Atuação junto a adolescentes internos em casa abrigo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Martins, Sueli Terezinha Ferreira [UNESP]
Data de Publicação: 2001
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://proex.reitoria.unesp.br/congressos/Congressos/1__Congresso/Aten__o_Especial___Crian_a/Trabalho02.htm
http://hdl.handle.net/11449/148186
Resumo: O presente trabalho encontra seus pressupostos teórico-metodológicos nas categorias da Psicologia Social, com destaque à concepção de consciência utilizada pela abordagem sócio-histórica. A partir desta perspectiva teórica, a modificação da consciência é possível a partir da mudança de sua(s) atividade(s), que traz à tona contradições entre o mundo real e mundo representado (subjetivado). As contradições contribuem para a reflexão sobre a ação futura do indivíduo ou grupo, assim como para repensar o feito/não feito. A mudança na consciência individual e social é possível ocorrer através da opção psico-educativa, e pode ser facilitada pelo processo grupal. O processo grupal estimula a reflexão individual e coletiva, no sentido de possibilitar que seus membros se conscientizem de sua identidade psicossocial. É espaço fundamental para a problematização do cotidiano, desencadeando novas relações, garantindo a expressão de sentimentos e opiniões, tornando possível a identificação de diferenças e semelhanças nas experiências individuais, facilitando o resgate da autonomia do indivíduo. Toda a ação respaldou-se no Estatuto da Criança e Adolescentes (ECA) referente aos direitos assegurados às crianças e adolescentes e aos deveres impostos às entidades de atendimento. Tanto a Constituição Brasileira, quanto o ECA resgatam princípios que asseguram a cidadania da criança e do adolescente, considerando: crianças e adolescentes como sujeitos de direitos; seus direitos devem ser tratados como prioridade absoluta; crianças e adolescentes devem ser considerados em todas as circunstâncias, seres em desenvolvimento biopsicossocial. Objetivos: a) estabelecer condições para reflexão grupal, possibilitando a conscientização sobre o contexto histórico e social em que vivem e o resgate da auto-estima, de modo que as adolescentes sintam-se responsáveis por suas decisões e ações; b)proporcionar condições para que as adolescentes adquiram maior autonomia, minimizando os resquícios do processo de institucionalização que fortaleceram a dependência, contribuindo para que tornem-se sujeitos de suas próprias vidas. Assim nosso trabalho teve por finalidade facilitar o processo de desligamento gradativo da instituição, buscando a autonomia das adolescentes. O trabalho realizado foi possível através de um convênio entre o CPA da Unesp e uma casa abrigo onde residem cerca de vinte adolescentes entre 12 e 18 anos, afastadas da família por decisão judicial. A metodologia utilizada consistiu em entrevistas individuais visando sensibilização para o trabalho e o processo grupal propriamente dito, utilizando-se técnicas de dinâmica de grupo, vivências e reflexões. Foram realizados dezesseis encontros semanais, contando em média com a presença de 8 adolescentes, entre 16 e 18 anos no início do trabalho, finalizando com 6, em decorrência do desligamento de 2 meninas. Foram realizadas quatro entrevistas individuais com cada participante e quatro encontros institucionais no decorrer do período. Atividades realizadas: estabelecimento de contrato de trabalho com o grupo; integração grupal e auto-conhecimento; desligamento da instituição e definição de metas a curto e médio prazo; dependência e autonomia; autonomia econômica e afetiva; planejamento de atividade externa com definição de tarefas individuais e coletivas; expressão de idéias, opiniões e sentimentos e dificuldades na comunicação; realização de atividades externas; avaliação. Resultados: A participação das adolescentes no processo grupal levou-as à conscientização de vários aspectos relacionados ao seu cotidiano, assim como da necessidade de enfrentar o desligamento institucional, demonstrando possibilidade de agir com maior autonomia frente ao seu desligamento institucional e sua inserção em outros espaços, fundamentalmente a reinserção familiar. No desenvolvimento do projeto encontramos algumas dificuldades, entre elas, uma das principais foi o curto período de tempo que tínhamos para atingir os objetivos propostos. Trata-se de uma população institucionaliza há vários anos, com um alto grau de dependência institucional, portanto com dificuldades de se desligar e de processar mudanças radicais em suas vidas. Apesar de estar em andamento um trabalho da assistente social junto às famílias, com encontros de reaproximação destas com as adolescentes, a possível reinserção das adolescentes na família foi também objeto de muita preocupação, pois foi de lá que foram retiradas por diversos motivos, entre eles: negligência, violência física e abusos de toda ordem (física, sexual, psicológica, etc.). Além dos objetivos explicitados