A valorização do trabalho do professor? Considerações a partir de uma análise das políticas federais, das políticas estaduais e da APEOESP
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNESP |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/11449/151352 |
Resumo: | O objetivo desta pesquisa foi apreender as noções de valorização do trabalho do professor presentes nas políticas educacionais federais e paulistas, bem como nos documentos que orientaram a intervenção do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo – APEOESP. Realizamos análises bibliográficas e documentais sob o referencial teórico do materialismo histórico dialético. A desvalorização verificada no cotidiano escolar quanto àqueles que concretizam a prática educativa contradiz as políticas educacionais que diziam almejar a valorização dos professores. Esta contradição decorre da aplicação de noções de valorização, nas legislações e documentos analisados, esvaziadas de sentido axiológico, de modo que os critérios de reconhecimento do valor do professor estão relacionados ao cumprimento de prescrições externas sobre o seu trabalho e que resultam em recompensas na forma de remuneração, benefícios e progressão na carreira, articulados à cultura do desempenho e da performance considerada mais adequada às legislações estatais. Ademais, identificamos nas legislações federais do período de 1988 a 2014 uma ardilosa apropriação do termo “valorização”, inexpressivo nas legislações estaduais em que é mencionado em apenas um documento do total de 87 legislações analisadas entre 1997 e 2014. A noção de valorização presente nos documentos que orientaram a intervenção da APEOESP entre 2010 e 2016 incorporou, por vezes, os mesmos entendimentos estabelecidos na legislação e são lacunares ao desconsiderar os aspectos relacionados ao fazer pedagógico inerente à profissão, constatação a partir da qual inferimos que as convergências entre as noções de valorização estatal e sindical decorreram do modelo de sindicalismo propositivo assumido pelo Sindicato a partir da década de 1980. O esvaziamento de sentido, as ardilosas apropriações e lacunas obnubilaram a dimensão axiológica que tem no reconhecimento social da categoria de professores do ensino básico – pela sua função social, seus saberes técnicos, teóricos e experienciais – os fundamentos de valorização para além da garantia de salários, plano de carreira, assistência previdenciária e condições de trabalho, situação coerente com as práticas sociais relacionadas ao trabalho na sociedade contemporânea, uma vez que no capitalismo há uma disputa constante pela transformação de todo trabalho concreto em trabalho abstrato. Portanto, a intensificação da exploração do trabalho e a subordinação de todas as dimensões da vida, dentre as quais a educativa, à hegemonia da classe burguesa demanda aos professores que se organizem junto às demais categorias profissionais de forma independente dos interesses burgueses e com clareza de suas pautas para superação do modo de produção capitalista, condição indispensável para a real valorização de todo trabalho enquanto relação entre o homem e a natureza da qual resultam especificidades da vida em sociedade, superando o trabalho abstrato que aliena e subjuga os seres humanos independentemente de seu estatuto profissional. |
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A valorização do trabalho do professor? Considerações a partir de uma análise das políticas federais, das políticas estaduais e da APEOESP¿La valorización del trabajo del profesor? Consideraciones a partir de un análisis de las políticas federales, de las políticas estadales y de la APEOESPThe valorization of the work of teacher? Considerations from an analysis of federal policies, São Paulo state policies and APEOESPEducação e EstadoTrabalho docentePolítica educacionalValorSindicatoO objetivo desta pesquisa foi apreender as noções de valorização do trabalho do professor presentes nas políticas educacionais federais e paulistas, bem como nos documentos que orientaram a intervenção do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo – APEOESP. Realizamos análises bibliográficas e documentais sob o referencial teórico do materialismo histórico dialético. A desvalorização verificada no cotidiano escolar quanto àqueles que concretizam a prática educativa contradiz as políticas educacionais que diziam almejar a valorização dos professores. Esta contradição decorre da aplicação de noções de valorização, nas legislações e documentos analisados, esvaziadas de sentido axiológico, de modo que os critérios de reconhecimento do valor do professor estão relacionados ao cumprimento de prescrições externas sobre o seu trabalho e que resultam em recompensas na forma de remuneração, benefícios e progressão na carreira, articulados à cultura do desempenho e da performance considerada mais adequada às legislações estatais. Ademais, identificamos nas legislações federais do período de 1988 a 2014 uma ardilosa apropriação do termo “valorização”, inexpressivo nas legislações estaduais em que é mencionado em apenas um documento do total de 87 legislações analisadas entre 1997 e 2014. A noção de valorização presente nos documentos que orientaram a intervenção da APEOESP entre 2010 e 2016 incorporou, por vezes, os mesmos entendimentos estabelecidos na legislação e são lacunares ao desconsiderar os aspectos relacionados ao fazer pedagógico inerente à profissão, constatação a partir da qual inferimos que as convergências entre as noções de valorização estatal e sindical decorreram do modelo de sindicalismo propositivo assumido pelo Sindicato a partir da década de 1980. O esvaziamento de sentido, as ardilosas apropriações e lacunas obnubilaram a dimensão axiológica que tem no reconhecimento social da categoria de professores do ensino básico – pela sua função social, seus saberes técnicos, teóricos e experienciais – os fundamentos de valorização para além da garantia de salários, plano de carreira, assistência previdenciária e condições de trabalho, situação coerente com as práticas sociais relacionadas ao trabalho na sociedade contemporânea, uma vez que no capitalismo há uma disputa constante pela transformação de todo trabalho concreto em trabalho abstrato. Portanto, a intensificação da exploração do trabalho e a subordinação de todas as dimensões da vida, dentre as quais a educativa, à hegemonia da classe burguesa demanda aos professores que se organizem junto às demais categorias profissionais de forma independente dos interesses burgueses e com clareza de suas pautas para superação do modo de produção capitalista, condição indispensável para a real valorização de todo trabalho enquanto relação entre o homem e a natureza da qual resultam especificidades da vida em sociedade, superando o trabalho abstrato que aliena e subjuga os seres humanos independentemente de