Citogenética e a preservação de animais silvestres

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rocha, Guaracy Tadeu [UNESP]
Data de Publicação: 2001
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://proex.reitoria.unesp.br/congressos/Congressos/1__Congresso/Meio_Ambiente/Trabalho17.htm
http://hdl.handle.net/11449/148085
Resumo: O Laboratório de Citogenética Animal do Departamento de Genética, IBB, colabora com Programas de Manejo e Reprodução de Animais Silvestres em Cativeiro. Nesse sentido, ao longo dos últimos 05 anos, em diferentes momentos diferentes foram as pessoas e instituições que puderam contar com esta iniciativa de extensão. No Brasil, a transferência e aplicação mais imediata dos conhecimentos gerados pela citogenética de animais silvestres teve pouca ênfase. Tal postura deveu-se a uma série de fatores destacando-se entre eles: 1) o fato de haver poucos pesquisadores na área; 2) a falta de uma política de preservação de animais silvestres e 3) a falta de tradição no desenvolvimento de trabalhos conjuntos entre as instituições mantenedoras de animais silvestres e os institutos de pesquisa. Dessa forma, enquanto os pesquisadores dependiam da captura de exemplares na natureza para dar continuidade a seus trabalhos, os zoológicos e instituições afins os mantinham quase que exclusivamente para exposição. Contudo, nas duas últimas décadas, legislação específica sobre proteção à fauna (Lei nº 7735 de 22/02/1989 que extingue o IBDF, cria o IBAMA) forçou uma mudança de postura frente ao manejo, conservação e exposição da fauna silvestre, ampliando as atividades das instituições mantenedoras de espécies silvestres, quer sejam elas zoológicos, empresas estatais, empresas privadas ou criadouros científicos. Entre estas atividades, incluem-se a identificação e manutenção de casais, a procriação e a reintrodução de espécies silvestres, muitas delas ameaçadas de extinção. O acervo animal passa a ser visto por estes profissionais como fonte de estudo, e daí a necessidade de recorrerem de forma mais intensa aos centros de pesquisa, como forma de embasar e obter melhores resultados em suas atividades de manejo e reprodução de fauna silvestre e como forma de encontrar soluções para problemas específicos. Assim, segundo esta nova postura, os profissionais de universidades e institutos de pesquisa, da área de citogenética ou outras, têm a oportunidade de interagir com profissionais de zoológicos e instituições afins, e dessa forma têm à disposição um rico material de estudo e a possibilidade de desenvolvimento de projetos que resultem na produção de conhecimento e aplicação deste na resolução de problemas ligados ao manejo e reprodução da fauna silvestre. Nesse sentido, nos últimos anos procuramos adequar e aplicar as atividades de investigação em citogenética de modo a colaborar com programas de preservação animal. Dentre as aplicações da citogenética na preservação animal, destaca-se a possibilidade de se caracterizar e diferenciar espécies aparentadas ou populações distintas, e assim identificar e previnir a formação de híbridos ou polimorfismos cromossômicos que possam comprometer a reprodução. Da mesma forma, é possível identificar o sexo de animais que não apresentam dimorfismo sexual fenotípico aparente, como é o caso de inúmeras espécies de aves ameaçadas de extinção e onde há interesse na formação de casais e reprodução em cativeiro. Adequamos técnica que permitiu a determinação cromossômica do sexo de mais de três centenas de exemplares de aves de diferentes espécies, muitas destas pertencentes à espécies ameaçadas de extinção e objetos de programas de reprodução implementados por instituições públicas ou privadas. A obtenção de metáfases mitóticas deu-se a partir de tecido de polpa dérmica de penas em crescimento. Em mamíferos, utilizamos cultura de linfócitos para caracterizar exemplares de espécies silvestres. Nas espécies Tayassu tajacu (cateto) e Tayassu pecari (queixada) e identificamos híbridos entre as espécies consideradas, quer em populações naturais, quer em coleções de zoológicos. Também nestas espécies pudemos observar discordância entre os dados obtidos e aqueles da literatura (morfologia cromossômica e identificação de cromossomos sexuais), assim como pudemos identificar polimorfismos cromossômicos intra e inter populacionais. Considerando o crescente interesse na exploração comercial dos catetos, há a possibilidade de se formarem plantéis com animais oriundos de diferentes regiões. Nestes casos, pode-se promover a formação de polimorfismos cromossômicos intrapopulacionais capazes de comprometer a capacidade reprodutiva do plantel. A orientação aos criadores, portanto, pode ajudar na prevenção de problemas indesejáveis e assegurar a manutenção de patrimônios genéticos específicos. Dentre as instituições participantes deste trabalho, pode-se destacar: Companhia Energética de São Paulo, CESP, Estação de Paraibuna; DURATEX FLORESTAL / DURAFLORA Setor de Silviculrura, Agudos, SP; Fundação Zoobotânica Parque Zoológico de Belo Horizonte, MG; Fundação Parque Zoológico de São Paulo; Sociedade Paulista de Zoológicos; Parques Zoológicos municipais de: São Carlos, Americana, São Bernardo do Campo, Mogi-Mirim, Araras, Santa Bárbara D'Oeste, Limeira, Bauru, Guarulhos, Leme (SP).
