Religiosidade, espiritualidade, desfechos clínicos e marcadores biológicos na depressão
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/216945 |
Resumo: | A depressão representa um transtorno mental de grande prevalência e impacto para saúde pública. Pacientes com quadros depressivos em atendimento terciário apresentam em geral quadros com sintomatologia mais grave, com maior recorrência, menor chance de remissão dos sintomas e maior risco de suicídio. Sendo assim, o entendimento de fatores capazes de melhorar o prognóstico e tratamentos, em especial nos pacientes com maior gravidade e riscos, constitui importante questão de pesquisa para psiquiatria e saúde mental. A religiosidade e espiritualidade (R/E), por sua vez, têm sido consideradas como importantes fatores na avaliação e tratamento de pacientes com depressão. No Brasil, por exemplo, boa parte dos pacientes consideram a religiosidade como algo muito importante em suas vidas e muitos pacientes desejam abordar tais fatores em seus atendimentos de saúde. Evidências científicas reforçam que em geral pacientes com maior R/E possuem menor risco de suicídio, maior recuperação de sintomas depressivos e menor incidência de depressão em estudos prospectivos. Por outro lado, o entendimento dos mecanismos através dos quais a R/E exerce seus efeitos sobre desfechos clínicos na depressão segue como relevante fator a ser compreendido pela pesquisa em saúde mental. O objetivo da presente tese é avaliar em pacientes com depressão atendidos na internação e ambulatório do Hospital de Clínicas de Porto Alegre a relevância e impacto da R/E na depressão sobre diferentes perspectivas: (1) avaliação da percepção e importância do tema pelos pacientes; (2) entendimento das relações entre diversas dimensões da R/E, fatores positivos (e.g. resiliência, suporte social) e sintomas depressivos; (3) impacto da R/E no risco de suicídio e remissão de sintomas depressivos em 6 meses de tratamento; e (4) correlação da R/E com marcadores biológicos em pacientes com depressão internados. Os resultados apresentados nos estudos demonstram que a maior parte dos pacientes apresenta interesse sobre religiosidade e espiritualidade (82,1%), embora a maioria (63,1%) nunca tenha sido questionados em seus atendimentos de saúde sobre o tema. Além do mais, 68.3% dos pacientes gostariam de participar em uma psicoterapia integrada a espiritualidade no seu tratamento para depressão. Fatores positivos como resiliência, propósito, esperança, fé, foram identificados como possíveis mediadores de efeitos positivos da R/E em análise de rede de pacientes com depressão. Em seguimento prospectivo de 6 meses, uma maior frequência a encontros religiosos (DUREL) foi relacionado a chances 80% maiores de remissão de sintomas depressivos (OR 1.83, P=0.02). Diversas dimensões da R/E, por sua vez, como religiosidade intrínseca (DUREL) (t-statistic - 2.421, P=0.01), frequência a encontros religiosos (DUREL) (t-statistic -2.172, P=0.03) e escore total de qualidade de vida ligada a religiosidade, espiritualidade e crenças pessoais (WHOQOL-SRPB) (t-statistic -3.670, P=0.00) demonstraram correlações negativas com risco 10 de suicídio. Ademais, em pacientes com depressão internados, efeitos positivos e protetores da religiosidade intrínseca foram correlacionados a maiores níveis do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, brain-derived neurotrophic factor) na alta hospitalar, possível marcador de neuroplasticidade cerebral e mediador dos efeitos da R/E sobre depressão. Os resultados apresentados reforçam a relevância do estudo da R/E na psiquiatria, apresentam possíveis mediadores de efeito da R/E sobre a depressão e salientam a importância clínica de sua abordagem em pacientes com sintomatologia grave de depressão. |
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Mosqueiro, Bruno PazFleck, Marcelo Pio de Almeida2020-12-30T04:22:27Z2020http://hdl.handle.net/10183/216945001119275A depressão representa um transtorno mental de grande prevalência e impacto para saúde pública. Pacientes com quadros depressivos em atendimento terciário apresentam em geral quadros com sintomatologia mais grave, com maior recorrência, menor chance de remissão dos sintomas e maior risco de suicídio. Sendo assim, o entendimento de fatores capazes de melhorar o prognóstico e tratamentos, em especial nos pacientes com maior gravidade e riscos, constitui importante questão de pesquisa para psiquiatria e saúde mental. A religiosidade e espiritualidade (R/E), por sua vez, têm sido consideradas como importantes fatores na avaliação e tratamento de pacientes com depressão. No Brasil, por exemplo, boa parte dos pacientes consideram a religiosidade como algo muito importante em suas vidas e muitos pacientes desejam abordar tais fatores em seus atendimentos de saúde. Evidências científicas reforçam que em geral pacientes com maior R/E possuem menor risco de suicídio, maior recuperação de sintomas depressivos e menor incidência de depressão em estudos prospectivos. Por outro lado, o entendimento dos mecanismos através dos quais a R/E exerce seus efeitos sobre desfechos clínicos na depressão segue como relevante fator a ser compreendido pela pesquisa em saúde mental. O objetivo da presente