Fertilização do solo e dispersão de fungos micorrízicos por mamíferos herbívoros na Mata Atlântica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cagnoni, Leticia Bulascoschi
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/235501
Resumo: Os mamíferos herbívoros desempenham múltiplas funções em floresta tropicais, que ajudam a manter a alta diversidade de plantas. A fertilização do solo é um desses papéis ecológicos desenvolvidos pela megafauna. As plantas necessitam de diferentes nutrientes para seu desenvolvimento como Nitrogênio e Fósforo e estabelecem interações com outros organismos como fungos e bactérias que auxiliam na aquisição desses nutrientes. Porém, pouco se sabe sobre o potencial de fertilização das fezes dos animais e a capacidade de dispersarem fungos mutualistas de raízes. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito dos mamíferos herbívoros, como anta (Tapirus terrestris) e o queixada (Tayassu peccari) na fertilização do solo e dispersão de fungos micorrízicos arbusculares. Mais especificamente, foi testado se as fezes destes animais potencializam o crescimento e desenvolvimento de plântulas de uma espécie nativa da Mata Atlântica Cryptocaria moschata. Para isso, foi montado um experimento em casa de vegetação onde as plântulas de C. moschata foram submetidas a cinco tratamentos: (i) adição de fezes de anta, (ii) adição de fezes de queixada, (iii) adição de fertilizante inorgânico (NPK) na mesma concentração encontrada nas fezes de anta e de (iv) queixada e (v) o controle onde as plântulas não recebem nenhum tipo de adicional. Cada tratamento teve 10 réplicas e foi repetido em condição normal de luminosidade na casa de vegetação (tratamento ‘luz’) ou com luminosidade reduzida em 50% com sombrite (tratamento ‘sombra’) totalizando 100 plântulas monitoradas. As plântulas foram monitoradas e medidas por sete meses e por fim analisamos a diferença na altura inicial e final, razão de biomassa radicular/aérea, a diferença no diâmetro do caule à altura do solo, a concentração dos macronutrientes NPK do solo antes e após o início do experimento. Além disso, as fezes das duas espécies de mamíferos foram analisadas para contagem de esporos de fungos micorrízicos. Nossos resultados mostraram que em condições de maior luminosidade não houve diferenças significativas no crescimento em altura e na biomassa das raízes entre os tratamentos de fertilização. Entretanto, nas plântulas submetidas à sombra vimos que com a adição de fezes de anta o crescimento e a razão raiz:parte aérea foi maior comparado com o controle. As plântulas que receberam adição de fezes de anta e de queixada apresentaram raízes mais bem desenvolvidas. Vimos que as fezes de anta incrementam uma quantidade grande principalmente de N e de P. E que em fezes de queixadas há esporos de fungos micorrízicos, podendo mediar a ocorrência de interações mutualísticas muito importantes entre plantas e fungos. Concluímos portanto que a presença desses animais na floreta podem ter efeito no recrutamento de plântulas e no desenvolvimento da vegetação.
id UNSP_d11c7667a2f1cc346a96793707cd1f1e
oai_identifier_str oai:repositorio.unesp.br:11449/235501
network_acronym_str UNSP
network_name_str Repositório Institucional da UNESP
repository_id_str 2946
spelling Fertilização do solo e dispersão de fungos micorrízicos por mamíferos herbívoros na Mata AtlânticaSoil fertilization and dispersion of mycorrhizal fungi by herbivorous mammals in the Atlantic ForestDefaunaçãoEcofisiologiaMicorrizasBiologia da conservaçãoDefaunationEcophysiologyMycorrhizaeConservation biologyOs mamíferos herbívoros desempenham múltiplas funções em floresta tropicais, que ajudam a manter a alta diversidade de plantas. A fertilização do solo é um desses papéis ecológicos desenvolvidos pela megafauna. As plantas necessitam de diferentes nutrientes para seu desenvolvimento como Nitrogênio e Fósforo e estabelecem interações com outros organismos como fungos e bactérias que auxiliam na aquisição desses nutrientes. Porém, pouco se sabe sobre o potencial de fertilização das fezes dos animais e a capacidade de dispersarem fungos mutualistas de raízes. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito dos mamíferos herbívoros, como anta (Tapirus terrestris) e o queixada (Tayassu peccari) na fertilização do solo e dispersão de fungos micorrízicos arbusculares. Mais especificamente, foi testado se as fezes destes animais potencializam o crescimento e desenvolvimento de plântulas de uma espécie nativa da Mata Atlântica Cryptocaria moschata. Para isso, foi montado um experimento em casa de vegetação onde as plântulas de C. moschata foram submetidas a cinco tratamentos: (i) adição de fezes de anta, (ii) adição de fezes de queixada, (iii) adição de fertilizante inorgânico (NPK) na mesma concentração encontrada nas fezes de anta e de (iv) queixada e (v) o controle onde as plântulas não recebem nenhum tipo de adicional. Cada tratamento teve 10 réplicas e foi repetido em