Reconhecer-se diferente é a condição de entrada : tornar-se igual é a estratégia de permanência: das práticas institucionais à constituição de estudantes cotistas negros na UFRGS

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Doebber, Michele Barcelos
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/37379
Resumo: A presente investigação objetiva analisar como as práticas institucionais postas em funcionamento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) vêm operando na inclusão dos estudantes autodeclarados negros, nela ingressantes através do Programa de Ações Afirmativas, e quais os efeitos dessas práticas na constituição dos estudantes. Para tanto esta dissertação apresenta um estudo qualitativo na perspectiva dos Estudos Culturais em Educação em sua vertente pós-estruturalista, selecionando algumas ferramentas analíticas tais como as noções de identidade, diferença e in/exclusão. Também analisa práticas institucionais através de mapeamento de projetos acadêmicos, de registros em diário de campo e de entrevistas realizadas com estudantes, gestores e professores coordenadores de curso. A partir dos temas que emergiam do material empírico, três unidades analíticas são construídas, chegando-se às seguintes contribuições para pensar a Universidade, hoje, e os movimentos inclusivos nesse espaço. A primeira unidade – Tornar-se igual para permanecer na Universidade – apresenta que, mesmo sendo necessário o estudante reconher-se como diferente para ingressar através da política de reserva de vagas, a condição para permanecer e ter sucesso na Universidade depende de um esforço constante para tornar-se igual. Tal processo ocorre através de mecanismos de normalização que posicionam os sujeitos em um gradiente de in/exclusão. A segunda unidade – (Des) encaixe: a UFRGS não é pra mim! ou Das (im) possibilidades de estar na UFRGS – mostra que práticas de in/exclusão, ao gerarem fronteiras que posicionam socialmente os sujeitos, levam muitas vezes os estudantes a sentirem-se “fora de lugar”, ao mesmo tempo em que querem pertencer a esse espaço. Com dificuldades de se encaixarem ao perfil exigido, os estudantes que ingressam por uma política que se pretende inclusiva vivenciam ao mesmo tempo processos de exclusão. Além disso, a ausência de ações efetivas que visem à promoção de outras formas de permanência voltadas para esses novos sujeitos acadêmicos pode indicar a existência de algumas práticas de racismo institucional. A terceira unidade – Rachaduras/frestas/fissuras: provocando outros modos de ser da Universidade e de o aluno estar aqui – apresenta práticas institucionais que, pautadas na abertura para a conversa e na tentativa de novas metodologias de ensino-aprendizagem, podem, ao tensionar as disposições de poder, promover rupturas nos modos de ser da Universidade e de se estar nela. Ao se relacionarem de outra forma com os tempos e espaços acadêmicos, os estudantes exercem práticas de resistência que também desacomodam o modus operandi da UFRGS. Parecem residir nessas práticas as principais potências transformadoras das ações afirmativas na Universidade.
id URGS_1cf24323b66ddbf492b79af8cf8dd29c
oai_identifier_str oai:www.lume.ufrgs.br:10183/37379
network_acronym_str URGS
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
repository_id_str 1853
spelling Doebber, Michele BarcelosTraversini, Clarice Salete2012-03-07T01:21:11Z2011http://hdl.handle.net/10183/37379000820723A presente investigação objetiva analisar como as práticas institucionais postas em funcionamento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) vêm operando na inclusão dos estudantes autodeclarados negros, nela ingressantes através do Programa de Ações Afirmativas, e quais os efeitos dessas práticas na constituição dos estudantes. Para tanto esta dissertação apresenta um estudo qualitativo na perspectiva dos Estudos Culturais em Educação em sua vertente pós-estruturalista, selecionando algumas ferramentas analíticas tais como as noções de identidade, diferença e in/exclusão. Também analisa práticas institucionais através de mapeamento de projetos acadêmicos, de registros em diário de campo e de entrevistas realizadas com estudantes, gestores e professores coordenadores de curso. A partir dos temas que emergiam do material empírico, três unidades analíticas são construídas, chegando-se às seguintes contribuições para pensar a Universidade, hoje, e os movimentos inclusivos nesse espaço. A primeira unidade – Tornar-se igual para permanecer na Universidade – apresenta que, mesmo sendo necessário o estudante reconher-se como diferente para ingressar através da política de reserva de vagas, a condição para permanecer e ter sucesso na Universidade depende de um esforço constante para tornar-se igual. Tal processo ocorre através de mecanismos de normalização que posicionam os sujeitos em um gradiente de in/exclusão. A segunda unidade – (Des) encaixe: a UFRGS não é pra mim! ou Das (im) possibilidades de estar na UFRGS – mostra que práticas de in/exclusão, ao gerarem fronteiras que posicionam socialmente os sujeitos, levam muitas vezes os estudantes a sentirem-se “fora de lugar”, ao mesmo tempo em que querem pertencer a esse espaço. Com dificuldades de se encaixarem ao perfil exigido, os estudantes que ingressam por uma política que se pretende inclusiva vivenciam ao mesmo tempo processos de exclusão. Além disso, a ausência de ações efetivas que visem à promoção de