tese é avaliar em pacientes com depressão atendidos na internação e ambulatório do Hospital de Clínicas de Porto Alegre a relevância e impacto da R/E na depressão sobre diferentes perspectivas: (1) avaliação da percepção e importância do tema pelos pacientes; (2) entendimento das relações entre diversas dimensões da R/E, fatores positivos (e.g. resiliência, suporte social) e sintomas depressivos; (3) impacto da R/E no risco de suicídio e remissão de sintomas depressivos em 6 meses de tratamento; e (4) correlação da R/E com marcadores biológicos em pacientes com depressão internados. Os resultados apresentados nos estudos demonstram que a maior parte dos pacientes apresenta interesse sobre religiosidade e espiritualidade (82,1%), embora a maioria (63,1%) nunca tenha sido questionados em seus atendimentos de saúde sobre o tema. Além do mais, 68.3% dos pacientes gostariam de participar em uma psicoterapia integrada a espiritualidade no seu tratamento para depressão. Fatores positivos como resiliência, propósito, esperança, fé, foram identificados como possíveis mediadores de efeitos positivos da R/E em análise de rede de pacientes com depressão. Em seguimento prospectivo de 6 meses, uma maior frequência a encontros religiosos (DUREL) foi relacionado a chances 80% maiores de remissão de sintomas depressivos (OR 1.83, P=0.02). Diversas dimensões da R/E, por sua vez, como religiosidade intrínseca (DUREL) (t-statistic - 2.421, P=0.01), frequência a encontros religiosos (DUREL) (t-statistic -2.172, P=0.03) e escore total de qualidade de vida ligada a religiosidade, espiritualidade e crenças pessoais (WHOQOL-SRPB) (t-statistic -3.670, P=0.00) demonstraram correlações negativas com risco 10 de suicídio. Ademais, em pacientes com depressão internados, efeitos positivos e protetores da religiosidade intrínseca foram correlacionados a maiores níveis do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, brain-derived neurotrophic factor) na alta hospitalar, possível marcador de neuroplasticidade cerebral e mediador dos efeitos da R/E sobre depressão. Os resultados apresentados reforçam a relevância do estudo da R/E na psiquiatria, apresentam possíveis mediadores de efeito da R/E sobre a depressão e salientam a importância clínica de sua abordagem em pacientes com sintomatologia grave de depressão.Depression represents a common disorder with a relevant impact on public health. Depressed patients in specialized tertiary care, usually present worse clinical outcomes, including higher recurrence of depressive episodes, lower remission rates, and higher suicide risk, compared to community depressed patients. Considering that, understanding factors capable to improve treatment and prognosis, especially for those patients with worse symptomatology, certainly represents a key issue to psychiatry and mental health research. Religiosity and spirituality, otherwise, are increasingly recognized as relevant aspects to be addressed among depressed patients. In Brazil, particularly, most individuals consider religiosity and spirituality (R/S) a very important aspect of their lives, and most patients would like to address those issues in their health consultations. Empirical evidence, reinforces that, generally, patients with more R/S present lower suicide risk, higher improvement of depressive symptoms and lower incidence of depressive episodes in prospective studies. Nevertheless, undertanding the pathways toward which R/S exert their effects in depression remains a key issue to mental health research. The present thesis aimed to evaluate in samples of tertiary care depressed patients at psychiatric inpatient unit and outpatient mood disorder clinic, the role of R/S over depressive disorder from different perspectives: (1) perception of relevance and patients interest in R/S issues; (2) evaluate the complex interplay between different R/S domains, positive mental health factors (e.g. resilience, social support) and depressive symptoms; (3) the impact of R/S over suicide risk and 6-month prospective remission rates of depressive symptoms; and (4) the relationship between R/S and biological markers of depressive disorders among depressive inpatients. Our findings showed that most patients identify that R/S represent a significant aspect of their health care (82.1%), but most of them were never asked about those topics in health care consultations (63.1%). Furthermore, 68.3% of patients demonstrate interest in spiritually integrated psychotherapy in their treatment of depression. Positive health factors such as resilience, hope, purpose, faith, but not social support, were identified as potential pathways across R/S and better outcomes of depressive symptoms in a network analysis. In a 6-month prospective follow-up, religious attendance (DUREL) was identified as a key predictor of remission of depressive symptoms, with 80% higher odds of remission in the follow-up in patients with higher religious attendance (OR 1.83, P=0.02). Different R/S domains, including religious attendance (DUREL) (t-statistic -2.172, P=0.03), intrinsic religiosity (DUREL) (t-statistic -2.421, P=0.01) and religiousness, spirituality and personal beliefs quality of life (WHOQOL-SRPB) (t-statistic -3.670, P=0.00), were