Desejo virtuoso na Ética a Nicômaco de Aristóteles

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ferreira, Heitor Nelson [UNESP]
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/202884
Resumo: Esta dissertação investiga o problema da formação do desejo virtuoso, que é uma das condições para a aquisição da virtude. O problema surge da interpretação que Aristóteles reconhece o conflito moral da acrasia como conflito entre a razão e o desejo. Consequentemente, tem-se que o filósofo parece também advogar em favor da tese da involuntariedade da virtude, pois é possível ao agente realizar a ação correta de modo não virtuoso, ou seja, não a desejando pelo motivo apropriado. Para se passar ao estado ético é necessário fazê-lo, i.e, é necessário que o agente faça a ação virtuosa virtuosamente, desejando ser virtuoso pela virtude em si mesma, mas Aristóteles limita a atividade racional da deliberação aos meios, excluindo-a em relação aos fins. Se a aquisição da virtude depende da formação do desejo virtuoso, que por sua vez é o desejar pelo motivo apropriado, é preciso entender como isso pode ocorrer considerando a supressão da deliberação sobre os fins. O exame da proposta aristotélica de aquisição de virtude, contudo, mostra que esta quadra-se com a tese que o conhecimento não é condição suficiente para a educação ética, sendo necessário que se constitua o desejo virtuoso, o que postula a possibilidade da passagem ao momento propriamente ético. Também infere-se que o filósofo postula a necessidade da educação do desejo, por considerar que a maioria dos indivíduos não agem virtuosamente, o que atribui à predominância da satisfação dos apetites em detrimento dos desejos conforme à razão.
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