Análises ecotoxicológicas do azocorante alimentar amarelo tartrazina em ensaios de multigerações de Danio rerio (piscis, Cyprinidae) e Daphnia similis (crustacea, Cladocera).

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Janete da
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/202129
Resumo: Nas últimas décadas, comidas industrializadas de enorme variedade, fácil aquisição e preparo rápido vêm perpetuando-se no cotidiano dos indivíduos. Grande porcentagem dos alimentos industrializados contém conservantes, antioxidantes e aditivos, como os corantes artificias. Atualmente, poucos estudos sobre o consumo de aditivos e efeitos à saúde coletiva foram realizados, e entre esses aditivos, o azocorante amarelo tartrazina é o mais requisitado pelas indústrias e empresas do ramo de alimentos. O grupo é um derivado nitroso que transmite confiabilidade, devido a sua durabilidade, cores vistosas, fácil aplicação e homogeneidade na coloração nos alimentos; porém, muitos estudos o apontam como causador de reações adversas à saúde humana, como desencadeantes de alergias, alterações no comportamento, carcinogenicidade, mutagenicidade e teratogenicidade a longo prazo. Sabe-se que muito do corante é perdido nos processos de fabricação industrial e comercial, e este, se lançados sem tratamento nos corpos hídricos, podem comprometer a biota aquática. Analisando essa problemática, essa pesquisa trabalhou com dois padrões do corante: industrial (padrão puro 100% - PA) e comercial (padrão 86% - PC) em quantidades mínimas (50 mg.L-1) e máximas (500 mg.L-1) estipuladas para alimentos pelos órgãos de legislações internacionais alimentares. Foram realizados ensaios de multigerações com o microcrustáceo Daphnia similis e o peixe Danio rerio, analisando-se desempenhos reprodutivos, condições de sobrevivência e a capacidade de recuperação biológica dos organismos, após ensaios ecotoxicológicos. Em D. rerio, após ensaio crônico de vinte e um dias, reproduções foram realizadas e seus ovos, embriões e larvas foram monitorados até a idade adulta, sob a influência dos corantes. Esses peixes (geração F1) permaneceram nos corantes e aos onze meses foram colocados para reproduções. Na geração F2, ovos, embriões e larvas foram analisados sob microscópio e as alterações fotografadas. Os peixes da geração F0, após as reproduções, foram sacrificados e seus tecidos levados à corte histológico para análise de suas gônadas femininas e masculinas. Os resultados apresentaram efeito crônico na população de D. similis, porém com ligeira recuperação biológica após retirada dos organismos dos corantes. Em D. rerio a viabilidade dos ovos sofreu quedas drásticas nas duas gerações; embriões e larvas da geração F2 apresentaram diversas deformidades morfológicas e as análises quali-quantitativas das gônadas femininas e masculinas apresentaram alterações significativas em seu desenvolvimento, corroborando com às observações dos aspectos impactantes analisados no desenvolvimento dos embriões e larvas da espécie. O corante alimentar amarelo tartrazina, se lançado diretamente em corpos aquáticos, sem o devido tratamento nos efluentes que o contém, causará elevada ecotoxicidade à biota desses ecossistemas. Seu uso como aditivo alimentar deve ser reavaliado.
