O papel das áreas alagáveis nos padrões de diversidade de espécies arbóreas na Amazônia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Luize, Bruno Garcia [UNESP]
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: eng
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/191494
Resumo: Áreas úmidas são ambientes na interface terrestre e aquática, onde sazonalmente a disponibilidade de água pode estar em excesso ou em escassez. A história geológica da bacia amazônica está intimamente relacionada com a presença de áreas úmidas em grandes extensões espaciais e temporais e em variadas tipologias. Dentre as tipologias de áreas úmidas presentes na Amazônia as áreas alagáveis ao longo das planícies de inundação dos grandes rios são possivelmente as que possuem maior extensão territorial. Esta tese aborda o papel das áreas úmidas para a diversidade de árvores na Amazônia. As florestas que crescem em áreas úmidas possuem menor diversidade de espécies arbóreas em relação às florestas em ambientes terrestres (i.e., florestas de terra-firme); possivelmente devido às limitações ecológicas e fisiológicas relacionadas a saturação hídrica do solo e as inundações periódicas. Entretanto, nas áreas úmidas da Amazônia já foram registradas 3,515 espécies de árvores (Capítulo 2), uma quantidade comparável à da diversidade na Floresta Atlântica. Em relação às florestas de terra-firme da Amazônia, as espécies de árvores que ocorrem em áreas úmidas tendem a apresentar maiores áreas de distribuição e amplitudes de tolerâncias de nicho ao longo da região Neotropical (Capítulo 3). A composição florística e a distância filogenética entre espécies arbóreas nas florestas de várzea da Amazônia central mudam amplamente entre localidades (Capítulo 4). O gradiente ambiental contido entre as manchas de floresta de várzea foi o fator preponderante para explicar a distância filogenética entre florestas, enquanto que a composição das espécies é influenciada principalmente pelas distâncias geográficas entre as localidades. Além disso, geralmente as espécies relativamente mais abundantes são as que apresentam maiores quantidades de associações de co-ocorrência (Capítulo 5). A estruturação destas co-ocorrências pode ser influenciada por interações bióticas de facilitação e de competição entre as espécies, mas também por características similares do nicho das espécies, indicada pela proximidade evolutiva entre elas. E ainda, por dispersão limitada, indicada por maiores ou menores sobreposições na distribuição geográfica das espécies. Uma das limitações do estudo da diversidade biológica está relacionada com o uso das espécies como unidade básica de análise. Para árvores em florestas tropicais nem sempre é possível distinguir espécies como unidades discretas. A carência de estruturas diagnósticas nas coletas botânicas, a baixa representatividade das variações fenotípicas entre os indivíduos de uma espécie nas coleções botânicas e as variações fenotípicas crípticas existentes entre espécies proximamente aparentadas são fatores que dificultam a descrição da diversidade em nível de espécie. O código de barras de DNA é apresentado como uma técnica promissora para diminuir a lacuna causada pela dificuldade na identificação das espécies com divergência recente como na família Lecythidaceae em florestas de várzea e terra firme na Amazônia central (Capítulo 6). Nesta tese nós estudamos a influência das áreas úmidas na a origem e manutenção da diversidade de árvores nas florestas da Amazônia e concluímos que estes ambientes promovem diferenças nas características ecológicas das espécies arbóreas e heterogeneidade biótica na região.
