Lugar de mulher é mesmo onde ela quiser?: os sentidos atribuídos às categorizações de gênero por trabalhadoras/or de um Empreendimento de Economia Solidária (EES)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Castro, Naeli Simoni
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/180778
Resumo: Esta pesquisa foi realizada em um Empreendimento de Economia Solidária tendo como base dois objetivos articulados e complementares: a) identificar e analisar as concepções e os sentidos conferidos à categoria gênero (ser homem e ser mulher) por trabalhadora/es que desenvolvem as suas atividades ocupacionais no campo da economia solidária; e b) examinar os modos como as concepções e os sentidos que os profissionais atribuem às categorizações de gênero interferem e afetam no desenvolvimento cotidiano do trabalho na perspectiva das/dos voluntárias/os desta pesquisa. Os objetivos acima foram perseguidos considerando a perspectiva qualitativa de pesquisa e seguindo os aportes teórico-metodológicos da Clínica da Atividade, a partir do dispositivo da autoconfrontação. A autoconfrontação foi realizada em três etapas cujos objetivos e ações seguem explicitados: 1) Aproximação da pesquisadora com o coletivo de trabalho, através da leitura dos documentos prescritivos, observação, construção do diário de campo e entrevista semiestruturada; 2) Estimulação do grupo voluntário para a análise das questões de gênero no ambiente de trabalho, a partir de dois movimentos: a) Registro e gravação das atividades do trabalho previamente combinados; b) Apresentação individual dos vídeos editados, estimulando a coanálise do trabalho; 3) Compilação, transcrição e análise do material coletado, agregando à analise o exame dos documentos prescritivos e a observação participante realizada em campo. Durante a autoconfrontação, foi possível compreender que três dentre as/os quatro pessoas voluntárias da pesquisa partiram de uma concepção biologicista de gênero, cujas características de homem e mulher assinaladas reforçam os estereótipos de gênero. Nesse sentido, as concepções de gênero corroboram com a divisão sexual do trabalho, que, no EES pesquisado, culmina em dois aspectos observados como cruciais: em primeiro, a hierarquização das funções, que utiliza do sexo biológico para reafirmar práticas de desigualdade, tal como a invisibilidade e inferiorização das funções reprodutivas executadas no âmbito público; em segundo, a segmentação das funções, e uma dificuldade, por parte das mulheres, de ultrapassar barreiras multifacetadas (econômicas, profissionais, pessoais, etc.), para ocupar funções distintas daquelas estabelecidas em detrimento da visão naturalista de homem e de mulher. Conclui-se que, mesmo no contexto da ES e com iniciativas de comprometimento com a igualdade de gênero e ações dedicadas ao protagonismo e fortalecimento das mulheres, as atividades reprodutivas não deixam, automaticamente, de ocupar a esfera das atividades invisibilizadas e inferiorizadas. Assim, a economia solidária, em junção com uma epistemologia feminista, a exemplo da Economia Feminista, propõe, oferece, possibilidades reais de transformação social acerca das desigualdades de gênero nos EES.
