Gramaticalização das construções com orações completivas: o caso do complemento oracional introduzido por se

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sousa, Gisele Cássia de [UNESP]
Data de Publicação: 2007
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/103616
Resumo: O propósito deste trabalho é analisar o comportamento de uma oração completiva introduzida por se em textos escritos representativos das três fases em que comumente se subdivide o português: o português arcaico (séculos XIII a XV), o português moderno (séculos XVI e XVII) e o português contemporâneo (séculos XVIII a XX). Investigam-se, especificamente, os graus de integração dessa oração à oração matriz, nos diferentes períodos investigados, com base na proposta de Hopper & Traugott (1993) de que a integração elevada pode conduzir à ocorrência de gramaticalização da construção. O comportamento da oração completiva introduzida por se é comparado ao de uma completiva iniciada pela conjunção que, e, com isso, evidenciam-se várias diferenças entre essas duas formas de complementação oracional. A principal delas diz respeito ao modo como ocorre a gramaticalização em uma construção com completiva introduzida por se. Nos casos de integração máxima entre o complemento oracional e a oração matriz, a completiva introduzida por se não perde seus traços de oração finita, por não se reduzir a um constituinte não-oracional dentro da oração matriz do mesmo modo que ocorreria se se tratasse de uma oração introduzida por que. Em vez disso, apenas a conjunção se é reanalisada como parte da oração matriz, formando com ela, nos diversos casos, diferentes tipos de marcadores gramaticais, todos com alguma nuança de hipoteticidade/irrealidade, implicada no próprio se. Os resultados da pesquisa revelam que essa gramaticalização da completiva com se, em português, não pode ser configurada como uma mudança diacrônica, uma vez que se atesta a ocorrência de construções gramaticalizadas, com essa completiva maximamente integrada à matriz, desde os períodos mais remotos do português.
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O comportamento da oração completiva introduzida por se é comparado ao de uma completiva iniciada pela conjunção que, e, com isso, evidenciam-se várias diferenças entre essas duas formas de complementação oracional. A principal delas diz respeito ao modo como ocorre a gramaticalização em uma construção com completiva introduzida por se. Nos casos de integração máxima entre o complemento oracional e a oração matriz, a completiva introduzida por se não perde seus traços de oração finita, por não se reduzir a um constituinte não-oracional dentro da oração matriz do mesmo modo que ocorreria se se tratasse de uma oração introduzida por que. Em vez disso, apenas a conjunção se é reanalisada como parte da oração matriz, formando com ela, nos diversos casos, diferentes tipos de marcadores gramaticais, todos com alguma nuança de hipoteticidade/irrealidade, implicada no próprio se. Os resultados da pesquisa revelam que essa gramaticalização da completiva com se, em português, não pode ser configurada como uma mudança diacrônica, uma vez que se atesta a ocorrência de construções gramaticalizadas, com essa completiva maximamente integrada à matriz, desde os períodos mais remotos do português.The aim of this work is to analyze the behavior of a complement clause introduced by se (if/whether) in written texts that represent the three stages in which the Portuguese language is commonly divided: the archaic Portuguese (XIII to XV century), the modern Portuguese (XVI and XVII century) and contemporary Portuguese (XVIII to XX century). Specifically, degrees of integration of this clause to the matrix clause are investigated, in different periods, based on Hopper & Traugott proposal (1993), according to which elevated integration may lead to the occurrence of construction grammaticalization. The complement clause behavior introduced by se is compared to a complement clause initiated by the conjunction que (that) and, through this, various differences between these two forms of complement clauses are evidenced. The main difference is regarding the way in which grammaticalization occurs in construction with a complement clause introduced by se. In the cases that involve a maximum integration between the complement clause and the matrix clause, the complement clause introduced by se maintains the features of a finite sentence, because it is not reduced to a non-clausal constituent within the matrix clause in the same manner that would occur if it were regarding a clause introduced by que. Instead, only the conjunction se is reanalyzed as part of the matrix clause, forming with it, in various cases, different types of grammatical markers, each one of them presenting some trace of unreality/hypothesis, implied by se itself. The research results reveal that such grammaticalization of the complement clause with se, in Portuguese, may not be featured as a diachronic change, since the occurrence of constructions with such a complement clause maximally integrated to the matrix clause is demonstrated has existed since ancient Portuguese times.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)Universidade Estadual Paulista (Unesp)Neves, Maria Helena de Moura [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Sousa, Gisele Cássia de [UNESP]2014-06-11T19:32:47Z2014-06-11T19:32:47Z2007-09-03info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis175 f. : il. , gráfs.application/pdfSOUSA, Gisele Cássia de. Gramaticalização das construções com orações completivas: o caso do complemento oracional introduzido por se. 2007. 175 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, 2007.http://hdl.handle.net/11449/103616000552393sousa_gc_dr_arafcl.pdf33004030009P47763723797874715Alephreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESPporinfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-06-13T14:21:28Zoai:repositorio.unesp.br:11449/103616Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T14:50:34.000937Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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