condição normal de luminosidade na casa de vegetação (tratamento ‘luz’) ou com luminosidade reduzida em 50% com sombrite (tratamento ‘sombra’) totalizando 100 plântulas monitoradas. As plântulas foram monitoradas e medidas por sete meses e por fim analisamos a diferença na altura inicial e final, razão de biomassa radicular/aérea, a diferença no diâmetro do caule à altura do solo, a concentração dos macronutrientes NPK do solo antes e após o início do experimento. Além disso, as fezes das duas espécies de mamíferos foram analisadas para contagem de esporos de fungos micorrízicos. Nossos resultados mostraram que em condições de maior luminosidade não houve diferenças significativas no crescimento em altura e na biomassa das raízes entre os tratamentos de fertilização. Entretanto, nas plântulas submetidas à sombra vimos que com a adição de fezes de anta o crescimento e a razão raiz:parte aérea foi maior comparado com o controle. As plântulas que receberam adição de fezes de anta e de queixada apresentaram raízes mais bem desenvolvidas. Vimos que as fezes de anta incrementam uma quantidade grande principalmente de N e de P. E que em fezes de queixadas há esporos de fungos micorrízicos, podendo mediar a ocorrência de interações mutualísticas muito importantes entre plantas e fungos. Concluímos portanto que a presença desses animais na floreta podem ter efeito no recrutamento de plântulas e no desenvolvimento da vegetação.Herbivorous mammals perform multiple functions in tropical rainforests that help maintain high plant diversity. Soil fertilization is one of these ecological roles developed by megafauna. Plants need different nutrients for their development such as Nitrogen and Phosphorus, establishing interactions with other organisms such as fungi and bacteria that assist in the acquisition of these nutrients. However, little is known about the fertilization potential of animal feces and the ability to disperse mutualistic root fungi. The objective of this work was to evaluate the effect of herbivorous mammals such as tapir (Tapirus terrestris) and peccaries (Tayassu peccari) on soil fertilization and dispersal of arbuscular mycorrhizal fungi. More specifically, we tested whether the feces of these animals potentiate the growth and development of seedlings of Cryptocaria moschata from Atlantic Forest. For this, an experiment was set up in a greenhouse where C. moschata seedlings were submitted to five treatments: (i) addition of tapir feces, (ii) addition of peccary feces, (iii) addition of inorganic fertilizer (NPK) at the same concentration found in the tapir feces and (iv) peccary and (v) control where the seedlings receive no additions. Each treatment had 10 replicates in normal light conditions in the greenhouse ('light' treatment) or 50% dimmed with shade ('shade' treatment) totaling 100 monitored seedlings. The seedlings were monitored and measured for seven months and finally we analyzed the difference in the initial and final height, root/aerial biomass ratio, the difference in stem diameter at ground height, the concentration of NPK before and after beginning of the experiment. In addition, feces from both mammals were analyzed for mycorrhizal fungal spore counting. Our results showed that under higher light conditions there were no significant differences in height growth and root biomass between fertilization treatments. However, in the seedlings submitted to shade we saw that with the addition of tapir feces the growth and the root: aerial biomass ratio was higher compared to the control. Seedlings that received tapir and peccaries feces had better developed roots. We have seen that tapir feces increase a large amount mainly of N and P. And that in peccary feces there are spores of mycorrhizal fungi, which may mediate the occurrence of very important mutualistic interactions between plants and fungi. We conclude, therefore, that the presence of these animals in the rapier may have an effect on seedling recruitment and vegetation development.Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)FAPESP: 18/00212-1Universidade Estadual Paulista (Unesp)Galetti, Mauro [UNESP]Paz, Claudia Pandolfo [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Cagnoni, Leticia Bulascoschi2022-07-06T17:10:25Z2022-07-06T17:10:25Z2019info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/235501porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2023-12-22T06:19:20Zoai:repositorio.unesp.br:11449/235501Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T20:58:04.645267Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
dc.title.none.fl_str_mv Fertilização do solo e dispersão de fungos micorrízicos por mamíferos herbívoros na Mata Atlântica
Soil fertilization and dispersion of mycorrhizal fungi by herbivorous mammals in the Atlantic Forest
title Fertilização do solo e dispersão de fungos micorrízicos por mamíferos herbívoros na Mata Atlântica
spellingShingle Fertilização do solo e dispersão de fungos micorrízicos por mamíferos herbívoros na Mata Atlântica