id UNSP_c2c882e4429806b6dfbcbffbccacf7b3
oai_identifier_str oai:repositorio.unesp.br:11449/191494
network_acronym_str UNSP
network_name_str Repositório Institucional da UNESP
repository_id_str 2946
spelling O papel das áreas alagáveis nos padrões de diversidade de espécies arbóreas na AmazôniaThe role of wetlands on Amazonian tree species diversity patternsConjunto de espéciesÁrea de distribuição geográficaAmplitude de nichoTolerância ambientalDiversidade betaDiversidade filogenéticaCo-ocorrência de espéciesMontagem de comunidadesCódigo de barras de DNAÁreas úmidasDispersãoEcologia de comunidadesBiogeografiaBiodiversidadeAmazôniaSpecies poolRange sizeSpecies distributionNiche breadthEnvironmental tolerancesBeta-diversityPhylogenetic beta-diversitySpecies co-occurrencesCommunity assemblyDNA barcodeWetlandsDispersalCommunity ecologyBiogeographyBiodiversityAmazoniaÁreas úmidas são ambientes na interface terrestre e aquática, onde sazonalmente a disponibilidade de água pode estar em excesso ou em escassez. A história geológica da bacia amazônica está intimamente relacionada com a presença de áreas úmidas em grandes extensões espaciais e temporais e em variadas tipologias. Dentre as tipologias de áreas úmidas presentes na Amazônia as áreas alagáveis ao longo das planícies de inundação dos grandes rios são possivelmente as que possuem maior extensão territorial. Esta tese aborda o papel das áreas úmidas para a diversidade de árvores na Amazônia. As florestas que crescem em áreas úmidas possuem menor diversidade de espécies arbóreas em relação às florestas em ambientes terrestres (i.e., florestas de terra-firme); possivelmente devido às limitações ecológicas e fisiológicas relacionadas a saturação hídrica do solo e as inundações periódicas. Entretanto, nas áreas úmidas da Amazônia já foram registradas 3,515 espécies de árvores (Capítulo 2), uma quantidade comparável à da diversidade na Floresta Atlântica. Em relação às florestas de terra-firme da Amazônia, as espécies de árvores que ocorrem em áreas úmidas tendem a apresentar maiores áreas de distribuição e amplitudes de tolerâncias de nicho ao longo da região Neotropical (Capítulo 3). A composição florística e a distância filogenética entre espécies arbóreas nas florestas de várzea da Amazônia central mudam amplamente entre localidades (Capítulo 4). O gradiente ambiental contido entre as manchas de floresta de várzea foi o fator preponderante para explicar a distância filogenética entre florestas, enquanto que a composição das espécies é influenciada principalmente pelas distâncias geográficas entre as localidades. Além disso, geralmente as espécies relativamente mais abundantes são as que apresentam maiores quantidades de associações de co-ocorrência (Capítulo 5). A estruturação destas co-ocorrências pode ser influenciada por interações bióticas de facilitação e de competição entre as espécies, mas também por características similares do nicho das espécies, indicada pela proximidade evolutiva entre elas. E ainda, por dispersão limitada, indicada por maiores ou menores sobreposições na distribuição geográfica das espécies. Uma das limitações do estudo da diversidade biológica está relacionada com o uso das espécies como unidade básica de análise. Para árvores em florestas tropicais nem sempre é possível distinguir espécies como unidades discretas. A carência de estruturas diagnósticas nas coletas botânicas, a baixa representatividade das variações fenotípicas entre os indivíduos de uma espécie nas coleções botânicas e as variações fenotípicas crípticas existentes entre espécies proximamente aparentadas são fatores que dificultam a descrição da diversidade em nível de espécie. O código de barras de DNA é apresentado como uma técnica promissora para diminuir a lacuna causada pela dificuldade na identificação das espécies com divergência recente como na família Lecythidaceae em florestas de várzea e terra firme na Amazônia central (Capítulo 6). Nesta tese nós estudamos a influência das áreas úmidas na a origem e manutenção da diversidade de árvores nas florestas da Amazônia e concluímos que estes ambientes promovem diferenças nas características ecológicas das espécies arbóreas e heterogeneidade biótica na região.Wetlands are in the interface of terrestrial and aquatic environments, where seasonally water availability may be in excess or scarcity. Geological history of Amazon basin is closely linked with a huge temporal and spatial extents of wetlands. Nowadays, floodplains (i.e., Vázea and Igapó) are the wetlands with greatest coverage in Amazon. The present thesis is focused on the role of wetlands to tree species diversity in Amazon. Wetland forests have lower tree species diversity than upland forests (i.e., Terra-Firme); most likely due to ecological and physiological limitations. Notwithstanding, in Amazonian wetland forests 