Quantificação cérvico-vaginal do gene codificante da sialidase de Gardnerella vaginalis e correlação com a taxa de clearance do Papilomavírus Humano em mulheres imunocompetentes.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Belleti, Rafael [UNESP]
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/191857
Resumo: A infecção cervical pelo papilomavírus humano (HPV) é uma das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) mais comuns nas mulheres sexualmente ativas. Os cerca de 40 genótipos de HPV genitais podem ser classificados em HPVs de baixo risco (lrHPV) e alto risco oncogênico (hrHPV). Os genótipos de hrHPV, principalmente os HPV16 e HPV18, quando persistentes, podem levar ao desenvolvimento do câncer de colo do útero e consequentemente à não eliminação viral (clearance). Outros fatores, além do genótipo viral, podem interferir para o clearance como, por exemplo, a presença de vaginose bacteriana, a principal alteração da microbiota vaginal em mulheres em idade reprodutiva. Dentre as espécies bacterianas relacionadas a vaginose, a Gardnerella vaginalis está presente em quase a totalidade dos casos. A G. vaginalis é responsável pela produção da enzima sialidase, um de seus fatores de virulência e está ligada a formação do biofilme, onde estudos recentes sugerem que seu gene codificador (GVSI) esteja associado a persistência do HPV. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi comparar as cargas de G. vaginalis e a frequência do GVSI em amostras cérvico-vaginais de mulheres com HPV16 e/ou HPV18 persistente(s), com aquelas que fizeram o clearance no período de 11 meses após a infecção. De uma coorte de um estudo prévio, foram identificadas 462 mulheres HPV-positivas, das quais foram selecionadas 104 (22,5%) participantes que foram positivas para os genótipos HPV16 e/ou HPV18 no momento da inclusão. As amostras cérvico-vaginais foram obtidas no momento de inclusão e após o follow-up. A partir do resultado do HPV nos dois momentos, as participantes foram alocadas em dois grupos de estudo: “persistência” ou “clearance” do HPV. Foram utilizados lavados cérvico-vaginais para determinar a quantificação do gene 23s rRNA de G. vaginalis e a detecção de GVSI por PCR em tempo real quantitativo (qPCR). Das 104 participantes, 31 (29,8%) eliminaram a infecção por HPV16, HPV18 e outros hrHPVs previamente detectados após 11 meses, enquanto 73 (70,2%) persistiram com pelo menos um dos dois genótipos. Observou-se que a carga de G. vaginalis cervico-vaginal no momento da inclusão foi maior no grupo persistência [9.4E+02 (0-3.0E+05) cópias/uL] quando comparada ao grupo clearance [4.4E+01 (0–7.7E+04) cópias/uL] (p=0,03). Não foi encontrada associação entre a positividade de GVSI no momento da inclusão com o desfecho da infecção por HPV16/HPV18 (p=0,09). Portanto, os achados em relação às cargas de G. vaginalis reforçam o efeito negativo da alteração da microbiota vaginal na eliminação da infecção cervical por HPV de alto risco, entretanto, a positividade para o gene codificante (GVSI) não parece estar associada à persistência do HPV16/HPV18 cervical.
