Influência da paisagem na dieta de lobo-guará (Chrysocyon brachyurus, Illiger 1815)
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNESP |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/11449/194180 |
Resumo: | A perda e a fragmentação do habitat são os principais fatores de risco para a biodiversidade em função da redução das áreas de vida e do conflito com seres humanos. Estima-se que a vegetação nativa do Cerrado esteja reduzida a 20% de sua área original e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) proteja apenas 2,9% do bioma. O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) é o maior canídeo das Américas e ocorre nas áreas abertas deste bioma e em áreas alteradas como pastagens e canaviais. Sua ocorrência em áreas antropizadas é possível em função da dieta generalista e do hábito alimentar oportunista e, ainda que a manutenção da espécie ocorra mesmo em áreas degradadas, seu status atual de ameaça é avaliado como “Vulnerável”. Neste estudo, descrevo a dieta do lobo-guará em quatro Unidades de Conservação do estado de São Paulo e avalio a importância do entorno das áreas protegidas em função da composição da dieta. Amostrei as áreas entre 2011 e 2019 e obtive 166 amostras de fezes de loboguará, em que pude identificar 74 categorias de itens alimentares e 815 registros de ocorrência. A análise das 91 amostras coletadas no Parque Estadual Furnas do Bom Jesus evidenciou o alto consumo de lobeira (Solanum lycocarpum) e pequenos roedores, e a sazonalidade influenciou no consumo de artrópodes. A dieta do lobo-guará na Estação Ecológica de Jataí foi analisada a partir de 39 amostras coletadas, que indicaram a lobeira, pequenos roedores e aves como os itens mais frequentes em termos de frequência de ocorrência. A sazonalidade influenciou no consumo de miscelânea de frutos, didelfídeos, aves e itens inorgânicos. No Parque Estadual de Vassununga a análise de 19 amostras coletadas revelou pequenos roedores como os itens mais consumidos em termos de frequência de ocorrência, miscelânea de frutos foi a categoria vegetal mais consumida e cana-de-açúcar (Saccharum spp.), amendoim (Arachis hypogaea) e araçazinho (Myrcia tomentosa) superaram o consumo de lobeira nesta área. Didelfídeos, itens inorgânicos e lobeira tiveram o consumo influenciado pela sazonalidade. A dieta do lobo-guará na Estação Ecológica de Itirapina foi analisada a partir de 17 amostras coletadas e, em termos de frequência de ocorrência, pequenos roedores foi a principal categoria consumida e a influência da sazonalidade foi observada apenas no consumo de aves. Dentre os frutos houve o predomínio de lobeira, Annona sp. e araçazinho. Os resultados obtidos revelaram similaridade da dieta entre as áreas e baixa associação entre a paisagem e a composição de itens, indicando que embora os remanescentes de vegetação nativa encontrem-se cada vez mais fragmentados, a espécie continua se alimentando principalmente de itens 7 nativos. Estre trabalho, portanto, evidencia a grande importância de uma paisagem heterogênea e a preservação dos remanescentes de vegetação nativa de Cerrado para a manutenção das populações de lobo-guará e outras espécies de carnívoros generalistas. |
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Influência da paisagem na dieta de lobo-guará (Chrysocyon brachyurus, Illiger 1815)Influence of landscape on maned wolf diet (Chrysocyon brachyurus, Illiger 1815)Lobo-guaráEcologia animalBiodiversidade conservaçãoÁreas protegidasManed wolfAnimal ecologyBiodiversity conservationProtected areasA perda e a fragmentação do habitat são os principais fatores de risco para a biodiversidade em função da redução das áreas de vida e do conflito com seres humanos. Estima-se que a vegetação nativa do Cerrado esteja reduzida a 20% de sua área original e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) proteja apenas 2,9% do bioma. O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) é o maior canídeo das Américas e ocorre nas áreas abertas deste bioma e em áreas alteradas como pastagens e canaviais. Sua ocorrência em áreas antropizadas é possível em função da dieta generalista e do hábito alimentar oportunista e, ainda que a manutenção da espécie ocorra mesmo em áreas degradadas, seu status atual de ameaça é avaliado como “Vulnerável”. Neste estudo, descrevo a dieta do lobo-guará em quatro Unidades de Conservação do estado de São Paulo