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Os objetivos acima foram perseguidos considerando a perspectiva qualitativa de pesquisa e seguindo os aportes teórico-metodológicos da Clínica da Atividade, a partir do dispositivo da autoconfrontação. A autoconfrontação foi realizada em três etapas cujos objetivos e ações seguem explicitados: 1) Aproximação da pesquisadora com o coletivo de trabalho, através da leitura dos documentos prescritivos, observação, construção do diário de campo e entrevista semiestruturada; 2) Estimulação do grupo voluntário para a análise das questões de gênero no ambiente de trabalho, a partir de dois movimentos: a) Registro e gravação das atividades do trabalho previamente combinados; b) Apresentação individual dos vídeos editados, estimulando a coanálise do trabalho; 3) Compilação, transcrição e análise do material coletado, agregando à analise o exame dos documentos prescritivos e a observação participante realizada em campo. Durante a autoconfrontação, foi possível compreender que três dentre as/os quatro pessoas voluntárias da pesquisa partiram de uma concepção biologicista de gênero, cujas características de homem e mulher assinaladas reforçam os estereótipos de gênero. Nesse sentido, as concepções de gênero corroboram com a divisão sexual do trabalho, que, no EES pesquisado, culmina em dois aspectos observados como cruciais: em primeiro, a hierarquização das funções, que utiliza do sexo biológico para reafirmar práticas de desigualdade, tal como a invisibilidade e inferiorização das funções reprodutivas executadas no âmbito público; em segundo, a segmentação das funções, e uma dificuldade, por parte das mulheres, de ultrapassar barreiras multifacetadas (econômicas, profissionais, pessoais, etc.), para ocupar funções distintas daquelas estabelecidas em detrimento da visão naturalista de homem e de mulher. Conclui-se que, mesmo no contexto da ES e com iniciativas de comprometimento com a igualdade de gênero e ações dedicadas ao protagonismo e fortalecimento das mulheres, as atividades reprodutivas não deixam, automaticamente, de ocupar a esfera das atividades invisibilizadas e inferiorizadas. Assim, a economia solidária, em junção com uma epistemologia feminista, a exemplo da Economia Feminista, propõe, oferece, possibilidades reais de transformação social acerca das desigualdades de gênero nos EES.This research was carried out in a Solidarity Economy Entrepreneurship basing itself on two articulated and complementary objectives: a) to identify and analyze the conceptions and meanings related to the category of gender (being a man and being a woman) by workers who develop their occupational activities in the field of solidarity economy; and b) to examine the ways in which the conceptions and senses that professionals attribute to gender categorizations interfere and affect the daily development of the work in the perspective of the volunteers of this research. The above objectives were pursued considering the qualitative perspective of research and following the theoretical-methodological contributions of the Clinic of Activity, which makes use of a device known as self-confrontation. Self-confrontation was carried out in three phases whose objectives and actions are namely: 1) The approach of the researcher to the work group, through the reading of prescriptive documents, observation, construction of the field journal and semi-structured interviews; 2) The stimulation of the volunteer group to analyze gender issues which are present in their work environment, based on two movements: a) Registration and recording of previously combined work activities; b) Individual presentation of the edited videos, stimulating co-analysis of the work; 3) Compilation, transcription and analysis of the collected material, adding to the analysis the examination of the prescriptive documents as well as the participant observation carried out in the field. During self-confrontation, it was possible to understand that three of the four volunteers depart from a biologistic conception of gender, whose characteristics of men and women by them attributed reinforce gender stereotypes. In this sense, gender conceptions corroborate with sexual division of labor, which, in the researched SEE, culminates in two aspects, here observed as crucial: firstly, the hierarchization of functions, which uses biological sex to reaffirm practices of inequality, such as invisibility and inferiority of reproductive functions performed in the public sphere; and secondly, the segmentation of functions, and a kind of difficulty, on the part of women, to overcome multifaceted barriers (economic, professional, personal, etc.), in order to occupy roles other than those established, to the detriment of the naturalistic view of man and woman. It is concluded that, even in the context of SE, despite initiatives committed to gender equality and actions dedicated to the protagonism and empowerment of women, reproductive activities do not automatically cease to occupy the sphere of invisibilized and inferiorized activities. Thus, Solidarity Economy, together with a feminist epistemology, such as the Feminist Economy, proposes, offers, real possibilities of social transformation concerning gender inequalities in the SEE.Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)2016/043310Universidade Estadual Paulista (Unesp)Santos, Deivis Perez Bispo dos [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Castro, Naeli Simoni2019-02-15T19:16:01Z2019-02-15T19:16:01Z2018-12-18info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/18077800091276033004048021P6porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-06-18T13:44:51Zoai:repositorio.unesp.br:11449/180778Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T14:24:11.520203Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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