3,515 tree species already were recorded, (Chapter 2), which is comparable to tree species diversity in the Atlantic Forest. Wetland tree species show greater ranges sizes and niche breadth compared to tree species do not occur in wetlands (Chapter 3). Floristic compositional turnover and phylogenetic distances between floodplain forests in Central Amazon is high (Chapter 4). The most influential driver of floristic compositional turnover was the geographic distances between localities, whereas phylogenetic distances is driven mainly by the environmental gradients between forests. Furthermore, in general, the most abundant species are those that shows greater co-occurrence associations (Chapter 5). Co-occurrence structure is influenced by biotic interactions like facilitation and competition among species, but also by niche similarities indicated in the evolutionary distance among them. Moreover, dispersal limitation suggested by species range overlap is another factor structuring species pairs co-occurrences. One of the limitations of biological diversity studies is the use of species as basic unities of evaluation. However, sometimes it is impossible distinguish tree species in tropical forests as discrete unities. The lack of diagnosis characters in botanical collections, low representativity of phenotypic variation, and cryptic character variation between close related species were factors that beset species delimitation. DNA barcode is presented as a promising technique to reduce the identification shortfall of recent diverging Lecythidaceae species occurring in várzea and terra-firme forests of Central Amazon (Chapter 6). At this thesis we studied the role of wetlands on the origin and maintenance of tree species diversity in Amazonian forests, and we conclude that wetlands promote changes in ecological features of tree species and generates biotic heterogeneity in the region.Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)FAPESP: 2015/24554-0FAPESP: 2017/22233-8FAPESP: 2018/23532-1MCT/CNPq/CT-INFRA/GEOMA: 382728/2010Universidade Estadual Paulista (Unesp)Silva, Clarisse Palma da [UNESP]Silva, Thiago Sanna Freire [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Luize, Bruno Garcia [UNESP]2020-01-30T17:26:09Z2020-01-30T17:26:09Z2019-12-13info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/19149400092866633004137067P1enginfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2023-11-09T06:07:51Zoai:repositorio.unesp.br:11449/191494Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T17:12:19.336728Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
dc.title.none.fl_str_mv O papel das áreas alagáveis nos padrões de diversidade de espécies arbóreas na Amazônia
The role of wetlands on Amazonian tree species diversity patterns
title O papel das áreas alagáveis nos padrões de diversidade de espécies arbóreas na Amazônia
spellingShingle O papel das áreas alagáveis nos padrões de diversidade de espécies arbóreas na Amazônia
Luize, Bruno Garcia [UNESP]
Conjunto de espécies
Área de distribuição geográfica
Amplitude de nicho
Tolerância ambiental
Diversidade beta
Diversidade filogenética
Co-ocorrência de espécies
Montagem de comunidades
Código de barras de DNA
Áreas úmidas
Dispersão
Ecologia de comunidades
Biogeografia
Biodiversidade
Amazônia
Species pool
Range size
Species distribution
Niche breadth
Environmental tolerances
Beta-diversity
Phylogenetic beta-diversity
Species co-occurrences
Community assembly
DNA barcode
Wetlands
Dispersal
Community ecology
Biogeography
Biodiversity
Amazonia
title_short O papel das áreas alagáveis nos padrões de diversidade de espécies arbóreas na Amazônia
title_full O papel das áreas alagáveis nos padrões de diversidade de espécies arbóreas na Amazônia
title_fullStr O papel das áreas alagáveis nos padrões de diversidade de espécies arbóreas na Amazônia
title_full_unstemmed O papel das áreas alagáveis nos padrões de diversidade de espécies arbóreas na Amazônia
title_sort O papel das áreas alagáveis nos padrões de diversidade de espécies arbóreas na Amazônia
author Luize, Bruno Garcia [UNESP]
author_facet Luize, Bruno Garcia [UNESP]
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Silva, Clarisse Palma da [UNESP]
Silva, Thiago Sanna Freire [UNESP]
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
dc.contributor.author.fl_str_mv Luize, Bruno Garcia [UNESP]
dc.subject.por.fl_str_mv Conjunto de espécies
Área de distribuição geográfica
Amplitude de nicho
Tolerância ambiental
Diversidade beta
Diversidade filogenética
Co-ocorrência de espécies
Montagem de comunidades
Código de barras de DNA
Áreas úmidas
Dispersão
Ecologia de comunidades
Biogeografia
Biodiversidade
Amazônia
Species pool
Range size
Species distribution
Niche breadth
Environmental tolerances
Beta-diversity
Phylogenetic beta-diversity
Species co-occurrences
