Bases da agricultura sintrópica empregadas no processo de recuperação de uma área de empréstimo, no cerrado: um diagnóstico

• Autor(a) principal: Corrêa, Yana Indiara Crivellari de Castro
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
• Texto Completo: https://hdl.handle.net/11449/252500
• topic: Ááreas degradadas; Agroecologia; Biodiversidade; Consórcio; Revegetação; Degraded areas; Agroecology; Biodiversity; Consortium; Revegetation

“Áreas de empréstimo” resultam de ações antrópicas e representam um tipo de degradação ambiental de difícil recuperação devido à supressão da cobertura vegetal, do banco de plântulas, propágulos e sementes, e da retirada dos horizontes superficiais do solo. A Agricultura Sintrópica, de Ernst Götsch, que que se baseia no plantio de sistemas agroflorestais biodiversos, tem sido estudada como alternativa para recuperação de ambientes impactados. Por esta razão, o objetivo do trabalho foi avaliar, por meio das mudanças ocorridas nos atributos físicos, químicos e biológicos, no crescimento na cobertura vegetal e na riqueza de espécies na área degradada, após anos da implementação de um sistema biodiverso de recuperação baseado nos conceitos da Agricultura Sintrópica. O experimento foi estabelecido no ano de 2016, na fazenda de ensino e pesquisa da Unesp/Campus de Ilha Solteira, município de Selvíria-MS, localizada em um ecótono entre Mata atlântica e Cerrado. Esta região sofreu agravada degradação ambiental, com formação de “áreas de empréstimo” durante a construção da Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira, onde foram retirados até 12 m de solo, exposto o subsolo. Analisados cinco e seis anos após sua implementação, cada unidade experimental tinha aproximadamente um metro quadrado, estabelecidos em delineamento inteiramente casualizado, disposto em linha, com espaçamento de meio a um metro entre as repetições, com oito tratamentos com quatro repetições cada. Um tratamento adicional, chamado Testemunha (T), sem qualquer tratamento ou revolvimento do solo, foi estabelecido a oito metros da linha experimental, com oito metros de distância entre parcelas, servindo como referência para análise da condição atual de degradação do local. Toda a área experimental precisou ser mecanizada (retroescavadeira) para revolvimento do subsolo, devido à compactação, e que alcançou 1 m de profundidade. Os tratamentos foram constituídos por: T = ausência de tratamento; C = solo revolvido; Cp = C + composto orgânico (esterco ovino, folhas de poda e cama de aviário - 15 kg por repetição); Sp = C + Cp + os primeiros cinco centímetros de serapilheira de área de Cerrado preservado (25 kg por repetição); Mx = C + Cp + mix de sementes nativas (copaíba, aroeira, mamica-de-porca, algodão-do-cerrado, baru, barbatimão, canafístula e marolo) e de adubo-verde (mucuna-cinza, feijão-guandu, milheto e crotalária); Ba = C + Cp + um rizoma de bananeira ao centro de cada parcela circundada por quatro mudas de abacaxi, intercaladas com três estacas de mandioca, MxSp, MxBa e MxSpBa. Para alguns atributos físicos, químicos e biológicos, respectivamente, foi constatado que a área sem tratamento (T) continuava com alta densidade e resistência à penetração; baixa porosidade, fertilidade e teor de matéria orgânica, e permanecia sem cobertura vegetal. Para os demais tratamentos, houve melhora em alguns dos atributos analisados (indicadores da saúde do solo) devido à descompactação por ação mecanizada. O estabelecimento do MxSpBa foi satisfatório para redução de resistência a penetração, densidade, aumento da microporosidade e redução da temperatura no período das 14:30 min, aumento na matéria orgânica e cobertura vegetal, enquanto Sp e Ba foram mais eficientes na elevação da fertilidade do solo. Sendo assim, é possível concluir que a adição dos tratamentos com base na Agricultura Sintrópica, em especial o MxSpBa, possibilita mudanças nas condições edáficas e de cobertura do solo, resultando numa maior saúde do solo.