A valorização da diferença: práticas de subjetivação do portador de deficiência mental: a literatura infantil, o acompanhamento terapêutico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: França, Sônia Aparecida Moreira [UNESP]
Data de Publicação: 2003
Outros Autores: Gomes, Lígia de Souza [UNESP], Souza, Lígia Maria de [UNESP], Lemos, Flávia Cristina Silveira [UNESP], Silva, Marcelo [UNESP], Alexandre Ferreira da [UNESP], Naputano, Marcelo [UNESP]
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://proex.reitoria.unesp.br/congressos/Congressos/2__Congresso/Sa_de/Saude12.htm
http://hdl.handle.net/11449/148398
Resumo: Introdução: Nosso trabalho iniciou-se em 1991 na APAE de Assis. A excepcionalidade, mais do que a natureza de um corpo, é o efeito de uma biopolítica que, a partir do século XVIII, constrói o Estado Moderno, visando o controle dos indivíduos e das populações para a produção de bens cada vez mais organizados, e conta com o saber da medicina e das Ciências Humanas (séc. XIX) para a normalização do espaço social e o gerenciamento dos corpos. Para Foucault, o que dará forma e conteúdo a essa biopolítica é o trabalho de aferição da norma, ou seja, as tecnologias de observação e exame produzirão um dossiê sobre o corpo que, por classificação e comparação, ordenará e distribuirá os corpos no plano social. Portanto, é na interioridade dessa biopolítica de governo dos corpos e por comparação a um modelo ideal de homem que nasce o excepcional, ordenando-o nas formas de viver, trabalhar e falar. Institucionalizada a diferença como desvio institui-se espaços de tutela e práticas sociais voltadas para os processos de normalização desse corpo. Esse plano de saber passa, então a gerir toda visibilidade sobre esse desvio/diferença difundindo um modelo hegemônico de subjetividade e sociabilidade para o sujeito excepcional. Objetivos: Trabalhar os processos que reificam o sujeito a uma identidade pré-concebida. Visa, portanto, problematizar essa realidade política que faz nascer um saber sobre o corpo e o criva na prática do trabalho normativo. Método: Ofertamos as práticas de acompanhamento terapêutico e os grupos de histórias, entendendo-as como estratégias e táticas que permitam ao excepcional exercer uma intervenção ativa no mundo em que vive, favorecendo sua inscrição na comunidade a que pertence e as ofertas que propõe. Neste ano de 2002, contamos com sete acompanhamentos terapêuticos semanais com duração de duas horas nos passeios na cidade e dois grupos de histórias infantis com dois contadores e sete elementos em cada grupo com duração de uma hora na sala de atendimento da APAE. Resultados: Entendemos que ao caminhar pela cidade, assistir um filme, ir a uma igreja, contar ou ouvir histórias, tomar um sorvete, estamos participando dos enredos humanos e tecendo nossa história com a história do homem. Pensamos que mais do que uma relação de tratamento, o acompanhante, o contador de histórias e o excepcional estão implicados em redes de afetos que testemunham a participação e a pertença de cada homem na história do mundo e em sua permanente diferenciação.
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