A velocidade e a resistência do narrar nos romances de Alessandro Baricco e Caio Fernando Abreu

• Autor(a) principal: Graziano, Pedro Henrique Pereira
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/204397
• topic: Alessandro Baricco; Caio Fernando Abreu; Castelli di rabbia; Onde andará Dulce Veiga?; Pós-modernidade; Walter Benjamin; Postmodernity; Postmodernità

O objetivo desta pesquisa é realizar um estudo crítico comparado entre os romances Castelli di rabbia, de Alessandro Baricco, e Onde andará Dulce Veiga?, de Caio Fernando Abreu. O foco da análise é a relação que se cria entre os personagens em seus respectivos romances com a velocidade do viver e o grande fluxo de imagens e informações que constituem suas relações com o mundo. A partir desse paradigma, é analisada a forma de construção da narrativa e como ela atuaria como um elemento capaz de trazer uma forma de cadência e desautomatização nesse quadro de vivências breves e velozes. Para tal, levamos em conta as ideias do pensador Walter Benjamin como ponto de partida para um posterior aprofundamento nelas e análise de seus desdobramentos no fim do século XX, discutindo a formação de uma pós-modernidade e como esse cenário social e cultural atua na construção romanesca dos dois autores em questão. Criamos um panorama cultural a respeito do que se concebe como pós-modernidade e também da temática da barbárie, que será tratada como ponto central para o desenvolvimento das chaves de leitura adotadas. Para a elaboração dessa linha crítica, temos como base as reflexões de estudiosos como Peixoto, Scuratti e Perrone-Moisés, entre outros, que discutem sobre o final do século XX e colocam em pauta os agravamentos e aprofundamentos das características do que se conhecia como modernidade, destacando as condições observadas sobretudo entre os séculos XIX e XX. Em seguida, realizamos um estudo comparado elucidativo a respeito do romance de Alessandro Baricco, que trata de um mundo imaginário em que seus personagens lidam, textualmente, com o excesso de velocidade de modos metafóricos e a forma como o protagonista de Caio Fernando Abreu faz o mesmo na metrópole São Paulo. Estabelecemos pontos de aproximação entre as obras, discutindo o cenário de barbárie e a efemeridade de experiências nos dois romances, e também de afastamento, uma vez que a ambientação de ambos é distinta. Com o estabelecimento dos pontos comparativos entre os dois textos, investigaremos nossa hipótese central, que é comprovar como a forma como constroem a narrativa e como a análise dos textos pode se apresentar como o elemento central de uma leitura que direcionaria a uma possível condição de diminuição da velocidade do ritmo de vida nos dois cenários, uma vez que nos dois textos é possível observar personagens que contam e narram as próprias histórias, buscando, assim, ressignificá-las, atribuindo-lhes novos ritmos e novas experiências.