e avalio a importância do entorno das áreas protegidas em função da composição da dieta. Amostrei as áreas entre 2011 e 2019 e obtive 166 amostras de fezes de loboguará, em que pude identificar 74 categorias de itens alimentares e 815 registros de ocorrência. A análise das 91 amostras coletadas no Parque Estadual Furnas do Bom Jesus evidenciou o alto consumo de lobeira (Solanum lycocarpum) e pequenos roedores, e a sazonalidade influenciou no consumo de artrópodes. A dieta do lobo-guará na Estação Ecológica de Jataí foi analisada a partir de 39 amostras coletadas, que indicaram a lobeira, pequenos roedores e aves como os itens mais frequentes em termos de frequência de ocorrência. A sazonalidade influenciou no consumo de miscelânea de frutos, didelfídeos, aves e itens inorgânicos. No Parque Estadual de Vassununga a análise de 19 amostras coletadas revelou pequenos roedores como os itens mais consumidos em termos de frequência de ocorrência, miscelânea de frutos foi a categoria vegetal mais consumida e cana-de-açúcar (Saccharum spp.), amendoim (Arachis hypogaea) e araçazinho (Myrcia tomentosa) superaram o consumo de lobeira nesta área. Didelfídeos, itens inorgânicos e lobeira tiveram o consumo influenciado pela sazonalidade. A dieta do lobo-guará na Estação Ecológica de Itirapina foi analisada a partir de 17 amostras coletadas e, em termos de frequência de ocorrência, pequenos roedores foi a principal categoria consumida e a influência da sazonalidade foi observada apenas no consumo de aves. Dentre os frutos houve o predomínio de lobeira, Annona sp. e araçazinho. Os resultados obtidos revelaram similaridade da dieta entre as áreas e baixa associação entre a paisagem e a composição de itens, indicando que embora os remanescentes de vegetação nativa encontrem-se cada vez mais fragmentados, a espécie continua se alimentando principalmente de itens 7 nativos. Estre trabalho, portanto, evidencia a grande importância de uma paisagem heterogênea e a preservação dos remanescentes de vegetação nativa de Cerrado para a manutenção das populações de lobo-guará e outras espécies de carnívoros generalistas.Habitat loss and fragmentation are the main risk factors for biodiversity due to the reduction of living areas and conflict with human beings. It is estimated that the native vegetation of the Cerrado is reduced to 20% of its original area and only 2.9% of the biome is protected by the National System of Conservation Units (SNUC). The maned wolf (Chrysocyon brachyurus) is the largest canid in the Americas and occurs in the open areas of this biome and in altered areas such as pastures and cane fields. Its occurrence in anthropized areas is possible due to the general diet and opportunistic eating habits and, although the maintenance of the species occurs even in degraded areas, its current threat status is assessed as "Vulnerable". In this study, I describe the maned wolf's diet in four Conservation Units in the state of São Paulo and assess the importance of the surrounding protected areas according to the composition of the diet. The areas were sampled between 2011 and 2019 and I obtained 166 samples of maned wolf feces, in which I was able to identify 74 categories of food items and 815 occurrence records. The analysis of the 91 samples collected in the Furnas do Bom Jesus State Park showed the high consumption of wolf's fruit (Solanum lycocarpum) and small rodents, and seasonality influenced the consumption of arthropods. The maned wolf diet at Jataí Ecological Station was analyzed from 39 samples collected, which indicated the wolf's fruit, small rodents, and birds as the most frequent items in terms of frequency of occurrence. Seasonality influenced the consumption of miscellaneous fruits, didelfids, birds, and inorganic items. In the Vassununga State Park, the analysis of 19 samples collected revealed small rodents as the most consumed items in terms of frequency of occurrence, miscellaneous fruits were the most consumed vegetable category and sugar cane (Saccharum spp.), Peanuts (Arachis hypogaea) and Myrcia tomentosa exceeded the consumption of wolf's fruit in this area. Didelfids, inorganic items, and wolf's fruit had their consumption influenced by seasonality. The maned wolf diet at Itirapina Ecological Station was analyzed from 17 samples collected and, in terms of frequency of occurrence, small rodents were the main category