A geografia do risco e da vulnerabilidade ao calor em espaços urbanos da zona tropical: o caso Cuiabá/MT

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Teobaldo Neto, Aristóteles
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/181337
Resumo: A sociedade que vive nos espaços urbanos da zona intertropical do Planeta Terra sofre com a maior propensão à exposição a elevadas temperaturas. Isso constitui um risco, o qual pode variar da perda de qualidade de vida a agravos na saúde mais sérios. A análise geográfica de qualquer fenômeno com origem natural adquire uma complexidade específica na zona tropical, tendo em vista ser ocupada por países marcados por profundas desigualdades sociais, fator que implica amenização ou agravamento do risco em função do grupo social. Isso posto, foi definido como principal objetivo desta tese, investigar a dimensão do risco em função da exposição ao calor em áreas urbanas tropicais, na estação mais quente do ano, tendo como estudo de caso a área urbana de Cuiabá MT, uma das mais quentes do Brasil. Para tanto foi necessário: identificar e explicar os processos produtores dos diferentes níveis de riscos e vulnerabilidades no espaço urbano; analisar o perigo que representa a exposição ao calor, através do estudo da Ilha de Calor Urbana (ICU) e do microclima domiciliar; elaborar um índice de vulnerabilidade social para áreas urbanas; analisar e explicar de que forma a vulnerabilidade social condiciona (aumenta/reduz) o perigo em função da exposição ao calor. A metodologia baseou-se na aplicação de técnicas estatísticas, geoprocessamento, trabalhos de campo e uso de banco de dados de fontes primária e secundária, com destaque para o uso de dados do Censo Demográfico 2010 (IBGE) para a elaboração do mapa Índice de Vulnerabilidade Social (IVS). O diagnóstico do perigo relacionado à exposição ao calor permitiu chegar a conclusões sobre a formação de Ilhas de Calor Urbana de “muito forte magnitude” que expõem 70% da população urbana a elevados Índices de Perigo em função da Exposição ao Calor (IPEC). Entretanto, o mapa IVS revelou a importância das características sociais na determinação da vulnerabilidade ao calor, indicando que 42,3% vive em setores de elevados índices de vulnerabilidade social determinados, sobretudo, pela força das variáveis relacionadas a renda baixa, população de cor preta/parda e déficit educacional. A metodologia empregada demonstrou, em primeiro lugar, a viabilidade da avaliação espaço-temporal da vulnerabilidade social em todo o território brasileiro, desde a escala do setor censitário. Em segundo lugar, demonstrou-se a possibilidade de integração em estudos de riscos relacionados a vários perigos como: enchentes e inundações, escorregamentos de terra, furacões, dentre outros. A integração dos índices da dimensão social (IVS) e climática (IPEC) resultou no mapa Índice da Vulnerabilidade ao Calor (IVC). Os 21% da população nos setores de melhores IVS, apesar de localizados nos espaços de maior exposição ao calor, tiveram esses efeitos drasticamente reduzidos (ou anulados) em função dos bons indicadores sociais. Por outro lado, os setores de piores IVS apresentaram baixos índices de exposição ao calor (IPEC) por estarem localizados em margens de córregos urbanos e periferias, onde as temperaturas são menores. Os resultados obtidos na escala mesoclimática refutam a hipótese de que as áreas de maior vulnerabilidade social coincidiriam com as áreas mais quentes. Entretanto, os resultados obtidos na escala microclimática confirmam a hipótese. Nas habitações precárias, localizadas em setores de elevados IVC, as temperaturas medidas no interior da moradia foram mais elevadas do que as observadas no lado externo, em 85% dos registros. As estratégias utilizadas contra o calor, não foram eficientes, resultando em insônia, irritação, cansaço, fadiga, cefaleia, pressão baixa, problemas relacionados ao sistema respiratório. Concluiu-se que a vulnerabilidade ao calor, apesar de ter como risco/perigo uma dimensão do clima, é determinada por fatores de origem social.
