O que é ser professor? Representações sociais sobre a profissão docente por estudantes não tradicionais em formação em Marília-SP e Estocolmo

• Autor(a) principal: Guerreiro, Patricia Lana Pinheiro [UNESP]
• Data de Publicação: 2016
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/143470
• topic: Profissão docente; Representações sociais; Educação comparada e internacional; Formação inicial de professores; Estudantes não tradicionais; Teaching profession; Social representations; Comparative and international education; Initial training of teachers; Non-traditional students

Historicamente, a profissão docente tem sido desvalorizada, e não há pesquisas, em perspectiva internacional comparada com o Brasil, sobre as representações sociais da profissão docente por estudantes em formação, sobretudo os pertencentes a minorias. O objetivo desta tese consistiu em investigar as representações sociais sobre a profissão docente por alunos não tradicionais em formação em Marília-SP, e em Estocolmo, na Suécia. Estudantes não tradicionais, em linhas gerais, são os que ingressaram na educação superior após as políticas de expansão, modificando o corpo discente que antes era restrito à elite. São estudantes oriundos de classes menos favorecidas, podendo ser os primeiros de suas famílias a ingressarem nesse nível educacional. Participaram do estudo cinco estudantes cotistas do curso de Pedagogia da Universidade Estadual Paulista (Campus de Marília), e seis estudantes de cursos de formação de professores da Universidade de Estocolmo. A pesquisa envolveu revisão bibliográfica sobre pesquisa comparada, de formação inicial de professores e dos sistemas educacionais dos dois países. Empiricamente, os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada, sendo a análise pautada pela Teoria das Representações Sociais (TRS) de Moscovici como práticas discursivas, em perspectiva interdisciplinar com a análise do discurso de linha francesa, em que se ressalta a ancoragem nas memórias discursiva e coletiva no processo de construção das representações sociais. A tese se mostrou com potencial para contribuir para a produção do conhecimento em educação por não encontrarmos estudos comparados sobre a temática em perspectiva comparada entre países substancialmente diferentes e pela pertinência da TRS como práticas discursivas para a análise dos dados. Houve o compartilhamento de práticas discursivas muito semelhantes entre os estudantes, mostrando como as memórias coletiva e discursiva não dependem de limites geograficamente estabelecidos. Os resultados revelaram tanto a profissão docente quanto a formação de professores como extremamente importantes para a sociedade, além de uma profissão desvalorizada socialmente, financeiramente e com condições de trabalho extenuantes, que o gosto pela profissão e a inspiração de bons professores foram as maiores motivações para a escolha desse caminho profissional, que os efeitos negativos das políticas neoliberais em educação não podem ser ignorados, e que as cotas são vistas em um misto de insatisfação e de justiça social na forma de ação afirmativa.