consumed and the influence of seasonality was observed only on bird consumption. Among the fruits, the wolf's fruit was predominant, Annona sp. and Myrcia tomentosa. The results obtained revealed similarity of the diet between the areas and low association between the landscape and the composition of items, indicating that although the remnants of native vegetation are increasingly fragmented, the species continues to feed mainly on native items. This work, therefore, highlights the great importance of a 9 heterogeneous landscape and the preservation of the remnants of native Cerrado vegetation for the maintenance of maned wolf populations and other species of generalist carnivores.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)CAPES: 88882.330437/2019-01Universidade Estadual Paulista (Unesp)Bianchi, Rita de Cassia [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Franceschini, Julia Vasconi2020-10-26T13:37:52Z2020-10-26T13:37:52Z2020-08-24info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/19418033004153072P638434221301490350000-0001-8027-755Xporinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-01-23T07:06:39Zoai:repositorio.unesp.br:11449/194180Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T23:45:09.400162Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false |
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A perda e a fragmentação do habitat são os principais fatores de risco para a biodiversidade em função da redução das áreas de vida e do conflito com seres humanos. Estima-se que a vegetação nativa do Cerrado esteja reduzida a 20% de sua área original e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) proteja apenas 2,9% do bioma. O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) é o maior canídeo das Américas e ocorre nas áreas abertas deste bioma e em áreas alteradas como pastagens e canaviais. Sua ocorrência em áreas antropizadas é possível em função da dieta generalista e do hábito alimentar oportunista e, ainda que a manutenção da espécie ocorra mesmo em áreas degradadas, seu status atual de ameaça é avaliado como “Vulnerável”. Neste estudo, descrevo a dieta do lobo-guará em quatro Unidades de Conservação do estado de São Paulo e avalio a importância do entorno das áreas protegidas em função da composição da dieta. Amostrei as áreas entre 2011 e 2019 e obtive 166 amostras de fezes de loboguará, em que pude identificar 74 categorias de itens alimentares e 815 registros de ocorrência. A análise das 91 amostras coletadas no Parque Estadual Furnas do Bom Jesus evidenciou o alto consumo de lobeira (Solanum lycocarpum) e pequenos roedores, e a sazonalidade influenciou no consumo de artrópodes. A dieta do lobo-guará na Estação Ecológica de Jataí foi analisada a partir de 39 amostras coletadas, que indicaram a lobeira, pequenos roedores e aves como os itens mais frequentes em termos de frequência de ocorrência. A sazonalidade influenciou no consumo de miscelânea de frutos, didelfídeos, aves e itens inorgânicos. No Parque Estadual de Vassununga a análise de 19 amostras coletadas revelou pequenos roedores como os itens mais consumidos em termos de frequência de ocorrência, miscelânea de frutos foi a categoria vegetal mais consumida e cana-de-açúcar (Saccharum spp.), amendoim (Arachis hypogaea) e araçazinho (Myrcia tomentosa) superaram o consumo de lobeira nesta área. Didelfídeos, itens inorgânicos e lobeira tiveram o consumo influenciado pela sazonalidade. A dieta do lobo-guará na Estação Ecológica de Itirapina foi analisada a partir de 17 amostras coletadas e, em termos de frequência de ocorrência, pequenos roedores foi a principal categoria consumida e a influência da sazonalidade foi observada apenas no consumo de aves. Dentre os frutos houve o predomínio de lobeira, Annona sp. e araçazinho. Os resultados obtidos revelaram similaridade da dieta entre as áreas e baixa associação entre a paisagem e a composição de itens, indicando que embora os remanescentes de vegetação nativa encontrem-se cada vez mais fragmentados, a espécie continua se alimentando principalmente de itens 7 nativos. Estre trabalho, portanto, evidencia a grande importância de uma paisagem heterogênea e a preservação dos remanescentes de vegetação nativa de Cerrado para a manutenção das populações de lobo-guará e outras espécies de carnívoros generalistas. |
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