O ofuscamento da infância no brilho das telas: relações entre teoria crítica, educação e sociedade
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNESP |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/11449/137984 |
Resumo: | O presente trabalho busca compreender a relação estabelecida entre as crianças e as tecnologias, a partir dos registros de imagens que retratam seu tempo livre. Na tentativa de provocar uma tensão, busca-se também entender como essa relação é percebida na própria infância, com uma análise crítica de produções textuais infantis sobre as tecnologias. Os materiais infantis foram coletados de um trabalho já desenvolvido em uma escola municipal periférica na cidade de Ribeirão Preto e, a partir de uma análise categorizada, propõe uma reflexão envolvendo educação, sociedade e infância. Em meio ao crescente progresso técnico e ao avanço do conhecimento científico a sociedade encontra-se marcada por uma racionalidade instrumental que inibe a dimensão humana. Para um estudo desse contexto social, bem como da educação e os entraves ao processo formativo, utilizamos a Teoria Crítica, em especial as contribuições de Theodor W. Adorno. Ao problematizar a sociedade e a banalização da experiência diante do embrutecimento dos sentidos, Adorno fala sobre a extensão do trabalho no tempo livre, a reificação das consciências e problematiza a crise cultural e a (semi)formação. Com o desenvolvimento da microeletrônica, as telas ocupam lugar de destaque no cotidiano das crianças (e não somente delas) favorecendo uma identificação e conferindo-lhes uma autoridade capaz de anular o outro. Sobre esse predomínio das telas, Christoph Türcke - autor da Sociedade Excitada - fala sobre as sensações causadas por essa exposição que levam ao vício. Por meio das imagens e dos textos pode-se notar que o tempo livre das crianças é designado, quase que inteiramente, às telas e as consequências desse vício resultam no afastamento (e esfriamento) das relações familiares e fraternas. Há uma substituição das relações e diálogos humanos pelos ambientes virtuais e os espaços para bate-papos proporcionados pelos mais diversos aplicativos, capazes de potencializar semelhanças e afinidades. Como então pensar os processos formativos nesse meio? Adorno salienta a dificuldade em uma educação para a emancipação, porém ressalta que esse precisa constituir o principal objetivo educacional. A escola precisa manter a tensão entre indivíduo e sociedade para que não predomine puramente aspectos de adaptação e conformismo, inibindo ainda mais o pensamento. O conhecimento científico e o progresso não podem se fortalecer como armas que aprisionam o próprio homem, em um processo de desencantamento do mundo. O brilho das telas não pode ofuscar o caráter lúdico da infância e suas experiências. Nesse sentido, esse estudo constitui-se como uma reflexão, um debate que, indo ao encontro do pensamento de Adorno, propõe tensão entre sociedade e educação e, portanto, não se encerra com as considerações finais. |
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O ofuscamento da infância no brilho das telas: relações entre teoria crítica, educação e sociedadeChildhood dimming in the brightness of the screens: relations between critical theory, education and societySociedadeEducaçãoInfânciaImagensTecnologiaTeoria CríticaTempo livreSocietyEducationChildhoodImagesTechnologyCritical TheoryFree timeO presente trabalho busca compreender a relação estabelecida entre as crianças e as tecnologias, a partir dos registros de imagens que retratam seu tempo livre. Na tentativa de provocar uma tensão, busca-se também entender como essa relação é percebida na própria infância, com uma análise crítica de produções textuais infantis sobre as tecnologias. Os materiais infantis foram coletados de um trabalho já desenvolvido em uma escola municipal periférica na cidade de Ribeirão Preto e, a partir de uma análise categorizada, propõe uma reflexão envolvendo educação, sociedade e infância. Em meio ao crescente progresso técnico e ao avanço do conhecimento científico a sociedade encontra-se marcada por uma racionalidade instrumental que inibe a dimensão humana. Para um estudo desse contexto social, bem como da educação e os entraves ao processo formativo, utilizamos a Teoria Crítica, em especial as contribuições de Theodor W. Adorno. Ao problematizar a sociedade e a banalização da experiência diante do embrutecimento dos sentidos, Adorno fala sobre a extensão do trabalho no tempo livre, a reificação das consciências e problematiza a crise cultural e a (semi)formação. Com o desenvolvimento da microeletrônica, as telas ocupam lugar de destaque no cotidiano das crianças (e não somente delas) favorecendo uma identificação e conferindo-lhes uma autoridade capaz de anular o outro. Sobre esse predomínio das telas, Christoph Türcke - autor da Sociedade Excitada - fala sobre as sensações causadas por essa exposição que levam ao vício. Por meio das imagens e dos textos pode-se notar que o tempo livre das crianças é designado, quase que inteiramente, às telas e as consequências desse vício resultam no afastamento (e esfriamento) das relações familiares e fraternas. Há uma substituição das relações e diálogos humanos pelos ambientes virtuais e os espaços para bate-papos proporcionados pelos mais diversos aplicativos, capazes de potencializar semelhanças e afinidades. Como então pensar os processos formativos nesse meio? Adorno salienta a dificuldade em uma educação para a emancipação, porém ressalta que esse precisa constituir o principal objetivo educacional. A escola precisa manter a tensão entre indivíduo e sociedade para que não predomine puramente aspectos de adaptação e conformismo, inibindo ainda mais o pensamento. O conhecimento científico e o progresso não podem se fortalecer como armas que aprisionam o próprio homem, em um processo de desencantamento do mundo. O brilho das telas não pode ofuscar o caráter lúdico da infância e suas experiências. Nesse sentido, esse estudo constitui-se como uma reflexão, um debate que, indo ao encontro do pensamento de Adorno, propõe tensão entre sociedade e educação e, portanto, não se