anteriormente, este projeto buscou articular o ensino com as demandas sociais, possibilitando experiências de atendimentos grupais e acompanhamento de atividades externas a alunos quintanistas do Curso de Formação de Psicólogos. Os estagiários realizaram encontros grupais semanais com as adolescentes durante um semestre, desenvolvendo além desta atividade, programa de atendimento grupal à equipe de funcionárias que atuam na instituição, assim como iniciaram processo grupal com pré-adolescentes e adolescentes que começam a chegar no abrigo (na faixa etária entre 10 e 14 anos). Assim, atende-se à demanda social do abrigo e à necessidade de formação de futuros psicólogos na área de Psicologia Social e Comunitária. A oportunidade de participar de um projeto piloto com uma proposta alternativa para se trabalhar com uma de nossas principais demandas sociais foi muito enriquecedora para a formação profissional dos estagiários que puderam perceber que a questão da criança e do adolescente é extremamente complexa e envolve uma série de fatores que devem ser trabalhados concomitantemente. Isso significa que a intervenção deve abranger não só o adolescente e a sua família, mas toda a rede social na qual ele está inserido. Criou a oportunidade de entrarem em contato com dificuldades institucionais e de alguma forma promover reflexão para possíveis mudanças. Perceberam a importância do embasamento teórico e a necessidade da utilização do método científico na intervenção.
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É espaço fundamental para a problematização do cotidiano, desencadeando novas relações, garantindo a expressão de sentimentos e opiniões, tornando possível a identificação de diferenças e semelhanças nas experiências individuais, facilitando o resgate da autonomia do indivíduo. Toda a ação respaldou-se no Estatuto da Criança e Adolescentes (ECA) referente aos direitos assegurados às crianças e adolescentes e aos deveres impostos às entidades de atendimento. Tanto a Constituição Brasileira, quanto o ECA resgatam princípios que asseguram a cidadania da criança e do adolescente, considerando: crianças e adolescentes como sujeitos de direitos; seus direitos devem ser tratados como prioridade absoluta; crianças e adolescentes devem ser considerados em todas as circunstâncias, seres em desenvolvimento biopsicossocial. Objetivos: a) estabelecer condições para reflexão grupal, possibilitando a conscientização sobre o contexto histórico e social em que vivem e o resgate da auto-estima, de modo que as adolescentes sintam-se responsáveis por suas decisões e ações; b)proporcionar condições para que as adolescentes adquiram maior autonomia, minimizando os resquícios do processo de institucionalização que fortaleceram a dependência, contribuindo para que tornem-se sujeitos de suas próprias vidas. Assim nosso trabalho teve por finalidade facilitar o processo de desligamento gradativo da instituição, buscando a autonomia das adolescentes. O trabalho realizado foi possível através de um convênio entre o CPA da Unesp e uma casa abrigo onde residem cerca de vinte adolescentes entre 12 e 18 anos, afastadas da família por decisão judicial. A metodologia utilizada consistiu em entrevistas individuais visando sensibilização para o trabalho e o processo grupal propriamente dito, utilizando-se técnicas de dinâmica de grupo, vivências e reflexões. Foram realizados dezesseis encontros semanais, contando em média com a presença de 8 adolescentes, entre 16 e 18 anos no início do trabalho, finalizando com 6, em decorrência do desligamento de 2 meninas. Foram realizadas quatro entrevistas individuais com cada participante e quatro encontros institucionais no decorrer do período. Atividades realizadas: estabelecimento de contrato de trabalho com o grupo; integração grupal e auto-conhecimento; desligamento da instituição e definição de metas a curto e médio prazo; dependência e autonomia; autonomia econômica e afetiva; planejamento de atividade externa com definição de tarefas individuais e coletivas; expressão de idéias, opiniões e sentimentos e dificuldades na comunicação; realização de atividades externas; avaliação. Resultados: A participação das adolescentes no processo grupal levou-as à conscientização de vários aspectos relacionados ao seu cotidiano, assim como da necessidade de enfrentar o desligamento institucional, demonstrando possibilidade de agir com maior autonomia frente ao seu desligamento institucional e sua inserção em outros espaços, fundamentalmente a reinserção familiar. No desenvolvimento do projeto encontramos algumas dificuldades, entre elas, uma das principais foi o curto período de tempo que tínhamos para atingir os objetivos propostos. Trata-se de uma população institucionaliza há vários anos, com um alto grau de dependência institucional, portanto com dificuldades de se desligar e de processar mudanças radicais em suas vidas. Apesar de estar em andamento um trabalho da assistente social junto às