Cheio de vida, o lume do nosso coração se acende: a vivência com hiv/aids a partir de encontros com Luís Capucho

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Figueiredo, Jacqueline [UNESP]
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/213768
Resumo: As produções de trabalho fundamentadas para o bem estar de indivíduos que convivem com o HIV/AIDS têm sido difundidas e atualizadas ao longo dos últimos 40 anos. Contudo, considerando a contínua disseminação da doença, pouca adesão ao tratamento e a crescente importância de sua ressignificação, pode-se afirmar que o tema não se esgotou, visto que tais produções contribuem para certa homogeneização dos conhecimentos relacionados à tal vivência, os quais são entregues às populações por meio de uma construção que, outrora, desconsiderou as vozes e a participação dos indivíduos mencionados. Tendo em vista tais aspectos, mostrou-se pertinente analisar alguns mecanismos adotados pelas minorias para que suas vozes pudessem ser ouvidas. Dentre eles, pode-se destacar a arte produzida como veículo de comunicação, cujo objetivo versa a abertura de novos espaços e construção política. Nesse viés, adotou-se, para a compreensão da vivência com HIV/AIDS, parte da obra literária e musical de Luís Capucho. Ademais, enfatizou-se, durante o processo de análise: a história de vida do artista; a apresentação das obras musicais e literárias; notícias encontradas recortadas de jornais, revistas e pesquisas; a vivência do diagnóstico, convivência com a soropositividade; a relação com a medicação; e, por fim, os caminhos de reconstrução criativa da vida em meio as limitações físicas. A partir disso, para a realização desse trabalho, analisou-se, pois, as reflexões de Spivac, Rancière, Paz e Benjamin. Trata-se de um estudo com natureza qualitativa de cunho etnográfico urbano. O material coletado foi submetido à análise temática. Os dados incluíram os livros “Cinema Orly”, “Mamãe me adora”, e “Diário da piscina”; os discos, “Lua Singela”, “Cinema Íris” e “Poema Maldito”. Ainda, o presente trabalho é composto por uma entrevista presencial com o artista. A análise produziu, a partir da construção de quatro momentos distintos, uma incursão sobre a produção do artista e informações públicas noticiadas. Observou se que, apesar de haver destaque para a qualidade de sua produção, há, em contrapartida, atribuição de qualidades de maldizer e marginalidade. Por meio da relação com o tratamento e vivência do diagnóstico, notou-se a presença de um momento de temor, o qual foi superado pelo apoio familiar e social. Pode-se, dessa forma, inferir que há conceitos críticos em relação ao tratamento, haja vista a presença de questionamentos acerca de seu uso contínuo. Em se tratando dos caminhos criativos para reconstrução da vida, observou-se que a narrativa construída a partir da palavra “mágica-erótica” tornou-se caminho para reconhecimento e resgate na produção de um 9 corpo com desejos possibilitados pela presença de uma sensibilidade ao cotidiano, aos objetos, as relações, a espiritualidade vivida a partir da abertura para os aprendizados. Diante dos aspectos supracitados, observou-se preservação de uma antítese resultante de um corpo livre, mas, em contrapartida, precário e limitado em suas possiblidades de experimentação. Por fim, pode-se concluir que a busca por modos de pensar a vivência com HIV e a construção de políticas de apoio devem considerar a participação de distintas vozes, levando em consideração as histórias, aprendizados e narrativas que cada sujeito possa produzir sobre si.