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Outros fatores, além do genótipo viral, podem interferir para o clearance como, por exemplo, a presença de vaginose bacteriana, a principal alteração da microbiota vaginal em mulheres em idade reprodutiva. Dentre as espécies bacterianas relacionadas a vaginose, a Gardnerella vaginalis está presente em quase a totalidade dos casos. A G. vaginalis é responsável pela produção da enzima sialidase, um de seus fatores de virulência e está ligada a formação do biofilme, onde estudos recentes sugerem que seu gene codificador (GVSI) esteja associado a persistência do HPV. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi comparar as cargas de G. vaginalis e a frequência do GVSI em amostras cérvico-vaginais de mulheres com HPV16 e/ou HPV18 persistente(s), com aquelas que fizeram o clearance no período de 11 meses após a infecção. De uma coorte de um estudo prévio, foram identificadas 462 mulheres HPV-positivas, das quais foram selecionadas 104 (22,5%) participantes que foram positivas para os genótipos HPV16 e/ou HPV18 no momento da inclusão. As amostras cérvico-vaginais foram obtidas no momento de inclusão e após o follow-up. A partir do resultado do HPV nos dois momentos, as participantes foram alocadas em dois grupos de estudo: “persistência” ou “clearance” do HPV. Foram utilizados lavados cérvico-vaginais para determinar a quantificação do gene 23s rRNA de G. vaginalis e a detecção de GVSI por PCR em tempo real quantitativo (qPCR). Das 104 participantes, 31 (29,8%) eliminaram a infecção por HPV16, HPV18 e outros hrHPVs previamente detectados após 11 meses, enquanto 73 (70,2%) persistiram com pelo menos um dos dois genótipos. Observou-se que a carga de G. vaginalis cervico-vaginal no momento da inclusão foi maior no grupo persistência [9.4E+02 (0-3.0E+05) cópias/uL] quando comparada ao grupo clearance [4.4E+01 (0–7.7E+04) cópias/uL] (p=0,03). Não foi encontrada associação entre a positividade de GVSI no momento da inclusão com o desfecho da infecção por HPV16/HPV18 (p=0,09). Portanto, os achados em relação às cargas de G. vaginalis reforçam o efeito negativo da alteração da microbiota vaginal na eliminação da infecção cervical por HPV de alto risco, entretanto, a positividade para o gene codificante (GVSI) não parece estar associada à persistência do HPV16/HPV18 cervical.Cervical infection by human papillomavirus (HPV) is one of the most common sexually transmitted infections (STIs) in sexually active women. The approximately 40 genital HPV genotypes can be classified into low-risk HPVs (lrHPV) and high oncogenic risk (hrHPV). The hrHPV genotypes, especially HPV16 and HPV18, when persistent, can lead to the development of cervical cancer and consequently no viral elimination (clearance). Other factors, in addition to the viral genotype, may interfere with clearance, such as, for example, the presence of bacterial vaginosis, the main change in the vaginal microbiota in women of reproductive age. Among bacterial species related to vaginosis, Gardnerella vaginalis is present in almost all cases. G. vaginalis is responsible for the production of the sialidase, one of its virulence factors and is associated to the formation of the biofilm, and recent studies have shown that its encoding gene (GVSI) could be associated with the persistence of HPV. Therefore, the aim of the study was to compare cervicovaginal loads of G. vaginalis and the prevalence of GVSI in women with persistent HPV16 and/or HPV18 infection with those who cleared the infection after 11 months. Of a previous study cohort of 462 HPV-positive women, we enrolled 104 (22.5%) participants who had positive baseline tests for HPV16 and/or HPV18. Upon cohort enrollment, participants answered a questionnaire for assessment of sociodemographic, behavioral and clinical data. Cervicovaginal samples were obtained at baseline and at the follow-up visit. Cervical samples were tested in the two time points for HPV genotyping. Based on the HPV status at follow up, we allocated the participants in the two study groups: HPV ”persistence” or ”clearance”. It was used cervicovaginal fluids to determine the loads of G. vaginalis 23s rRNA gene and the detection of GVSI by quantitative real-time PCR (qPCR). Of the 104 participants, 31 (29.8%) cleared HPV16, HPV18 and hrHPVs infection previously detected after 11 months, while 73 (70.2%) persisted with at least one of the two genotypes. Higher baseline loads of G. vaginalis were observed in persistence group [9.4E+02 (0–3.0E+05) copies/uL] when compared to participants who cleared the infection [4.4E+01 (0–7.7E+04) copies/uL] (p=0.03). No association was found between baseline GVSI-positivity with HPV16/HPV18 infection outcome (p=0.09). Then, the present data reinforce the negative effect of the altered vaginal microbiota in the clearance of high-risk HPV cervical infection through the assessment of G. vaginalis loads. Positivity for sialidase-encoding G. vaginalis does not seem to be associated with persistence of cervical HPV16/HPV18.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)CAPES: 001Universidade Estadual Paulista (Unesp)Marconi, Camila [UNESP]Silva, Márcia Guimarães da [UNESP]Marcolino, Larissa DoddiUniversidade Estadual Paulista (Unesp)Belleti, Rafael [UNESP]2020-03-13T17:32:11Z2020-03-13T17:32:11Z2020-02-20info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/19185700092961833004064056P5porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-09-03T19:03:33Zoai:repositorio.unesp.br:11449/191857Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestrepositoriounesp@unesp.bropendoar:29462024-09-03T19:03:33Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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