famílias, com encontros de reaproximação destas com as adolescentes, a possível reinserção das adolescentes na família foi também objeto de muita preocupação, pois foi de lá que foram retiradas por diversos motivos, entre eles: negligência, violência física e abusos de toda ordem (física, sexual, psicológica, etc.). Além dos objetivos explicitados anteriormente, este projeto buscou articular o ensino com as demandas sociais, possibilitando experiências de atendimentos grupais e acompanhamento de atividades externas a alunos quintanistas do Curso de Formação de Psicólogos. Os estagiários realizaram encontros grupais semanais com as adolescentes durante um semestre, desenvolvendo além desta atividade, programa de atendimento grupal à equipe de funcionárias que atuam na instituição, assim como iniciaram processo grupal com pré-adolescentes e adolescentes que começam a chegar no abrigo (na faixa etária entre 10 e 14 anos). Assim, atende-se à demanda social do abrigo e à necessidade de formação de futuros psicólogos na área de Psicologia Social e Comunitária. A oportunidade de participar de um projeto piloto com uma proposta alternativa para se trabalhar com uma de nossas principais demandas sociais foi muito enriquecedora para a formação profissional dos estagiários que puderam perceber que a questão da criança e do adolescente é extremamente complexa e envolve uma série de fatores que devem ser trabalhados concomitantemente. Isso significa que a intervenção deve abranger não só o adolescente e a sua família, mas toda a rede social na qual ele está inserido. Criou a oportunidade de entrarem em contato com dificuldades institucionais e de alguma forma promover reflexão para possíveis mudanças. Perceberam a importância do embasamento teórico e a necessidade da utilização do método científico na intervenção.Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências (FC), Departamento de Psicologia, Bauru, SPUniversidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências (FC), Departamento de Psicologia, Bauru, SPUniversidade Estadual Paulista (Unesp)Universidade Estadual Paulista (Unesp)Martins, Sueli Terezinha Ferreira [UNESP]2017-01-18T15:46:09Z2017-01-18T15:46:09Z2001info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/conferenceObjecthttp://proex.reitoria.unesp.br/congressos/Congressos/1__Congresso/Aten__o_Especial___Crian_a/Trabalho02.htmhttp://hdl.handle.net/11449/148186PROEXreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESPporCongresso de Extensão Universitáriainfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-04-29T15:54:39Zoai:repositorio.unesp.br:11449/148186Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T17:50:57.854451Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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A metodologia utilizada consistiu em entrevistas individuais visando sensibilização para o trabalho e o processo grupal propriamente dito, utilizando-se técnicas de dinâmica de grupo, vivências e reflexões. Foram realizados dezesseis encontros semanais, contando em média com a presença de 8 adolescentes, entre 16 e 18 anos no início do trabalho, finalizando com 6, em decorrência do desligamento de 2 meninas. Foram realizadas quatro entrevistas individuais com cada participante e quatro encontros institucionais no decorrer do período. Atividades realizadas: estabelecimento de contrato de trabalho com o grupo; integração grupal e auto-conhecimento; desligamento da instituição e definição de metas a curto e médio prazo; dependência e autonomia; autonomia econômica e afetiva; planejamento de atividade externa com definição de tarefas individuais e coletivas; expressão de idéias, opiniões e sentimentos e dificuldades na comunicação; realização de atividades externas; avaliação. 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Apesar de estar em andamento um trabalho da assistente social junto às famílias, com encontros de reaproximação destas com as adolescentes, a possível reinserção das adolescentes na família foi também objeto de muita preocupação, pois foi de lá que foram retiradas por diversos motivos, entre eles: negligência, violência física e abusos de toda ordem (física, sexual, psicológica, etc.). Além dos objetivos explicitados anteriormente, este projeto buscou articular o ensino com as demandas sociais, possibilitando experiências de atendimentos grupais e acompanhamento de atividades externas a alunos quintanistas do Curso de Formação de Psicólogos. 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Isso significa que a intervenção deve abranger não só o adolescente e a sua família, mas toda a rede social na qual ele está inserido. Criou a oportunidade de entrarem em contato com dificuldades institucionais e de alguma forma promover reflexão para possíveis mudanças. Perceberam a importância do embasamento teórico e a necessidade da utilização do método científico na intervenção.
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