Estudo das características físicas, químicas e bióticas da bacia hidrográfica do rio Batalha (sub-bacia do Médio Tietê). avaliação das atividades antrópicas e propostas de monitoramento do sistema

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Talamoni, Jandira Liria Biscalquini [UNESP]
Data de Publicação: 2001
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://proex.reitoria.unesp.br/congressos/Congressos/1__Congresso/Meio_Ambiente/Trabalho23.htm
http://hdl.handle.net/11449/148184
Resumo: O Rio Batalha, pertencente à Bacia Hidrográfica do Médio Tietê Superior, nasce na Serra da Jacutinga (Município de Agudos, SP) e abrange, total ou parcialmente, os municípios de Agudos, Bauru, Piratininga, Avaí, Duartina, Gália, Presidente Alves, Reginópolis e Uru, fazendo um percurso de 167 km de extensão e desaguando no Tietê. A má utilização e ocupação do solo, bem como outras atividades antrópicas desenvolvidas na sua área de drenagem (redução da mata nativa, destruição da mata ciliar, implantação de monoculturas, reflorestamento econômico e pecuária) têm sido responsáveis pelas alterações da qualidade de suas águas e exposição da área das nascentes a crescentes processos de erosão nas margens e assoreamento do leito do rio. O conhecimento das características físicas, químicas e bióticas das águas do Rio Batalha, mediante um monitoramento mensal realizado durante doze meses, neste estudo, visou não somente a obtenção de um levantamento da atual situação do sistema, mas também a perspectiva de propor medidas de atuação que possibilitem a recuperação e preservação do mesmo. A realização deste estudo só foi possível graças à boa vontade e à competência das pessoas que se envolveram e acreditaram no mesmo. As dificuldades eram muitas, pois a coordenadora do projeto não dispunha de todas as condições necessárias para que a pesquisa fosse realizada com o rigor necessário (infra-estrutura física, equipamentos para as análises, veículo para a realização das coletas). A pesquisa teve início a partir da apresentação de um projeto ao Departamento de Água e Esgoto de Bauru (DAE), em março de 1996, quando havia então um clima de especial interesse, por parte de representantes de diferentes segmentos da sociedade, no sentido de desenvolver atividades que resultassem não somente na obtenção de um diagnóstico da situação do Rio Batalha, em vista dos problemas visivelmente detectados na região das nascentes (erosão, assoreamento) e daqueles referentes ao comprometimento da manutenção do volume ideal de água na região da captação da Estação de Tratamento de Água de Bauru, mas também que pudessem permitir a proposta de medidas de recuperação daquele sistema aquático, fonte de abastecimento para cerca de 50% da população da cidade de Bauru. Foi então instalado o Forum Pró-Batalha, Organização não Governamental empenhada em facilitar o desenvolvimento de tais atividades. Esta pesquisa iniciou-se em abril de 1996, com o envolvimento da UNESP, mais especificamente através de alguns docentes-pesquisadores do Departamento de Ciências Biológicas/Faculdade de Ciências, que se comprometiam com a realização do estudo sobre as características físicas, químicas e bióticas das águas do Rio Batalha e do DAE- Bauru, que se comprometia em fornecer o apoio logístico necessário à efetivação das atividades propostas (bolsas para os estagiários, condução e motorista para a realização das coletas mensais e análises rotineiras das amostras de água). Os estagiários, alunos da UNESP, desenvolveram parte de suas atividades no campo (coletas) e nos laboratórios da Estação de Tratamento de Água de Bauru (análises), e parte nos laboratórios do Departamento de Ciências Biológicas da UNESP (triagem, quantificação e análises qualitativas das comunidades fitoplanctônicas, zooplanctônicas e bentônicas). Também estiveram envolvidos nas atividades de pesquisa, um docente-pesquisador e um estagiário do Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada da EESC-USP/São Carlos, onde foram determinadas as concentrações de nutrientes inorgânicos, clorofila e material em