Variação sazonal no tamanho da área de vida de uma ave endêmica de brejos salinos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Adati, Gustavo Thoshio Obayashi [UNESP]
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: https://hdl.handle.net/11449/256771
Resumo: Área de vida (AV) inclui todo o espaço utilizado para a realização das funções de uma espécie; a parte dessa área que é defendida contra indivíduos da mesma espécie, é denominada de território. AV pode variar por sexo do indivíduo, abundância de alimento, comportamento reprodutivo, período reprodutivo, perturbação antrópica e variação climática, por exemplo. Muitas espécies variam a AV em função da sazonalidade climática extrema das maiores latitudes, realizando migrações. Em menores latitudes, a família Thamnophilidae conta com cerca de 250 espécies essencialmente florestais de reduzida capacidade de deslocamento, que não migram e evitam transpor quaisquer interrupções no contínuo florístico. Por serem sedentários, monogâmicos e defensores ativos de territórios, são alvo de estudados sobre o tamanho do território, normalmente constantes em área e localização ao longo do tempo. Um representante da família, Formicivora acutirostris, é exceção, pois vive em brejos salinos dominados por vegetação herbácea alagada diariamente pelas marés altas. No presente estudo, investigamos a AV de casais de F. acutirostris. Hipotetizamos que elas não variam entre o período reprodutivo e não reprodutivo, em razão da constância de insetos e regularidade nos alagamentos, que indisponibilizam diariamente parte do ambiente, forçando ao uso de AVs igualmente grandes nos dois períodos sazonais. O trabalho foi feito na ilha do Jundiaquara (11,6 ha), estuário da baía de Guaratuba, Paraná, sul do Brasil, de abril de 2006 a dezembro de 2008. Anilhamos todos os casais da espécie com combinações únicas de cores, para permitir a identificação somente por observação visual (janeiro–fevereiro 2006). Em março de 2007, verificamos que indivíduos compunham cada casal da espécie. Marcamos a Jundiaquara com estacas georreferenciadas, contendo marcações sequenciais, a cada 25 m, para auxílio na tomada de localizações. Tomamos localizações de cada membro do casal a cada deslocamento de no mínimo 5 m. Avaliamos o esforço amostral pela curva de AV acumulada (todas as localizações), mensurada pelo método do Mínimo Polígono Convexo (MPC). A AV sazonal foi dividida em período reprodutivo (setembro–fevereiro) e não reprodutivo (demais meses). Contabilizamos todas as localizações obtidas nos meses integrantes de cada período, de 2006–2008. Calculamos as AVs pelo método de estimativa de densidade Kernel (KDE), utilizando-se das áreas frequentadas 95% e 50% pelos indivíduos da espécie (doravante, Kernel 95% e 50%). Atribuímos como diâmetro de influência de cada localização o valor resultante de uma análise considerando as distâncias entre localizações de quatro casais, sorteados. Usamos do cálculo de Kernohan para avaliar a porcentagem de sobreposição das AV de cada casal, por período, e do índice de Bhattacharyya para valorar essa sobreposição. Obtivemos 995 localizações de 12 casais de F. acutirostris (503 no período reprodutivo); por casal, obtivemos 43–121 localizações (média de 82,9). As AV acumuladas se estabilizaram por volta de 55 localizações, as quais foram obtidas normalmente no 10º. ou 12º. mês de campo. As AVs 95% variaram de 0,58–1,25 ha (média = 0,91 ha) no período reprodutivo e de 0,65–1,25 ha (média = 0,94 ha) no período não reprodutivo. As AVs 50% variaram de 0,05–0,25 ha (média = 0,14 ha) no período reprodutivo e de 0,04–0,24 ha (média = 0,12 ha) no período não reprodutivo. As AVs não diferiram por período (p = 0,59 para AV 95% e p = 0,49 para AV 50%). O índice de sobreposição das AVs indicou mediana semelhança (95%: 0,49–0,79, média = 0,66; 50%: 0,11–0,86, média = 0,41). Não houve diferença sazonal nas áreas das AVs, corroborando a hipótese. As AVs 50% se sobrepuseram menos do que as AV 95%, talvez por um uso parcialmente diferenciado do ambiente para reproduzir e demais funções após a reprodução. As AVs, contabilizando todas as localizações, foram 8,7–184,6% (média de 55,6%) maiores do que os territórios dos casais, mensurados no mesmo período. Nessas AVs, os casais incorporaram territórios de 1–6 (média = 3) casais vizinhos, o que é notável tendo em vista a ativa defesa que é feita pelos ocupantes. Sugerimos que a densidade da espécie na área de estudo esteja aumentada por um possível deslocamento de indivíduos de áreas adjacentes de menor qualidade ambiental, conforme hipotetizado na literatura. Os casais teriam, então, encolhido seus territórios, mas não suas AVs, que poderiam estar com área semelhante ao momento anterior ao deslocamento de indivíduos. Futuras avaliações em locais com marés altas menores podem revelar menor diferença entre AV e territórios, sugerindo menor efeito da heterogeneidade ambiental e/ou do nível de alagamento.
