Construções completivas de manipulação interpessoal na história do português
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNESP |
Texto Completo: | https://hdl.handle.net/11449/256809 |
Resumo: | Esta tese tem como tema a manipulação interpessoal, aqui considerada de domínio semântico-pragmático diferente do de causação e entendida como ação social, regida pela Dinâmica de Forças, sob a qual Manipulador e Manipulado, de diferentes status social e forças interpsicológicas, agem em direção ao completamento do ato manipulativo expresso por construções complexas compostas de oração matriz e subordinada. Esse entendimento ampara-se em três bases epistemológicas: gramatical (Dixon, 2010; Givón, 1975; 2001; inter alia), cognitiva (Lakoff; Johnson, 1999; 2003; Talmy, 2000; inter alia) e antropológica (Enfield, 2008; 2013; Enfield; Sidnell, 2017; Tomasello, 2008; inter alia). O principal objetivo do trabalho é o de realizar um mapeamento diacrônico dessas construções nos períodos arcaico (séculos XIII-XV), médio (séculos XVI-XVII) e brasileiro moderno (séculos XVIII-XX) do português, adotando-se as premissas teórico-metodológicas da Gramática de Construções Diacrônica (Barðdal; Gildea, 2015; Sommerer; Smirnova, 2020; Traugott; Trousdale, 2021; Hilpert, 2021; Gildea; Barðdal; 2023; inter alia) e das Redes multidimensionais e dinâmicas (Diessel, 2019; 2023). A pesquisa é motivada pela verificação de duas hipóteses: a primeira prevê uma trajetória de mudança gradual de microconstruções com subordinadas finitas a microconstruções com subordinada infinitivas, possível de ser captada pela mudança do grau de integração sentencial envolvendo oração matriz e subordinada; a segunda, em direção contrária, sustenta a estabilidade diacrônica das microconstruções manipulativas, pelo fato de a manipulação constituir um primitivo das relações interpessoais. Metodologicamente, para o alcance do objetivo proposto e verificação das hipóteses, a pesquisa é empiricamente embasada em dados de uso efetivo da língua, extraídos de um corpus histórico composto por gêneros textuais variados e representativos das três sincronias do português, mediante o controle de parâmetros de análise previamente definidos e relevantes para a caracterização das construções. Os resultados do mapeamento diacrônico corroboram a segunda hipótese, sob a qual se atesta, ao longo da história, a existência de nove microconstruções manipulativas, cujas orações completivas nos formatos finito e infinitivo, correlacionam-se aos imperativos semântico-pragmáticos de ordem, instrução, permissão e proibição. Esse resultado aponta que microconstruções manipulativas são estáveis na história do português, com raríssimas inovações. Além disso, destaca-se o papel do status social dos participantes do ato manipulativo como parte essencial da composição do significado da construção. No confronto dos objetivos, da hipótese validada e dos resultados, a conclusão é a de que a manipulação interpessoal se vincula às esferas social, porque inclui os status dos Agentes em interação, cognitiva, porque mostra como se conceptualizam e se processam os imperativos manipulativos, e gramatical, porque identifica uma codificação linguística estável por meio de construções finitas e infinitivas, que expressam os cenários bem-sucedido e pretendido do ato manipulativo. |
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Construções completivas de manipulação interpessoal na história do portuguêsInterpersonal manipulative complement constructions in the history of portugueseManipulação interpessoalSubordinaçãoGramática de Construções DiacrônicaHistória do portuguêsInterpersonal manipulationSubordinationDiachronic construction grammarHistory of portugueseEsta tese tem como tema a manipulação interpessoal, aqui considerada de domínio semântico-pragmático diferente do de causação e entendida como ação social, regida pela Dinâmica de Forças, sob a qual Manipulador e Manipulado, de diferentes status social e forças interpsicológicas, agem em direção ao completamento do ato manipulativo expresso por construções complexas compostas de oração matriz e subordinada. Esse entendimento ampara-se em três bases epistemológicas: gramatical (Dixon, 2010; Givón, 1975; 2001; inter alia), cognitiva (Lakoff; Johnson, 1999; 2003; Talmy, 2000; inter alia) e antropológica (Enfield, 2008; 2013; Enfield; Sidnell, 2017; Tomasello, 2008; inter alia). O principal objetivo do trabalho é o de realizar um mapeamento diacrônico dessas construções nos períodos arcaico (séculos XIII-XV), médio (séculos XVI-XVII) e brasileiro moderno (séculos XVIII-XX) do português, adotando-se as premissas teórico-metodológicas da Gramática de Construções Diacrônica (Barðdal; Gildea, 2015; Sommerer; Smirnova, 2020; Traugott; Trousdale, 2021; Hilpert, 2021; Gildea; Barðdal; 2023; inter alia) e das Redes multidimensionais e dinâmicas (Diessel, 2019; 2023). A pesquisa é motivada pela verificação de duas hipóteses: a primeira prevê uma trajetória de mudança gradual de microconstruções com subordinadas finitas a microconstruções com subordinada infinitivas, possível de ser captada pela mudança do grau de integração sentencial envolvendo oração matriz e subordinada; a segunda, em direção contrária, sustenta a estabilidade diacrônica das microconstruções manipulativas, pelo fato de a manipulação constituir um primitivo das relações interpessoais. Metodologicamente, para o alcance do objetivo proposto e verificação das hipóteses, a pesquisa é empiricamente embasada em dados de uso efetivo da língua, extraídos de um corpus histórico composto por gêneros textuais variados e representativos das três sincronias do português, mediante o controle de parâmetros de análise previamente definidos e relevantes para a caracterização das construções. Os resultados do mapeamento diacrônico corroboram a segunda hipótese, sob a qual se atesta, ao longo da história, a existência de nove microconstruções manipulativas, cujas orações completivas nos formatos finito e infinitivo, correlacionam-se aos imperativos semântico-pragmáticos de ordem, instrução, permissão e proibição. Esse resultado aponta que microconstruções manipulativas são estáveis na história do português, com raríssimas inovações. Além disso, destaca-se o papel do status social dos participantes do ato manipulativo como parte essencial da composição do significado da construção. No confronto dos objetivos, da hipótese validada e dos resultados, a conclusão é a de que a manipulação interpessoal se vincula às esferas social, porque inclui os status dos Agentes em interação, cognitiva, porque mostra como se conceptualizam e se processam os imperativos manipulativos, e gramatical, porque identifica uma codificação linguística estável por meio de construções finitas e infinitivas, que expressam os cenários bem-sucedido e pretendido do ato manipulativo.This thesis explores interpersonal manipulation as distinct from causation, viewing it as a social action governed by Force Dynamics. In this context, Manipulator and Manipulee, who possess different social statuses and interpsychological forces, interact to complete the manipulative act. This act is expressed through complex constructions comprising main and subordinate clauses. The analysis is grounded in three epistemological bases: grammatical (Dixon, 2010; Givón, 1975; 2001; inter alia), cognitive (Lakoff; Johnson, 1999; 2003; Talmy, 2000; inter alia), and anthropological (Enfield, 2008; 2013; Enfield; Sidnell, 2017; Tomasello, 2008; inter alia). The primary aim is to map these constructions diachronically across three periods of Portuguese: archaic (13th -15th centuries), middle (16th -17th centuries), and modern Brazilian (18th -20th centuries). This study adopts the theoretical and methodological premises of Diachronic Construction Grammar (Barðdal; Gildea, 2015; Sommerer; Smirnova, 2020; Traugott; Trousdale, 2021; Hilpert, 2021; Gildea; Barðdal, 2023; inter alia) and Multidimensional and Dynamic Networks (Diessel, 2019; 2023). Two hypotheses guide this research. The first predicts a gradual shift from microconstructions with finite subordinate clauses to those with infinitive subordinate clauses, indicated by increased clause integration. The second hypothesis suggests the diachronic stability of manipulative microconstructions, due to manipulation being fundamental to interpersonal relations. Methodologically, the research relies on empirical data from a historical corpus of varied textual genres representing the three periods of Portuguese. Parameters for analysis were predefined and relevant to characterizing these constructions. The diachronic mapping results support the second hypothesis, confirming the existence of nine manipulative microconstructions. These constructions, in both finite and infinitive forms, correlate with the semantic-pragmatic imperatives of order, instruction, permission, and prohibition. The results indicate that manipulative microconstructions have remained stable throughout the history of Portuguese, with minimal innovations. The social status of the participants in the manipulative act plays a crucial role in the construction's meaning. In conclusion, interpersonal manipulation is linked to the social sphere (reflecting the agents' status), the cognitive sphere (demonstrating how manipulative imperatives are conceptualized and processed), and the grammatical sphere (showing stable linguistic coding through finite and infinitive constructions).Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)CAPES: 88887.488584/2020-00Universidade Estadual Paulista (Unesp)Gonçalves, Sebastião Carlos Leite [UNESP]Prezotto Junior, José Roberto [UNESP]2024-07-29T15:19:43Z2024-07-29T15:19:43Z2024-07-01info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfPREZOTTO JUNIOR, José Roberto. Construções completivas de manipulação interpessoal na história do português. (Doutorado em Estudos Linguísticos). 2024. Universidade Estadual Paulista (Unesp), Instituto de Biociências Letras e Ciências Exatas (Ibilce), São José do Rio Preto, 2024.https://hdl.handle.net/11449/25680933004153069P599965089385791680000-0002-7077-543Xporinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-07-30T07:29:40Zoai:repositorio.unesp.br:11449/256809Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T19:01:26.385777Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false |
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Esta tese tem como tema a manipulação interpessoal, aqui considerada de domínio semântico-pragmático diferente do de causação e entendida como ação social, regida pela Dinâmica de Forças, sob a qual Manipulador e Manipulado, de diferentes status social e forças interpsicológicas, agem em direção ao completamento do ato manipulativo expresso por construções complexas compostas de oração matriz e subordinada. Esse entendimento ampara-se em três bases epistemológicas: gramatical (Dixon, 2010; Givón, 1975; 2001; inter alia), cognitiva (Lakoff; Johnson, 1999; 2003; Talmy, 2000; inter alia) e antropológica (Enfield, 2008; 2013; Enfield; Sidnell, 2017; Tomasello, 2008; inter alia). O principal objetivo do trabalho é o de realizar um mapeamento diacrônico dessas construções nos períodos arcaico (séculos XIII-XV), médio (séculos XVI-XVII) e brasileiro moderno (séculos XVIII-XX) do português, adotando-se as premissas teórico-metodológicas da Gramática de Construções Diacrônica (Barðdal; Gildea, 2015; Sommerer; Smirnova, 2020; Traugott; Trousdale, 2021; Hilpert, 2021; Gildea; Barðdal; 2023; inter alia) e das Redes multidimensionais e dinâmicas (Diessel, 2019; 2023). A pesquisa é motivada pela verificação de duas hipóteses: a primeira prevê uma trajetória de mudança gradual de microconstruções com subordinadas finitas a microconstruções com subordinada infinitivas, possível de ser captada pela mudança do grau de integração sentencial envolvendo oração matriz e subordinada; a segunda, em direção contrária, sustenta a estabilidade diacrônica das microconstruções manipulativas, pelo fato de a manipulação constituir um primitivo das relações interpessoais. Metodologicamente, para o alcance do objetivo proposto e verificação das hipóteses, a pesquisa é empiricamente embasada em dados de uso efetivo da língua, extraídos de um corpus histórico composto por gêneros textuais variados e representativos das três sincronias do português, mediante o controle de parâmetros de análise previamente definidos e relevantes para a caracterização das construções. Os resultados do mapeamento diacrônico corroboram a segunda hipótese, sob a qual se atesta, ao longo da história, a existência de nove microconstruções manipulativas, cujas orações completivas nos formatos finito e infinitivo, correlacionam-se aos imperativos semântico-pragmáticos de ordem, instrução, permissão e proibição. Esse resultado aponta que microconstruções manipulativas são estáveis na história do português, com raríssimas inovações. Além disso, destaca-se o papel do status social dos participantes do ato manipulativo como parte essencial da composição do significado da construção. No confronto dos objetivos, da hipótese validada e dos resultados, a conclusão é a de que a manipulação interpessoal se vincula às esferas social, porque inclui os status dos Agentes em interação, cognitiva, porque mostra como se conceptualizam e se processam os imperativos manipulativos, e gramatical, porque identifica uma codificação linguística estável por meio de construções finitas e infinitivas, que expressam os cenários bem-sucedido e pretendido do ato manipulativo. |
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