seu estatuto profissional.The objective of this research was to obtain the notion of appreciation of the work of teachers present in educational policies found on federal and São Paulo state, as well as in the documents that orientate the Union of Teachers of the Official Teaching of the State of São Paulo. We have done bibliographic and documental studies about the theoretical reference on historical and dialectical materialism. The devaluation found in the school daily life when it comes to those that materialize the educational practice contradicts the educational policies that was supposed to aim for the appreciation of the teachers. This contradiction arises from the application of notions of valorization in the legislations and documents analyzed, devoid of axiological meaning, so that the criteria of recognition on the value of the teacher are related to the fulfillment of external prescriptions about his or her work, that results in rewards in the form of remuneration, benefits and career progression, articulated in the culture of performance and the work that is considered more adequate to state legislations. Furthermore, we have identified in the federal legislations from 1988 to 2014 a cunning appropriation of the term "valorization", which is inexpressive in state legislations where it is mentioned in only one document out of a total of 87 legislations analyzed between 1997 and 2014. The notion of valorization present in the documents that guided the intervention of the Union of Teachers between 2010 and 2016 brought together, sometimes, the same understandings established in the legislation while also being lacunar when disregarding the aspects related to the pedagogical practice inherent in the profession, a finding from which we infer that the convergences between the notions of valorization State, and Union movements stemmed from the Union's proposed model of syndicalism since the 1980s. The depletion of meaning, cunning appropriations and gaps obscured the axiological dimension of social recognition on this category of primary school teachers - by their social function, their technical skills, theoretical and experiential roles - the fundamentals of valorization beyond wage contracts, career plan, social security and working conditions, a situation consistent with social practices related to work in contemporary society, since in capitalism there is a constant dispute by the transformation of all concrete work into abstract work. Therefore, the intensification of the exploitation of labor and the subordination of all dimensions of life, including education, to the hegemony of the ruling class demands that teachers organize themselves alongside the other professional categories independently of the dominant classes interests and with clarity related to its guidelines for overcoming the capitalist way of production, an indispensable condition for the real valorization of all work as a relation between man and nature from which results the specificities of life in society, surpassing abstract labor arise which alienates and subjugates human beings independently of their professional status.Esta investigación busca aprehender las nociones de valorización del trabajo del profesor en las políticas educativas federales y paulistas, así como en los documentos que orientaron la intervención del Sindicato de los Profesores de la Enseñanza Oficial del Estado de São Paulo – APEOESP. El análisis bibliográfico y documental ocurrió bajo el referencial del materialismo histórico dialéctico. La devaluación verificada en el cotidiano escolar respecto aquellos profesionales que concretan la práctica educativa contradice las políticas educativas que decían anhelar la valorización de los profesores y se deriva de la aplicación de nociones de valorización, en las legislaciones y documentos analizados, vaciados de sentido axiológico, así que los criterios de reconocimiento del valor del profesor están relacionados al cumplimiento de prescripciones externas sobre su trabajo y que resultan en recompensas en la forma de remuneración, beneficios y progresión en la carrera, articulados a la cultura del desempeño considerada más adecuada a las legislaciones estatales. En las legislaciones federales del período de 1988 a 2014, se hizo una astuta apropiación del término "valorización", inexpresivo en las legislaciones estatales en las cuales es mencionado una única vez del total de 87 legislaciones analizadas entre 1997 y 2014. La noción de valorización presente en los documentos rectores de la intervención de la APEOESP entre 2010 y 2016 incorporó a veces los mismos entendimientos establecidos en la legislación y son insuficientes al desconsiderar los aspectos relacionados al hacer pedagógico inherente a la profesión, a partir de la cual inferimos que las convergencias entre las nociones de valorización Estatal y sindical se derivaron del modelo de sindicalismo propositivo asumido a partir de la década de 1980. El vaciamiento de sentido, las perspicaces apropiaciones y lagunas obnubilaron la dimensión axiológica que tiene en el reconocimiento social de la categoría de profesores de la enseñanza básica – por su función social, sus saberes técnicos, teóricos y experienciales – fundamentos de valoración más allá de la garantía de salarios, plan de carrera, asistencia previsional y condiciones de trabajo, situación coherente con las prácticas sociales relacionadas al trabajo en la sociedad contemporánea, ya que en el capitalismo hay una disputa constante por la transformación de todo trabajo concreto en abstracto. Por lo tanto, la intensificación de la explotación del trabajo y la subordinación de todas las dimensiones de la vida, entre las cuales la educativa, a la hegemonía de la clase burguesa demanda a los profesores que se organicen junto a las demás categorías profesionales de forma independiente de los intereses burgueses y con claridad de sus pautas para que se alcance la superación del modo de producción capitalista, condición indispensable a la real valorización de todo trabajo como relación entre el hombre y la naturaleza de lo que resultan especificidades de la vida en sociedad, superando el trabajo abstracto que aliena y subyuga a los seres humanos independientemente de su estatuto profesional.Universidade Estadual Paulista (Unesp)Costa, Áurea de Carvalho [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Rodrigues, Robson da Silva [UNESP]2017-08-23T16:16:51Z2017-08-23T16:16:51Z2017-08-07info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/15135200089086733004137064P2porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-01-02T06:21:43Zoai:repositorio.unesp.br:11449/151352Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T21:56:43.201531Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false |
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