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Por serem sedentários, monogâmicos e defensores ativos de territórios, são alvo de estudados sobre o tamanho do território, normalmente constantes em área e localização ao longo do tempo. Um representante da família, Formicivora acutirostris, é exceção, pois vive em brejos salinos dominados por vegetação herbácea alagada diariamente pelas marés altas. No presente estudo, investigamos a AV de casais de F. acutirostris. Hipotetizamos que elas não variam entre o período reprodutivo e não reprodutivo, em razão da constância de insetos e regularidade nos alagamentos, que indisponibilizam diariamente parte do ambiente, forçando ao uso de AVs igualmente grandes nos dois períodos sazonais. O trabalho foi feito na ilha do Jundiaquara (11,6 ha), estuário da baía de Guaratuba, Paraná, sul do Brasil, de abril de 2006 a dezembro de 2008. Anilhamos todos os casais da espécie com combinações únicas de cores, para permitir a identificação somente por observação visual (janeiro–fevereiro 2006). Em março de 2007, verificamos que indivíduos compunham cada casal da espécie. Marcamos a Jundiaquara com estacas georreferenciadas, contendo marcações sequenciais, a cada 25 m, para auxílio na tomada de localizações. Tomamos localizações de cada membro do casal a cada deslocamento de no mínimo 5 m. Avaliamos o esforço amostral pela curva de AV acumulada (todas as localizações), mensurada pelo método do Mínimo Polígono Convexo (MPC). A AV sazonal foi dividida em período reprodutivo (setembro–fevereiro) e não reprodutivo (demais meses). Contabilizamos todas as localizações obtidas nos meses integrantes de cada período, de 2006–2008. Calculamos as AVs pelo método de estimativa de densidade Kernel (KDE), utilizando-se das áreas frequentadas 95% e 50% pelos indivíduos da espécie (doravante, Kernel 95% e 50%). Atribuímos como diâmetro de influência de cada localização o valor resultante de uma análise considerando as distâncias entre localizações de quatro casais, sorteados. Usamos do cálculo de Kernohan para avaliar a porcentagem de sobreposição das AV de cada casal, por período, e do índice de Bhattacharyya para valorar essa sobreposição. Obtivemos 995 localizações de 12 casais de F. acutirostris (503 no período reprodutivo); por casal, obtivemos 43–121 localizações (média de 82,9). As AV acumuladas se estabilizaram por volta de 55 localizações, as quais foram obtidas normalmente no 10º. ou 12º. mês de campo. As AVs 95% variaram de 0,58–1,25 ha (média = 0,91 ha) no período reprodutivo e de 0,65–1,25 ha (média = 0,94 ha) no período não reprodutivo. As AVs 50% variaram de 0,05–0,25 ha (média = 0,14 ha) no período reprodutivo e de 0,04–0,24 ha (média = 0,12 ha) no período não reprodutivo. As AVs não diferiram por período (p = 0,59 para AV 95% e p = 0,49 para AV 50%). O índice de sobreposição das AVs indicou mediana semelhança (95%: 0,49–0,79, média = 0,66; 50%: 0,11–0,86, média = 0,41). Não houve diferença sazonal nas áreas das AVs, corroborando a hipótese. As AVs 50% se sobrepuseram menos do que as AV 95%, talvez por um uso parcialmente diferenciado do ambiente para reproduzir e demais funções após a reprodução. As AVs, contabilizando todas as localizações, foram 8,7–184,6% (média de 55,6%) maiores do que os territórios dos casais, mensurados no mesmo período. Nessas AVs, os casais incorporaram territórios de 1–6 (média = 3) casais vizinhos, o que é notável tendo em vista a ativa defesa que é feita pelos ocupantes. Sugerimos que a densidade da espécie na área de estudo esteja aumentada por um possível deslocamento de indivíduos de áreas adjacentes de menor qualidade ambiental, conforme hipotetizado na literatura. Os casais teriam, então, encolhido seus territórios, mas não suas AVs, que poderiam estar com área semelhante ao momento anterior ao deslocamento de indivíduos. Futuras avaliações em locais com marés altas menores podem revelar menor diferença entre AV e territórios, sugerindo menor efeito da heterogeneidade ambiental e/ou do nível de alagamento.Home range (HR) includes all the space used for the functions of a species; the part of this area that is defended against individuals of the same species is called territory. HR can vary by the sex of the individual, food abundance, reproductive behavior, reproductive period, anthropic disturbance, and climatic variation, for example. Many species vary their HR due to extreme climatic seasonality at higher latitudes, undertaking migrations. At lower latitudes, the Thamnophilidae family comprises about 250 essentially forest species with limited movement capacity, which does not migrate and avoid crossing any interruptions in the forest continuum. Because they are sedentary, monogamous, and active defenders of