#meuprimeiroassédio : interações de mulheres violadas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gomes, Ana Lucia Oliveira
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/238663
Resumo: O rompimento da integridade física, psíquica, moral e sexual do indivíduo configura-se em um ato de violência. Mulheres de todas as idades frequentemente são vítimas de violência exercida pela “força-potência-dominação” empregada por homens e respaldada pela cultura patriarcal, que estabelece relações hierárquicas assimétricas entre os gêneros. Gênero é uma construção social que naturaliza condutas de ambos os sexos. Comumente utiliza-se a terminologia “violência de gênero” como sinônimo de violência contra a mulher. Além desse uso não evidenciar para qual dos lados, feminino ou masculino, o vetor da dominação aponta, ele também não denuncia como a dominação masculina ocorre e não analisa as relações homem-mulher resultantes deste controle. De forma a preencher essa lacuna, este trabalho utiliza o embasamento teórico-conceitual de violência patriarcal contra a mulher para problematizar as análises deste estudo, evitando dúvidas em relação a como se configura o vetor de força-potência-dominação. O assédio sexual pode ser definido como qualquer forma de violência de natureza sexual, seja por meio de agressão física ou verbal, seja por meio de outros tipos de agressão; o assédio é uma via de manifestação do poder masculino sobre o feminino. No entanto, pesquisas mostram que mulheres não reconhecem o assédio como uma violência sexual, tampouco identificam situações que configuram assédio. A partir de um episódio de assédio sexual realizado na internet contra uma criança, o projeto feminista Think Olga criou a mobilização #MeuPrimeiroAssédio buscando promover o debate para a desnaturalização de violência sexual contra a mulheres. Esta pesquisa busca identificar as identidades reveladas a partir dos papéis sociais esperados de homens e mulheres pela cultura patriarcal nas interações ocorridas via publicações de participantes da mobilização #MeuPrimeiroAssédio. É um estudo de análise de dados naturalísticos amparado na Comunicação Mediada por Computador e pelo recorte metodológico êmico da Análise de Categorizações de Pertença e de Análise da Conversa. A análise das interações revelou três categorizações de pertença: (a) Meninas: infância, socialização, percepções e culpa, evidenciando a “socialização de gênero das meninas”, “como as meninas vêem o abusador” e “a culpa relatada pelas meninas”, (b) Mulher Ideal, revelando as identidades de “mulher bela”, “mãe ideal” e “mulher obrigada a perdoar” e (c) Mulheres corajosas, imunes e educadoras, apresentando as identidades “mulheres corajosas”, “mulheres imunes” e “mulheres educadoras”. Outras possíveis categorizações podem ser buscadas nas interações que fizeram parte deste estudo e, espera-se que estes achados possam contribuir para melhorar o entendimento acerca do assédio sexual que acontece em nossa sociedade.
