Entre o chicote e a fogueira: escravidão e Inquisição portuguesa nos séculos XVII e XVIII

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lima, Monique Marques Nogueira
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/204845
Resumo: O Santo Ofício da Inquisição de Portugal, como um Tribunal da Igreja, julgou e sentenciou, entre os séculos XVI e XIX, acusados de crimes contra a fé e contra a moral católica. Registros desse ritual foram deixados em longos e detalhados processos instaurados para a apuração das denúncias de heresia e, dentre os diferentes relatos, não foi incomum a presença de africanos e descendentes acusados na Mesa dos inquisidores. Com atenção a tais aspectos e considerando o conjunto dos estudos especializados, a presente tese tem como objetivo geral compreender como a Inquisição portuguesa mediou e se tornou conhecedora da dinâmica da escravidão no reino e na colônia lusa da América, limitando as práticas religiosas ancestrais dos escravos e fiscalizando suas atividades cotidianas no trato com os proprietários e outras pessoas de seu convívio. Para tanto, a partir, principalmente, da análise dos autos inquisitoriais disponíveis no Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT), mas também dos regimentos da Inquisição e, ainda, de outros documentos do Tribunal (Cadernos do Nefando, Cadernos do Promotor) e obras jurídicas da época, propõe-se mapear os tipos de heresias atribuídas aos africanos e seus descendentes e, prioritariamente, observar como a ação inquisitorial interferiu no contato entre escravos e seus senhores. Com especial atenção aos casos que se referiam às chamadas práticas mágico-religiosas e aos classificados como desvios morais (de forma particular, a sodomia), o objetivo é entender como, no espaço que une a colônia portuguesa da América ao espaço de jurisdição do tribunal lisboeta no reino, entre os séculos XVII e XVIII, a Inquisição atravessou o mundo do cativeiro.
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spelling Entre o chicote e a fogueira: escravidão e Inquisição portuguesa nos séculos XVII e XVIIIBetween the whip and the bonfire: slavery and the Portuguese Inquisition in the 17th and 18th centuriesEntre el látigo y el fuego: la esclavitud y la Inquisición portuguesa en los siglos XVII y XVIIIInquisição portuguesaescravidão modernasenhores e escravosheresiacativeiroThe portuguese Inquisitionslaverymasters and slavesheresycaptivityInquisición portuguesaesclavitud modernaamos y esclavosherejíacautiverioO Santo Ofício da Inquisição de Portugal, como um Tribunal da Igreja, julgou e sentenciou, entre os séculos XVI e XIX, acusados de crimes contra a fé e contra a moral católica. Registros desse ritual foram deixados em longos e detalhados processos instaurados para a apuração das denúncias de heresia e, dentre os diferentes relatos, não foi incomum a presença de africanos e descendentes acusados na Mesa dos inquisidores. Com atenção a tais aspectos e considerando o conjunto dos estudos especializados, a presente tese tem como objetivo geral compreender como a Inquisição portuguesa mediou e se tornou conhecedora da dinâmica da escravidão no reino e na colônia lusa da América, limitando as práticas religiosas ancestrais dos escravos e fiscalizando suas atividades cotidianas no trato com os proprietários e outras pessoas de seu convívio. Para tanto, a partir, principalmente, da análise dos autos inquisitoriais disponíveis no Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT), mas também dos regimentos da Inquisição e, ainda, de outros documentos do Tribunal (Cadernos do Nefando, Cadernos do Promotor) e obras jurídicas da época, propõe-se mapear os tipos de heresias atribuídas aos africanos e seus descendentes e, prioritariamente, observar como a ação inquisitorial interferiu no contato entre escravos e seus senhores. Com especial atenção aos casos que se referiam às chamadas práticas mágico-religiosas e aos classificados como desvios morais (de forma particular, a sodomia), o objetivo é entender como, no espaço que une a colônia portuguesa da América ao espaço de jurisdição do tribunal lisboeta no reino, entre os séculos XVII e XVIII, a Inquisição atravessou o mundo do cativeiro.The Holy Office of the Inquisition of Portugal, as a Church Court, judged and sentenced, between the 16th and 19th centuries, accused of crimes against the faith and against Catholic morality. Records of this ritual were left in long and detailed processes instituted for the investigation of complaints of heresy, and among the different reports, it was not uncommon the presence of accused Africans and descendants at the section of the Inquisitors. With attention to these aspects and considering the set of specialized studies, the present thesis aims to understand how the Portuguese Inquisition mediated and became aware of the dynamics of slavery in the Portuguese kingdom and colony of America, limiting the ancestral religious practices of slaves and supervising their daily activities in dealing with the owners and other people around them. To do so, based mainly on the analysis of the inquisitorial records available in the National Archives of Torre do Tombo (ANTT), but also of the Inquisition's regulations and, also, of other court documents (Cadernos do Nefando, Cadernos do Promotor) and legal works of the time, it is proposed to map the types of heresies attributed to Africans and their descendants and, primarily, to observe how the inquisitorial action interfered in the contact between slaves and their masters. With special attention to the cases that referred to the so-called magical-religious practices and those classified as moral deviations (in particular, sodomy), the objective is to understand how, in the space that unites the Portuguese colony of America to the space of jurisdiction of the court Lisbon in the kingdom, between the 17th and 18th centuries, the Inquisition crossed the world of captivity.El Santo Oficio de la Inquisición de Portugal, como Tribunal de la Iglesia, juzgado y condenado, entre los siglos XVI y XIX, acusado de delitos contra la fe y la moral católicas. Los registros de este ritual se dejaron en largos y detallados procesos instituidos para la investigación de denuncias de herejía y, entre los diferentes relatos, no fue infrecuente la presencia de africanos acusados y descendientes en la Mesa de los Inquisidores. Con atención a estos aspectos y considerando el conjunto de estudios especializados, esta tesis pretende comprender cómo la Inquisición portuguesa medió y tomó conciencia de la dinámica de la esclavitud en el reino y colonia portuguesa de América, limitando las prácticas religiosas ancestrales de los esclavos y supervisando actividades diarias en el trato con los propietarios y otras personas con las que conviven. Para ello, basándose principalmente en el análisis de los registros inquisitoriales disponibles en el Archivo Nacional Torre do Tombo (ANTT), pero también en el reglamento de la Inquisición y en otros documentos de la Corte (Cadernos do Nefando, Cadernos do Promotor) y legales. obras de la época, propone mapear los tipos de herejías atribuidas a los africanos y sus descendientes y, principalmente, observar cómo la acción inquisitorial interfirió en el contacto entre esclavos y sus amos. Con especial atención a los casos que se refirieron a las llamadas prácticas mágico-religiosas y las catalogadas como desviaciones morales (en particular, sodomía), el objetivo es comprender cómo, en el espacio que une a la colonia portuguesa de América con la corte en Lisboa, entre los siglos XVII y XVIII, la Inquisición atravesó el mundo del cautiverio.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)0012017/04244-2Universidade Estadual Paulista (Unesp)Ferreira, Ricardo Alexandre [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Lima, Monique Marques Nogueira2021-06-03T16:54:37Z2021-06-03T16:54:37Z2021-05-04info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/20484533004072013P0porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-06-26T18:54:55Zoai:repositorio.unesp.br:11449/204845Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T23:35:02.752063Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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