Pontuações glandulares na lâmina foliar de Anthurium Schott (Araceae, Alismatales): caracterização, histoquímica e ontogenia

• Autor(a) principal: Tajima, Aline Sayuri
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
• Texto Completo: https://hdl.handle.net/11449/257241
• topic: Epiderme; Estômatos; Histoquímica; Anthurium sect. Urospadix; Anatomia foliar; Epidermis; Histochemistry; Leaf anatomy; Stomata

Anthurium Schott é o maior gênero de Araceae, com cerca de 1000 espécies, das quais 131 são representativas no Brasil. Características vegetativas morfológicas têm sido amplamente utilizadas, seja na identificação de espécies como também no auxílio para a sistemática de Araceae. Uma dessas características é a presença/ausência de pontuações glandulares na lâmina foliar, que tem sido bastante utilizada na delimitação infragenérica de Anthurium, muitas vezes com alto valor taxonômico e diagnóstico, e embasando a sistemática de alguns de seus grupos. Entretanto, nos estudos taxonômicos já realizados para o gênero, muitas das observações sobre essa estrutura foram realizadas com base em material herborizado sob estereomicroscópio, com estudos micromorfológicos e anatômicos ainda incipientes, especialmente no que se refere à origem e possível atividade secretora. O objetivo deste estudo foi verificar a presença de pontuações glandulares na lâmina foliar de representantes de Anthurium, apresentando dados de caracterização anatômica e histoquímica e abrangendo aspectos ontogenéticos, para a elucidação da origem da estrutura, além de revisar a distribuição do caráter em táxons representativos do Brasil. Para o presente estudo foram selecionadas 26 espécies com pontuações glandulares indicadas na bibliografia como presentes ou ausentes e distribuídas em cinco seções, com ênfase em A. sect. Urospadix. Amostras da lâmina foliar foram obtidas a partir de material fixado ou fragmentos coletados de material herborizado. As amostras foram submetidas às técnicas usuais de microscopia de luz (ML) e microscopia eletrônica de varredura (MEV). Testes histoquímicos foram realizados para verificar a presença de compostos fenólicos, ácidos pécticos, amido, cristais de carbonato de cálcio e de oxalato de cálcio, lignina e lipídios insolúveis. As pontuações glandulares foram observadas em 14 das 26 espécies estudadas de Anthurium, distribuídas em todas as seções amostradas, exceto A. sect. Chamaerepium; houve variação na amostragem selecionada de A. sect. Pachyneurium e de A. sect. Urospadix, incluindo confirmação da ocorrência da estrutura em espécies cuja descrição taxonômica indicava a sua ausência, apontando que o caráter deva ser utilizado com parcimônia na delimitação infragenérica, especialmente se baseado em observação em campo ou de material herborizado sob lupa. Nossos resultados mostram que a pontuação não tem atividade glandular e se estabelece a partir de modificação estomática, semelhante ao que ocorre durante a formação de verrugas suberizadas, especialmente quanto à constituição celular, anatomia e origem. Os testes histoquímicos indicaram a presença de compostos fenólicos nas células da região apical da pontuação, além da presença de lignina nas suas paredes celulares. Em MEV, foram observadas a presença de plaquetas cristaloides de cera na superfície da pontuação e em seu interior e identificados estômatos tipo-D em três espécies não pontuadas – esses dados são inéditos no gênero.