Cor, privilégios e liberdade na época da revolução: a luta de Julien Raymond em São Domingos-Haiti (1789-1794).
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNESP |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/11449/193596 |
Resumo: | Este trabalho é o resultado da pesquisa que teve como principal objetivo investigar a atuação do homem mestiço Julien Raymond por meio de lutas em defesa de sua categoria racial “os homens livres de cor”, e acaba por paulatinamente ampliar sua luta pela liberdade dos escravizados, pela independência de São Domingos, colônia francesa que se torna mais tarde o Haiti. Raymond homem letrado e de posse e quem tem sua parte de sua origem na escravidão, inicialmente fundamentava suas reivindicações por igualdades políticas e raciais entre brancos e pessoas de cor. Do lado oposto, o grupo escravista que trabalhava pela manutenção da escravidão, era liderado pela porta voz Moreau de Saint Méry recusava de forma sistemática as reivindicações por meio do discurso da supremacia da raça branca. Apesar disso Raymond seguiu multiplicando as estratégias e estabelecendo contato com personagens na Assembleia Constituinte como Abade Grégoire, Antoine Cournand cujo objetivo era o de conseguir a representação política capaz de levar suas reivindicações tanto à administração colonial quanto à metrópole. Neste momento Raymond publicou em 1789 textos e cartas onde apontou o surgimento do preconceito racial e suas diferentes fases na sociedade escravista, suas influências nas decisões jurídicas tomadas pela metrópole. Embora diversas tentativas da população mestiça nas lutas pelos direitos, apenas em abril de 1792, praticamente um ano após a rebelião dos escravizados da região norte que o decreto de 1792 permite aos homens de cor alguns direitos. Um ano mais tarde o contexto político influenciado pelo movimento da massa dos escravizados, a metrópole foi obrigada decretar a abolição geral na colônia. Nesta dissertação analisamos as diferentes facetas da sociedade que envolve a questão da desigualdade racial e do preconceito de cor. O primeiro capítulo trata dos eventos da Revolução iniciada com a revolta em 1791, analisando quatro documentos; duas Constituições (1801) e (1805) e a Declaração dos Direitos do Homem e de Cidadão de 1789 e o Código negro de 1685. Estes documentos são fundamentais para compreender o cenário político na colônia. Em seguida apresentamos uma análise das repercussões da abolição da escravidão entre alguns intelectuais do chamado movimento iluminismo e do Hegel, em particular. E por fim, nós encerramos o trabalho debatendo as questões do preconceito de cor, privilégios a partir dos textos e cartas de Julien Raymond como também das produções do grupo escravista conhecido como Clube Massiac. |
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Cor, privilégios e liberdade na época da revolução: a luta de Julien Raymond em São Domingos-Haiti (1789-1794).Couleur, privilèges et liberté à l’époque de la révolution: La lutte de Julien Raymond à Saint Domingue-Haiti (1789-1794)São Domingos.Desigualdade racial.Racialização.Racismo.Homens livres de cor.Este trabalho é o resultado da pesquisa que teve como principal objetivo investigar a atuação do homem mestiço Julien Raymond por meio de lutas em defesa de sua categoria racial “os homens livres de cor”, e acaba por paulatinamente ampliar sua luta pela liberdade dos escravizados, pela independência de São Domingos, colônia francesa que se torna mais tarde o Haiti. Raymond homem letrado e de posse e quem tem sua parte de sua origem na escravidão, inicialmente fundamentava suas reivindicações por igualdades políticas e raciais entre brancos e pessoas de cor. Do lado oposto, o grupo escravista que trabalhava pela manutenção da escravidão, era liderado pela porta voz Moreau de Saint Méry recusava de forma sistemática as reivindicações por meio do discurso da supremacia da raça branca. Apesar disso Raymond seguiu multiplicando as estratégias e estabelecendo contato com personagens na Assembleia Constituinte como Abade Grégoire, Antoine Cournand cujo objetivo era o de conseguir a representação política capaz de levar suas reivindicações tanto à administração colonial quanto à metrópole. Neste momento Raymond publicou em 1789 textos e cartas onde apontou o surgimento do preconceito racial e suas diferentes fases na sociedade escravista, suas influências nas decisões jurídicas tomadas pela metrópole. Embora diversas tentativas da população mestiça nas lutas pelos direitos, apenas em abril de 1792, praticamente