Cagnoni, Leticia Bulascoschi
Defaunação
Ecofisiologia
Micorrizas
Biologia da conservação
Defaunation
Ecophysiology
Mycorrhizae
Conservation biology
title_short Fertilização do solo e dispersão de fungos micorrízicos por mamíferos herbívoros na Mata Atlântica
title_full Fertilização do solo e dispersão de fungos micorrízicos por mamíferos herbívoros na Mata Atlântica
title_fullStr Fertilização do solo e dispersão de fungos micorrízicos por mamíferos herbívoros na Mata Atlântica
title_full_unstemmed Fertilização do solo e dispersão de fungos micorrízicos por mamíferos herbívoros na Mata Atlântica
title_sort Fertilização do solo e dispersão de fungos micorrízicos por mamíferos herbívoros na Mata Atlântica
author Cagnoni, Leticia Bulascoschi
author_facet Cagnoni, Leticia Bulascoschi
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Galetti, Mauro [UNESP]
Paz, Claudia Pandolfo [UNESP]
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
dc.contributor.author.fl_str_mv Cagnoni, Leticia Bulascoschi
dc.subject.por.fl_str_mv Defaunação
Ecofisiologia
Micorrizas
Biologia da conservação
Defaunation
Ecophysiology
Mycorrhizae
Conservation biology
topic Defaunação
Ecofisiologia
Micorrizas
Biologia da conservação
Defaunation
Ecophysiology
Mycorrhizae
Conservation biology
description Os mamíferos herbívoros desempenham múltiplas funções em floresta tropicais, que ajudam a manter a alta diversidade de plantas. A fertilização do solo é um desses papéis ecológicos desenvolvidos pela megafauna. As plantas necessitam de diferentes nutrientes para seu desenvolvimento como Nitrogênio e Fósforo e estabelecem interações com outros organismos como fungos e bactérias que auxiliam na aquisição desses nutrientes. Porém, pouco se sabe sobre o potencial de fertilização das fezes dos animais e a capacidade de dispersarem fungos mutualistas de raízes. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito dos mamíferos herbívoros, como anta (Tapirus terrestris) e o queixada (Tayassu peccari) na fertilização do solo e dispersão de fungos micorrízicos arbusculares. Mais especificamente, foi testado se as fezes destes animais potencializam o crescimento e desenvolvimento de plântulas de uma espécie nativa da Mata Atlântica Cryptocaria moschata. Para isso, foi montado um experimento em casa de vegetação onde as plântulas de C. moschata foram submetidas a cinco tratamentos: (i) adição de fezes de anta, (ii) adição de fezes de queixada, (iii) adição de fertilizante inorgânico (NPK) na mesma concentração encontrada nas fezes de anta e de (iv) queixada e (v) o controle onde as plântulas não recebem nenhum tipo de adicional. Cada tratamento teve 10 réplicas e foi repetido em condição normal de luminosidade na casa de vegetação (tratamento ‘luz’) ou com luminosidade reduzida em 50% com sombrite (tratamento ‘sombra’) totalizando 100 plântulas monitoradas. As plântulas foram monitoradas e medidas por sete meses e por fim analisamos a diferença na altura inicial e final, razão de biomassa radicular/aérea, a diferença no diâmetro do caule à altura do solo, a concentração dos macronutrientes NPK do solo antes e após o início do experimento. Além disso, as fezes das duas espécies de mamíferos foram analisadas para contagem de esporos de fungos micorrízicos. Nossos resultados mostraram que em condições de maior luminosidade não houve diferenças significativas no crescimento em altura e na biomassa das raízes entre os tratamentos de fertilização. Entretanto, nas plântulas submetidas à sombra vimos que com a adição de fezes de anta o crescimento e a razão raiz:parte aérea foi maior comparado com o controle. As plântulas que receberam adição de fezes de anta e de queixada apresentaram raízes mais bem desenvolvidas. Vimos que as fezes de anta incrementam uma quantidade grande principalmente de N e de P. E que em fezes de queixadas há esporos de fungos micorrízicos, podendo mediar a ocorrência de interações mutualísticas muito importantes entre plantas e fungos. Concluímos portanto que a presença desses animais na floreta podem ter efeito no recrutamento de plântulas e no desenvolvimento da vegetação.
publishDate 2019
dc.date.none.fl_str_mv 2019
2022-07-06T17:10:25Z
2022-07-06T17:10:25Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/bachelorThesis
format bachelorThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/11449/235501
url http://hdl.handle.net/11449/235501
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Estadual Paulista (Unesp)
publisher.none.fl_str_mv Universidade Estadual Paulista (Unesp)
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UNESP
instname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)
instacron:UNESP
instname_str Universidade Estadual Paulista (UNESP)
instacron_str UNESP
institution UNESP
reponame_str Repositório Institucional da UNESP
collection Repositório Institucional da UNESP
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1808129269656715264