Contribuições da Psicologia às Instituições de cuidados aos indivíduos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Salotti, Maria Regina Ribeiro [UNESP]
Data de Publicação: 2001
Outros Autores: França, Sonia Aparecida Moreira [UNESP]
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://proex.reitoria.unesp.br/congressos/Congressos/1__Congresso/Sa_de_e_Qualidade_de_Vida/Trabalho10.htm
http://hdl.handle.net/11449/148164
Resumo: Considerando as práticas sociais que circunscrevem um modo de ser para o sujeito excepcional, o objetivo deste trabalho é problematizar os modos de ver, pensar e falar sobre esta população com o compromisso de resgatar a provisoriedade e parcialidade destes saberes para que novos campos de existência possam se configurar. Iniciamos no decorrer do ano de 1990 um trabalho em uma escola especial para deficientes mentais da cidade de Assis. Como estratégia de ação utilizamos a análise institucional como método de investigação. Podemos apontar dois planos simultâneos de intervenção: no primeiro deles destaca-se a observação e o diagnóstico dos modos de funcionamento da instituição que ordenam ações em direção aos espaços de obediência, proteção e tutela. Neste sentido, nossa tarefa é criar dispositivos políticos que abram fissuras nesse plano de regras dando lugar a ação concreta e histórica do sujeito, reconstituindo seu direito a palavra, singularizando e multiplicando as relações para além do atributo da deficiência, visando a autonomia e processualidade dos modos de subjetivação. No segundo plano destacamos a oferta de três dispositivos capazes de disparar mudanças: os grupos terapêuticos, que têm como objetivo criar novos campos de expressão para o sujeito, proporcionam a manifestação dos afetos, das relações interpessoais mais heterogêneas, dando oportunidade para que este experimente novas formas de ver e falar de si mesmo. O acompanhamento terapêutico se propõe a facilitar a circulação do excepcional no espaço urbano, compartilhando com este o estabelecimento de diálogos com outros modos de existência, disparando condições para que ele possa ver e ser visto na comunidade a que pertence. O grupo para ler, ouvir e contar histórias, tem como objetivo multiplicar a apropriação pelo sujeito dos signos lingüísticos, essenciais não apenas para comunicação e informação, mas principalmente para que ele possa situar-se como sujeito de seu próprio discurso. A abordagem recortada pelo trabalho considera que, por mais que os dispositivos de tutela ofertados pela instituição visem imprimir simplificações nos modos de viver de sua população alvo, o plano institucional traz em seu interior preparações para novas configurações. Nesse sentido o trabalho é possível porque a escola está aberta para o que ofertamos, e as dificuldades são tomadas como objetos a serem problematizados. Destacamos que o trabalho se modifica ao longo de sua própria realização, incorporando novos conhecimentos e técnicas, que têm levado ao questionamento do lugar ocupado pelo deficiente mental. Em nosso entender, essa reflexão constante produz transformações, tanto em nossas estratégias de intervenção, quanto no cotidiano da instituição, imprimindo diferenciações em suas formas de agir e se organizar. Os dispositivos já apontados (grupos terapêuticos, acompanhamento terapêutico e histórias infantis), proporcionam a ampliação do vocabulário, dos lugares de trânsito e a apropriação do mundo do sujeito, e têm incitado a este o desejo de falar de si mesmo, de construir sua própria história e de participar da comunidade em que vive. Apontamos, ainda, que os resultados desse trabalho têm sido sistematizados, apresentados em Congressos Científicos, Palestras, Conferências e publicados em Jornais e Revistas especializadas. Participam desse projeto, alunos de 4º e 5º anos do Curso de Psicologia da Unesp/Assis e duas professoras, uma do Departamento de Psicologia Clínica e outra do Departamento de Psicologia Evolutiva, Social e Escolar. Entendemos que esse trabalho efetua-se como campo de prática para estagiários do curso de Psicologia e de atenção aos alunos da Escola - APAE, na modalidade Clínica e Pedagógica, e se constitui também em objeto de reflexão e criação de estratégias de intervenção.
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Neste sentido, nossa tarefa é criar dispositivos políticos que abram fissuras nesse plano de regras dando lugar a ação concreta e histórica do sujeito, reconstituindo seu direito a palavra, singularizando e multiplicando as relações para além do atributo da deficiência, visando a autonomia e processualidade dos modos de subjetivação. No segundo plano destacamos a oferta de três dispositivos capazes de disparar mudanças: os grupos terapêuticos, que têm como objetivo criar novos campos de expressão para o sujeito, proporcionam a manifestação dos afetos, das relações interpessoais mais heterogêneas, dando oportunidade para que este experimente novas formas de ver e falar de si mesmo. O acompanhamento terapêutico se propõe a facilitar a circulação do excepcional no espaço urbano, compartilhando com este o estabelecimento de diálogos com outros modos de existência, disparando condições para que ele possa ver e ser visto na comunidade a que pertence. O grupo para ler, ouvir e contar histórias, tem como objetivo multiplicar a apropriação pelo sujeito dos signos lingüísticos, essenciais não apenas para comunicação e informação, mas principalmente para que ele possa situar-se como sujeito de seu próprio discurso. A abordagem recortada pelo trabalho considera que, por mais que os dispositivos de tutela ofertados pela instituição visem imprimir simplificações nos modos de viver de sua população alvo, o plano institucional traz em seu interior preparações para novas configurações. Nesse sentido o trabalho é possível porque a escola está aberta para o que ofertamos, e as dificuldades são tomadas como objetos a serem problematizados. Destacamos que o trabalho se modifica ao longo de sua própria realização, incorporando novos conhecimentos e técnicas, que têm levado ao questionamento do lugar ocupado pelo deficiente mental. Em nosso entender, essa reflexão constante produz transformações, tanto em nossas estratégias de intervenção, quanto no cotidiano da instituição, imprimindo diferenciações em suas formas de agir e se organizar. Os dispositivos já apontados (grupos terapêuticos, acompanhamento terapêutico e histórias infantis), proporcionam a ampliação do vocabulário, dos lugares de trânsito e a apropriação do mundo do sujeito, e têm incitado a este o desejo de falar de si mesmo, de construir sua própria história e de participar da comunidade em que vive. Apontamos, ainda, que os resultados desse trabalho têm sido sistematizados, apresentados em Congressos Científicos, Palestras, Conferências e publicados em Jornais e Revistas especializadas. Participam desse projeto, alunos de 4º e 5º anos do Curso de Psicologia da Unesp/Assis e duas professoras, uma do Departamento de Psicologia Clínica e outra do Departamento de Psicologia Evolutiva, Social e Escolar. 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