Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: Erebidae): resistência de genótipos de soja, caracterização de movimentação larval e interação intraguilda com Chrysodeixis includens (Lepidoptera: Noctuidae)

• Autor(a) principal: Ongaratto, Sabrina [UNESP]
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: eng
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/213761
• topic: Host plant resistance; Antixenosis; Antibiosis; Fitness; Larval behavior; Lepidoptera; Resistência de plantas a insetos; Antixenose; Antibiose; Comportamento larval

A produtividade da soja é frequentemente reduzida devido a injurias causadas por inúmeras pragas. Anticarsia gemmatalis Hübner (Lepidoptera: Erebidae) é uma dessas pragas e é considerada um dos mais importantes insetos desfolhadores da cultura. Além disso, Chrysodeixis includens (Walker) (Lepidoptera: Noctuidae) tem se tornado um sério problema fitossanitário para a cultura, com vários surtos ocorrendo isolados ou associados a A. gemmatalis. Além da ocorrência no Brasil, essas espécies também ocorrem em diferentes regiões produtoras de soja dos Estados Unidos. O uso de materiais resistentes é uma ferramenta valiosa para o manejo desses lepidópteros em substituição ou em associação aos inseticidas sintéticos. Porém a rápida adoção de culturas Bt (soja geneticamente modificada) pelo mundo tem ocasionado uma contínua pressão de seleção das proteínas Cry sobre esses lepidópteros, o que pode resultar em populações resistentes, com consequentes falhas de controle. Assim, considerando a importância da soja, a expansão do cultivo com culturas Bt e o respectivo impacto na entomofauna, um entendimento mais profundo sobre o comportamento larval tem se tornado cada vez mais necessário. Os objetivos desta pesquisa foram: i) caracterizar a possível resistência de 30 genótipos de soja a A. gemmatalis por meio de testes em casa de vegetação e laboratório; ii) caracterizar o movimento larval de A. gemmatalis “na planta” e “entre plantas” de soja não Bt a campo e; iii) investigar as interações intra e interespecífica envolvendo A. gemmatalis e C. includens em laboratório. Os resultados dos ensaios de resistência a A. gemmatalis revelaram a expresssão de antixenose (oviposição, atratividade e/ou consumo) nos genótipos 'TMG 133' RR, 'TMG 1179' RR, 'IAC 19', 'IAC 17', 'IAC 100', D75-10169 e IAC 78-2318. Os genótipos IAC 74-2832, 'IAC 19', 'IAC 17', 'IAC 100' e PI 274454 afetaram o comportamento e também impactaram negativamente a viabilidade larval, indicando a expresssão de antixenose e/ou antibiose. 'TMG 7062' IPRO afetou negativamente o desenvolvimento e a viabilidade larval, indicando uma possível expresssão de antibiose, além de baixo grau de antixenose. Os genótipos ‘IAC 19’, ‘IAC 24, ‘IAC 17’ e ‘IAC 100’ expressaram antibiose por comprometer diferentes parâmetros biológicos, principalmente o desenvolvimento larval, viabilidade e reduzir o peso de pupas. Devido à redução da ingestão foliar por larvas em confinamento, a antixenose foi também caracterizada em 'IAC 24'. Os testes de movimentação na planta mostraram que A. gemmatalis tem um comportamento bastante ativo durante o dia, especialmente em instares avançados de desenvolvimento. Verificou-se que as lagartas variam quanto à posição em que são encontradas na planta e na folha ao longo do período de observação. Quanto à movimentação entre plantas, lagartas de A. gemmatalis podem mover-se por longas distâncias (até 2 m) a partir da planta infestada de uma maneira não direcional. Os resultados do teste de fitness e de rastreamento por vídeo, mostraram que A. gemmatalis tem vantagem competitiva sobre C. includens. Nosso estudo apresenta relevantes descobertas envolvendo a interação dos dois lepidópteros em soja. Os genótipos com indicativo de resistência podem ser utilizados em programas de melhoramento visando à resistência de genótipos a A. gemmatalis e possivelmente a outros insetos desfolhadores. Os resultados obtidos nos testes de movimentação poderão auxiliar na escolha do momento ideal para pulverizações com inseticidas, entomopatógenos e liberação de organismos biológicos, além de auxiliar na escolha de estratégias de manejo mais assertivas. Ainda, a interação entre A. gemmatalis e C. includens poderá contribuir para um melhor entendimento do comportamento e da dinâmica de populações. Esse conjunto de informações podem auxiliar nos programas de Manejo Integrado de Pragas (MIP) e no Manejo de Resistência de Insetos (MRI) na cultura da soja.