territories, they are the subject of studies on territory size, which is usually constant in area and location over time. A representative of the family, Formicivora acutirostris, is an exception because it lives in salt marshes dominated by herbaceous vegetation flooded daily by high tides. In the present study, we investigated the HR of F. acutirostris pairs. We hypothesized that it does not vary between the reproductive and non-reproductive periods due to the constancy of insects and regularity in flooding, which make part of the environment unavailable daily, forcing the use of equally large HRs in both seasonal periods. The study was conducted on Jundiaquara island (11.6 ha), in the estuary of Guaratuba Bay, Paraná, southern Brazil, from April 2006 to December 2008. We banded all pairs of the species with unique color combinations for identification by visual observation only (January–February 2006). In March 2007, we verified which individuals made up each pair of the species. We marked Jundiaquara with georeferenced stakes, containing sequential markings every 25 m, to aid in location recording. We recorded the locations of each member of the pair at every movement of at least 5 m. We evaluated sampling effort using the accumulated HR curve (all locations), measured by the Minimum Convex Polygon (MCP) method. Seasonal HR was divided into reproductive (September–February) and non-reproductive periods (other months). We counted all locations obtained in the months of each period, from 2006–2008. We calculated HRs using the Kernel Density Estimation (KDE) method, using the areas frequented by individuals of the species 95% and 50% of the time (hereafter, Kernel 95% and 50%). We assigned the influence diameter of each location the value resulting from an analysis considering the distances between locations of four randomly selected pairs. We used Kernohan's calculation to evaluate the percentage of HR overlap of each pair, by period, and Bhattacharyya's index to assess this overlap. We obtained 995 locations from 12 pairs of F. acutirostris (503 in the reproductive period); per couple, we obtained 43–121 locations (mean of 82.9). The accumulated HRs stabilized around 55 number of locations, which were normally obtained by the 10th or 12th month of fieldwork. The 95% HRs ranged from 0.58–1.25 ha (mean = 0.91 ha) in the reproductive period and 0.65–1.25 ha (mean = 0.94 ha) in the non-reproductive period. The 50% HRs ranged from 0.05–0.25 ha (mean = 0.14 ha) in the reproductive period and 0.04–0.24 ha (mean = 0.12 ha) in the non-reproductive period. The HRs did not differ by period (p = 0.59 for 95% HR and p = 0.49 for 50% HR). The HR overlap index indicates median similarity (95%: 0.49–0.79, mean = 0.66; 50%: 0.11–0.86, mean = 0.41). There was no seasonal difference in HR areas, supporting the hypothesis. The 50% HRs overlapped less than the 95% HRs, possibly due to a partially differentiated use of the environment for reproduction from that used for other functions after reproduction. The HRs, accounting for all locations, were 8.7–184.6% (mean of 55.6%) larger than the pairs' territories, measured in the same period. In these HRs, pairs incorporated territories of 1-6 (mean = 3) neighboring pairs, which is notable given the active defense by the occupants. We suggest that the species density in the study area may have increased due to a possible displacement of individuals from adjacent areas of lower environmental quality, as hypothesized in the literature. The pairs would have, then, shrunk their territories but not their HRs, which could resemble the size before the displacement of individuals. Future evaluations in areas with lower high tides may reveal less difference between HR and territories, suggesting a lower effect of environmental heterogeneity and/or flooding level.Universidade Estadual Paulista (Unesp)Bornschein, Marcos Ricardo [UNESP]Guerra, Bruno de MoraisAdati, Gustavo Thoshio Obayashi [UNESP]2024-07-25T01:48:01Z2024-07-25T01:48:01Z2024-07-03info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisapplication/pdfapplication/pdfADATI, G. T. O. Variação sazonal no tamanho da área de vida de uma ave endêmica de brejos salinos. 2024. Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado em Ciências Biológicas com habilitação em Biologia Marinha) - Instituto de Biociências, Campus do Litoral Paulista, Universidade Estadual Paulista, São Vicente, 2024.https://hdl.handle.net/11449/256771porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-07-25T06:11:59Zoai:repositorio.unesp.br:11449/256771Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T19:38:14.731452Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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