suspensão. O estudo foi realizado durante doze meses, com início em abril de 1996, e término no mesmo mês, do ano seguinte. As coletas foram conduzidas mensalmente, em dez pontos de amostragem fixados ao longo de 60% da extensão do Rio Batalha, desde a área das nascentes (município de Agudos) até o município de Avaí, passando pelo ponto onde é feita a captação de água para a Estação de Tratamento, em Bauru. Os resultados mostraram que, em alguns dos pontos de amostragem, a qualidade da água está comprometida quando se considera a condição de oxigenação, associada às altas concentrações de matéria orgânica, elevados valores para o oxigênio consumido e altas concentrações de nutrientes como o nitrogênio e fósforo, principais responsáveis pela eutrofização dos sistemas aquáticos. As elevadas concentrações de material em suspensão, sobretudo o inorgânico, comprovam a contínua ocorrência de carreamento de sedimentos e consequente assoreamento do leito do rio, como um dos efeitos da erosão. As consequências do assoreamento do rio são especialmente prejudiciais na região onde é feita a captação de água, para abastecimento, pela Estação de Tratamento de Água de Bauru, onde se observa o comprometimento do volume ideal de água represada, necessário para que o bombeamento da mesma seja eficiente. Além disso, o comprometimento da qualidade da água representa um fator potencial para que, num futuro próximo, os atuais métodos de tratamento venham a ser considerados inadequados, ineficientes, requerendo assim mudanças e implantação de metodologias mais onerosas. Em vista dos resultados obtidos, é primordial que medidas imediatas de contenção da erosão, através de recuperação da mata ciliar e revegetação das áreas desmatadas e/ou degradadas por atividades agrícolas e/ou de pastagem, sejam tomadas. As propostas feitas ao DAE-Bauru, com base nesta pesquisa, estão relacionadas a seguir: Faz-se necessário um monitoramento intensivo da Bacia Hidrográfica do Rio Batalha, com relação aos parâmetros de condutividade elétrica, pH, oxigênio dissolvido, turbidez, cor, sólidos em suspensão, concentração de nutrientes e bactérias coliformes, pelo menos nas estações de seca (inverno) e cheia (verão), para que se possa acompanhar a evolução das condições ambientais e tomar medidas preventivas e corretivas, quando necessárias, para a melhoria da qualidade ambiental. O monitoramento deve cobrir toda a extensão do Rio Batalha, até sua desembocadura no Rio Tietê (município de Uru). São consideradas imprescindíveis a revegetação das áreas desmatadas para o cultivo, a fim de interromper os processos de erosão do solo e assoreamento do rio, e a recuperação e preservação da mata ripária, a fim de garantir condições que são essenciais para a melhoria da qualidade da água do Rio Batalha. Para que bons resultados sejam garantidos, aconselha-se sempre a utilização de critérios científicos e o acompanhamento por parte de docentes-pesquisadores das Universidades, para que seja considerada a devida restauração dos habitats. A revegetação com espécies nativas, além de garantir o sucesso do plantio, possibilita a manutenção da diversidade de espécies vegetais e animais características da área. Devem ser realizados trabalhos de conscientização junto aos agricultores, incentivando-os à preservação da mata ripária e ao não lançamento de resíduos, pesticidas ou fertilizantes nas águas do rio, visando a preservação do sistema hídrico. Os efluentes lançados no rio, especialmente nas áreas localizadas a montante e próximas do ponto de captação de água da Estação de Tratamento (Município de Bauru), deverão ser previamente tratados, a fim de garantir que o tratamento da água, atualmente efetuado pela ETA, para posterior distribuição da mesma à comunidade, continue sendo eficaz, evitando-se a necessidade de utilização de métodos mais onerosos. Certamente, os resultados obtidos desta pesquisa, somados àqueles obtidos de outros estudos realizados na área, com relação às possibilidades de recuperação da mesma, fornecerão subsídios para que as ações necessárias sejam efetivadas.
