Os efeitos do microplástico glitter na fisiologia de crustáceos marinho, diádromo e dulcícola

• Autor(a) principal: Leite, Héllen Siqueira
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/244655
• topic: Fisiologia; Crustáceos; Contaminantes emergentes na água; Microplástico; Poluição marinha

Os efeitos dos microplásticos na fisiologia das espécies aquáticas de diferentes gradientes salínicos é uma das grandes preocupações atuais, visto que não está claro se animais possuem vulnerabilidades em diferentes ambientes. Esse trabalho tem como objetivo avaliar os efeitos desses contaminantes emergentes em uma malha de processos fisiológicos de crustáceos que habitam diferentes ambientes: Penaeus vannamei (marinho/estuarino), Macrobrachium amazonicum (diádromo) e Macrobrachium potiuna (dulcícola). Os animais foram expostos a diferentes concentrações de microplástico do tipo glitter (0, 0,4, 4 e 40 mg/L) durante 10 dias. Todos os experimentos foram realizados em salinidades nas quais os animais são encontrados na natureza. Em P. vannamei foi avaliado ainda sua capacidade de recuperar a homeostase após a transferência para a água livre do glitter. A composição do glitter foi determinada por pirólise acoplada à espectrometria de massa. Os mecanismos fisiológicos avaliados foram metabolismo, a excreção de amônia, tipo de substrato energético oxidado, o índice hepatossomático e a osmolalidade da hemolinfa. Os componentes identificados na amostra de glitter foram cloreto de hidrogênio, benzeno, tolueno, antraceno e acrilato de metila. No camarão marinho P. vannamei a concentração de glitter e a salinidade afetaram o consumo de oxigênio, sendo que na água mais diluída (20S) o contaminante não apresentou efeito. Em contraste, na espécie diádroma M. amazonicum e na dulcícola M. potiuna, ocorreram reduções no consumo de oxigênio (respectivamente, -70% e -20%) em baixas salinidades. As alterações no metabolismo não afetaram a capacidade osmorregulatória das espécies. A excreção nitrogenada sofreu alterações pontuais em função da salinidade e/ou presença do glitter, principalmente em animais expostos a 0,4 mg/L. A presença do contaminante causou alterações significativas no tipo de substrato energético oxidado por P. vannamei em 30S (trocou carboidrato por lipídios ou proteínas) e M. potiuna (trocou carboidrato por proteína), mas não afetou M. amazonicum. O índice hepatossomático de P. vannamei aumentou (35S) após exposição às maiores concentrações de glitter (4 e 40 mg/L), mas nas demais espécies não observamos alterações. Quando avaliamos a capacidade de P. vannamei recuperar a sua homeoestase após a transferência para água livre de glitter, notamos que os animais são capazes de recuperar o metabolismo após seis dias, mas não o índice hepatossomático. Concluímos que a presença do microplástico do tipo glitter afeta aspectos importantes da fisiologia energética das três espécies de crustáceos, mas que tais respostas podem ser dependentes da salinidade. Tal efeito da salinidade pode ter relação com a vulnerabilidade das espécies nos diferentes gradientes salínicos que habitam na natureza.