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spelling A geografia do risco e da vulnerabilidade ao calor em espaços urbanos da zona tropical: o caso Cuiabá/MTThe geography of risk and vulnerability to heat in urban spaces in the tropical zone: the case of the city of Cuiabá in Mato Grosso, BrazilLa geografía del riesgo y de la vulnerabilidad al calor en espacios urbanos de la zona tropical: el caso de Cuiabá, Mato Grosso, BrasilClima urbanoIndice de vulnerabilidade socialRisco e vulnerabilidade ao calorUrban climateSocial vulnerability indexHeat vulnerability and riskClima urbanoÍndice de vulnerabilidad socialRiesgo e vulnerabilidad ao calorA sociedade que vive nos espaços urbanos da zona intertropical do Planeta Terra sofre com a maior propensão à exposição a elevadas temperaturas. Isso constitui um risco, o qual pode variar da perda de qualidade de vida a agravos na saúde mais sérios. A análise geográfica de qualquer fenômeno com origem natural adquire uma complexidade específica na zona tropical, tendo em vista ser ocupada por países marcados por profundas desigualdades sociais, fator que implica amenização ou agravamento do risco em função do grupo social. Isso posto, foi definido como principal objetivo desta tese, investigar a dimensão do risco em função da exposição ao calor em áreas urbanas tropicais, na estação mais quente do ano, tendo como estudo de caso a área urbana de Cuiabá MT, uma das mais quentes do Brasil. Para tanto foi necessário: identificar e explicar os processos produtores dos diferentes níveis de riscos e vulnerabilidades no espaço urbano; analisar o perigo que representa a exposição ao calor, através do estudo da Ilha de Calor Urbana (ICU) e do microclima domiciliar; elaborar um índice de vulnerabilidade social para áreas urbanas; analisar e explicar de que forma a vulnerabilidade social condiciona (aumenta/reduz) o perigo em função da exposição ao calor. A metodologia baseou-se na aplicação de técnicas estatísticas, geoprocessamento, trabalhos de campo e uso de banco de dados de fontes primária e secundária, com destaque para o uso de dados do Censo Demográfico 2010 (IBGE) para a elaboração do mapa Índice de Vulnerabilidade Social (IVS). O diagnóstico do perigo relacionado à exposição ao calor permitiu chegar a conclusões sobre a formação de Ilhas de Calor Urbana de “muito forte magnitude” que expõem 70% da população urbana a elevados Índices de Perigo em função da Exposição ao Calor (IPEC). Entretanto, o mapa IVS revelou a importância das características sociais na determinação da vulnerabilidade ao calor, indicando que 42,3% vive em setores de elevados índices de vulnerabilidade social determinados, sobretudo, pela força das variáveis relacionadas a renda baixa, população de cor preta/parda e déficit educacional. A metodologia empregada demonstrou, em primeiro lugar, a viabilidade da avaliação espaço-temporal da vulnerabilidade social em todo o território brasileiro, desde a escala do setor censitário. Em segundo lugar, demonstrou-se a possibilidade de integração em estudos de riscos relacionados a vários perigos como: enchentes e inundações, escorregamentos de terra, furacões, dentre outros. A integração dos índices da dimensão social (IVS) e climática (IPEC) resultou no mapa Índice da Vulnerabilidade ao Calor (IVC). Os 21% da população nos setores de melhores IVS, apesar de localizados nos espaços de maior exposição ao calor, tiveram esses efeitos drasticamente reduzidos (ou anulados) em função dos bons indicadores sociais. Por outro lado, os setores de piores IVS apresentaram baixos índices de exposição ao calor (IPEC) por estarem localizados em margens de córregos urbanos e periferias, onde as temperaturas são menores. Os resultados obtidos na escala mesoclimática refutam a hipótese de que as áreas de maior vulnerabilidade social coincidiriam com as áreas mais quentes. Entretanto, os resultados obtidos na escala microclimática confirmam a hipótese. Nas habitações precárias, localizadas em setores de elevados IVC, as temperaturas medidas no interior da moradia foram mais elevadas do que as observadas no lado externo, em 85% dos registros. As estratégias utilizadas contra o calor, não foram eficientes, resultando em insônia, irritação, cansaço, fadiga, cefaleia, pressão baixa, problemas relacionados ao sistema