Impacto da gastrectomia vertical laparoscópica na doença do refluxo gastroesofágico : estudo prospectivo controlado com bypass gástrico laparoscópico em Y de Roux

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Navarini, Daniel
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/205896
Resumo: A obesidade mórbida (OM) é uma patologia crescente em grande parte dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Uma gama enorme de comorbidades estão associadas a esta condição, gerando demanda de tratamentos e grande impacto socioeconômico aos países com maior prevalência desta doença. Dentre as comorbidades que podem estar associadas à obesidade mórbida, destaca-se a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE). Esta enfermidade possui alta prevalência na maioria dos países e gera elevados custos sociais e econômicos. A prevalência da DRGE é variável entre os estudos, na dependência da metodologia aplicada. No Brasil a sua prevalência na população adulta varia de 5% a 31%, conforme a região e metodologia da pesquisa. A DRGE é definida pelo Consenso de Montreal como a ocorrência de sintomas perturbadores e/ou complicações derivadas do refluxo de conteúdo gástrico para o esôfago. Ela é uma doença multifatorial e está associada a fatores orgânicos, ambientais, comportamentais e genéticos. Esta patologia pode manifestar-se mais comumente por sintomas típicos de refluxo (principalmente pirose e regurgitação), sintomas extra esofágicos (atípicos) ou por complicações como esofagite. Em alguns casos, na doença prolongada e na dependência de fatores associados ao sexo do paciente, idade, fatores genéticos, intensidade e aspecto do refluxo, podem ocorrer o Esôfago de Barrett e o adenocarcinoma de esôfago. Na maioria dos estudos a prevalência da DRGE em pacientes obesos é subestimada, pois nesta população há uma redução de percepção de sintomas, que é atribuída à própria condição de obesidade. A DRGE geralmente exige tratamento nas situações em que há comprometimento de qualidade de vida ou quando ocorrem complicações associadas. O tratamento pode ser clínico (medicamentos e modificações comportamentais) ou cirúrgico. 15 O tratamento cirúrgico é baseado na hiatoplastia associada a fundoplicatura gástrica, que pode incluir válvulas parciais ou totais, com índices de sucesso que variam de 85 a 90%. Embora muitos estudos demonstrem a eficácia deste tipo de tratamento cirúrgico em obesos, há uma tendência ao agravamento progressivo da obesidade, culminando com a indicação futura de cirurgia bariátrica, que é o tratamento definitivo tanto da obesidade como das comorbidades associadas. A cirurgia bariátrica, através das diversas técnicas cientificamente reconhecidas é o tratamento padrão ouro para a obesidade grau II com comorbidades e para a obesidade mórbida. As técnicas mais utilizadas no Brasil e no mundo são o Bypass gástrico em Y de Roux (BGYR) e a gastrectomia vertical (GV) , que podem ser realizados por técnica aberta ou por laparoscopia. A literatura demonstra de forma clara o benefício do bypass gástrico na redução da ocorrência de DRGE, porém na gastrectomia vertical ainda existem dúvidas em relação ao comportamento da doença em pacientes com DRGE preexistente e até mesmo sobre a possibilidade de maior ocorrência da doença após esta cirurgia. O presente estudo visa comparar os resultados em relação a ocorrência e características da DRGE em pacientes com obesidade tratados com gastrectomia vertical laparoscópica (GVL) tendo um grupo controle submetido a Bypass gástrico Laparoscópico em Y de Roux (BGLYR) . Foi realizado um estudo prospectivo controlado, com inclusão de 75 pacientes divididos em dois grupos com características semelhantes, sendo 35 pacientes submetidos a GVL e 40 pacientes a BGLYR. Todos o indivíduos foram submetidos a avaliação clínica ( através da aplicação de um questionário específico para DRGE validado para a língua portuguesa), esofagograma baritado, endoscopia digestiva alta (EDA), pH-metria esofágica de 24h e manometria esofágica, no pré-operatório e com 12 meses de seguimento pósoperatório. O estudo concluiu que a técnica de BGLYR promove redução na prevalência de DRGE, enquanto que a técnica de GVL tem importante efeito 16 refluxogênico, com aumento na prevalência de DRGE e de esofagite erosiva, além de promover aumento na exposição ácida esofágica e na prevalência de hérnia hiatal.
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