outras formas de permanência voltadas para esses novos sujeitos acadêmicos pode indicar a existência de algumas práticas de racismo institucional. A terceira unidade – Rachaduras/frestas/fissuras: provocando outros modos de ser da Universidade e de o aluno estar aqui – apresenta práticas institucionais que, pautadas na abertura para a conversa e na tentativa de novas metodologias de ensino-aprendizagem, podem, ao tensionar as disposições de poder, promover rupturas nos modos de ser da Universidade e de se estar nela. Ao se relacionarem de outra forma com os tempos e espaços acadêmicos, os estudantes exercem práticas de resistência que também desacomodam o modus operandi da UFRGS. Parecem residir nessas práticas as principais potências transformadoras das ações afirmativas na Universidade.This paper aims to analyze how current institutional practices of the Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) operate in the enrollment of students self-declared as black through the Affirmative Action Program, and how these practices are affecting the student constitution. This thesis presents a qualitative study using a Cultural Studies perspective on Education from its post-structuralist branch and implements analytic tools such as the notions of identity, difference and in/exclusion. It also analysis institutional practices through mapping college projects, data from a field diary and interviews conducted with students, managers and coordinating professors of two majors. Based on the empirical data, three analytical segments are suggested about the college and its movement toward inclusion. The first segment – Tornar-se igual para permanecer na Universidade [To become equal to remain at UFRGS] – suggests that students can be more successful when they recognize themselves as different and are constantly struggling to be equal. Such a process occurs through normalizing mechanisms that position the subjects in a scenario of in/exclusion. The second segment – (Des) encaixe: a UFRGS não é pra mim! ou Das (im) possibilidades de estar na UFRGS [(Un-) conformity: UFRGS is not for me! or On the (im-) possibilities of being at UFRGS] – shows that social barriers and practices of in/exclusion can make students feel out of place. Students who enter the college through these inclusive policies can actually experience exclusion and feel different as a result of these policies. Beyond this, there may be evidence of institutional racism in the lack of effective programs to promote student retention among these new higher education students. The third segment – Rachaduras/frestas/fissuras: provocando outros modos de ser da Universidade e de o aluno estar aqui [Chaps/gaps/fissures: provoking different ways of being UFRGS and different ways of students being at it] – suggests new methodologies of teaching and learning which can influence the students' experience at college, related to dynamics of power and privilege. When the students relate differently to the college environment and schedule, they practice forms of resistance that disturb the college's modus operandi. Perhaps the main transforming power of the affirmative action policies at UFRGS is contained within these subtle forms of student resistance.application/pdfporAções afirmativasEstudanteNegrosInclusão escolarExclusão escolarEnsino superiorHigher educationInstitutional practicesAffirmative actionsIn/exclusionSelf-declared black studentsReconhecer-se diferente é a condição de entrada : tornar-se igual é a estratégia de permanência: das práticas institucionais à constituição de estudantes cotistas negros na UFRGSinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de EducaçãoPrograma de Pós-Graduação em EducaçãoPorto Alegre, BR-RS2011mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT000820723.pdf.txt000820723.pdf.txtExtracted Texttext/plain417224http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/37379/2/000820723.pdf.txt8a3930fa806a8b5b9f31301a67401438MD52ORIGINAL000820723.pdf000820723.pdfTexto completoapplication/pdf1771204http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/37379/1/000820723.pdf05ca69980cf067919b378146490aa239MD51THUMBNAIL000820723.pdf.jpg000820723.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg2268http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/37379/3/000820723.pdf.jpg8cd9e07770335cb84b743189d49fe674MD5310183/373792021-09-19 04:36:06.012627oai:www.lume.ufrgs.br:10183/37379Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532021-09-19T07:36:06Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Reconhecer-se diferente é a condição de entrada : tornar-se igual é a estratégia de permanência: das práticas institucionais à constituição de estudantes cotistas negros na UFRGS
title Reconhecer-se diferente é a condição de entrada : tornar-se igual é a estratégia de permanência: das práticas institucionais à constituição de estudantes cotistas negros na UFRGS
spellingShingle Reconhecer-se diferente é a condição de entrada : tornar-se igual é a estratégia de permanência: das práticas institucionais à constituição de estudantes cotistas negros na UFRGS
Doebber, Michele Barcelos
Ações afirmativas
Estudante
Negros
Inclusão escolar
Exclusão escolar
Ensino superior
Higher education
Institutional practices
Affirmative actions
In/exclusion
Self-declared black students
