A expressão lexical da dedução e da inferência em língua portuguesa: uma análise discursivo-funcional

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Vítor Henrique Santos da
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/191832
Resumo: A evidencialidade é uma categoria qualificacional que diz respeito à indicação da fonte da informação contida em um enunciado ou ao meio pelo qual essa informação foi obtida. Tendo como aparato teórico a Gramática Discursivo-Funcional (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008) e a classificação da evidencialidade proposta por Hengeveld e Hattnher (2015), esta pesquisa centra-se, mais especificamente, em dois subtipos evidenciais: a inferência, que marca um cálculo mental assentado em conhecimento, e a dedução, que expressa um cálculo mental embasado por evidências perceptuais. A diferença entre esses tipos de raciocínio costuma mostrar-se pertinente para a expressão gramatical da evidencialidade, já que, em várias línguas, há itens gramaticais diferentes para codificar inferência e dedução. No português, por outro lado, em que a evidencialidade é expressa lexicalmente e não é uma categoria de expressão obrigatória, esses subtipos costumam ser codificados pelos mesmos elementos, como verbos cognitivos e verbos de percepção, e acabam tendo suas funções sobrepostas em alguns contextos. Tendo em vista a sobreposição de sentidos e a proximidade conceitual entre inferência e dedução, esta pesquisa tem o objetivo de verificar se o português marca, por meios morfossintáticos, a diferença semântica existente entre tais subtipos evidenciais. Para tanto, este estudo analisa os usos inferencial e dedutivo dos verbos inferir, deduzir, concluir, perceber, observar e ver em ocorrências retiradas do Corpus Brasileiro (SARDINHA; MOREIRA FILHO; ALAMBERT, 2010), e do Timestamped JSI (TRAMPUS; NOVAK, 2012). Como resultado, a análise dos dados indica que a inferência é expressa em um número maior de padrões morfossintáticos que a dedução. Além disso, mesmo as relações morfossintáticas que servem à expressão de ambos os subtipos se dão de maneira diferente a depender do sentido evidencial empregado pelo falante, o que ratifica a diferença na codificação desses evidenciais. Semanticamente, é possível observar uma preferência da dedução por verbos de percepção, motivada aparentemente pela ligação dessa classe de verbo com o tipo de evidência que é utilizado no raciocínio dedutivo, uma percepção sensorial. Por fim, ainda é possível observar uma distinção no modo como os dois subtipos interagem com outras categorias semânticas, como tempo e modo, já que a inferência não apresenta restrições sob seu escopo, permitindo o aparecimento dos tempos do passado, do presente e do futuro, assim como dos modos indicativo, subjuntivo e condicional, ao passo que, sob o escopo da dedução, apenas os tempos do passado e do presente do modo indicativo são encontrados.
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spelling A expressão lexical da dedução e da inferência em língua portuguesa: uma análise discursivo-funcionalThe lexical expression of deduction and inference in portuguese: a functional discourse analysisEvidencialidadeInferênciaDeduçãoGramática discursivo-funcionalEvidentialityInferenceDeductionFunctional discourse-grammarA evidencialidade é uma categoria qualificacional que diz respeito à indicação da fonte da informação contida em um enunciado ou ao meio pelo qual essa informação foi obtida. Tendo como aparato teórico a Gramática Discursivo-Funcional (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008) e a classificação da evidencialidade proposta por Hengeveld e Hattnher (2015), esta pesquisa centra-se, mais especificamente, em dois subtipos evidenciais: a inferência, que marca um cálculo mental assentado em conhecimento, e a dedução, que expressa um cálculo mental embasado por evidências perceptuais. A diferença entre esses tipos de raciocínio costuma mostrar-se pertinente para a expressão gramatical da evidencialidade, já que, em várias línguas, há itens gramaticais diferentes para codificar inferência e dedução. No português, por outro lado, em que a evidencialidade é expressa lexicalmente e não é uma categoria de expressão obrigatória, esses subtipos costumam ser codificados pelos mesmos elementos, como verbos cognitivos e verbos de percepção, e acabam tendo suas funções sobrepostas em alguns contextos. Tendo em vista a sobreposição de sentidos e a proximidade conceitual entre inferência e dedução, esta pesquisa tem o objetivo de verificar se o português marca, por meios morfossintáticos, a