encerra com as considerações finais.This paper seeks to understand the relationship established between children and technology, from the records of images portraying his spare time. In an attempt to provoke tension, we seek to also understand how this relationship is perceived in own childhood, with a critical analysis of children's textual productions on technology. To this end, it proposes a reflection involving education, society and childhood. Amid growing technical progress and the advancement of scientific knowledge society is marked by an instrumental rationality that inhibits the human dimension. For an analysis of this social context, as well as education and barriers to training process, we used the Critical Theory, especially the contributions of Theodor W. Adorno. To question the society and the trivialization of work to the brutalization of the senses, Adorno talks about the work extension in the free time, the reification of conscience and questions the cultural crisis and the (semi) training. With the development of microelectronics, screens occupy a prominent place in the children's everyday (and not only them) favor an ID and giving them an authority capable of canceling the other. About this predominance of screens, Christoph Türcke - author of Excited Society - Talking about the sensations caused by such exposure that lead to addiction. Through images and texts can be noted that the free time of children is called, almost entirely, to the screen and the consequences of addiction result in the removal (and cooling) of family and fraternal relations. There is a replacement of human relations and dialogues for virtual environments and spaces for chats offered by various applications. In order to facilitate conversation among peers such applications end up "cut" skills and personalities, eliminating differences and leveraging the similarities and patterns. How then think about the formative processes in this environment? Adorno points out the difficulty in education for emancipation, but points out that this needs to be the main educational goal. The school needs to maintain the tension between individual and society so that not purely predominates aspects of adaptation and conformity, inhibiting further thought. Scientific knowledge and progress can not be strengthened as weapons that imprison man himself, in a process of disenchantment of the world. The brightness of the screens can not obscure the playful nature of children and their experiences. Thus, this study is constituted as a reflection, a debate that, meeting the thought of Adorno, suggests tension between society and education and, therefore, does not end with the closing remarks.Universidade Estadual Paulista (Unesp)Oliveira, Paula Ramos de [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Cardoso, Danielle Regina do Amaral [UNESP]2016-04-18T18:08:24Z2016-04-18T18:08:24Z2016-03-02info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/13798400086558233004030079P217880635512472540000-0001-9620-5964porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-06-12T14:09:37Zoai:repositorio.unesp.br:11449/137984Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T17:58:39.337315Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false |
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O presente trabalho busca compreender a relação estabelecida entre as crianças e as tecnologias, a partir dos registros de imagens que retratam seu tempo livre. Na tentativa de provocar uma tensão, busca-se também entender como essa relação é percebida na própria infância, com uma análise crítica de produções textuais infantis sobre as tecnologias. Os materiais infantis foram coletados de um trabalho já desenvolvido em uma escola municipal periférica na cidade de Ribeirão Preto e, a partir de uma análise categorizada, propõe uma reflexão envolvendo educação, sociedade e infância. Em meio ao crescente progresso técnico e ao avanço do conhecimento científico a sociedade encontra-se marcada por uma racionalidade instrumental que inibe a dimensão humana. Para um estudo desse contexto social, bem como da educação e os entraves ao processo formativo, utilizamos a Teoria Crítica, em especial as contribuições de Theodor W. Adorno. Ao problematizar a sociedade e a banalização da experiência diante do embrutecimento dos sentidos, Adorno fala sobre a extensão do trabalho no tempo livre, a reificação das consciências e problematiza a crise cultural e a (semi)formação. Com o desenvolvimento da microeletrônica, as telas ocupam lugar de destaque no cotidiano das crianças (e não somente delas) favorecendo uma identificação e conferindo-lhes uma autoridade capaz de anular o outro. Sobre esse predomínio das telas, Christoph Türcke - autor da Sociedade Excitada - fala sobre as sensações causadas por essa exposição que levam ao vício. Por meio das imagens e dos textos pode-se notar que o tempo livre das crianças é designado, quase que inteiramente, às telas e as consequências desse vício resultam no afastamento (e esfriamento) das relações familiares e fraternas. Há uma substituição das relações e diálogos humanos pelos ambientes virtuais e os espaços para bate-papos proporcionados pelos mais diversos aplicativos, capazes de potencializar semelhanças e afinidades. Como então pensar os processos formativos nesse meio? Adorno salienta a dificuldade em uma educação para a emancipação, porém ressalta que esse precisa constituir o principal objetivo educacional. A escola precisa manter a tensão entre indivíduo e sociedade para que não predomine puramente aspectos de adaptação e conformismo, inibindo ainda mais o pensamento. O conhecimento científico e o progresso não podem se fortalecer como armas que aprisionam o próprio homem, em um processo de desencantamento do mundo. O brilho das telas não pode ofuscar o caráter lúdico da infância e suas experiências. Nesse sentido, esse estudo constitui-se como uma reflexão, um debate que, indo ao encontro do pensamento de Adorno, propõe tensão entre sociedade e educação e, portanto, não se encerra com as considerações finais. |
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