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Dentre eles, pode-se destacar a arte produzida como veículo de comunicação, cujo objetivo versa a abertura de novos espaços e construção política. Nesse viés, adotou-se, para a compreensão da vivência com HIV/AIDS, parte da obra literária e musical de Luís Capucho. Ademais, enfatizou-se, durante o processo de análise: a história de vida do artista; a apresentação das obras musicais e literárias; notícias encontradas recortadas de jornais, revistas e pesquisas; a vivência do diagnóstico, convivência com a soropositividade; a relação com a medicação; e, por fim, os caminhos de reconstrução criativa da vida em meio as limitações físicas. A partir disso, para a realização desse trabalho, analisou-se, pois, as reflexões de Spivac, Rancière, Paz e Benjamin. Trata-se de um estudo com natureza qualitativa de cunho etnográfico urbano. O material coletado foi submetido à análise temática. Os dados incluíram os livros “Cinema Orly”, “Mamãe me adora”, e “Diário da piscina”; os discos, “Lua Singela”, “Cinema Íris” e “Poema Maldito”. Ainda, o presente trabalho é composto por uma entrevista presencial com o artista. A análise produziu, a partir da construção de quatro momentos distintos, uma incursão sobre a produção do artista e informações públicas noticiadas. Observou se que, apesar de haver destaque para a qualidade de sua produção, há, em contrapartida, atribuição de qualidades de maldizer e marginalidade. Por meio da relação com o tratamento e vivência do diagnóstico, notou-se a presença de um momento de temor, o qual foi superado pelo apoio familiar e social. Pode-se, dessa forma, inferir que há conceitos críticos em relação ao tratamento, haja vista a presença de questionamentos acerca de seu uso contínuo. Em se tratando dos caminhos criativos para reconstrução da vida, observou-se que a narrativa construída a partir da palavra “mágica-erótica” tornou-se caminho para reconhecimento e resgate na produção de um 9 corpo com desejos possibilitados pela presença de uma sensibilidade ao cotidiano, aos objetos, as relações, a espiritualidade vivida a partir da abertura para os aprendizados. Diante dos aspectos supracitados, observou-se preservação de uma antítese resultante de um corpo livre, mas, em contrapartida, precário e limitado em suas possiblidades de experimentação. Por fim, pode-se concluir que a busca por modos de pensar a vivência com HIV e a construção de políticas de apoio devem considerar a participação de distintas vozes, levando em consideração as histórias, aprendizados e narrativas que cada sujeito possa produzir sobre si.The social programs, which aim the well-being of people who are diagnosed with HIV, have been widespread and updated over the last 40 years. However, considering the continuous spreading of this disease in addition to the lack of its treatment’s accession, some resignifications become indispensable, since such programs contribute for the standardization of knowledges related to life with HIV, which are brought to the society throughout a process which, formerly, ignored the voices and the participation of these people. Considering these aspects, it was pertinent to analyze some mechanisms adopted by minorities so that their voices could be heard. Among them, it is possible to highlight the art produced as a vehicle of communication, whose objective is focused on the opening of new spaces and political construction. In this perspective, we adopted, for the comprehension of the experience with HIV/AIDS, part of the literary and musical work of Luís Capucho. Furthermore, it was emphasized, during the process of analysis: the artist's life story; the presentation of musical and literary works; news from newspapers, magazines, and surveys; the experience of the diagnosis, living with seropositivity; the relationship with medication; and, at last, the ways of reconstructing life creatively amidst physical limitations. Based on this, in order to carry out this work, we analyzed the reflections of Spivac, Rancière, Paz, and Benjamin. This is a qualitative study of an urban ethnographic nature. The material collected was submitted to thematic analysis. The data contained the books "Cinema Orly", "Mamãe me adora", and "Diário da piscina"; the records, "Lua Singela", "Cinema Íris", and "Poema Maldito". Moreover, the current study is integrated by a face-to-face interview with the artist. The analysis has produced, from the construction of four distinct moments, an incursion over the artist's production and public information reported. It was observed that, although the quality of his production is highlighted, there is, on the other hand, an attribution of the characteristics of cursing and marginality. Through the relationship with the treatment and the living with the diagnosis, the presence of a feeling of fear was noted, which was overcome by family and social support. It can, thus, be presumed that there are critical concepts in relation to treatment, considering the presence of questions about its constant use. When it comes to the creative methods for the reconstruction of life, it was observed that the narrative constructed from the word "magic-erotic" became a path to recognition and rescue in the production of a body with the desires made possible by the presence of a sensitiveness to daily life, objects, relationships, and spirituality which was experienced from the time it opened itself to the new learnings. In face of the aspects mentioned above, it was noticed the preservation of an antithesis as a result of a free body, but, on the other hand, precarious and limited in its possibilities of experimentation. Finally, it can be concluded that the search for new ways of thinking about the living with HIV and the construction of support policies should consider the participation of different voices, taking into account the stories, learning and narratives that each subject can produce about himself.Universidade Estadual Paulista (Unesp)Brancaleoni, Ana Paula Leivar [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Figueiredo, Jacqueline [UNESP]2021-07-30T16:13:49Z2021-07-30T16:13:49Z2021-05-05info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/21376833004030083P0porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-06-12T14:18:38Zoai:repositorio.unesp.br:11449/213768Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T22:24:46.991333Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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