O trabalho em Hegel: entre o jogo inaugural da ideia e o saber final do espírito
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNESP |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/11449/214903 |
Resumo: | A presente dissertação de mestrado tem como objetivo apresentar o conceito trabalho (Arbeit) em Hegel, como o termo médio na vida do espírito. A nossa hipótese é de que o trabalho é um dos elementos principais que unifica e mediatiza o homem e o seu outro, o sujeito e o objeto, produz a linguagem e o instrumento que o perfeiçoa. A vida dos homens aperfeiçoada na economia, no direito, na política, no reconhecimento, também são exigências produzidas pelo trabalho. A eticidade, a vida do povo propriamente dita, em suas manifestações artística, religiosa e filosófica é também determinada pelas condições de trabalho. O conceito trabalho, como termo médio, é, aqui, apresentado como o elemento antropogênico da formação da consciência. Nesse sentido, a primeira consideração sobre o trabalho na vida do espírito é o vínculo que se dá na consciência. O lugar do trabalho é essencialmente na consciência porque é a relação vivida no sujeito com o objeto que o nega. Inicialmente, o trabalho é o vínculo na consciência, apenas como termo médio, da qual ele é, ao fim e ao cabo, a promoção espiritual, entre o desejo inaugural e o gozo final do espírito: o que deseja o espírito é, do início ao fim, se satisfazer ou se conhecer objetivamente. Na dimensão objetiva do espírito, o trabalho apresenta o seu aspecto técnico no horizonte social da vida moderna. Tão logo o trabalho que anuncia a riqueza e o poder coloca imediatamente seu contrário e sua negação: a pobreza. Por outro lado, Hegel também percebe que a divisão social do trabalho não se constitui enquanto simples processo de extração e transformação da natureza, mas envolve também uma consciência que evolui, a qual subsiste uma organicidade e uma eticidade. Assim, a ética em sua substancialidade é o reino da liberdade efetivada no momento do Estado. Desse modo, seguindo a nossa hipótese, o conceito trabalho mantém um sentido/significado universal, na medida em que o sentido do trabalho se mantém como uma atividade (Tatigkeit) orientada a um fim (télos). Essa finalidade implícita no trabalho se apresenta, primeiramente, como expressão do espírito subjetivo, na vida interna da consciência que é dotada de vontade. Em seguida, como espírito objetivo, na exteriorização objetiva, isto é, no agir ético e na construção de uma segunda natureza. O movimento do trabalho em-si é verdadeiramente a possibilidade da espiritualização da vida humana, quando ele ultrapassa os limites da simples objetivação das coisas perecíveis, segundo a satisfação de uma consciência natural, quando este trabalho passa ao trabalho da consciência-de-si, quando se aplica ao próprio homem como objeto de si mesmo, reconhecendo a sua verdadeira dimensão espiritual, em uma segunda natureza. Portanto, apresentaremos o conceito trabalho como esse termo médio ou atividade capaz de formar a consciência e o mundo do espírito. Assim, o homem como espírito não se resume no trabalho, mas, por meio dele, se afirma de modo objetivo e absoluto na universalidade da razão ou do pensamento. Ser um espírito é ser vontade pensante no próprio movimento da razão e o trabalho está, portanto, entre o jogo inaugural da ideia transformada em direito até o gozo ou saber final do espírito, a saber, do homem enquanto espírito que se sabe espírito. |
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O trabalho em Hegel: entre o jogo inaugural da ideia e o saber final do espíritoThe work in Hegel: between the inaugural game of the idea and the final knowledge of the spiritHegelTrabalhoPobrezaEspíritoSociedade civil-burguesaEstadoWorkPovertySpiritBourgeois civil societyStateA presente dissertação de mestrado tem como objetivo apresentar o conceito trabalho (Arbeit) em Hegel, como o termo médio na vida do espírito. A nossa hipótese é de que o trabalho é um dos elementos principais que unifica e mediatiza o homem e o seu outro, o sujeito e o objeto, produz a linguagem e o instrumento que o perfeiçoa. A vida dos homens aperfeiçoada na economia, no direito, na política, no reconhecimento, também são exigências produzidas pelo trabalho. A eticidade, a vida do povo propriamente dita, em suas manifestações artística, religiosa e filosófica é também determinada pelas condições de trabalho. O conceito trabalho, como termo médio, é, aqui, apresentado como o elemento antropogênico da formação da consciência. Nesse sentido, a primeira consideração sobre o trabalho na vida do espírito é o vínculo que se dá na consciência. O lugar do trabalho é essencialmente na consciência porque é a relação vivida no sujeito com o objeto que o nega. Inicialmente, o trabalho é o vínculo na consciência, apenas como termo médio, da qual ele é, ao fim e ao cabo, a promoção espiritual, entre o desejo inaugural e o gozo final do espírito: o que deseja o espírito é, do início ao fim, se satisfazer ou se conhecer objetivamente. Na dimensão objetiva do espírito, o trabalho apresenta o seu aspecto técnico no horizonte social da vida moderna. Tão logo o trabalho que anuncia a riqueza e o poder coloca imediatamente seu contrário e sua negação: a pobreza. Por outro lado, Hegel também percebe que a divisão social do trabalho não se constitui enquanto simples processo de extração e transformação da natureza, mas envolve também uma consciência