respiratório. Concluiu-se que a vulnerabilidade ao calor, apesar de ter como risco/perigo uma dimensão do clima, é determinada por fatores de origem social.The society that lives in urban spaces in the Earth’s tropical zone is subject to a greater propensity of exposure to high temperatures. It constitutes a risk which may range from a reduction in the quality of life to more serious health issues. The geographic analysis of any phenomenon with natural origin embodies a specific complexity in the tropical zone as most countries in this zone are marked by deep social inequalities which imply easing or worsening of the risk according to the social group someone belongs to. Therefore, it has been established as the main goal of this thesis, to investigate the dimension of the risk according to the heat exposure in tropical urban areas during the warmest season of the year, with the urban area of Cuiabá (Mato Grosso), which is one of the warmest in Brazil, being the case study. To achieve such goal, it was necessary to: identify and explain the processes that produce the different levels of risk and vulnerability in the urban space; analyse the danger represented by heat exposure through the study of the Urban Heat Island (UHI) and the household microclimate; elaborate a social vulnerability index for the urban areas; analyse and explain how the social vulnerability constrains (increases/reduces) the danger according to heat exposure. The methodology was based on the application of statistical techniques, geoprocessing, field work and the use of first-source and second-source databases where the use of data from the 2010 Census (from the Brazilian Geographic and Statistical Institute (IBGE)) played a very important role in the elaboration of the Social Vulnerability Index (SVI). The diagnostic of the danger related to heat exposure has allowed to reach some conclusions on the formation of “very strong” Urban Heat Islands that expose 70% of the urban population to high levels of Heat-Exposure- related Danger Index (HEDI). Yet, the SVI map revealed the importance of the social characteristics in determining the heat vulnerability, showing that 42,3% of the population live in high social vulnerability sectors, determined as such mainly because of variables related to low income, black/mixed-race skin colour and educational deficit. The used methodology has primarily shown the viability of the space-temporal evaluation of the social vulnerability in all Brazilian territory starting from the census sector. Secondarily, it has been shown to be possible to integrate the study of risks related to various hazards, such as: floods and flooding processes, landslides, hurricanes and others. The combination of the Social (SVI) and Climatic Dimension (HEDI) Indexes resulted in the Heat Vulnerability Index (HVI) map. The 21% of the population in the best HVI sectors, though located in the areas of most heat exposure, had those effects sharply reduced (or nulled) due to the good social indicators. On the other hand, the sectors with the worst HVIs show low heat exposure index (HEDI) because they are located by urban streams in the urban fringes where the temperatures are lower. The obtained results at the mesoclimate scale refutes the hypothesis that the areas of greater social vulnerability coincide with the warmest ones. Notwithstanding, the results obtained at the microclimate scale confirms such hypothesis. In substandard dwellings located in high HVI sectors, the measured temperatures indoors were higher than those outdoors in 85% of the readings. The measures taken against the heat were not efficient, resulting in insomnia, irritability, tiredness, fatigue, headache, low blood pressure and respiratory problems. It was concluded that heat vulnerability, though being considered as a climate-related risk/hazard, is determined by social-originated factors.La sociedad que vive en los espacios urbanos de la zona intertropical del Planeta Tierra sufre con mayor índice a la exposición a elevadas temperaturas. Esto constituye un riesgo, el cual puede variar desde la pérdida de calidad de vida a daños en la salud más serios. El análisis geográfico de cualquier fenómeno con origen natural adquiere una complejidad específica en la zona tropical, teniendo como tendencia ser ocupada