Caracterização de exopolissacarídeos solúveis e insolúveis de biofilmes mistos de Streptococcus mutans e Candida albicans via análises espectroscópicas

• Autor(a) principal: Constantino, Vanessa Coronato Nogueira
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/235475
• topic: Biofilmes; Polissacarídeos; Matriz extracelular; Biofilms; Polysaccharides; Extracellular matrix

A cárie dentária é um problema de saúde pública mundial gerada por um biofilme oral patogênico resultante de uma dieta rica em açúcares. A construção desse biofilme patogênico depende da formação da matriz extracelular (MEC). A partir da adesão e co-agregação de microrganismos na película salivar, os mesmos usam a sacarose da dieta para produção de ácidos e de diversos polímeros de carboidratos denominados exopolissacarídeos (EPS), que são os principais componentes da matriz extracelular. Os principais exopolissacarídeos são glucanos. Com o passar do tempo, os microrganismos presentes no biofilme produzem ácidos que levam à desmineralização da superfície dentária, ou seja, causam as lesões de cárie. Candida albicans tem sido encontrada em associação com S. mutans em biofilmes de lesões de cárie de rápida progressão. Um modelo in vitro demonstrou que a formação do biofilme com a associação destes microrganismos possui uma maior quantidade de MEC, principalmente os exopolissacarídeos insolúveis, quando comparados com um biofilme simples. Streptococcus mutans produz predominantemente glucanos com ligações glicosídicas do tipo α-glucanos, enquanto Candida albicans, β-glucanos. Dependendo do carbono utilizado para a ligação destes glucanos para formação dos exopolissacarídeos, observa-se características solúveis, com ligações α ou β do tipo 1,6-glucano, e insolúveis, com ligações α ou β do tipo 1,3-glucano principalmente. Porém, ainda são desconhecidas quais as características de exopolissacarídeos (proporção e tipos de ligações glicosídicas) na MEC de biofilme misto de S. mutans e C. albicans. Então, o objetivo desse trabalho foi caracterizar os exopolissacarídeos solúveis e insolúveis de biofilmes mistos de S. mutans e C. albicans via análises espectroscópicas. Foi realizada a formação dos biofilmes in vitro de S. mutans UA159 e C. albicans SC5314 sobre 24 discos de hidroxiapatita contendo película salivar (CEP: 31725114.8.0000.5416). O meio de cultura utilizado durante a formação do biofilme foi o triptona com extrato de levedura suplementado com 1% de sacarose, sobre discos em posição vertical em placas de 24 poços. O inóculo do biofilme foi semeado em ágar sangue como forma de controle. Foram realizadas trocas de meio de cultura nos tempos de 19 e 27 horas. Ao completar 43 horas de desenvolvimento, os biofilmes foram removidos e uma porção foi semeada em ágar sangue. Os biofilmes foram processados para extração dos exopolissacarídeos solúveis e insolúveis em água. O método colorimétrico usado para a quantificação desses polímeros da matriz foi o fenol-ácido sulfúrico. A produção de exopolissacarídeos insolúveis superou significantemente a dos solúveis. Foram realizados 4 testes, sendo encontrado uma média de 3,95 mg de exopolissacarídeos solúveis e 9,44 mg de exopolissacarídeos insolúveis. A proteção dos microrganismos embebidos na matriz favorece a maturação do biofilme, tornando-o um potencial foco de desmineralização dental. Reduzir de alguma forma a organização deste tipo de biofilme depende em ter ciência desta alta produção de matriz e sua característica insolúvel. Este conhecimento pode ser usado para focar em princípios ativos que diminuam ou dificultem a produção desse tipo de matriz. Uma etapa a ser realizada ainda é a identificação dos tipos de ligações glicosídicas predominantes nos exopolissacarídeos isolados da matriz dos biofilmes.