Lugar de homem é na cozinha? um estudo sobre a organização do trabalho doméstico em uniões gays

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Carvalho, Marco Aurélio de [UNESP]
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/192423
Resumo: A família, o reconhecimento de direitos da população LGBTQI+, a educação sexual e o gênero têm sido alvos de debates acalorados ao longo dos últimos anos, que giram em torno principalmente do questionamento de uma visão essencialista acerca da família e dos papéis de homens e mulheres na sociedade. Com a família e o gênero no centro dessas discussões, essa pesquisa tem como proposta investigar os sentidos atribuídos por casais gays cisgênero aos papéis que desempenham no trabalho doméstico. O trabalho doméstico tem sido um objeto de estudo útil para discutir as relações de gênero, no entanto, as pesquisas sobre papéis nas tarefas domésticas ainda são dominadas pela cisheteronormatividade. Nossa pesquisa com casais gays cisgêneros, a partir do referencial teórico da filósofa Judith Butler, se propõe a discutir e questionar estereótipos de gênero para além de um suposto destino anatômico, pretendendo ser uma contribuição para a educação sexual e os estudos de gênero. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de campo em que foram entrevistados três casais gays do interior do Estado de São Paulo. Após a coleta de dados foi realizada uma análise de conteúdo temática que resultou nas categorias: 1) divisão de tarefas cotidianas em função do companheirismo; 2) realização das tarefas diárias por necessidade; e 3) atividades e papéis reproduzidos a partir dos modelos da família de origem. A discussão aponta para a ideia de uma gestão de tarefas domésticas em casais gays ao invés da tradicional divisão sexual do trabalho doméstico em uniões heterossexuais, uma vez que a atribuição de papéis não ocorre por força de aspectos relacionados a estereótipos de gênero. Conclui-se que os casais entrevistados organizam o trabalho doméstico de forma não estereotipada, diferentemente do modelo imposto pelo regime cisheteronormativo.
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