id UNSP_d7c66c9c7c96edbb58f0914911835ea5
oai_identifier_str oai:repositorio.unesp.br:11449/148184
network_acronym_str UNSP
network_name_str Repositório Institucional da UNESP
repository_id_str 2946
spelling Estudo das características físicas, químicas e bióticas da bacia hidrográfica do rio Batalha (sub-bacia do Médio Tietê). avaliação das atividades antrópicas e propostas de monitoramento do sistemaO Rio Batalha, pertencente à Bacia Hidrográfica do Médio Tietê Superior, nasce na Serra da Jacutinga (Município de Agudos, SP) e abrange, total ou parcialmente, os municípios de Agudos, Bauru, Piratininga, Avaí, Duartina, Gália, Presidente Alves, Reginópolis e Uru, fazendo um percurso de 167 km de extensão e desaguando no Tietê. A má utilização e ocupação do solo, bem como outras atividades antrópicas desenvolvidas na sua área de drenagem (redução da mata nativa, destruição da mata ciliar, implantação de monoculturas, reflorestamento econômico e pecuária) têm sido responsáveis pelas alterações da qualidade de suas águas e exposição da área das nascentes a crescentes processos de erosão nas margens e assoreamento do leito do rio. O conhecimento das características físicas, químicas e bióticas das águas do Rio Batalha, mediante um monitoramento mensal realizado durante doze meses, neste estudo, visou não somente a obtenção de um levantamento da atual situação do sistema, mas também a perspectiva de propor medidas de atuação que possibilitem a recuperação e preservação do mesmo. A realização deste estudo só foi possível graças à boa vontade e à competência das pessoas que se envolveram e acreditaram no mesmo. As dificuldades eram muitas, pois a coordenadora do projeto não dispunha de todas as condições necessárias para que a pesquisa fosse realizada com o rigor necessário (infra-estrutura física, equipamentos para as análises, veículo para a realização das coletas). A pesquisa teve início a partir da apresentação de um projeto ao Departamento de Água e Esgoto de Bauru (DAE), em março de 1996, quando havia então um clima de especial interesse, por parte de representantes de diferentes segmentos da sociedade, no sentido de desenvolver atividades que resultassem não somente na obtenção de um diagnóstico da situação do Rio Batalha, em vista dos problemas visivelmente detectados na região das nascentes (erosão, assoreamento) e daqueles referentes ao comprometimento da manutenção do volume ideal de água na região da captação da Estação de Tratamento de Água de Bauru, mas também que pudessem permitir a proposta de medidas de recuperação daquele sistema aquático, fonte de abastecimento para cerca de 50% da população da cidade de Bauru. Foi então instalado o Forum Pró-Batalha, Organização não Governamental empenhada em facilitar o desenvolvimento de tais atividades. Esta pesquisa iniciou-se em abril de 1996, com o envolvimento da UNESP, mais especificamente através de alguns docentes-pesquisadores do Departamento de Ciências Biológicas/Faculdade de Ciências, que se comprometiam com a realização do estudo sobre as características físicas, químicas e bióticas das águas do Rio Batalha e do DAE- Bauru, que se comprometia em fornecer o apoio logístico necessário à efetivação das atividades propostas (bolsas para os estagiários, condução e motorista para a realização das coletas mensais e análises rotineiras das amostras de água). Os estagiários, alunos da UNESP, desenvolveram parte de suas atividades no campo (coletas) e nos laboratórios da Estação de Tratamento de Água de Bauru (análises), e parte nos laboratórios do Departamento de Ciências Biológicas da UNESP (triagem, quantificação e análises qualitativas das comunidades fitoplanctônicas, zooplanctônicas e bentônicas). Também estiveram envolvidos nas atividades de pesquisa, um docente-pesquisador e um estagiário do Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada da EESC-USP/São Carlos, onde foram determinadas as concentrações de nutrientes inorgânicos, clorofila e material em suspensão. O estudo foi realizado durante doze meses, com início em abril de 1996, e término no mesmo mês, do ano seguinte. As coletas foram conduzidas mensalmente, em dez pontos de amostragem fixados ao longo de 60% da extensão do Rio Batalha, desde a área das nascentes (município de Agudos) até o município de Avaí, passando pelo ponto onde é feita a captação de água para a Estação de Tratamento, em Bauru. Os resultados mostraram que, em alguns dos pontos de amostragem, a qualidade da água está comprometida quando se considera a condição de oxigenação, associada às altas concentrações de matéria orgânica, elevados valores para o oxigênio consumido e altas concentrações de nutrientes como o nitrogênio e fósforo, principais responsáveis pela eutrofização dos sistemas aquáticos. As elevadas concentrações de material em suspensão, sobretudo o inorgânico, comprovam a contínua ocorrência de carreamento de sedimentos e consequente assoreamento do leito do