Community assembly
DNA barcode
Wetlands
Dispersal
Community ecology
Biogeography
Biodiversity
Amazonia
topic Conjunto de espécies
Área de distribuição geográfica
Amplitude de nicho
Tolerância ambiental
Diversidade beta
Diversidade filogenética
Co-ocorrência de espécies
Montagem de comunidades
Código de barras de DNA
Áreas úmidas
Dispersão
Ecologia de comunidades
Biogeografia
Biodiversidade
Amazônia
Species pool
Range size
Species distribution
Niche breadth
Environmental tolerances
Beta-diversity
Phylogenetic beta-diversity
Species co-occurrences
Community assembly
DNA barcode
Wetlands
Dispersal
Community ecology
Biogeography
Biodiversity
Amazonia
description Áreas úmidas são ambientes na interface terrestre e aquática, onde sazonalmente a disponibilidade de água pode estar em excesso ou em escassez. A história geológica da bacia amazônica está intimamente relacionada com a presença de áreas úmidas em grandes extensões espaciais e temporais e em variadas tipologias. Dentre as tipologias de áreas úmidas presentes na Amazônia as áreas alagáveis ao longo das planícies de inundação dos grandes rios são possivelmente as que possuem maior extensão territorial. Esta tese aborda o papel das áreas úmidas para a diversidade de árvores na Amazônia. As florestas que crescem em áreas úmidas possuem menor diversidade de espécies arbóreas em relação às florestas em ambientes terrestres (i.e., florestas de terra-firme); possivelmente devido às limitações ecológicas e fisiológicas relacionadas a saturação hídrica do solo e as inundações periódicas. Entretanto, nas áreas úmidas da Amazônia já foram registradas 3,515 espécies de árvores (Capítulo 2), uma quantidade comparável à da diversidade na Floresta Atlântica. Em relação às florestas de terra-firme da Amazônia, as espécies de árvores que ocorrem em áreas úmidas tendem a apresentar maiores áreas de distribuição e amplitudes de tolerâncias de nicho ao longo da região Neotropical (Capítulo 3). A composição florística e a distância filogenética entre espécies arbóreas nas florestas de várzea da Amazônia central mudam amplamente entre localidades (Capítulo 4). O gradiente ambiental contido entre as manchas de floresta de várzea foi o fator preponderante para explicar a distância filogenética entre florestas, enquanto que a composição das espécies é influenciada principalmente pelas distâncias geográficas entre as localidades. Além disso, geralmente as espécies relativamente mais abundantes são as que apresentam maiores quantidades de associações de co-ocorrência (Capítulo 5). A estruturação destas co-ocorrências pode ser influenciada por interações bióticas de facilitação e de competição entre as espécies, mas também por características similares do nicho das espécies, indicada pela proximidade evolutiva entre elas. E ainda, por dispersão limitada, indicada por maiores ou menores sobreposições na distribuição geográfica das espécies. Uma das limitações do estudo da diversidade biológica está relacionada com o uso das espécies como unidade básica de análise. Para árvores em florestas tropicais nem sempre é possível distinguir espécies como unidades discretas. A carência de estruturas diagnósticas nas coletas botânicas, a baixa representatividade das variações fenotípicas entre os indivíduos de uma espécie nas coleções botânicas e as variações fenotípicas crípticas existentes entre espécies proximamente aparentadas são fatores que dificultam a descrição da diversidade em nível de espécie. O código de barras de DNA é apresentado como uma técnica promissora para diminuir a lacuna causada pela dificuldade na identificação das espécies com divergência recente como na família Lecythidaceae em florestas de várzea e terra firme na Amazônia central (Capítulo 6). Nesta tese nós estudamos a influência das áreas úmidas na a origem e manutenção da diversidade de árvores nas florestas da Amazônia e concluímos que estes ambientes promovem diferenças nas características ecológicas das espécies arbóreas e heterogeneidade biótica na região.
publishDate 2019
dc.date.none.fl_str_mv 2019-12-13
2020-01-30T17:26:09Z
2020-01-30T17:26:09Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/11449/191494
000928666
33004137067P1
url http://hdl.handle.net/11449/191494
identifier_str_mv 000928666
33004137067P1
dc.language.iso.fl_str_mv eng
language eng
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Estadual Paulista (Unesp)
publisher.none.fl_str_mv Universidade Estadual Paulista (Unesp)
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UNESP
instname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)
instacron:UNESP
instname_str Universidade Estadual Paulista (UNESP)
instacron_str UNESP
institution UNESP
reponame_str Repositório Institucional da UNESP
collection Repositório Institucional da UNESP
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1808128771377594368