do tecido hepático (concentração de proteínas totais, do fígado, gônadas e músculo), de Geophagus cf. proximus, espécie omnívora, amostrada nas duas áreas. Verificou-se que a ração, contendo altas concentrações lipídicas e proteicas, promoveu histopatologias severas no fígado, bem como hiperplasia pancreática e esteatose hepática. Assim, conclui-se que a piscicultura em tanques-rede influenciou a ecologia trófica da ictiofauna silvestre, principalmente espécies omnívoras-oportunistas, as quais se alimentaram da ração, um item alimentar altamente disponível e de fácil captura. Esse modelo de cultivo considerado promotor de alterações ambientais, influenciando na disponibilidade de alimento, interferiu também nos padrões de uso de recursos pelos indivíduos. Além disso, o consumo de ração provocou alterações histofisiológicas no tecido hepático e gonadal de uma espécie silvestre. Diante disso, reforça-se a importância do estudo acerca das influências de desses empreendimentos sobre a fauna aquática.
publishDate 2018
dc.date.none.fl_str_mv 2018-04-25T18:37:55Z
2018-04-25T18:37:55Z
2018-02-20
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/11449/153732
000900658
33004064012P8
url http://hdl.handle.net/11449/153732
identifier_str_mv 000900658
33004064012P8
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Estadual Paulista (Unesp)
publisher.none.fl_str_mv Universidade Estadual Paulista (Unesp)
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UNESP
instname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)
instacron:UNESP
instname_str Universidade Estadual Paulista (UNESP)
instacron_str UNESP
institution UNESP
reponame_str Repositório Institucional da UNESP
collection Repositório Institucional da UNESP
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1808129314918498304