Sementinhas de cipreste pelo chão: a figurativização do indizível em "Sinfonia em branco"

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pestana, Raphaela
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/244684
Resumo: A observação da ficção brasileira dos últimos anos indica a violência como uma temática recorrente, cuja representação incorpora traços violentos, apresentando linguagem e ritmo agressivos, em sentido geral, na direção do que Alfredo Bosi (1975) denominou brutalismo. Em contrapartida, o romance Sinfonia em branco, publicado inicialmente em 2001 pela brasileira Adriana Lisboa, conta, com a sutileza de uma linguagem profundamente imagética, a vida de duas irmãs cercadas por eventos brutais, instaurando uma isotopia do trauma, que se sucede em estupro, linchamento, feminicídio, tentativa de suicídio e parricídio. A fim de investigar como essa forma de representação se desenvolve, busca-se na teoria semiótica e na crítica da narrativa recursos que apontem as imagens e a linguagem em seu poder expressivo, viés também distinto dos demais estudos da obra. Em um contexto de silenciamento e opressão, o indizível cerca a família e a própria compreensão da violência, sendo construído figurativamente no discurso, elaborando com delicadeza (AZEVEDO, 2004) as perspectivas das vítimas e confidenciando ao leitor a experiência de tal violência. À vista disso, em contraposição à representação brutalista, que expõe a crueldade e almeja o choque, a obra de Lisboa compõe metaforicamente memórias que não se pode nomear, tamanho silenciamento e repressão enfrentados pelas personagens. A sugestão dos episódios violentos construída pelas estratégias de figurativização sinaliza aquilo que se sucedera, estabelecendo a expectativa do porvir; um efeito de êxtase (GREIMAS, 2002) que representa, no discurso e no leitor, a angústia vivenciada pelas vítimas. Por fim, a isotopia do trauma é arrematada pela articulação de tais recursos no afastamento do enunciador do discurso, compondo um efeito de real na narrativa, ainda que de modo particular diante da ficção contemporânea brasileira, de tendência brutalista. Confidente do trauma, o leitor é, então, conduzido à uma experiência de testemunho, pela representação no discurso em si, da dor e do silenciamento sofridos pelas personagens, conforme busca-se investigar.
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A fim de investigar como essa forma de representação se desenvolve, busca-se na teoria semiótica e na crítica da narrativa recursos que apontem as imagens e a linguagem em seu poder expressivo, viés também distinto dos demais estudos da obra. Em um contexto de silenciamento e opressão, o indizível cerca a família e a própria compreensão da violência, sendo construído figurativamente no discurso, elaborando com delicadeza (AZEVEDO, 2004) as perspectivas das vítimas e confidenciando ao leitor a experiência de tal violência. À vista disso, em contraposição à representação brutalista, que expõe a crueldade e almeja o choque, a obra de Lisboa compõe metaforicamente memórias que não se pode nomear, tamanho silenciamento e repressão enfrentados pelas personagens. A sugestão dos episódios violentos construída pelas estratégias de figurativização sinaliza aquilo que se sucedera, estabelecendo a expectativa do porvir; um efeito de êxtase (GREIMAS, 2002) que representa, no discurso e no leitor, a angústia vivenciada pelas vítimas. Por fim, a isotopia do trauma é arrematada pela articulação de tais recursos no afastamento do enunciador do discurso, compondo um efeito de real na narrativa, ainda que de modo particular diante da ficção contemporânea brasileira, de tendência brutalista. Confidente do trauma, o leitor é, então, conduzido à uma experiência de testemunho, pela representação no discurso em si, da dor e do silenciamento sofridos pelas personagens, conforme busca-se investigar.The observation of Brazilian fiction from the past years indicates violence one current thematic, which representation incorporates violent traces, presenting forceful language and rhythm, for example, what Alfredo Bosi (1975) called brutalism. On the contrary, the novel Sinfonia em branco, first published in 2001 by the Brazilian Adriana Lisboa, tells, with the subtlety of a deeply imagery language, the life of two sisters surrounded by brutal events, establishing a trauma isotopy, that ensues rape, lynching, feminicide, suicide attempt and patricide. In order to investigate how this way of representing develops, it seeks on semiotics and on critical of the narrative resources that point the images and the language in their potential expression, which is a conception also distinct from the other studies of this book. In a context of silencing and oppression, the unspeakable surrounds the family and the comprehension of the violence itself, being constructed figuratively on the discourse, elaborating through delicacy (AZEVEDO, 2004) the victims’ perspectives, and confiding the reader to the violence experience. Therefore, in contraposition to the brutalist representation, that exposes cruelty and seeks shock, Lisboa’s production composes metaphorically memories that one cannot nominate, how huge are the silencing and the repression faced by the characters. The suggestion of violent episodes through figures signals what has succeeded, stablishing one future expectation; the ecstasy effect (GREIMAS, 2002) that represent, on the discourse and on the reader, the anguish experienced by victims. Finally, the trauma isotopy is completed by the articulation of that resources on enunciating distance, composing a real effect on narrative, though in a particular way through Brazilian contemporary fiction, and its brutalist tendency. A trauma confident, the reader is, so, conducted to a witness experience, over the representation of pain and silencing suffered by characters on the own discourse, as it intends to investigate.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)001Universidade Estadual Paulista (Unesp)Campos, Alexandre Silveira [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Pestana, Raphaela2023-07-20T17:35:43Z2023-07-20T17:35:43Z2023-05-19info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/24468433004030016P0porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-06-12T14:26:49Zoai:repositorio.unesp.br:11449/244684Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T16:32:02.730332Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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