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De forma a preencher essa lacuna, este trabalho utiliza o embasamento teórico-conceitual de violência patriarcal contra a mulher para problematizar as análises deste estudo, evitando dúvidas em relação a como se configura o vetor de força-potência-dominação. O assédio sexual pode ser definido como qualquer forma de violência de natureza sexual, seja por meio de agressão física ou verbal, seja por meio de outros tipos de agressão; o assédio é uma via de manifestação do poder masculino sobre o feminino. No entanto, pesquisas mostram que mulheres não reconhecem o assédio como uma violência sexual, tampouco identificam situações que configuram assédio. A partir de um episódio de assédio sexual realizado na internet contra uma criança, o projeto feminista Think Olga criou a mobilização #MeuPrimeiroAssédio buscando promover o debate para a desnaturalização de violência sexual contra a mulheres. Esta pesquisa busca identificar as identidades reveladas a partir dos papéis sociais esperados de homens e mulheres pela cultura patriarcal nas interações ocorridas via publicações de participantes da mobilização #MeuPrimeiroAssédio. É um estudo de análise de dados naturalísticos amparado na Comunicação Mediada por Computador e pelo recorte metodológico êmico da Análise de Categorizações de Pertença e de Análise da Conversa. A análise das interações revelou três categorizações de pertença: (a) Meninas: infância, socialização, percepções e culpa, evidenciando a “socialização de gênero das meninas”, “como as meninas vêem o abusador” e “a culpa relatada pelas meninas”, (b) Mulher Ideal, revelando as identidades de “mulher bela”, “mãe ideal” e “mulher obrigada a perdoar” e (c) Mulheres corajosas, imunes e educadoras, apresentando as identidades “mulheres corajosas”, “mulheres imunes” e “mulheres educadoras”. Outras possíveis categorizações podem ser buscadas nas interações que fizeram parte deste estudo e, espera-se que estes achados possam contribuir para melhorar o entendimento acerca do assédio sexual que acontece em nossa sociedade.The breaking of physical, psychological, moral and sexual integrity of the individual is an act of violence. Women of all ages are often victims of violence exercised by the "force-power-domination" employed by men and backed up by patriarchal culture, which establishes asymmetrical hierarchical relations between genders. Gender is a social construction that naturalizes conduct of both sexes. The term "gender violence" is commonly used as synonym for violence against women. Besides not evincing which side, either male or female, the vector of domination points to, this terminology also does not denounce how male domination occurs and does not analyze man-woman relations resulting from this control. In order to fill this gap, this work uses the theoretical-conceptual basis of patriarchal violence against women to discuss the analysis of this study, avoiding doubts regarding how the force-power-domination vector is configured. Sexual harassment can be defined as any form of sexual violence, whether through physical or verbal aggression or through other types of aggression; harassment is a way of manifestation of male power over the feminine. However, researches show that women do not recognize harassment as sexual violence, nor do they identify situations that constitute harassment. From an online sexual harassment episode against a child, the feminist project Think Olga created the #MeuPrimeiroAssédio (#MyFirstHarassment) mobilization to promote the debate on the denaturalization of sexual violence against women. This research aims to identify the identities revealed from the expected social roles of men and women by the patriarchal culture in the interactions that took place via the publications of participants of the mobilization #MeuPrimeiroAssédio. It is a study of naturalistic data analysis based on the Computer-Mediated Communication (CMC) and the methodological cutoff of the Membership Categorization Analysis (MCA) and Conversation Analysis (CA). The analysis of the interactions revealed three Membership Categorizations: (a) Girls: childhood, socialization, perceptions and guilt, evidencing the "gender socialization of girls", "how girls see the abuse perpetrator" and "guilt reported by girls" (b) Ideal Woman, revealing the identities of "beautiful woman," "ideal mother" and "woman obligated to forgive," and (c) courageous, immune and educating women, presenting the identities "brave women", "immune women” and "Educating women". Other possible categorizations can be sought in the interactions that were part of this study, and it is hoped that these findings may contribute to improve the understanding about sexual harassment that happens in our society.application/pdfporViolência sexualViolência de gêneroPatriarcadoComunicação mediada por computadorSaúde coletivaSexual violenceComputer-Mediated Communication (CMC)Membership Categorization Analysis (MCA)Conversation Analysis (CA)PatriarchyGenderHarassment#meuprimeiroassédio : interações de mulheres violadasMeu primeiro assédio : interações de mulheres violadas info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulEscola de EnfermagemPrograma de Pós-Graduação em Saúde ColetivaPorto Alegre, BR-RS2018mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001093142.pdf.txt001093142.pdf.txtExtracted Texttext/plain318021http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/238663/2/001093142.pdf.txtdc2644f4905368dcdc371f1fe781053bMD52ORIGINAL001093142.pdfTexto completoapplication/pdf1360528http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/238663/1/001093142.pdfa1afb7e81c14cf69ce00802613b64edbMD5110183/2386632022-06-09 04:45:42.036095oai:www.lume.ufrgs.br:10183/238663Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532022-06-09T07:45:42Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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