Por uma autobiografia para além do texto: o corpo e a palavra no teatro de Angélica Liddell

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Paiva, Giovanna Galisi
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/211012
Resumo: A afirmação do real tem sido um campo de debate nas artes da cena que trabalha com aspectos performativos. Dentre os diversos modos de se trabalhar o real, observa-se em profusão um tipo de teatro que se utiliza do material autobiográfico do artista para criação de peças teatrais. O presente trabalho se trata de uma reflexão dessas práticas cênicas autobiográficas, tendo em vista a grande visibilidade que elas vêm adquirindo na cena contemporânea nos últimos anos. A autora analisa como a motivação de artistas pela autobiografia está relacionada com o impulso de elaboração de traumas individuais que dialogam com questões de interesse coletivo. Em um primeiro momento, o presente trabalho se propõe a realizar uma análise histórica da consolidação da autobiografia como gênero literário, que se define, segundo Philippe Lejeune como “a narrativa retrospectiva em prosa que alguém faz se sua própria existência” (LEJEUNE, 2014, p.14), e, a partir dessa definição, a autora percorre os paradigmas que envolvem a discussão do gênero autobiográfico na literatura e sua transposição para o teatro. Usando como base um estudo de caso do teatro de Angélica Liddell, reconhecida pelos seus trabalhos de alto teor confessional, a autora analisa a relação palavra e corpo no teatro liddelliano, a fim de propor que a base autorreferencial para os teatros autobiográficos se afirme não apenas pelas palavras, no que diz respeito à dramaturgia, mas pelo próprio corpo do ator em experiência. O trabalho defende que a presença da autobiografia no teatro não se dê apenas pela dramaturgia, como narrativa retrospectiva de uma memória do sujeito, mas na presença do corpo do ator como afirmação de uma memória física. A cicatriz torna-se o paradigma de um trauma sofrido pelo corpo e que não precisa da palavra como único intermediário artístico.
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