rio, como um dos efeitos da erosão. As consequências do assoreamento do rio são especialmente prejudiciais na região onde é feita a captação de água, para abastecimento, pela Estação de Tratamento de Água de Bauru, onde se observa o comprometimento do volume ideal de água represada, necessário para que o bombeamento da mesma seja eficiente. Além disso, o comprometimento da qualidade da água representa um fator potencial para que, num futuro próximo, os atuais métodos de tratamento venham a ser considerados inadequados, ineficientes, requerendo assim mudanças e implantação de metodologias mais onerosas. Em vista dos resultados obtidos, é primordial que medidas imediatas de contenção da erosão, através de recuperação da mata ciliar e revegetação das áreas desmatadas e/ou degradadas por atividades agrícolas e/ou de pastagem, sejam tomadas. As propostas feitas ao DAE-Bauru, com base nesta pesquisa, estão relacionadas a seguir: Faz-se necessário um monitoramento intensivo da Bacia Hidrográfica do Rio Batalha, com relação aos parâmetros de condutividade elétrica, pH, oxigênio dissolvido, turbidez, cor, sólidos em suspensão, concentração de nutrientes e bactérias coliformes, pelo menos nas estações de seca (inverno) e cheia (verão), para que se possa acompanhar a evolução das condições ambientais e tomar medidas preventivas e corretivas, quando necessárias, para a melhoria da qualidade ambiental. O monitoramento deve cobrir toda a extensão do Rio Batalha, até sua desembocadura no Rio Tietê (município de Uru). São consideradas imprescindíveis a revegetação das áreas desmatadas para o cultivo, a fim de interromper os processos de erosão do solo e assoreamento do rio, e a recuperação e preservação da mata ripária, a fim de garantir condições que são essenciais para a melhoria da qualidade da água do Rio Batalha. Para que bons resultados sejam garantidos, aconselha-se sempre a utilização de critérios científicos e o acompanhamento por parte de docentes-pesquisadores das Universidades, para que seja considerada a devida restauração dos habitats. A revegetação com espécies nativas, além de garantir o sucesso do plantio, possibilita a manutenção da diversidade de espécies vegetais e animais características da área. Devem ser realizados trabalhos de conscientização junto aos agricultores, incentivando-os à preservação da mata ripária e ao não lançamento de resíduos, pesticidas ou fertilizantes nas águas do rio, visando a preservação do sistema hídrico. Os efluentes lançados no rio, especialmente nas áreas localizadas a montante e próximas do ponto de captação de água da Estação de Tratamento (Município de Bauru), deverão ser previamente tratados, a fim de garantir que o tratamento da água, atualmente efetuado pela ETA, para posterior distribuição da mesma à comunidade, continue sendo eficaz, evitando-se a necessidade de utilização de métodos mais onerosos. Certamente, os resultados obtidos desta pesquisa, somados àqueles obtidos de outros estudos realizados na área, com relação às possibilidades de recuperação da mesma, fornecerão subsídios para que as ações necessárias sejam efetivadas.Universidade Estadual Paulista (UNESP), Departamento de Ciências Biológicas, Faculdade de Ciências de BauruUniversidade Estadual Paulista (UNESP), Departamento de Ciências Biológicas, Faculdade de Ciências de BauruUniversidade Estadual Paulista (Unesp)Universidade Estadual Paulista (Unesp)Talamoni, Jandira Liria Biscalquini [UNESP]2017-01-18T15:46:08Z2017-01-18T15:46:08Z2001info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/conferenceObjecthttp://proex.reitoria.unesp.br/congressos/Congressos/1__Congresso/Meio_Ambiente/Trabalho23.htmhttp://hdl.handle.net/11449/148184PROEXreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESPporCongresso de Extensão Universitáriainfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-04-23T15:24:14Zoai:repositorio.unesp.br:11449/148184Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T16:39:39.302580Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
dc.title.none.fl_str_mv Estudo das características físicas, químicas e bióticas da bacia hidrográfica do rio Batalha (sub-bacia do Médio Tietê). avaliação das atividades antrópicas e propostas de monitoramento do sistema
title Estudo das características físicas, químicas e bióticas da bacia hidrográfica do rio Batalha (sub-bacia do Médio Tietê). avaliação das atividades antrópicas e propostas de monitoramento do sistema
spellingShingle Estudo das características físicas, químicas e bióticas da bacia hidrográfica do rio Batalha (sub-bacia do Médio Tietê). avaliação das atividades antrópicas e propostas de monitoramento do sistema
Talamoni, Jandira Liria Biscalquini [UNESP]
title_short Estudo das características físicas, químicas e bióticas da bacia hidrográfica do rio Batalha (sub-bacia do Médio Tietê). avaliação das atividades antrópicas e propostas de monitoramento do sistema