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Atualmente, poucos estudos sobre o consumo de aditivos e efeitos à saúde coletiva foram realizados, e entre esses aditivos, o azocorante amarelo tartrazina é o mais requisitado pelas indústrias e empresas do ramo de alimentos. O grupo é um derivado nitroso que transmite confiabilidade, devido a sua durabilidade, cores vistosas, fácil aplicação e homogeneidade na coloração nos alimentos; porém, muitos estudos o apontam como causador de reações adversas à saúde humana, como desencadeantes de alergias, alterações no comportamento, carcinogenicidade, mutagenicidade e teratogenicidade a longo prazo. Sabe-se que muito do corante é perdido nos processos de fabricação industrial e comercial, e este, se lançados sem tratamento nos corpos hídricos, podem comprometer a biota aquática. Analisando essa problemática, essa pesquisa trabalhou com dois padrões do corante: industrial (padrão puro 100% - PA) e comercial (padrão 86% - PC) em quantidades mínimas (50 mg.L-1) e máximas (500 mg.L-1) estipuladas para alimentos pelos órgãos de legislações internacionais alimentares. Foram realizados ensaios de multigerações com o microcrustáceo Daphnia similis e o peixe Danio rerio, analisando-se desempenhos reprodutivos, condições de sobrevivência e a capacidade de recuperação biológica dos organismos, após ensaios ecotoxicológicos. Em D. rerio, após ensaio crônico de vinte e um dias, reproduções foram realizadas e seus ovos, embriões e larvas foram monitorados até a idade adulta, sob a influência dos corantes. Esses peixes (geração F1) permaneceram nos corantes e aos onze meses foram colocados para reproduções. Na geração F2, ovos, embriões e larvas foram analisados sob microscópio e as alterações fotografadas. Os peixes da geração F0, após as reproduções, foram sacrificados e seus tecidos levados à corte histológico para análise de suas gônadas femininas e masculinas. Os resultados apresentaram efeito crônico na população de D. similis, porém com ligeira recuperação biológica após retirada dos organismos dos corantes. Em D. rerio a viabilidade dos ovos sofreu quedas drásticas nas duas gerações; embriões e larvas da geração F2 apresentaram diversas deformidades morfológicas e as análises quali-quantitativas das gônadas femininas e masculinas apresentaram alterações significativas em seu desenvolvimento, corroborando com às observações dos aspectos impactantes analisados no desenvolvimento dos embriões e larvas da espécie. O corante alimentar amarelo tartrazina, se lançado diretamente em corpos aquáticos, sem o devido tratamento nos efluentes que o contém, causará elevada ecotoxicidade à biota desses ecossistemas. Seu uso como aditivo alimentar deve ser reavaliado.In the last decades, industrialized foods of enormous variety, easy to acquire and quick preparation have been perpetuating in the daily lives of individuals. A large percentage of processed foods contain preservatives, antioxidants, and additives, such as artificial colors. Currently, few studies on the consumption of additives and effects on collective health have been carried out, and among these additives, the yellow tartrazine azo dye is the most requested by food industries and companies. The group is a nitrous derivative that conveys reliability, due to its durability, showy colors, easy application, and homogeneous coloring in food; however, many studies have pointed out that it causes adverse reactions to human health, as triggers of allergies, changes in behavior, carcinogenicity, mutagenicity, and teratogenicity in the long term. It is known that much of the dye is lost in industrial and commercial manufacturing processes, and this, if released without treatment in water bodies, can compromise aquatic biota. Analyzing this problem, this research worked with two dye patterns: industrial (100% pure standard - PA) and commercial (86% standard - PC) in minimum (50 mg.L-1) and maximum (500 mg. L-1) stipulated for food by the bodies of international food law. Multigeneration tests were performed with the microcrustacean Daphnia similis and the fish Danio rerio, analyzing reproductive performance, survival conditions, and the biological recovery capacity of the organisms, after ecotoxicological tests. In D. rerio, after a chronic test of twenty-one days, reproductions were performed and their eggs, embryos, and larvae were monitored until adulthood, under the influence of dyes. These fish (F1 generation) remained in the dyes and at eleven months were placed for breeding. In the F2 generation, eggs, embryos, and larvae were analyzed under a microscope and the changes were photographed. The fish of the F0 generation, after reproduction, were sacrificed and their tissues were taken to the histological court for analysis of their female and male gonads. The results had a chronic effect on the population of D. similis, but with slight biological recovery after removal of the dye organisms. In D. rerio the viability of the eggs suffered drastic falls in both generations; embryos and larvae of the F2 generation showed several morphological deformities and the qualitative and quantitative analyzes of the female and male gonads showed significant changes in their development, corroborating the observations of the impacting aspects analyzed in the development of the embryos and larvae of the species. Tartrazine yellow food coloring, if released directly into aquatic bodies, without proper treatment in the effluents that contain it, will cause high ecotoxicity to the biota of these ecosystems. Its use as a food additive should be reassessed.Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)18/05650-7Universidade Estadual Paulista (Unesp)Fracácio, RenataUniversidade Estadual Paulista (Unesp)Silva, Janete da2020-12-15T14:27:24Z2020-12-15T14:27:24Z2020-09-01info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/20212933004170001P6porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2023-11-24T06:12:03Zoai:repositorio.unesp.br:11449/202129Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462023-11-24T06:12:03Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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