Personal trainer de bolso : uma tecnologia disruptiva na produção de imperativos para uma vida fitness
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/234768 |
Resumo: | Os aplicativos fitness que prescrevem exercícios físicos baseados em inteligência artificial, entendidos como personal trainer digital, têm alterado o modo de se relacionar com a vida fitness. Com base na Teoria Ator-Rede proposta por Bruno Latour, analisou-se como um personal trainer digital e a rede sociotécnica da qual ele faz parte, atuam na mediação de imperativos para uma vida fitness. A empiria foi constituída por informações relacionadas ao aplicativo Freeletics Bodyweight & Mindset, tais como suas affordances e as publicações da empresa e de usuários em websites e mídias sociais. Isso possibilitou estruturar quatro imperativos: espetacularização fitness, datificação de si, desempenho fitness e autoconhecimento. A espetacularização fitness envolve a exibição de si, ao mostrar fatos cotidianos, como a própria "transformação". Desse modo, conscientemente ou não, o usuário colabora com a "comunidade" e a divulgação da empresa. A datificação de si (conversão de si mesmo em metadados) é requisito para o funcionamento da inteligência artificial, que prescreve os treinos, já que a personalização é feita com base em dados dos usuários. Assim, o usuário adentra a cultura self-tracking e, ao navegar pela internet, aciona algoritmos que reconfiguram os mecanismos de vigilância e constituem uma bolha fitness. O desempenho fitness aparece de modo ubíquo, em qualquer hora e lugar; gamificado, ao reconfigurar a tradicional pedagogia do medo para a pedagogia da gamificação; e com glorificação do sofrimento, no sentido de se mostrar orgulhoso por "superar" desafios. Produz uma culpabilização fitness. O autoconhecimento, influenciado pela cultura do empreendedorismo, envolve um gerenciamento/estudo de si através dos números. Alinhado ao movimento quantified self, envolve práticas data driven mais vinculadas a caminhos sugeridos pela tecnologia, como o ciclo de feedback para mudança de comportamento, e autoexperimentação, constitutivas dos biohackers. O personal trainer digital possui modus operandi técnico, com grande potencial de articular um conjunto de variáveis. Tem como limite características como diálogo, escuta qualificada, criatividade, afeto e o encontro, aspectos que merecem investimento por parte dos profissionais da área. Conclui-se que esses imperativos sugerem ser: inspiração, self-tracker, mais forte que sua melhor desculpa e empreendedor de si. |
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Oliveira, Bráulio Nogueira deFraga, Alex Branco2022-02-04T04:39:19Z2020http://hdl.handle.net/10183/234768001136290Os aplicativos fitness que prescrevem exercícios físicos baseados em inteligência artificial, entendidos como personal trainer digital, têm alterado o modo de se relacionar com a vida fitness. Com base na Teoria Ator-Rede proposta por Bruno Latour, analisou-se como um personal trainer digital e a rede sociotécnica da qual ele faz parte, atuam na mediação de imperativos para uma vida fitness. A empiria foi constituída por informações relacionadas ao aplicativo Freeletics Bodyweight & Mindset, tais como suas affordances e as publicações da empresa e de usuários em websites e mídias sociais. Isso possibilitou estruturar quatro imperativos: espetacularização fitness, datificação de si, desempenho fitness e autoconhecimento. A espetacularização fitness envolve a exibição de si, ao mostrar fatos cotidianos, como a própria "transformação". Desse modo, conscientemente ou não, o usuário colabora com a "comunidade" e a divulgação da empresa. A datificação de si (conversão de si mesmo em metadados) é requisito para o funcionamento da inteligência artificial, que prescreve os treinos, já que a personalização é feita com base em dados dos usuários. Assim, o usuário adentra a cultura self-tracking e, ao navegar pela internet, aciona algoritmos que reconfiguram os mecanismos de vigilância e constituem uma bolha fitness. O desempenho fitness aparece de modo ubíquo, em qualquer hora e lugar; gamificado, ao reconfigurar a tradicional pedagogia do medo para a pedagogia da gamificação; e com glorificação do sofrimento, no sentido de se mostrar orgulhoso por "superar" desafios. Produz uma culpabilização fitness. O autoconhecimento, influenciado pela cultura do empreendedorismo, envolve um gerenciamento/estudo de si através dos números. Alinhado ao movimento quantified self, envolve práticas data driven mais vinculadas a caminhos sugeridos pela tecnologia, como o ciclo de feedback para mudança de comportamento, e autoexperimentação, constitutivas dos biohackers. O personal trainer digital possui modus operandi técnico, com grande potencial de articular um conjunto de variáveis. Tem como limite características como diálogo, escuta qualificada, criatividade, afeto e o encontro, aspectos que merecem investimento por parte dos profissionais da área. Conclui-se que esses imperativos sugerem ser: inspiração, self-tracker, mais forte que sua melhor desculpa e empreendedor de si.Fitness apps that prescribe physical exercises based on artificial intelligence, here called digital coaches, have been changing the way that people relate to the fitness life. Based on the Actor-Network Theory proposed by Bruno Latour, it was analyzed how the digital coach and the socio-technical network, in which he is a part of, acts in the production of imperatives for a fitness life. The empirical data was composed by information related to the Freeletics Bodyweight & Mindset app, such as its affordances and the company and users’ publications on websites and social media. All of this made possible to structure four imperatives: fitness spectacularization, self-datafied, fitness performance, and self-knowledge. Fitness spectacularization involves the display of the self, of the daily facts, as well as the "transformation" of the self. Thus, whether on purpose or not, users collaborate with the "community" and the company's marketing. Self-datafied (conversion of self into metadata) is a requirement for the artificial intelligence work that prescribes physical exercises, since the personalization is made based on the user’s data. This way, the user enters the self-tracking culture and, when browsing the internet, triggers algorithms that reconfigure the surveillance mechanisms and produce a fitness bubble. Fitness performance appears ubiquitously (anytime, anywhere); gamified, by (re)setting the traditional "pedagogy of fear" to the gamification pedagogy; and with glorification of the suffering, in the sense of showing pride of "overcoming" challenges. It produces a fitness blaming. Self-knowledge, influenced by the entrepreneurship culture, involves a self-management/study through numbers. Aligned to the movement "quantified self", it involves date driven practices linked to suggested ways by technology, such as feedback loops, but also by self-experimentation, like the biohackers. The digital coach has a technical modus operandi, with great ability of articulating a set of variables. It is weak in skills, such as dialogue, qualified listening, creativity, affection and "meeting", aspects that deserve investment on the part of professionals in the field. We conclude that these imperatives suggest to be: inspiration, self-tracker, stronger than your best excuse and self-entrepreneurship.application/pdfporEducação físicaTreinamento físicoMídias sociaisInteligência artificialPhysical education and trainingSocial mediaPopulation surveillanceArtificial intelligencePersonal trainer de bolso : uma tecnologia disruptiva na produção de imperativos para uma vida fitnessinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulEscola de Educação Física, Fisioterapia e DançaPrograma de Pós-Graduação em Ciências do Movimento HumanoPorto Alegre, BR-RS2020doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001136290.pdf.txt001136290.pdf.txtExtracted Texttext/plain537260http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/234768/2/001136290.pdf.txta4a25750ef08a4750f5da80af30e77f7MD52ORIGINAL001136290.pdfTexto completoapplication/pdf6273518http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/234768/1/001136290.pdfb659163cc5d01f3c0d01ff09ef5fcc96MD5110183/2347682022-05-08 04:48:05.036649oai:www.lume.ufrgs.br:10183/234768Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532022-05-08T07:48:05Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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