title_short Reconhecer-se diferente é a condição de entrada : tornar-se igual é a estratégia de permanência: das práticas institucionais à constituição de estudantes cotistas negros na UFRGS
title_full Reconhecer-se diferente é a condição de entrada : tornar-se igual é a estratégia de permanência: das práticas institucionais à constituição de estudantes cotistas negros na UFRGS
title_fullStr Reconhecer-se diferente é a condição de entrada : tornar-se igual é a estratégia de permanência: das práticas institucionais à constituição de estudantes cotistas negros na UFRGS
title_full_unstemmed Reconhecer-se diferente é a condição de entrada : tornar-se igual é a estratégia de permanência: das práticas institucionais à constituição de estudantes cotistas negros na UFRGS
title_sort Reconhecer-se diferente é a condição de entrada : tornar-se igual é a estratégia de permanência: das práticas institucionais à constituição de estudantes cotistas negros na UFRGS
author Doebber, Michele Barcelos
author_facet Doebber, Michele Barcelos
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Doebber, Michele Barcelos
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Traversini, Clarice Salete
contributor_str_mv Traversini, Clarice Salete
dc.subject.por.fl_str_mv Ações afirmativas
Estudante
Negros
Inclusão escolar
Exclusão escolar
Ensino superior
topic Ações afirmativas
Estudante
Negros
Inclusão escolar
Exclusão escolar
Ensino superior
Higher education
Institutional practices
Affirmative actions
In/exclusion
Self-declared black students
dc.subject.eng.fl_str_mv Higher education
Institutional practices
Affirmative actions
In/exclusion
Self-declared black students
description A presente investigação objetiva analisar como as práticas institucionais postas em funcionamento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) vêm operando na inclusão dos estudantes autodeclarados negros, nela ingressantes através do Programa de Ações Afirmativas, e quais os efeitos dessas práticas na constituição dos estudantes. Para tanto esta dissertação apresenta um estudo qualitativo na perspectiva dos Estudos Culturais em Educação em sua vertente pós-estruturalista, selecionando algumas ferramentas analíticas tais como as noções de identidade, diferença e in/exclusão. Também analisa práticas institucionais através de mapeamento de projetos acadêmicos, de registros em diário de campo e de entrevistas realizadas com estudantes, gestores e professores coordenadores de curso. A partir dos temas que emergiam do material empírico, três unidades analíticas são construídas, chegando-se às seguintes contribuições para pensar a Universidade, hoje, e os movimentos inclusivos nesse espaço. A primeira unidade – Tornar-se igual para permanecer na Universidade – apresenta que, mesmo sendo necessário o estudante reconher-se como diferente para ingressar através da política de reserva de vagas, a condição para permanecer e ter sucesso na Universidade depende de um esforço constante para tornar-se igual. Tal processo ocorre através de mecanismos de normalização que posicionam os sujeitos em um gradiente de in/exclusão. A segunda unidade – (Des) encaixe: a UFRGS não é pra mim! ou Das (im) possibilidades de estar na UFRGS – mostra que práticas de in/exclusão, ao gerarem fronteiras que posicionam socialmente os sujeitos, levam muitas vezes os estudantes a sentirem-se “fora de lugar”, ao mesmo tempo em que querem pertencer a esse espaço. Com dificuldades de se encaixarem ao perfil exigido, os estudantes que ingressam por uma política que se pretende inclusiva vivenciam ao mesmo tempo processos de exclusão. Além disso, a ausência de ações efetivas que visem à promoção de outras formas de permanência voltadas para esses novos sujeitos acadêmicos pode indicar a existência de algumas práticas de racismo institucional. A terceira unidade – Rachaduras/frestas/fissuras: provocando outros modos de ser da Universidade e de o aluno estar aqui – apresenta práticas institucionais que, pautadas na abertura para a conversa e na tentativa de novas metodologias de ensino-aprendizagem, podem, ao tensionar as disposições de poder, promover rupturas nos modos de ser da Universidade e de se estar nela. Ao se relacionarem de outra forma com os tempos e espaços acadêmicos, os estudantes exercem práticas de resistência que também desacomodam o modus operandi da UFRGS. Parecem residir nessas práticas as principais potências transformadoras das ações afirmativas na Universidade.
publishDate 2011
dc.date.issued.fl_str_mv 2011
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2012-03-07T01:21:11Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10183/37379
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv 000820723
url http://hdl.handle.net/10183/37379
identifier_str_mv 000820723
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron:UFRGS
instname_str Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron_str UFRGS
institution UFRGS
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
bitstream.url.fl_str_mv http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/37379/2/000820723.pdf.txt
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/37379/1/000820723.pdf
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/37379/3/000820723.pdf.jpg
bitstream.checksum.fl_str_mv 8a3930fa806a8b5b9f31301a67401438
05ca69980cf067919b378146490aa239
8cd9e07770335cb84b743189d49fe674
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
repository.mail.fl_str_mv lume@ufrgs.br||lume@ufrgs.br
_version_ 1810085221129781248