Variações espaço-temporais da ictiofauna de quatro reservatórios do alto Paraná: uma abordagem de longo termo e aspectos de conectividade fluvial

• Autor(a) principal: Marques, Hugo
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/181399
• topic: Biodiversidade; Ecologia animal; Comunidades animais; Ecologia dos reservatórios; Ictiofauna; community ecology; ichthyofauna; diversity; long-term monitoring; fish passages; tributaries

A formação de reservatórios está entre os principais responsáveis pela perda de biodiversidade, uma vez que contribuem com a degradação de habitats, perda de conectividade fluvial, modificações no fluxo hidrológico e a introdução de espécies não nativas. Desta forma, as questões endereçadas deste estudo foram: (i) Testar o ajuste de diversos modelos de distribuição de abundância de espécies (SAD) aos dados do monitoramento ictiológico de uma cascata de reservatórios no alto Paraná. Ainda, avaliar se as assembleias de peixes dos reservatórios possuem padrão semelhante de riqueza e complexidade, através de análise dos modelos SAD e das curvas de acumulação de espécies e a comparação do parâmetro α do modelo gambin.; (ii) Determinar a importância de tributários não barrados para a conservação da ictiofauna de reservatórios e; (iii) Avaliar o papel de um sistema de transposição de peixes (STP) na restauração de conectividade fluvial. Foram utilizados dados do monitoramento ictiológico realizados em 14 locais ao longo dos reservatórios de Ilha Solteira, Três Irmãos, Eng. Souza Dias (Jupiá) e Eng. Sergio Motta (Porto Primavera), bacia do alto rio Paraná. Como resultados, (i) a análise comparativa das curvas de acumulação de espécies e das SAD evidencia as diferenças entre as assembleias dos reservatórios avaliados. Três Irmãos e Ilha Solteira apresentaram menor riqueza de espécies e possuem poucas espécies muito abundantes, Jupiá apresenta maior riqueza com muitas espécies de captura acidental, enquanto que Porto Primavera apresentou riqueza semelhante à de Jupiá, porém com poucas espécies dominantes raras, com distribuição próxima à lognormal. A comparação através do parâmetro α do modelo gambin mostrou uma maior complexidade da assembleia de Porto Primavera em relação aos demais reservatórios; (ii) A análise dos primeiros 14 anos após a formação do reservatório de Porto Primavera, mostra que não houve tendência de decréscimo da diversidade β ao longo do tempo, em relação ao ano inicial, ou entre os locais. Embora tenham ocorrido os distúrbios esperados no trecho lacustre, os locais situados próximos à foz dos tributários apresentaram assembleias de peixes resistentes, compensando os resultados na avaliação geral e (iii) ocorreu um incremento da similaridade entre jusante e montante após a operação do STP de Porto Primavera. A existência de afluentes conservados parece ser a principal variável que influencia na diferença na estrutura, variação a longo termo e complexidade das comunidades de reservatórios. Assim, a preservação desses tributários é imperativa, uma vez que eles contribuem para a manutenção da biodiversidade nas áreas impactadas pelo barramento. Em ambientes impactados como reservatórios, estudos de longo-termo são necessários para recomendações de manejo a fim de mitigar esses impactos e para subsidiar as decisões a respeito das áreas pristinas. Embora as passagens para peixes continuem a ser um tema incipiente e controverso para a região Neotropical, o STP de Porto Primavera provavelmente é efetivo no aspecto de restauração da conectividade fluvial.