title_full Estudo das características físicas, químicas e bióticas da bacia hidrográfica do rio Batalha (sub-bacia do Médio Tietê). avaliação das atividades antrópicas e propostas de monitoramento do sistema
title_fullStr Estudo das características físicas, químicas e bióticas da bacia hidrográfica do rio Batalha (sub-bacia do Médio Tietê). avaliação das atividades antrópicas e propostas de monitoramento do sistema
title_full_unstemmed Estudo das características físicas, químicas e bióticas da bacia hidrográfica do rio Batalha (sub-bacia do Médio Tietê). avaliação das atividades antrópicas e propostas de monitoramento do sistema
title_sort Estudo das características físicas, químicas e bióticas da bacia hidrográfica do rio Batalha (sub-bacia do Médio Tietê). avaliação das atividades antrópicas e propostas de monitoramento do sistema
author Talamoni, Jandira Liria Biscalquini [UNESP]
author_facet Talamoni, Jandira Liria Biscalquini [UNESP]
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Universidade Estadual Paulista (Unesp)
dc.contributor.author.fl_str_mv Talamoni, Jandira Liria Biscalquini [UNESP]
description O Rio Batalha, pertencente à Bacia Hidrográfica do Médio Tietê Superior, nasce na Serra da Jacutinga (Município de Agudos, SP) e abrange, total ou parcialmente, os municípios de Agudos, Bauru, Piratininga, Avaí, Duartina, Gália, Presidente Alves, Reginópolis e Uru, fazendo um percurso de 167 km de extensão e desaguando no Tietê. A má utilização e ocupação do solo, bem como outras atividades antrópicas desenvolvidas na sua área de drenagem (redução da mata nativa, destruição da mata ciliar, implantação de monoculturas, reflorestamento econômico e pecuária) têm sido responsáveis pelas alterações da qualidade de suas águas e exposição da área das nascentes a crescentes processos de erosão nas margens e assoreamento do leito do rio. O conhecimento das características físicas, químicas e bióticas das águas do Rio Batalha, mediante um monitoramento mensal realizado durante doze meses, neste estudo, visou não somente a obtenção de um levantamento da atual situação do sistema, mas também a perspectiva de propor medidas de atuação que possibilitem a recuperação e preservação do mesmo. A realização deste estudo só foi possível graças à boa vontade e à competência das pessoas que se envolveram e acreditaram no mesmo. As dificuldades eram muitas, pois a coordenadora do projeto não dispunha de todas as condições necessárias para que a pesquisa fosse realizada com o rigor necessário (infra-estrutura física, equipamentos para as análises, veículo para a realização das coletas). A pesquisa teve início a partir da apresentação de um projeto ao Departamento de Água e Esgoto de Bauru (DAE), em março de 1996, quando havia então um clima de especial interesse, por parte de representantes de diferentes segmentos da sociedade, no sentido de desenvolver atividades que resultassem não somente na obtenção de um diagnóstico da situação do Rio Batalha, em vista dos problemas visivelmente detectados na região das nascentes (erosão, assoreamento) e daqueles referentes ao comprometimento da manutenção do volume ideal de água na região da captação da Estação de Tratamento de Água de Bauru, mas também que pudessem permitir a proposta de medidas de recuperação daquele sistema aquático, fonte de abastecimento para cerca de 50% da população da cidade de Bauru. Foi então instalado o Forum Pró-Batalha, Organização não Governamental empenhada em facilitar o desenvolvimento de tais atividades. Esta pesquisa iniciou-se em abril de 1996, com o envolvimento da UNESP, mais especificamente através de alguns docentes-pesquisadores do Departamento de Ciências Biológicas/Faculdade de Ciências, que se comprometiam com a realização do estudo sobre as características físicas, químicas e bióticas das águas do Rio Batalha e do DAE- Bauru, que se comprometia em fornecer o apoio logístico necessário à efetivação das atividades propostas (bolsas para os estagiários, condução e motorista para a realização das coletas mensais e análises rotineiras das amostras de água). Os estagiários, alunos da UNESP, desenvolveram parte de suas atividades no campo (coletas) e nos laboratórios da Estação de Tratamento de Água de Bauru (análises), e parte nos laboratórios do Departamento de Ciências Biológicas da UNESP (triagem, quantificação e análises qualitativas das comunidades fitoplanctônicas, zooplanctônicas e bentônicas). Também estiveram envolvidos nas atividades de pesquisa, um docente-pesquisador e um estagiário do Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada da EESC-USP/São Carlos, onde foram determinadas as concentrações de nutrientes inorgânicos, clorofila e material em suspensão. O estudo foi realizado durante doze meses, com início em abril de 1996, e término no mesmo mês, do ano seguinte. As coletas foram conduzidas mensalmente, em dez pontos de amostragem fixados ao longo de 60% da extensão do Rio Batalha, desde a área das nascentes (município de Agudos) até o município de Avaí, passando pelo ponto onde é feita a captação de água para a Estação de Tratamento, em Bauru. Os resultados mostraram que, em alguns dos pontos de amostragem, a qualidade da água está comprometida quando se considera a condição de oxigenação, associada às altas concentrações de matéria orgânica, elevados valores para o oxigênio consumido e altas concentrações de nutrientes como o nitrogênio e fósforo, principais responsáveis pela eutrofização dos sistemas aquáticos. As elevadas concentrações de material em suspensão, sobretudo o inorgânico, comprovam a contínua ocorrência de carreamento de sedimentos e consequente assoreamento do leito do rio, como um dos efeitos da erosão. As consequências do assoreamento do rio são especialmente prejudiciais na região onde é feita a captação de água, para abastecimento, pela Estação de Tratamento de Água de Bauru, onde se observa o comprometimento do volume ideal de água represada, necessário para que o bombeamento da mesma seja eficiente. Além disso, o comprometimento da qualidade da água representa um fator potencial para que, num futuro próximo, os atuais métodos de tratamento venham a ser considerados inadequados, ineficientes, requerendo assim mudanças e implantação de metodologias mais onerosas. Em vista dos resultados obtidos, é primordial que medidas imediatas de contenção da erosão, através de recuperação da mata ciliar e revegetação das áreas desmatadas e/ou degradadas por atividades agrícolas e/ou de pastagem, sejam tomadas. As propostas feitas ao DAE-Bauru, com base nesta pesquisa, estão relacionadas a seguir: Faz-se necessário um monitoramento intensivo da Bacia Hidrográfica do Rio Batalha, com relação aos parâmetros de condutividade elétrica, pH, oxigênio dissolvido, turbidez, cor, sólidos em suspensão, concentração de nutrientes e bactérias coliformes, pelo menos nas estações de seca (inverno) e cheia (verão), para que se possa acompanhar a evolução das condições ambientais e tomar medidas preventivas e corretivas, quando necessárias, para a melhoria da qualidade ambiental. O monitoramento deve cobrir toda a extensão do Rio Batalha, até sua desembocadura no Rio Tietê (município de Uru). São consideradas imprescindíveis a revegetação das áreas desmatadas para o cultivo, a fim de interromper os processos de erosão do solo e assoreamento do rio, e a recuperação e preservação da mata ripária, a fim de garantir condições que são essenciais para a melhoria da qualidade da água do Rio Batalha. Para que bons resultados sejam garantidos, aconselha-se sempre a utilização de critérios científicos e o acompanhamento por parte de docentes-pesquisadores das Universidades, para que seja considerada a devida restauração dos habitats. A revegetação com espécies nativas, além de garantir o sucesso do plantio, possibilita a manutenção da diversidade de espécies vegetais e animais características da área. Devem ser realizados trabalhos de conscientização junto aos agricultores, incentivando-os à preservação da mata ripária e ao não lançamento de resíduos, pesticidas ou fertilizantes nas águas do rio, visando a preservação do sistema hídrico. Os efluentes lançados no rio, especialmente nas áreas localizadas a montante e próximas do ponto de captação de água da Estação de Tratamento (Município de Bauru), deverão ser previamente tratados, a fim de garantir que o tratamento da água, atualmente efetuado pela ETA, para posterior distribuição da mesma à comunidade, continue sendo eficaz, evitando-se a necessidade de utilização de métodos mais onerosos. Certamente, os resultados obtidos desta pesquisa, somados àqueles obtidos de outros estudos realizados na área, com relação às possibilidades de recuperação da mesma, fornecerão subsídios para que as ações necessárias sejam efetivadas.
publishDate 2001
dc.date.none.fl_str_mv 2001
2017-01-18T15:46:08Z
2017-01-18T15:46:08Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/conferenceObject
format conferenceObject
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://proex.reitoria.unesp.br/congressos/Congressos/1__Congresso/Meio_Ambiente/Trabalho23.htm
http://hdl.handle.net/11449/148184
url http://proex.reitoria.unesp.br/congressos/Congressos/1__Congresso/Meio_Ambiente/Trabalho23.htm
http://hdl.handle.net/11449/148184
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv Congresso de Extensão Universitária
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Estadual Paulista (Unesp)
publisher.none.fl_str_mv Universidade Estadual Paulista (Unesp)
dc.source.none.fl_str_mv PROEX
reponame:Repositório Institucional da UNESP
instname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)
instacron:UNESP
instname_str Universidade Estadual Paulista (UNESP)
instacron_str UNESP
institution UNESP
reponame_str Repositório Institucional da UNESP
collection Repositório Institucional da UNESP
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1808128684266094592