Análise da paisagem nos manguezais em áreas urbanas da Baixada Santista

• Autor(a) principal: Appugliese, Enes Maiara
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
• Texto Completo: https://hdl.handle.net/11449/252794
• topic: Análise da paisagem; Cidade sustentável; Favelas de palafita; Manguezais em áreas urbanas; Baixada Santista

O período atual, conhecido como Antropoceno, é caracterizado pelo significativo crescimento populacional e urbano. As cidades sofrem pressão com o crescimento e com as alterações ambientais provocadas como a poluição do ar, solo e água. A demanda por espaço habitável e infraestrutura cresce constantemente, e, devido à falta de alternativas, áreas de grande relevância ambiental acabam sendo ocupadas por favelas. O objetivo deste trabalho é introduzir uma nova perspectiva ao planejamento urbano - o desenvolvimento sustentável, através de diretrizes urbanas paisagísticas. Pensar a cidade de maneira sustentável implica em estabelecer uma conexão harmônica entre o ambiente natural e o ambiente construído, integrando águas, espaços verdes e a vida humana. O foco é aprimorar a habitabilidade e a qualidade de vida, ao mesmo tempo em que se consideram as pportunidades econômicas para os menos favorecidos. Nesse contexto, o estudo de caso se concentra na favela de palafitas Dique da Vila Gilda, situada na cidade de Santos. A localização estratégica de Santos, ao pé da Serra do Mar, e seu contato com o exterior através do porto, contribuíram para torná-la um destaque no cenário brasileiro e global. A partir do século XIX a cidade passa por um rápido crescimento, que foi ainda mais impulsionado posteriormente com a industrialização e o turismo balneário. Contudo, apesar da sua importância econômica e histórica, nada impediu que a partir da década de 50 a paisagem se demonstrasse tão desigual. Enquanto a parte leste da cidade vivenciava uma valorização acentuada do solo com a construção de arranha-céus destinados ao turismo, outra parte do território enfrentava restrições no desenvolvimento urbano. Devido à falta de recursos e apoio governamental surgiram na Zona Noroeste, em terras que dificilmente seriam reivindicadas, as primeiras favelas de palafitas na região do mangue, que mais tarde seriam consideradas uma das maiores da América Latina. Atualmente a região enfrenta problemas como: falta de infraestrutura em saneamento e fornecimento de luz, poluição do solo, dos rios e do mar, baixa qualidade habitacional (desmoronamentos, parasitas, inundações), etc. Além disso, é feito aterramento com entulhos e pneus, única alternativa para as constantes inundações, mas que traz consequências como a perda da biodiversidade e da vida do mangue, além do assoreamento e poluição dos rios e do estuário. Diante dessa realidade, a criação de uma região sustentável ocorrerá por meio de um planejamento integrado e da otimização das infraestruturas em territórios já ocupados. Isso possibilitará a liberação estratégica de territórios verdes para a recuperação dos ecossistemas e a valorização das áreas verdes urbanas. Esse processo será realizado através da urbanização das favelas de palafita, as quais serão interligadas a outros centros da cidade por meio de uma eficaz rede de mobilidade. Ademais, os territórios verdes, também conectados, desempenharão um papel crucial na proteção contra enchentes, assoreamentos, calor urbano e poluição do ar. Ao mesmo tempo, essas áreas proporcionarão acesso a espaços públicos inclusivos e acessíveis, fomentando uma melhor qualidade de vida para a população local.