inversely related to 12 suicide risk. Moreover, in a sample of depressive inpatients, higher intrinsic religiosity was correlated to higher BDNF serum levels at discharge, a potential biological marker of recovery and neuroplasticity in depressed patients. The present findings reinforce the relevance of R/S and psychiatric research and the importance to address those issues in clinical practice. The findings also revealed potential mechanisms or pathways to understand the benefits of R/S over depression, especially among those patients with more severe depressive symptoms and higher risks.application/pdfporEspiritualidadeDepressãoReligiosidadeSuicídioBiomarcadoresReligiosidade, espiritualidade, desfechos clínicos e marcadores biológicos na depressãoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de MedicinaPrograma de Pós-Graduação em Psiquiatria e Ciências do ComportamentoPorto Alegre, BR-RS2020doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001119275.pdf.txt001119275.pdf.txtExtracted Texttext/plain315316http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/216945/2/001119275.pdf.txt21a44d9941f9c9ec2b7c0852b1df5a59MD52ORIGINAL001119275.pdfTexto completoapplication/pdf2985348http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/216945/1/001119275.pdf535cd3d86037ba000777848e231bdf06MD5110183/2169452023-04-07 03:26:29.889239oai:www.lume.ufrgs.br:10183/216945Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532023-04-07T06:26:29Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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A depressão representa um transtorno mental de grande prevalência e impacto para saúde pública. Pacientes com quadros depressivos em atendimento terciário apresentam em geral quadros com sintomatologia mais grave, com maior recorrência, menor chance de remissão dos sintomas e maior risco de suicídio. Sendo assim, o entendimento de fatores capazes de melhorar o prognóstico e tratamentos, em especial nos pacientes com maior gravidade e riscos, constitui importante questão de pesquisa para psiquiatria e saúde mental. A religiosidade e espiritualidade (R/E), por sua vez, têm sido consideradas como importantes fatores na avaliação e tratamento de pacientes com depressão. No Brasil, por exemplo, boa parte dos pacientes consideram a religiosidade como algo muito importante em suas vidas e muitos pacientes desejam abordar tais fatores em seus atendimentos de saúde. Evidências científicas reforçam que em geral pacientes com maior R/E possuem menor risco de suicídio, maior recuperação de sintomas depressivos e menor incidência de depressão em estudos prospectivos. Por outro lado, o entendimento dos mecanismos através dos quais a R/E exerce seus efeitos sobre desfechos clínicos na depressão segue como relevante fator a ser compreendido pela pesquisa em saúde mental. O objetivo da presente tese é avaliar em pacientes com depressão atendidos na internação e ambulatório do Hospital de Clínicas de Porto Alegre a relevância e impacto da R/E na depressão sobre diferentes perspectivas: (1) avaliação da percepção e importância do tema pelos pacientes; (2) entendimento das relações entre diversas dimensões da R/E, fatores positivos (e.g. resiliência, suporte social) e sintomas depressivos; (3) impacto da R/E no risco de suicídio e remissão de sintomas depressivos em 6 meses de tratamento; e (4) correlação da R/E com marcadores biológicos em pacientes com depressão internados. Os resultados apresentados nos estudos demonstram que a maior parte dos pacientes apresenta interesse sobre religiosidade e espiritualidade (82,1%), embora a maioria (63,1%) nunca tenha sido questionados em seus atendimentos de saúde sobre o tema. Além do mais, 68.3% dos pacientes gostariam de participar em uma psicoterapia integrada a espiritualidade no seu tratamento para depressão. Fatores positivos como resiliência, propósito, esperança, fé, foram identificados como possíveis mediadores de efeitos positivos da R/E em análise de rede de pacientes com depressão. Em seguimento prospectivo de 6 meses, uma maior frequência a encontros religiosos (DUREL) foi relacionado a chances 80% maiores de remissão de sintomas depressivos (OR 1.83, P=0.02). Diversas dimensões da R/E, por sua vez, como religiosidade intrínseca (DUREL) (t-statistic - 2.421, P=0.01), frequência a encontros religiosos (DUREL) (t-statistic -2.172, P=0.03) e escore total de qualidade de vida ligada a religiosidade, espiritualidade e crenças pessoais (WHOQOL-SRPB) (t-statistic -3.670, P=0.00) demonstraram correlações negativas com risco 10 de suicídio. Ademais, em pacientes com depressão internados, efeitos positivos e protetores da religiosidade intrínseca foram correlacionados a maiores níveis do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, brain-derived neurotrophic factor) na alta hospitalar, possível marcador de neuroplasticidade cerebral e mediador dos efeitos da R/E sobre depressão. Os resultados apresentados reforçam a relevância do estudo da R/E na psiquiatria, apresentam possíveis mediadores de efeito da R/E sobre a depressão e salientam a importância clínica de sua abordagem em pacientes com sintomatologia grave de depressão. |
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