Investigação do papel das informações auditiva e visual na percepção das fricativas do Português Brasileiro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ferreira-Silva, Audinéia [UNESP]
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/143837
Resumo: O presente estudo tem por objetivo investigar o papel das informações auditivas e visuais na percepção das fricativas do Português Brasileiro. Como se sabe, uma das questões fundamentais das pesquisas em percepção da fala é a tentativa de explicar como os ouvintes conseguem organizar e interpretar o sinal acústico de acordo com os padrões linguísticos (por exemplo, fonológicos) da língua. Apesar de a fala ser um contínuo sonoro, o falante é capaz de captar invariâncias na fala e perceber o sinal acústico em termos de unidades discretas, como os segmentos fonéticos. Considerando que, em termos de produção, i) as fricativas se caracterizam por apresentar diferenças no espectro de frequências, dependendo do ponto de articulação; ii) a sonoridade da fricativa depende, entre outros fatores, da duração do ruído acústico; a pergunta que nos guia neste trabalho é: em que medida essas características e diferenças articulatória/acústicas das fricativas podem interferir na percepção desses segmentos como unidades discretas, ou seja, como fonemas da língua? Além disso, qual o papel da informação visual para a percepção das fricativas do Português Brasileiro. Para isso, foram montados dois corpora. O primeiro corpus foi composto por monossílabos com estrutura silábica CV, onde C é uma das seis fricativas opositivas e V é uma das vogais /a/, /i/ ou /u/. O segundo corpus foi composto por palavras dissílabas com estrutura silábica C1V1.C2V2, onde C1 é uma das fricativas opositivas, C2 é uma oclusiva e V1 e V2 são uma das vogais /a/, /i/ ou /u/. Após gravação do corpus, o sinal acústico das fricativas foi manipulado em termos de duração do ruído e frequência do espectro. Nossos resultados evidenciam que os índices de identificação e discriminação das fricativas foram, de maneira geral, maiores quando elas apresentavam a informação audiovisual. Nossos achados atestam que, quando as fricativas têm seu sinal manipulado, em termos de duração e frequência, seu desempenho perceptual aumenta nos casos em que a informação visual é apresentada com a auditiva, ou seja, diante da manipulação do sinal, as fricativas apresentam médias de recuperação mais altas com a informação audiovisual do que com a informação, apenas, auditiva. Além disso, os resultados evidenciaram que há diferenças na percepção das fricativas com duração do ruído reduzido em função do ponto de articulação e da sonoridade.
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Apesar de a fala ser um contínuo sonoro, o falante é capaz de captar invariâncias na fala e perceber o sinal acústico em termos de unidades discretas, como os segmentos fonéticos. Considerando que, em termos de produção, i) as fricativas se caracterizam por apresentar diferenças no espectro de frequências, dependendo do ponto de articulação; ii) a sonoridade da fricativa depende, entre outros fatores, da duração do ruído acústico; a pergunta que nos guia neste trabalho é: em que medida essas características e diferenças articulatória/acústicas das fricativas podem interferir na percepção desses segmentos como unidades discretas, ou seja, como fonemas da língua? Além disso, qual o papel da informação visual para a percepção das fricativas do Português Brasileiro. Para isso, foram montados dois corpora. O primeiro corpus foi composto por monossílabos com estrutura silábica CV, onde C é uma das seis fricativas opositivas e V é uma das vogais /a/, /i/ ou /u/. O segundo corpus foi composto por palavras dissílabas com estrutura silábica C1V1.C2V2, onde C1 é uma das fricativas opositivas, C2 é uma oclusiva e V1 e V2 são uma das vogais /a/, /i/ ou /u/. Após gravação do corpus, o sinal acústico das fricativas foi manipulado em termos de duração do ruído e frequência do espectro. Nossos resultados evidenciam que os índices de identificação e discriminação das fricativas foram, de maneira geral, maiores quando elas apresentavam a informação audiovisual. Nossos achados atestam que, quando as fricativas têm seu sinal manipulado, em termos de duração e frequência, seu desempenho perceptual aumenta nos casos em que a informação visual é apresentada com a auditiva, ou seja, diante da manipulação do sinal, as fricativas apresentam médias de recuperação mais altas com a informação audiovisual do que com a informação, apenas, auditiva. Além disso, os resultados evidenciaram que há diferenças na percepção das fricativas com duração do ruído reduzido em função do ponto de articulação e da sonoridade.Cette étude vise à déterminer le rôle des informations auditives et visuelles dans la perception des fricatives du portugais brésilien. En effet, une des questions clés des recherches sur la perception de la parole est d’expliquer comment les auditeurs peuvent organiser et interpréter le signal acoustique selon les modèles linguistiques (par exemple, phonologiques) de la langue. Bien que la parole soit un continu sonore, le locuteur est capable d’y capter des invariances et de percevoir le signal acoustique en unités discrètes, telles que les segments phonétiques. En matière de production, étant donné que i) les fricatives présentent des différences dans le spectre des fréquences, en fonction du point d’articulation, et que ii) la sonorité de la fricative dépend, entre autres facteurs, de la durée du bruit acoustique, la question qui oriente notre travail est alors la suivante : dans quelle mesure ces caractéristiques et ces différences articulatoires/acoustiques des fricatives peuvent interférer dans la perception de ces segments en unités discrètes, c’est-à-dire en phonèmes de la langue? En outre, quel rôle joue l’information visuelle dans la perception des fricatives du portugais brésilien? Deux corpus ont donc été constitués. Le premier est composé de monosyllabes avec une structure syllabique CV, C étant l’une des six fricatives d’opposition et V étant l’une des voyelles /a/, /i/ ou /u/. Le second corpus est composé de dissyllabes avec une structure syllabique C1V1.C2V2, C1 étant l’une des fricatives d’opposition, C2 étant une occlusive, et V1 et V2 étant l’une des voyelles /a/, /i/ ou /u/. Après l’enregistrement du corpus, la durée du bruit et la fréquence du spectre du signal acoustique des fricatives ont été modifiées. Les résultats montrent que la perception des fricatives est influencée par le informations auditives et visuelles. Les résultats montrent que la identification et la discrimination des indices de fricatives étaient, en général, plus élevé quand ils ont eu la information audiovisuelle. En outre, la perception des fricatives est influencée par le taux de réduction de la durée, varie en fonction du point d’articulation, contexte de la voyelles, de la sonorité et le type de manipulation.Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)CNPq: 142061/2012-3Universidade Estadual Paulista (Unesp)Cagliari, Luiz Carlos [UNESP]Pacheco, Vera [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Ferreira-Silva, Audinéia [UNESP]2016-09-09T20:15:30Z2016-09-09T20:15:30Z2016-07-04info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/14383700087241633004030009P49965718421533502porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-06-13T14:21:29Zoai:repositorio.unesp.br:11449/143837Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T17:21:07.292845Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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