um ano após a rebelião dos escravizados da região norte que o decreto de 1792 permite aos homens de cor alguns direitos. Um ano mais tarde o contexto político influenciado pelo movimento da massa dos escravizados, a metrópole foi obrigada decretar a abolição geral na colônia. Nesta dissertação analisamos as diferentes facetas da sociedade que envolve a questão da desigualdade racial e do preconceito de cor. O primeiro capítulo trata dos eventos da Revolução iniciada com a revolta em 1791, analisando quatro documentos; duas Constituições (1801) e (1805) e a Declaração dos Direitos do Homem e de Cidadão de 1789 e o Código negro de 1685. Estes documentos são fundamentais para compreender o cenário político na colônia. Em seguida apresentamos uma análise das repercussões da abolição da escravidão entre alguns intelectuais do chamado movimento iluminismo e do Hegel, em particular. E por fim, nós encerramos o trabalho debatendo as questões do preconceito de cor, privilégios a partir dos textos e cartas de Julien Raymond como também das produções do grupo escravista conhecido como Clube Massiac.Ce travail est le résultat de la recherche qui avait pour objectif principal d’enquêter sur le parcours du métis Julien Raymond à travers ses luttes pour la défense de sa catégorie racial. “les hommes libres de couleurs” qui finit par élargie de forme progressive ses luttes pour la liberté des esclaves, pour l'Indépendance de Saint Domingue. Une colonie française qui deviendra plus tard Haïti. Raymond, un homme lettré, propriétaire qui avait une part de son origine dans l’esclavage, a initialement fondé ses revendications pour l’égalité politique et raciale entre les blancs et les personnes de couleur. De l’autre côté, le groupe de grand propriétaires qui travaillait au maintien de l’esclavage, dirigé par le porte-parole Moreau de Saint Méry, a systématiquement rejeté les revendications basées dans un discours de la suprématie blanche. Malgré cela, Raymond a continué de multiplier les stratégies et d’établir des contactes avec des personnages influents de l’Assemblée constituante tels que l’abbé Grégoire, Antoine Cournand dont le but était de parvenir à une représentation politique capable de soulever ses revendications à la fois à l’administration et à la metrópole. A cette époque, Raymond a publié en 1789 des textes et des cartes où il souligne la montée des préjugés de couleurs et de ses différentes phases dans la société esclavagiste, ses influences sur les décisions judiciaires prises par la métropole. Bien que plusieurs tentatives de la population métisse dans la lutte pour les droits, ce n’est qu'en avril 1792, pratiquement un an après la rébellion des esclaves de la région nord que le décret d'avril de cette même année a accordé aux hommes de couleur certains droits. Un an après, le contexte politique influencé par le mouvement de masse des esclaves, la métropole a été contraint de promulguer l’abolition générale dans la colonie. À cette fin, nous analysons les différentes facettes de la société coloniale impliquant la questions de l’inégalité raciale et des préjugés de couleur. Le premier chapitre traite des événements de la Révolution qui ont commencé avec la révolte de 1791, analysant quatre documents; les deux premières Constitutions (1801) (1805) de Toussaint et de Dessalines, la Déclaration des Droits de l’homme et du Citoyen, publiée en 1789 et le code noir de 1685. Ces documents sont fondamentaux pour mieux comprendre la scène politique de la colonie. Ensuite, nous présentons une analyse des répercussions de l’abolition de l’esclavage chez certains intellectuels des mouvements de lumières, et de Hegel, en particulier. Et enfin, nous terminerons le travail en discutant des enjeux des préjugés de couleur, des privilèges à partir des textes et de cartes publiés par Julien Raymond mais aussi les textes produits par le groupe des propriétaires blancs de Saint –Domingue, dit club Massiac.Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)2018/19867-8Universidade Estadual Paulista (Unesp)Silva, Lucia Helena Oliveira da [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Logis, Berno2020-09-28T14:55:24Z2020-09-28T14:55:24Z2020-08-03info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/19359633004048018P5porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-06-17T13:06:08Zoai:repositorio.unesp.br:11449/193596Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T18:09:26.721622Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false |
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