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Dessa forma, enquanto os pesquisadores dependiam da captura de exemplares na natureza para dar continuidade a seus trabalhos, os zoológicos e instituições afins os mantinham quase que exclusivamente para exposição. Contudo, nas duas últimas décadas, legislação específica sobre proteção à fauna (Lei nº 7735 de 22/02/1989 que extingue o IBDF, cria o IBAMA) forçou uma mudança de postura frente ao manejo, conservação e exposição da fauna silvestre, ampliando as atividades das instituições mantenedoras de espécies silvestres, quer sejam elas zoológicos, empresas estatais, empresas privadas ou criadouros científicos. Entre estas atividades, incluem-se a identificação e manutenção de casais, a procriação e a reintrodução de espécies silvestres, muitas delas ameaçadas de extinção. O acervo animal passa a ser visto por estes profissionais como fonte de estudo, e daí a necessidade de recorrerem de forma mais intensa aos centros de pesquisa, como forma de embasar e obter melhores resultados em suas atividades de manejo e reprodução de fauna silvestre e como forma de encontrar soluções para problemas específicos. Assim, segundo esta nova postura, os profissionais de universidades e institutos de pesquisa, da área de citogenética ou outras, têm a oportunidade de interagir com profissionais de zoológicos e instituições afins, e dessa forma têm à disposição um rico material de estudo e a possibilidade de desenvolvimento de projetos que resultem na produção de conhecimento e aplicação deste na resolução de problemas ligados ao manejo e reprodução da fauna silvestre. Nesse sentido, nos últimos anos procuramos adequar e aplicar as atividades de investigação em citogenética de modo a colaborar com programas de preservação animal. Dentre as aplicações da citogenética na preservação animal, destaca-se a possibilidade de se caracterizar e diferenciar espécies aparentadas ou populações distintas, e assim identificar e previnir a formação de híbridos ou polimorfismos cromossômicos que possam comprometer a reprodução. Da mesma forma, é possível identificar o sexo de animais que não apresentam dimorfismo sexual fenotípico aparente, como é o caso de inúmeras espécies de aves ameaçadas de extinção e onde há interesse na formação de casais e reprodução em cativeiro. Adequamos técnica que permitiu a determinação cromossômica do sexo de mais de três centenas de exemplares de aves de diferentes espécies, muitas destas pertencentes à espécies ameaçadas de extinção e objetos de programas de reprodução implementados por instituições públicas ou privadas. A obtenção de metáfases mitóticas deu-se a partir de tecido de polpa dérmica de penas em crescimento. Em mamíferos, utilizamos cultura de linfócitos para caracterizar exemplares de espécies silvestres. Nas espécies Tayassu tajacu (cateto) e Tayassu pecari (queixada) e identificamos híbridos entre as espécies consideradas, quer em populações naturais, quer em coleções de zoológicos. Também nestas espécies pudemos observar discordância entre os dados obtidos e aqueles da literatura (morfologia cromossômica e identificação de cromossomos sexuais), assim como pudemos identificar polimorfismos cromossômicos intra e inter populacionais. Considerando o crescente interesse na exploração comercial dos catetos, há a possibilidade de se formarem plantéis com animais oriundos de diferentes regiões. Nestes casos, pode-se promover a formação de polimorfismos cromossômicos intrapopulacionais capazes de comprometer a capacidade reprodutiva do plantel. A orientação aos criadores, portanto, pode ajudar na prevenção de problemas indesejáveis e assegurar a manutenção de patrimônios genéticos específicos. 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