que evolui, a qual subsiste uma organicidade e uma eticidade. Assim, a ética em sua substancialidade é o reino da liberdade efetivada no momento do Estado. Desse modo, seguindo a nossa hipótese, o conceito trabalho mantém um sentido/significado universal, na medida em que o sentido do trabalho se mantém como uma atividade (Tatigkeit) orientada a um fim (télos). Essa finalidade implícita no trabalho se apresenta, primeiramente, como expressão do espírito subjetivo, na vida interna da consciência que é dotada de vontade. Em seguida, como espírito objetivo, na exteriorização objetiva, isto é, no agir ético e na construção de uma segunda natureza. O movimento do trabalho em-si é verdadeiramente a possibilidade da espiritualização da vida humana, quando ele ultrapassa os limites da simples objetivação das coisas perecíveis, segundo a satisfação de uma consciência natural, quando este trabalho passa ao trabalho da consciência-de-si, quando se aplica ao próprio homem como objeto de si mesmo, reconhecendo a sua verdadeira dimensão espiritual, em uma segunda natureza. Portanto, apresentaremos o conceito trabalho como esse termo médio ou atividade capaz de formar a consciência e o mundo do espírito. Assim, o homem como espírito não se resume no trabalho, mas, por meio dele, se afirma de modo objetivo e absoluto na universalidade da razão ou do pensamento. Ser um espírito é ser vontade pensante no próprio movimento da razão e o trabalho está, portanto, entre o jogo inaugural da ideia transformada em direito até o gozo ou saber final do espírito, a saber, do homem enquanto espírito que se sabe espírito.This master's thesis aims to present the concept of work (Arbeit) in Hegel, as the middle term in the life of the spirit. Our hypothesis is that work is one of the main elements that unifies and mediates man and his other, subject and object, produces the language and the instrument that perfects him. Men's lives improved in economics, in law, in politics, in recognition, are also demands produced by work. Ethical life, the life of the people itself, in its artistic, religious and philosophical manifestations is also determined by working conditions. The concept of work, as a middle term, is here presented as the anthropogenic element in the formation of consciousness. In this sense, the first consideration about the work in the life of the spirit is the link that takes place in the conscience. The place of work is essentially in consciousness because it is the relationship experienced in the subject with the object that denies it. Initially, work is the link in consciousness, just as a middle term, of which it is, in the end, the spiritual promotion, between the inaugural desire and the final enjoyment of the spirit: what the spirit desires is, from the beginning in the end, satisfy yourself or objectively know yourself. In the objective dimension of the spirit, the work presents its technical aspect in the social horizon of modern life. As soon as the work that announces wealth and power immediately puts its opposite and its negation: poverty. On the other hand, Hegel also realizes that the social division of labor is not a simple process of extracting and transforming nature, but also involves an evolving consciousness, which subsists on an organic and ethical basis. Thus, ethics in its substantiality is the realm of freedom effected at the time of the State. Thus, following our hypothesis, the concept of work maintains a universal sense/meaning, insofar as the sense of work remains as an activity (Tatigkeit) oriented towards an end (telos). This purpose implicit in the work presents itself, first, as an expression of the subjective spirit, in the inner life of the consciousness that is endowed with will. Then, as an objective spirit, in objective exteriorization, that is, in ethical action and in the construction of a second nature. The movement of work in itself is truly the possibility of the spiritualization of human life, when it goes beyond the limits of the simple objectification of perishable things, according to the satisfaction of a natural conscience, when this work passes to the work of self-consciousness, when it applies to man himself as an object of himself, recognizing his true spiritual dimension, in a second nature. Therefore, we will present the concept of work as that middle term or activity capable of forming consciousness and the world of the spirit. Thus, man as a spirit is not limited to work, but, through it, affirms himself in an objective and absolute way in the universality of reason or thought. To be a spirit is to be a thinking will in the very movement of reason and work is, therefore, between the inaugural game of the idea, transformed into law, until the ultimate jouissance or knowledge of the spirit, namely, of man as a spirit who knows himself to be spirit .Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)Universidade Estadual Paulista (Unesp)Novelli, Pedro Geraldo Aparecido [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Aramor, Marlon Henrique2021-10-27T12:44:43Z2021-10-27T12:44:43Z2021-06-30info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/21490333004110041P1porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-08-13T17:50:29Zoai:repositorio.unesp.br:11449/214903Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-13T17:50:29Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false |
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