diferença semântica existente entre tais subtipos evidenciais. Para tanto, este estudo analisa os usos inferencial e dedutivo dos verbos inferir, deduzir, concluir, perceber, observar e ver em ocorrências retiradas do Corpus Brasileiro (SARDINHA; MOREIRA FILHO; ALAMBERT, 2010), e do Timestamped JSI (TRAMPUS; NOVAK, 2012). Como resultado, a análise dos dados indica que a inferência é expressa em um número maior de padrões morfossintáticos que a dedução. Além disso, mesmo as relações morfossintáticas que servem à expressão de ambos os subtipos se dão de maneira diferente a depender do sentido evidencial empregado pelo falante, o que ratifica a diferença na codificação desses evidenciais. Semanticamente, é possível observar uma preferência da dedução por verbos de percepção, motivada aparentemente pela ligação dessa classe de verbo com o tipo de evidência que é utilizado no raciocínio dedutivo, uma percepção sensorial. Por fim, ainda é possível observar uma distinção no modo como os dois subtipos interagem com outras categorias semânticas, como tempo e modo, já que a inferência não apresenta restrições sob seu escopo, permitindo o aparecimento dos tempos do passado, do presente e do futuro, assim como dos modos indicativo, subjuntivo e condicional, ao passo que, sob o escopo da dedução, apenas os tempos do passado e do presente do modo indicativo são encontrados.Evidentiality is a qualificational category which concerns the source of the information contained in a statement or the means by which that information was acquired. Supported by the theoretical model of the Functional Discourse-Grammar (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008) and by the evidentiality’s classification proposed by Hengeveld and Hattnher (2015), this research focuses, more specifically, on two evidential subtypes: inference, which marks a knowledge-based reasoning, and deduction, which expresses reasoning based on perceptual evidence. The difference between them is usually relevant to the grammatical expression of evidentiality, given that in several languages there are different grammatical items to encode inference and deduction. In Portuguese, on the other hand, evidentiality is expressed lexically and it is not a category of mandatory expression, so these subtypes are usually encoded by the same elements, such as cognitive verbs and perception verbs, which means that in some contexts there is an overlap of these subtypes. In view of this overlap of meanings and the conceptual proximity between inference and deduction, the aim of this research is to verify whether Portuguese expresses, by morphosyntactic means, the existing semantic difference among such evidential subtypes. To do so, this study analyzes the inferential and deductive uses of verbs inferir, deduzir, concluir, perceber, observar and ver in occurrences of Corpus Brasileiro (SARDINHA; MOREIRA FILHO; ALAMBERT, 2010), and Timestamped JSI (TRAMPUS; NOVAK, 2012). As a result, data analysis indicates that inference is expressed in a larger number of morphosyntactic patterns than deduction. Moreover, even the morphosyntactic relations that express both subtypes are different depending on the evidential meaning employed by the speaker, which ratifies the difference in the codification of these evidentials. Semantically, it is possible to observe a preference of deduction for perception verbs, apparently motivated by the connection of this verb class with the type of evidence used in deductive reasoning, a sensory perception. Finally, it is also possible to observe a distinction in the way the two subtypes interact with other semantic categories, such as tense and mood, since inference does not show restrictions under its scope, allowing past, present and future tenses, as well as indicative, subjunctive and conditional moods, whereas under deduction’s scope only past and present tenses of indicative mood are found.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)CAPES: 88887.196019/2018-00Universidade Estadual Paulista (Unesp)Hattnher, Marize Mattos Dall'Aglio [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Silva, Vítor Henrique Santos da2020-03-12T16:37:09Z2020-03-12T16:37:09Z2020-03-06info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/19183200092958333004153069P59085182978835274porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2023-12-26T06:14:59Zoai:repositorio.unesp.br:11449/191832Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462023-12-26T06:14:59Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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