por países con profundas desigualdades sociales, factor que implica reducción o agravamiento de riesgo de acuerdo con la posición social. Esto fue definido como el principal objetivo de esta tesis, investigar la dimensión del riesgo en función de la exposición al calor en áreas urbanas tropicales, en la estación más caliente del año, teniendo como estudio del caso un área urbana de Cuiabá MT, una de las más calientes de Brasil. Por lo que fue necesario: identificar y explicar los procesos productores de los diferentes niveles de riesgos y vulnerabilidad en el especio urbano, analizar el peligro que representa la exposición al calor, a través de estudio de la isla de calor urbano (ICU) y del microclima domiciliar; elaborar un índice de vulnerabilidad social condiciona (aumenta/reduce) el peligro en función de la exposición al calor. La metodología se basó en la aplicación de técnicas estadísticas, geoprocesamiento, trabajos de campo y uso de bancos de datos de fuentes primarias y secundarias, con énfasis para el uso de datos del censo demográfico 2010 (IBGE) para la elaboración del mapa de Índice de Vulnerabilidad Social (IVS). El diagnóstico de peligro relacionado a la exposición al calor permitió llegar a las conclusiones sobre la información de Islas de Calor Urbano de “magnitud muy fuerte” que exponen al 70% de la población urbana a elevados Índices de Peligro en función de la Exposición al Calor (IPEC).Por otro lado, el mapa IVS reveló una importancia de las características sociales en la determinación de vulnerabilidad al calor, indicando que el 42,3% vive en sectores con elevados índices de vulnerabilidad social determinados, sobre todo, por la fuerza de las variables relacionadas a la baja renta, población de color negra/parda y deficiencia educativa. La metodología empleada demostró, en primer lugar, una posibilidad de verificación espacio-temporal de la vulnerabilidad social en todo el territorio Brasileño, desde una escala de sector censado. En segundo lugar, se demostró la posibilidad de integración en estudios de riesgos relacionados a varios tipos de peligros como inundaciones, deslizamientos de tierra, colapsos de suelos, entre otros. Una integración de los índices de la dimensión social (IVS) y climática (IPEC) resultó en el mapa de Índice de Vulnerabilidad al Calor (IVC). El 21% de la población en los sectores de mejores IVS, a pesar de estar localizados en espacios de mayor exposición al calor, tuvieron esos efectos drásticamente reducidos (o anulados) en función de buenos indicadores sociales. Por otro lado, los sectores peores IVS presentan bajos índices de exposición al calor (IEPC) por estar localizados en márgenes de corrientes urbanas y periferias, donde las temperaturas son menores. Los resultados obtenidos en la escala mesoclimática rechazan una hipótesis de que las áreas de mayor vulnerabilidad social coincidirán con las áreas más calientes. Sin embargo, los resultados obtenidos en escala microclimática confirman la hipótesis. En las habitaciones precarias, localizadas en sectores de elevados IVC, las temperaturas medidas en el interior de las casas fueron las más elevadas en comparación con las observadas en el lado externo, en 85% de los registros. Las estrategias utilizadas contra el calor no fueron eficientes, resultando en insomnio, irritación, cansancio, fatiga, cefalia, presión baja, problemas relacionados al sistema respiratorio y fatiga. Concluyéndose que la vulnerabilidad al calor, a pesar de tener como riesgo/peligro una dimensión del clima, es determinada por factores de origen social.Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)2016/03599-9Universidade Estadual Paulista (Unesp)Amorim, Margarete Cristiane de Costa Trindade [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Teobaldo Neto, Aristóteles2019-04-02T19:48:04Z2019-04-02T19:48:04Z2019-02-22info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/18133700091453933004129042P36644811083291335porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-06-20T15:26:59Zoai:repositorio.unesp.br:11449/181337Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T22:11:55.285362Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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Teobaldo Neto, Aristóteles
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